30 julho 2017

STEN FZ RN António Piteira - Escola de Fuzileiros


Escola de Fuzileiros - Homenagem ao STEN FZ RN António Bernardino Apolónio Piteira

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 21 de Dezembro de 2009)




Escola de Fuzileiros - Rua STEN FZ RN António Piteira.

No dia 18 de Dezembro de 2009 teve lugar, na Escola de Fuzileiros, em Vale de Zebro, uma singela mas significativa homenagem ao camarada da Reserva Naval António Bernardino Apolónio Piteira, pertencente ao 18.º CFORN, que morreu em combate em 3 de Junho de 1973, no Leste de Angola, Chilombo, vítima de uma emboscada inimiga, quando comandava uma coluna logística de viaturas no trajecto Chilombo – Lumbala.

A homenagem consistiu na atribuíção do nome do STEN FZ RN Apolónio Piteira à rua que liga a Parada da Escola de Fuzileiros - à qual foi recentemente atribuído o nome do Almirante Roboredo e Silva - à Messe de Oficiais.



Antigos elementos da Companhia de Fuzileiros n.º 1, junto à nova placa toponímica
na rua de acesso à Messe de Oficiais.


A homenagem, que estava integrada numa cerimónia de Juramento de Bandeira, foi presidida pelo 2.º Comandante do Corpo de Fuzileiros, CMG FZ Oliveira Monteiro, em representação do Comandante do Corpo de Fuzileiros, contando também com a presença do Comandante da Escola de Fuzileiros, CMG FZ Ferreira de Campos.




Em cima, o CMG FZ Ferreira de Campos, casal amigo de infância do STEN António Piteira, CMG FZ Oliveira Monteiro e, em baixo, a nova placa toponímica STEN FZ RN António Piteira.



A AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval fez-se representar pelo Presidente da Direcção, Joaquim Oliveira Moreira do 25.º CFORN e pelo vogal da Direcção José António Ruivo do 21.º CFORN. Participaram ainda alguns elementos da Companhia de Fuzileiros n.º 1, Unidade à qual o camarada Piteira pertencia, e um casal amigo de infância.




Em cima, o CMG FZ Oliveira Monteiro, José Ruivo, Joaquim Moreira e CMG FZ Ferreira de Campos e, em baixo, algumas das pessoas que participaram na cerimónia.



Antes de a Companhia de Fuzileiros n.º 1 – à qual pertencia o STEN FZ RN Apolónio Piteira – partir para a sua comissão em Angola, foi-lhe atribuída a missão de escoltar as ossadas de D. Pedro IV (D. Pedro I do Brasil), que seguiram de Lisboa para o Rio de Janeiro a bordo do paquete Funchal, especialmente fretado para o efeito.

A bordo do paquete Funchal, que foi escoltado por duas fragatas da Marinha seguiam também o Presidente da República, Almirante Américo Thomáz, e o Ministro da Marinha, Almirante Pereira Crespo.



A bordo do paquete "Funchal", com o Almirante Américo Thomáz, o Almirante Pereira Crespo e o Comando do navio, elementos da Companhia de Fuzileiros nº1;
o STEN FZ RN António Piteira é o primeiro elemento da fila de trás, à esquerda.


José A. Ruivo
CMG FZE RN - 21º CFORN


Fontes:
Texto e fotos da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval.


mls

28 julho 2017

Angola - Fuzileiros portugueses voltam à "Pedra do Feitiço"


5 de Dezembro de 2009 - Fuzileiros portugueses voltam à "Pedra do Feitiço"

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 23 de Janeiro de 2010)





Eh pá! Já fiz duas comissões na Pedra do Feitiço!

É com esta pilhéria ou outras de cariz semelhante que, ainda hoje, os fuzileiros mais antigos tentam impressionar os mais modernos acerca da sua pretensa antiguidade. Ficou-lhes o jeito das conversas repetidamente ouvidas durante as longas noites de serviço ou à roda das mesas de bar em que, os que andaram por terras de Santo António do Zaire, agora Soyo.

Nas décadas de 60 e 70, davam largas à sua imaginação e contavam as suas aventuras africanas em relatos naturalmente envolvidos em alguma fantasia mas, no essencial, próximos da dura realidade que a guerra impunha e, também, com o mesmo intuito de impressionar a atenta assistência.




Os fuzileiros de todos os tempos, habituaram-se a ouvir falar da Pedra do Feitiço como se de um local mítico se tratasse onde todas as incursões, mesmo que imaginárias, são permitidas e tão válidas como as mais perigosas operações reais. Quando o tema é a Pedra do Feitiço, tudo se aceita e tudo se tolera numa complacência e tolerância quase doutrinárias.

Memórias de outros cenários de África permanecem, também, bem vivas nas conversas entre fuzileiros. Basta dar uma vista de olhos pelos muitos “blogs” criados pela comunidade FZ espalhada pelo mundo para o constatar mas parece-nos que, uma das que mais pontua no imaginário FZ, é mesmo a Pedra. Por isso, foi com uma ponta de emoção que, no dia 5 de Dezembro de 2009, seis Fuzileiros Portugueses demandaram e desembarcaram na Pedra do Feitiço.




A oportunidade surgiu da necessidade de, no âmbito da Cooperação Técnico-Militar, verificar as condições de treino bilateral na área operacional onde o Batalhão FZ Angolano mantém o seu dispositivo com a missão de patrulhar e fiscalizar o rio Zaire, desde a Foz até Noqui, para conter a infiltração de estrangeiros ilegais vindos da Republica Democrática do Congo ou de outros países a norte. Mudaram os tempos, mudou o contexto mas a missão dos Fuzileiros, no essencial, mantém-se naquela zona de fronteira estratégica para Angola.

O dia 5 de Dezembro de 2009 nasceu cinzento, parecendo querer carregar, ainda mais, a emoção que de todos nós se apoderara. O comandante Loureiro Nunes (LN), uma espécie de patrocinador e cicerone, que, cumprindo missão na Pedra do Feitiço, ali passou dois anos da sua juventude, exteriorizava essa mesma emoção “ rapaziada se eu começar a falar demais, dêem-me um toque”. E vários toques….foram necessários tal a vontade de tudo dizer, de tudo mostrar, enfim, de tudo reviver.




Acompanhados pelo comandante Bamba, comandante do Corpo de Fuzileiros de Angola e outros oficiais angolanos, largámos da Base Naval do Soyo e aí vamos nós, rio acima, em duas lanchas cedidas pelo LN que, qual velho marujo, manobrava habilmente uma delas. Máxima velocidade! Temos pela frente 60 milhas e não podemos deixar de fazer uma rápida passagem pela Ilha da Kissanga para cumprimentar os Fuzos que guarnecem aquela posição. Jamais nos perdoariam tendo em conta o isolamento em que se encontram.

Vencendo a fortíssima corrente, somos envolvidos pela beleza do mangal que, numa paleta policromática, avança pela margem continuamente ponteada de pequenos povoados de pescadores. Casas, tipo palafita, assentes em estacas cravadas em chão de “mabanga” sobrepõem-se à água. Porquê? Será para aproveitar o fresco das águas? Questões de segurança? Talvez?




A paragem na ilha da Kissanga foi rápida mas valeu a pena. Cenário idílico que tivemos de deixar para trás. O objectivo principal estava ainda bastante longe. Uma chuva quente e forte deixou-nos encharcados até aos ossos mas nada de desânimos. O magnífico sol africano se encarregará de resolver o problema logo a seguir. A vista espraia-se pelo imenso estuário e, ao longe, começa a vislumbrar-se a Pedra do Feitiço num cenário magnífico de calmaria das águas, do verde da vegetação que nelas se reflecte e das construções em anfiteatro numa ponta de terra que termina em enormes rochedos. Espectacular!

Saltamos para terra, estamos na Pedra do Feitiço. Um nervoso miudinho invade-nos a todos. Passado o impacto inicial soltam-se as emoções e é um tropel de informações que o LN começa a debitar. Parecia que ainda lá estava em comissão tal o realismo dos seus relatos. Mas os vestígios da passagem dos fuzileiros portugueses por aquelas paragens são ainda bem evidentes e preservados e falam por si. Os fuzileiros angolanos respeitam o passado preservando as inscrições, os registos pessoais e, em suma, tudo o que se relaciona com a nossa passagem por aquele local.




Mais calmos, sentados debaixo do cajueiro grande, bebemos uma cuca (cerveja angolana de grandes tradições) em fraterno convívio com os fuzileiros angolanos, apreciando a tranquilidade do local, olhando o rio espelhado e vivendo aquele momento místico, provavelmente irrepetível para nós.

Rapazes! Temos de regressar! Era a voz do LN …. Apesar da corrente, agora a favor, temos as tais sessenta milhas para percorrer e o almoço com o Vice-Almirante Comandante da Região Naval Norte, no Soyo, não espera.




Deixamos a Pedra do Feitiço com a alma lavada, na plena consciência de que, ao fazer esta visita, homenageamos, muito justamente, tantos quantos por aqui passaram, estejam eles onde estiverem.


Agradecimentos:
À Marinha de Guerra Angolana que autorizou a missão e a apoiou através da preciosa colaboração do Comandante da Região Naval Norte, VALM Valentim Alberto António.
Ao comandante Loureiro Nunes, de forma emocionada, cujo apoio com meios, disponibilidade pessoal e saber, foi fundamental para o sucesso do empreendimento a que nos propusemos.


Participaram nesta expedição pela parte portuguesa:
CMG FZ RN Loureiro Nunes – 19.º CFORN, CFR FZ RN Benjamim Correia – 23.º CFORN, CTEN FZ Clemente Gil, 2TEN ST FZ Figueiredo Pereira, 1SAR FZ Basílio Perfeito e CAB FZ Correia Alvélos


Benjamim Correia
CFR FZ RN, 23º CFORN


Fontes:
Texto e fotos do CFR FZ RN Benjamim de Jesus Correia, 23.º CFORN, compilados a partir de colaboração na Cooperação Técnico-Militar com Angola, Projecto 8 – Marinha.


mls

22 julho 2017

Guiné - Acção dos Fuzileiros na Guerra do Ultramar


Os Fuzileiros na Guiné

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 20 de Fevereiro de 2010)





Em 6 de Junho de 1962 chega a Bissau o primeiro Destacamento de Fuzileiros Especiais, o DFE 2, comandado pelo 2TEN Pedro Manuel Vasconcelos Caeiro.

Numa acção, em Dezembro desse mesmo ano, aquele oficial foi o primeiro a sofrer ferimentos em combate durante a guerra do ultramar, obrigando à sua evacuação e rendição.

Até ao fim da guerra, passaram pela Guiné 24 Destacamentos de Fuzileiros Especiais aos quais devem ser acrescentados ainda três Destacamentos de Fuzileiros Africanos, os DFE 21, DFE 22 e DFE 23. Este último não chegou a ser activado.

Durante o mesmo período, integraram ainda o dispositivo militar naquele território, 11 Companhias de Fuzileiros e 3 Pelotões de Reforço.




O Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 2 de partida para a Guiné.

Do total de 74 fuzileiros mortos em combate, durante a guerra, 50 tombaram na Guiné. Assim se compreende bem o significado que este teatro teve e ainda tem para os fuzileiros.

Este pequeno filme, realizado na Guiné, pretende ser uma homenagem a todos os fuzileiros que combateram em África e, muito especialmente, aos que combateram naquele território.

Locução: Júlio Isidro


Fontes:
Filme editado e montado pelo autor do blogue a partir de original cedido pela Escola de Fuzileiros, originalmente filmado com a colaboração da Marinha; foto de "Fuzileiros - Guiné", factos e Feitos na Guerra de África, Luís Sanches de Baêna;


mls

13 julho 2017

Guine, Bissau - Exercício de Fuzileiros, anos '60


Um Exercício de Fuzileiros com início no INAB - Instalações Navais de Bissau, com locução adequada aos cenários.


Visível o transporte de um Destacamento de Fuzileiros para a ponte-cais e o embarque numa LFG-Lancha de Fiscalização Grande, a LFG "Cassiopeia", P 373.

Como mero pormenor, na largada de Bissau, pode observar-se o cumprimento do comandante da LFG, ao navio mais antigo, a fragata Nuno Tristão - F 332, atracada no exterior do cais.

Seguem-se de todas as tarefas de preparação para uma operação com transbordo para uma LDM - Lancha de Desembarque Média.

Depois, o respectivo desembarque no local agendado para a missão.

Na sequência do desembarque todas as acções que se seguiriam nessa missão imaginária com a participação de helicópteros da FAP.

Talvez alguma mediatização excessiva no armamento utilizado no exercício simulado. Qual a origem do matraquear da metralhadora pesada que se ouve?

Também a LFG "Cassiopeia", P 373, não era um «aviso» mas uma Lancha de Fiscalização Grande.






Fontes:

Filme editado e montado pelo autor do blogue a partir de cópia de filme gentilmente cedida pela Escola de Fuzileiros, originalmente filmada com a colaboração da Marinha.

mls

07 julho 2017

Reserva Naval em Angola - DFE 6, 1973 / 75 (Parte II)


Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 6, «Os Tubarões»
Angola, 1973/75 – parte II


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 5 de Janeiro de 2010)

(final)



Distintivo do DFE-6, Angola 1973/75.


O 25 de Abril de 1974 apanha o DFE 6 em plena actividade operacional no Leste de Angola, Chilombo. Apenas dois dias depois o Destacamento toma conhecimento formal da Revolução, através de uma mensagem do Comando do Movimento das Forças Armadas.

Na sequência desse processo, a unidade é deslocada para Luanda entre Julho e Agosto, após o que, no dia 5 deste último mês, o aquartelamento do Chilombo é entregue a um pelotão do Exército.

A LDP 208 é deixada no Chilombo, tendo-lhe apenas sido retirada a peça anti-aérea Oerlinkon de 20 mm, o mesmo sucedendo às duas peças de protecção ao aquartelamento.




Em cima, a peça Oerlinkon de 20 mm no respectivo abrigo e, em baixo, a LDP 208 varada na margem do rio Zambeze



O deslocamento do DFE 6 para Luanda é efectuado em duas fases. Na primeira fase, ainda durante o mês de Julho, o comandante, 1TEN EMQ José Manuel Correia Graça e o 2TEN FZE RN Jorge Manuel de Pina Paiva e Pona Franco, do 21.º CFORN, com a maior parte do destacamento, seguem por via aérea, a partir da Lumbala, em aviões Nord Atlas da Força Aérea.

No início de Agosto, o imediato, 2TEN FZE RN Sérgio Tavares de Almeida, do 20.º CFORN, e o oficial do pelotão de apoio, 2TEN FZ RN Alberto José do Santos Marques Cavaco, do 20.º CFORN é integrado na CF 6, seguem em coluna de viaturas até Teixeira de Sousa (actual Luau), com o restante pessoal e todo o material pesado. Nesta cidade embarcam no comboio e seguem por via férrea até Nova Lisboa (actual Huambo), onde embarcam novamente nas viaturas, seguindo depois em coluna motorizada até Luanda.




Em cima, a estação dos caminhos de ferro de Teixeira de Sousa (Luau) e, em baixo, traçado do percurso Chilombo - Teixeira de Sousa (Luau) - Nova Lisboa (Huambo) - Luanda



Durante os cerca de oito meses em que o DFE 6 se manteve em Luanda, foi-lhe atribuída a missão de segurança e protecção do Palácio do Governo, quando era Alto Comissário o Almirante Rosa Coutinho. Esta missão surgiu na sequência de uma manifestação da população branca que terminou com uma tentativa de invasão do Palácio onde se encontrava o Almirante.




Em cima, a baía de Luanda nos anos '70 e, em baixo, igualmente em Luanda, a fortaleza de S. Miguel, onde foi arriada a última Bandeira Portuguesa



Alguns dos manifestantes conseguiram mesmo entrar numa das salas do rés-do-chão, tendo levado a que Rosa Coutinho subisse para cima de uma mesa e falasse aos manifestantes, conseguindo acalmá-los.

O Destacamento, que tinha sido incumbido de controlar a manifestação, acabou por expulsar os manifestantes e, a partir desse dia, permaneceu nas instalações de modo a evitar que novas situações deste tipo tivessem lugar.




Em cima, uma manifestação das forças políticas e, em baixo, uma individualidade de um dos movimentos de libertação



Durante este período Luanda foi palco de múltiplas manifestações levadas a cabo pelos três movimentos revolucionários, MPLA, UNITA e FNLA, que assim pretendiam mostrar a sua força nas ruas. Essas manifestações tinham invariavelmente o seu ponto alto em frente ao Palácio do Governo.




Em cima, tomada de posse do «Governo de Transição» com os três movimentos e, em baixo, Agostinho Neto no Palácio do Governo



A partir da altura em que Rosa Coutinho, como Alto Comissário em Angola, foi substituído por um oficial general da Força Aérea, Gonçalves Cardoso, a missão de segurança ao Palácio do Governo passou a estar atribuída aos Páraquedistas.

Passou então a estar-lhe atribuída a missão de segurança ao aeroporto de Luanda. No decorrer desta missão, surgiram por vezes situações complicadas devido ao permanente movimento de altas entidades dos três movimentos que chegavam ou partiam de Luanda e se faziam acompanhar dos respectivos elementos de segurança privados. Estas situações exigiam uma grande dose de bom senso e diplomacia, para evitar conflitos.




Em cima, a chegada de Agostinho Neto a Luanda, transportado desde o aeroporto num helicóptero da FAP e, em baixo, o aeroporto de Luanda



Num desses momentos, um elemento armado de uma espingarda automática Kalashnikov, colocou-se ostensivamente à entrada da sala VIP, por onde iria sair brevemente um dos dignatários do seu movimento. Apesar de lhe ser explicado que a segurança do aeroporto estava a cargo das forças portuguesas, não mostrava qualquer intenção de sair daquela posição, afirmando que estava a cumprir ordens. A forma encontrada de resolver o incidente foi chamar um fuzileiro com uma MG-42. Após comparar o tamanho das armas lá decidiu retirar-se para um local mais discreto.

O DFE 6 participou também em diversas acções de protecção da população que vivia nos muceques (os bairros da população nativa), na sequência de tumultos que ocorriam com alguma frequência, entre populares de diferentes movimentos. De referir que, nessa altura, os três movimentos se encontravam instalados na capital.

Em Novembro de 1974 o imediato, 2TEN FZE RN Sérgio de Almeida, regressa a Lisboa, tendo assumido essas funções o 2TEN FZE RN Paiva e Pona, tendo o 2TEN FZE RN José António Ruivo, do 21º CFORN, passado a desempenhar as funções de terceiro oficial. Para completar o quadro de oficiais com um quarto elemento é enviado o STEN FZE RN António Proença Martins, pertencente ao 24.º CFORN.

O Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 6 termina a sua comissão e regressa definitivamente a Portugal em Março de 1975.





Em cima, a vista actual da antiga localização do aquartelamento do Chilombo, junto ao rio Zambeze, podendo ainda identificarem-se algumas ruínas, o "kimbo" e o areal onde acostava a LDP 208 e, em baixo, uma perspectiva actual da Lumbala, cuja pista ainda se mantém operacional



José António Ruivo
CMG FZE - 21.º CFORN


Fontes:
Texto e imagens do CMG José António Ruivo - 21.º CFORN.


mls

05 julho 2017

Guiné, 1971 - Comboios de Lanchas e Batelões


Guiné, 1971 - Comboios de Lanchas e Batelões

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 4 de Julho de 2010)



Em cima a LFP «Procion» e, em baixo, a LDM 311.




Vila Cacheu, S. Vicente, Bissum, Ganturé, Binta e Farim foram outros tantos locais de chegada e partida de combóios de transporte e abastecimento logístico de populações e aquartelamentos no rio Cacheu.

Locais como Teixeira Pinto no rio Mansoa, Porto Gole, Xime e Bambadinca no rio Geba, Bolama, S. João e Buba no rio Grande de Buba, Catió, Cabedú, Bedanda, Impúngeda e Chugué no rio Cumbijã, Cacine e Gadamael no rio Cacine, tiveram significado idêntico.



Uma metralhadora ligeira MG 42 faz fogo de reconhecimento sobre a margem.

Sentiram-no na pele as guarnições de LFG, LDG, LFP, LDM, LDP e também Destacamentos e Companhias de Fuzileiros, naqueles e noutros locais não tão frequentemente lembrados. Também militares de outros ramos das Forças Armadas e populações transportadas.

De um destes combóios com o envolvimento operacional da LFP «Procion» e das LDM 311 e 313, em que embarcou uma equipa de reportagem, aqui deixamos um pequeno apontamento filmado.


Locução de Júlio Isidro.





Fontes:

Filme editado e montado pelo autor do blogue a partir de cópia de filme gentilmente cedida pela Escola de Fuzileiros, originalmente filmada com a colaboração da Marinha.

mls

04 julho 2017

Reserva Naval em Angola - DFE 6, 1973 / 75 (Parte I)


Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 6, «Os Tubarões»
Angola, 1973/75 – parte I


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 5 de Dezembro de 2009)




Distintivo do DFE-6, Angola 1973/75


O DFE-6 é reactivado e começa a ser organizado durante o primeiro semestre de 1973, na então Força de Fuzileiros do Continente, na Base Naval do Alfeite, local onde eram activadas e desactivadas as unidades de Fuzileiros que partiam ou regressavam do Ultramar.

Foi nomeado como seu comandante o 1TEN EMQ José Manuel Correia Graça e imediato o STEN FZE RN Sérgio Tavares de Almeida, pertencente ao 20.º CFORN (também conhecido, entre o pessoal por “negativo camarada”, pela forma como habitualmente respondia aos pedidos menos ortodoxos dos elementos do Destacamento).

Como 3.º e 4.º oficiais foram nomeados, respectivamente, os STEN FZE RN Jorge Manuel de Pina Paiva e Pona Franco e STEN FZE RN José António Ruivo, pertencentes ao 21.º CFORN e que tinham acabado de frequentar, em finais de Março, o respectivo curso de Fuzileiro Especial.




Em cima, os oficiais do DFE 6, Correia Graça, Paiva e Pona, um oficial do Exército da Companhia de Lumbala, José Ruivo, o oficial Comandante da Companhia de Lumbala e Sérgio Almeida e, em baixo, Sérgio Almeida, Paiva e Pona, José Ruivo, oficiais do DFE 6 e ainda Alberto Cavaco do pelotão de apoio da CF 1



Constituído o Destacamento, embarca para Luanda a 10 de Outubro de 1973, a bordo de um dos dois aviões Boing 707 de que a Força Aérea Portuguesa na altura dispunha. Uma vez em Luanda, o Destacamento fica instalado no aquartelamento de Belas, nos arredores da cidade.



Em cima, vista da cidade de Luanda e, em baixo, um pormenor da messe de Belas, nos arredores da cidade



O Imediato (Sérgio Almeida) e o 3.º oficial (Paiva e Pona), juntamente com metade da Unidade, seguem de imediato para o Chilombo, no Leste de Angola (saliente do Cazombo), onde iriam render o DFE 10, na altura sob o comando do 1TEN FZE RN António João Carreiro e Silva, pertencente ao 9.º CFORN.

A viagem foi feita num avião Noratlas da FAP até à Lumbala e depois em coluna de viaturas, num percurso de cerca de 30 kms, até ao aquartelamento do Chilombo. O Comandante e o 4.º oficial (José Ruivo), seguem com o resto da Unidade 15 dias depois, tendo efectuado o mesmo percurso.

A Lumbala foi o primeiro local de estacionamento de Fuzileiros no rio Zambeze, Leste de Angola. Mais tarde esse local foi ocupado pelo Exército, tendo os DFE’s passado a ocupar o Chilombo.



Em cima, o avião Noratlas na pista da Lumbala e, em baixo, um deslocamento em viaturas da Lumbala para o Chilombo



A razão da presença de Destacamentos de Fuzileiros Especiais naquela região, prendia-se com a necessidade de patrulhar o rio Zambeze e seus afluentes, numa tentativa de evitar a infiltração de elementos do MPLA, provenientes da Zâmbia, país onde tinham os seus santuários.

O aquartelamento do Chilombo ficava ao lado da aldeia (kimbo), com o mesmo nome, resultante da política de reagrupamento da população para efeitos de controlo, de modo a retirar ao inimigo essa vantagem.



Em cima, o aquartelamento do Chilombo junto ao rio Zambeze, vendo-se a LDP 208 em seco e, em baixo, uma festa “ronco”, na aldeia do Chilombo



Um pouco mais para Sudoeste era zona de actuação da UNITA, zona onde se encontrava outro Destacamento de Fuzileiros Especiais, no rio Lungué-Bungo.
O rio Zambeze atravessa o saliente do Cazombo, de Norte para Sul, passando depois pela Zâmbia, antes de entrar em Moçambique, desaguando no Oceano Índico.



Em cima, o mapa do saliente do Cazombo e, em baixo, o rio Zambeze próximo do Chilombo



Dois dos principais afluentes do rio Zambeze na região são o rio Luena e o Chifumage, que serviam igualmente como importantes vias de penetração de guerrilheiros. Durante boa parte do ano, correspondendo à época das chuvas, estes rios eram navegáveis pelos botes.

Foi numa das muitas curvas do rio Chifumage que, em 1968, uma patrulha de botes do DFE 2 sofreu forte emboscada a partir da margem, tendo resultado dois mortos. O STEN FZE RN João Manuel Sarmento Coelho, pertencente ao 10.º CFORN, foi gravemente ferido, atingido com mais de uma dúzia de tiros, tendo recuperado dos ferimentos.



O rio Luena, afluente do Zambeze, na época das chuvas

A navegabilidade do Zambeze estava muito dependente da época do ano. Durante 6 a 8 meses, correspondendo à época das chuvas, era navegável quer pelos botes quer pela Lancha de Desembarque Pequena, LDP 208, atribuída em permanência ao Chilombo. Estes eram os principais meios de deslocamento, quer para o lançamento de operações quer para o reabastecimento do DFE (que se efectuava a partir da Lumbala, situada 30 km a jusante e guarnecida por uma companhia de caçadores do Exército).



Em cima, a LDP 208 a navegar no rio Zambeze e, em baixo, uma patrulha de botes no mesmo rio



Durante mais 2 meses era ainda possível navegar com relativa facilidade com os botes (existiam dois modelos: pneumáticos “Zebro III” e de fibra, os “marujos”). Durante os meses restantes, correspondentes ao pico da época seca, eram difíceis as deslocações pelo rio, mesmo para os botes.

Nessa altura os deslocamentos, quer para o lançamento de operações quer para reabastecimento a partir da Lumbala, eram feitos essencialmente por coluna de viaturas, ficando então o pessoal mais exposto ao problema das minas (na época a principal actividade inimiga).

Durante uma operação na região Sul do saliente do Cazombo, já bastante próximo da fronteira com a Zâmbia, o pessoal do DFE caiu num campo minado, tendo o 1GRT FZE António Paulino Friezas, o “gago”, accionado uma mina anti-pessoal de que resultou a amputação de uma perna.



O Marinheiro Friezas (em primeiro plano), em patrulha no rio Zambeze

Durante o deslocamento em viaturas, para o lançamento de uma patrulha na zona da Mata do rio Matoche, a viatura em que seguia o STEN FZE RN Paiva e Pona accionou uma mina anti-carro, de que resultou a morte do condutor, MAR FZ Belo, o “cowboy”, e ferimentos ligeiros no oficial.

Foi também num deslocamento à Lumbala em coluna de viaturas, para reabastecimento, que em Junho de 1973 (4 meses antes da chegada do DFE-6), se deu a emboscada que vitimou o STEN FZ RN António Bernardino Apolónio Piteira, do 18.º CFORN, o único oficial da Marinha morto em combate durante a guerra colonial.





Viaturas na zona da emboscada à coluna do STEN FZ RN António Piteira

José António Ruivo
CMG FZE - 21.º CFORN


(continua)

Fontes:
Texto e imagens do CMG José António Ruivo - 21.º CFORN.


mls