31 março 2020

Reserva Naval na LFP "Bellatrix", P 363 - Parte I


Post reformulado a partir de outro já publicado em 2010.02.12




Fontes:
Texto de artigo publicado na Revista n.º 11 da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval, Abril 2000; Fotos do Arquivo da Marinha e do autor do blogue;


mls

30 março 2020

Junho de 1966 - Navio Hidrográfico «João de Lisboa»


A Reserva Naval no navio hidrográfico «João de Lisboa»

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 15 de Novembro de 2009)


O navio hidrográfico «João de Lisboa», assim classificado em 4 de Março de 1961, foi uma reconversão do antigo aviso de 2ª classe com o mesmo nome.

Serviu na Missão Hidrográfica do Continente e Ilhas Adjacentes e foi abatido ao efectivo dos navios da Armada em 30 de Setembro de 1966.




Numa das muitas missões efectuadas escalou o Funchal e efectuou o registo fotográfico da guarnição, na tradicional foto de família que acima se insere, com a limitação de não poder ser legendada na totalidade pelo desconhecimento da maioria dos elementos que a integravam.





Em cima, da esquerda para a direita: STEN RN João da Rocha Camargo de Sousa Eiró - 6º CEORN, 1TEN Alves Sameiro, 1TEN Jorge Bastos - Oficial Imediato, CTEN Miranda Gomes, CMG Luciano Bastos - Sub-Director do Instituto Hidrográfico e Comodoro Ramalho Rosa - Director do Instituto Hidrográfico.

Em baixo, da esquerda para a direita: CTEN José Emilio Ataíde - Comandante, CTEN AN, n/identificado - Instituto Hidrográfico, 1TEN SG Ribeiro, 2TEN RM Gil Costa, 1TEN Mautempo, STEN MN RN Luciano Ravara - 6º CEORN e Asp RN Pedro José Araújo de Sousa Sousa Ribeiro do 7º CEORN.





Este navio veio a ser rendido, nas missões que desempenhava, pelo navio hidrográfico «Afonso de Albuquerque» que largou de Lisboa em 20 de Junho de 1966 com essa finalidade.


Fontes:
Dicionário de navios e Efemérides, Adelino Rodrigues da Costa, 2006; foto e texto cedidos pelo STEN RN Pedro José Araújo de Sousa Ribeiro;


mls

29 março 2020

Guiné, LFP «Deneb» - P 365


Os Oficiais da Reserva Naval na LFP «Deneb» - P 365

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 4 de Fevereiro de 2011)


Construída nos estaleiros alemães Bayerische Shiffbaugesellschaft mbH, em Erlenbach/Main, foi aumentada ao efectivo dos navios da Armada em 15 de Junho de 1961, na Guiné, depois de ter sido transportada por um navio mercante para Bissau, onde chegou no dia 8 daquele mês.




Guiné, 1967 - A LFP «Deneb» a navegar no rio Cacine

Foi integrada na Esquadrilha de Lanchas da Guiné e a terceira de um conjunto de 13 unidades que constituíram a classe «Bellatrix» e com as mesmas características gerais. Ainda que algumas delas reflectissem alterações estruturais profundas entre si, resultantes da necessidade de as adaptar aos cenários de operações, foi decidida a sua classificação na mesma classe, para simplificação de tipologias diferenciadas que poderiam implicar uma reclassificação em, pelo menos, duas classes distintas.

Fez parte do planeamento inicial do Estado-Maior da Armada este tipo de unidades navais serem comandadas por um Sargento M (manobra). Mais tarde, por proposta do Comando de Defesa Marítima da Guiné, a ideia foi abandonada. Na sequência da resolução de alguns problemas de navegação surgidos pelo tipo da complexa hidrografia daquele território, foi decidido que o comando passasse a ser efectuado por um Oficial subalterno.




Guiné, 1964 - A participação na Operação "Tridente" com apoio ao desembarque de forças na «Ilha de Como». Em primeiro plano a LFP «Canopus", sendo visível o lançador de foguetes de 37 mm e, a curta distância, a LFP «Deneb» - que a acompanhava na mesma missão




No dia 23 largou do porto de Bissau e, no dia seguinte, depois de patrulhar o rio Geba regressou ao cais. Entre Junho e o final de Setembro, realizou exercícios de tiro no canal do Geba, efectuou diversas escoltas e patrulhas, escoltou o TT «Conceição Maria», comboiou o NH «Pedro Nunes» até Bissau e patrulhou também o rio Cacheu.

Em 12 de Outubro navegou com um grupo de Aspirantes a Oficial da Reserva Naval que depois deixou naquele navio hidrográfico, tendo regressado a Bissau em 16 de Outubro.

No dia 18 assumiu o comando da LFP «Deneb» o STEN RN Armando Fernandes Peres do 3.º CEORN, o primeiro oficial a exercer aquelas funções.

Tendo iniciado no rio Geba a sua vida operacional, teve mais destacada participação no sul da Guiné, ainda que com acções pontuais no rio Cacheu no decorrer dos anos de 1962 e 1963. Apoiou operações e combóios logísticos, sobretudo nos rios Tombali, Cobade, Cumbijã e Cacine, onde foi alvo de frequentes emboscadas, mantendo combates com grupos armados instalados nas margens.

De 13 de Janeiro a 22 de Março de 1964, participou na Operação «Tridente», tendo regressado por breves intervalos a Bissau para descanso da guarnição. A partir de meados de 1968 passou a integrar também o dispositivo naval no rio Cacheu – Operação «Via Láctea» - onde participou em múltiplas missões operacionais que incluiram flagelações ao inimigo da sequência de ataques e emboscadas das margens.




Armando Fernandes Peres, José Manuel Burnay e Mário Sá Couto

Durante todo o período em que esteve operacional foram comandantes da LFP «Deneb» os seguintes oficiais da Reserva Naval:

2TEN RN Armando Fernandes Peres, 3.º CEORN, 18Out61/09Abr63;
2TEN RN José Manuel Burnay, 4.º CEORN, 09Abr63/23Jun64;
2TEN RN Mário Luis Neves Sá Couto, 6.º CEORN, 23Jun64/02Jun66;
2TEN RN Emídio Guilherme Mendes de Aragão Teixeira, 8.º CEORN, 02Jun66/23Mar68;
2TEN RN Manual Maria Pereira da Silva, 10.º CFORN, 23Mar68/20Nov69;
2TEN RN José Luis Ferreira da Silva Dias, 14.º CFORN, 20Nov69/17Jul70;
2TEN RN Ilídio José Prazeres de Assunção, 15.º CFORN, 17Jul70/03Fev72;




Emídio Aragão Teixeira, Manuel Pereira da Silva, José Luis Dias e Ilídio Prazeres de Assunção

Foi-lhe atribuída a alcunha «Branca de Neve», suportada num claro trocadilho do nome quando, após uma reparação, a pintura exterior, usualmente verde acastanhado escuro, surgiu bem mais clara que a das outras lanchas.

Em 1 de Julho de 1971 subiu o plano inclinado do SAO - Serviço de Assistência Oficinal onde foi vistoriada. No relatório, considerou a Comissão de vistoria que, a extensão e dimensão das corrosões, deformações, bem como o notável enfraquecimento de todos os elementos da estrutura em geral, por implicar uma grande reparação geral, tornava anti-económica a recuperação daquela unidade naval. Assim, com cerca de 7800 horas de navegação foi proposto o desarmamento total do navio e o seu abate, o que veio a suceder em 3 de Fevereiro de 1972.

Navios da mesma classe:

«Bellatrix», «Canopus», «Deneb», «Espiga», «Fomalhaut», «Pollux», «Rigel», «Altair», «Arcturus», «Aldebaran», «Procion», «Sirius» e «Vega».




Fontes:
"Por este nome se conhecem (As alcunhas dos navios)" - Carlos Alberto da Encarnação Gomes, Edições Culturais da Marinha, 2010; "Dicionário de Navios", Adelino Rodrigues da Costa, Edições Culturais da Marinha – 2006; "Setenta e Cinco Anos no Mar", Lanchas de Fiscalização Pequenas (LFP), 16º VOL, 2005; "Anuário da Reserva Naval 1958-1975", Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992; Texto e imagem do autor do blogue;


mls

28 março 2020

Guiné, LFP «Canopus» - P 364


Os Oficiais da Reserva Naval na LFP «Canopus» - P 364

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 31 de Janeiro de 2011)


Construída nos estaleiros alemães Bayerische Shiffbaugesellschaft mbH, em Erlenbach/Main, foi aumentada ao efectivo dos navios da Armada no dia 29 de Maio de 1961, na Guiné, depois de ter sido transportada por um navio mercante para Bissau, onde chegou em 17 daquele mês, juntamente com a LFP «Bellatrix».




Bissau - A LFP «Canopus», na ponte-cais em «T» atracada de braço dado às LFG «Lira», LFG «Sagitário» e ainda uma outra LFG

Foi integrada na Esquadrilha de Lanchas da Guiné e a segunda de um grupo de 13 unidades que constituíram a classe «Bellatrix» e com as mesmas características gerais. Ainda que algumas delas reflectissem alterações estruturais profundas entre si, resultantes da necessidade de as adaptar aos cenários de operações, foi decidida a sua classificação na mesma classe, para simplificação de tipologias diferenciadas que poderiam implicar uma reclassificação em, pelo menos, duas classes distintas.

Fez parte do planeamento inicial do Estado-Maior da Armada este tipo de unidades navais serem comandadas por um Sargento M - Classe de Manobra. Mais tarde, por proposta do Comando de Defesa Marítima da Guiné, a ideia foi abandonada. Na sequência da resolução de alguns problemas de navegação surgidos pelo tipo da complexa hidrografia daquele território foi decidido que o comando passasse a ser efectuado por um Oficial subalterno.




Guiné, 1964 - A participação na Operação "Tridente" com apoio ao desembarque de forças na "Ilha de Como". Em primeiro plano o lançador de foguetes de 37 mm sendo visível, a curta distância, em baixo, a LFP «Deneb» que a acompanhava na mesma missão



Em 4 de Agosto de 1961 largou em patrulha para o rio Cacine. No dia 12, depois de suspender passou por cima de uma pedra que se encontrava no meio do rio danificando o leme e o veio do motor de estibordo. Encalhou propositadamente frente a Cacine para proceder a verificações, constatando-se que havia um pequeno rombo, prontamente tapado. A porta do leme de EB tinha recolhido um pouco pela popa e o veio do motor daquele bordo tinha empenado com torsão das pás do hélice. Em 21 daquele mês regressou a Bissau a reboque do NM «Corubal», atracando no dia seguinte para reparação.

Tendo iniciado no sul da Guiné a sua vida operacional, ali teve mais destacada participação no apoio a operações e a comboios logísticos, sobretudo nos rios Tombali, Cobade, Cumbijã e Cacine, onde foi alvo de frequentes emboscadas, mantendo combates com grupos armados instalados nas margens.

De 13 de Janeiro a 11 de Março de 1964, participou na Operação “Tridente”, decorrida até 22 de Março, tendo estacionado por breves intervalos em Bissau para descanso da guarnição. A partir de meados de 1968 passou a integrar também o dispositivo naval no rio Cacheu – Operação Via Láctea.



Guiné, rio Cacheu - Foi frequente a participação em escoltas a combóios de batelões e lanchas. Na imagem de cima é visível um modelo mais actualizado de lançador de foguetes com secção rectangular e, na de baixo, um dispositivo de lançamento de granadas, deniminados ALG/Dilagramas, e uma metralhadora MG 42





Durante todo o período em que esteve operacional foram comandantes da LFP «Canopus» os seguintes oficiais da Reserva Naval:



Joaquim Madeira Terenas,Luis Fernandes Sequeira e Manuel Ruivo Figueiredo

2TEN RN Joaquim Madeira Terenas, 3.º CEORN - 27Set61/07Abr63;
2TEN RN Luis Pinto Fernandes Sequeira, 4.º CEORN – 07Abr63/23Jun64;
2TEN RN Manuel José Ruivo Figueiredo, 6.º CEORN – 23Jun64/02Jun66;
2TEN RN Carlos Alberto Lopes, 8.º CEORN – 02Jun66/27Mai68;
2TEN RN Henrique Nunes de Oliveira Pires, 11.º CFORN – 27Mai68/02Mar70;
2TEN RN Domingos Manuel Alves Monteiro Diniz, 14.º CFORN – 02Mar70/22Jul71;




Carlos Alberto Lopes, Henrique Oliveira Pires e Domingos Monteiro Diniz.

Em 22 de Julho de 1971 permanecia atracada no porto de Bissau devido à falta de sobressalentes. Nessa data, depois de mais de 5.600 horas ao serviço da Marinha de Guerra, foi a primeira da classe a ser abatida ao efectivo dos navios da Armada.




Guiné, 1967 - Quase em seco, atracada no porto interior de Catió, vendo-se o 2TEN RN Carlos Alberto Lopes, o comandante da altura, a bombordo, sentado no convés junto à bóia

Navios da mesma classe:
«Bellatrix», «Canopus», «Deneb», «Espiga», «Fomalhaut», «Pollux», «Rigel», «Altair», «Arcturus», «Aldebaran», «Procion», «Sirius» e «Vega».




Fontes:
Dicionário de Navios, Comandante Adelino Rodrigues da Costa, Edições Culturais da Marinha – 2006; Setenta e Cinco Anos no Mar, Lanchas de Fiscalização Pequenas (LFP’s), 16º VOL, 2005, com fotos de arquivo do autor do blogue cedidas por 2TEN RN Henrique Oliveira Pires e Arquivo de Marinha.


mls

26 março 2020

18.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, Fev1971

Post reformulado a partir de outro já publicado em 2009.06.12





Fontes: Texto do autor do blogue, compilado a partir de: Anuário da Reserva Naval, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992; Dicionário de Navios e Relação de Efemérides, Adelino Rodrigues da Costa, 2006; Lista da Armada; fotos da Revista da Armada;

mls

23 março 2020

Ainda as LFP da classe «Bellatrix»


"Correcções e Esclarecimentos"




Fontes:
Arquivo de Marinha; Dicionário de Navios & Relação de Efemérides, Adelino Rodrigues da Costa, Edições Culturais de Marinha, 2006; Setenta e Cinco Anos no Mar, 16.º volume, Comissão Cultural de Marinha, 2005; Revista da Armada, n.º 405 - Das lanchas de Fiscalização Pequenas, José Ferreira dos Santos, membro da Academia de Marinha;



mls

22 março 2020

Reserva Naval nas LFP - Lanchas de Fiscalização Pequenas classe «Bellatrix»


Os Oficiais da Reserva Naval na LFP «Bellatrix» - P 363

Post reformulado a partir de outro já publicado em 2011.01.23





Fontes:
«Dicionário de Navios» de Adelino Rodrigues da Costa, Edições Culturais da Marinha – 2006; «Setenta e Cinco Anos no Mar», Lanchas de Fiscalização Pequenas (LFP), 16º VOL, 2005: fotos de arquivo do autor do blogue, Arquivo de Marinha, Revista da Armada, Carlos Dias Souto e Mário Cavalleri;



mls

21 março 2020

Angola - Reserva Naval nos Dembos


2TEN FZE RN Manuel José de Almeida Corrêa de Barros, 5.º CEORN - Ferido em Combate nos Dembos

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 6 de Fevereiro de 2010)




O 2TEN FZE RN Manuel José de Almeida Corrêa de Barros pertenceu ao 5º CEORN e ingressou na Marinha de Guerra em 4 de Outubro de 1962.

Promovido a Aspirante RN em Maio de 1963, foi destacado para prestar serviço em Angola, no Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 6, tendo sido ferido em combate em complexa operação na região dos Dembos.

Mais tarde, veio a ingressar nos Quadros Permanentes da Marinha de Guerra - SEG.




Foi Comandante do DFE 6 o 1TEN AN João Fernandes Mendes Barata tendo como Oficial Imediato o 2TEN António Alexandre Welti Duque Martinho e 3.º Oficial o STEN FZE RN Manuel José de Almeida Corrêa de Barros.


Fontes:
Fuzileiros - Factos e Feitos na Guerra de África 1961/74 - Guiné, Luis Sanches de Baêna, 2006; Anuário da Reserva Naval, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992; Ordem da Armada 1.ª Série n.º 26 de 3Jun1964; Arquivos do autor;


mls

19 março 2020

António Pedro da Silva Chora Barroso, 24.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval


Escola Naval, 1974

"In Memoriam"
1950 -2020






Na Escola Naval, em 21 de Fevereiro de 1974, teve início o 24.º CEORN - Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval, onde foi integrado o Cadete António Pedro da Silva Chora Barroso, classe de Especialistas.

Tendo nascido em Lisboa, Pedro Barroso cresceu em Riachos, terra natal do pai, professor do Ensino Primário.

Completou o curso de Educação Física em 1973, no INEF - Instituto Nacional de Educação Física, actual Faculdade de Motricidade Humana.

Promovido a Aspirante da Reserva Naval em 28 de Setembro de 1974, prestou serviço na Escola de Fuzileiros até ao seu licenciamento e regresso à vida civil como Sub-Tenente da Reserva Naval.

Foi professor de Educação Física dessa disciplina no Ensino Secundário durante mais de 20 anos.

Em 1988, viria a obter um diploma de pós-graduado em Psicoterapia Comportamental, tendo trabalhado na área da Saúde Mental e Musicoterapia durante alguns anos. Foi, neste campo, pioneiro no ensino de crianças surdas, numa escola de ensino especial de Lisboa.

Membro ativo da comunidade artística e musical, integrou a direção do Sindicato dos Músicos e foi autor, em 2002, do polémico Manifesto sobre o estado da Música Portuguesa, que teve audições junto de todos os grupos parlamentares da Assembleia da República e do então Presidente da República, Jorge Sampaio.

Desde 2003, foi membro dos corpos gerentes da Sociedade Portuguesa de Autores, na direcção então presidida por Manuel Freire.

Pedro Barroso Barroso foi convidado a dar palestras sobre a cultura portuguesa nas Universidades de Nijemegen, Estocolmo, Toronto e Budapeste.

Brilhante carreira musical, compositor e intérprete mas também Oficial da Reserva Naval!

Pai do também cantor Nuno Barroso, vocalista dos Além-Mar.

Faleceu aos 69 anos de doença prolongada, na noite de 16 de março de 2020, em Lisboa.

À família enlutada apresentamos sentidas condolências pela perda.



Fontes:
Texto do autor do blogue, composto a partir de https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Barroso com a devida vénia; referências históricas do 24.º CEORN do autor do blogue a partir do Anuário da Reserva Naval 1958-1975, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992;

mls

18 março 2020

Reserva Naval, Guiné - A Pátria Honrai


2TEN FZE RN José Luis Couceiro, 5.º CEORN - Medalha da Cruz de Guerra de 2.ª Classe

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 4 de Fevereiro de 2010)




O 2TEN FZE RN José Luis Couceiro pertenceu ao 5º CEORN - Cursos especial de Oficiais da Reserva Naval e ingressou na Marinha de Guerra em 4 de Outubro de 1962.

Promovido a Aspirante RN em Maio de 1963, foi destacado para prestar serviço na Guiné, no Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 2, tendo-se destacado pela sua empenhada participação em diversas operações. Quase no final da comissão de serviço, foi chamado a substituir o seu camarada do mesmo curso Abel Machado de Oliveira, integrado no DFE 8 e que, ferido em combate, teve de ser evacuado.








Foi Comandante do DFE 2 o 1TEN Pedro Manuel de Vasconcelos Caeiro, seu Imediato o 2TEN Adolfo Esteves Sousa e 3.º Oficial o STEN FZE RN José Luis Couceiro.

O comandante do destacamento, ferido em combate, veio a ser substituído pelo 1TEN Mário Augusto Faria de Carvalho.

Foi Comandante do DFE 8 o 1TEN Guilherme Almor de Alpoim Calvão, seu Imediato o 2TEN José Manuel Malhão Pereira e 3.º Oficial o STEN FZE RN Abel Machado de Oliveira.

Este último, ferido em combate, veio a ser substituído pelo 2TEN RN FZE José Luis Couceiro.


Fontes:
Fuzileiros - Factos e Feitos na Guerra de África 1961/74 - Guiné, Luis Sanches de Baêna, 2006; Anuário da Reserva Naval, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992; Ordens da Armada 1.ª Série n.º 37 de 12.8.1964, n.º 4 de 27.1.1965 e n.º 22 de 22.6.1965.


mls

16 março 2020

STEN FZ RN António Piteira - Escola de Fuzileiros

Post reformulado a partir de outro já publicado em 2009.12.21





Manuel Lema Santos
1TEN RN, 8.º CEORN, 1965/1972
1966/1968 - LFG "Orion" Guiné, Oficial Imediato
1968/1970 - CNC/BNL, Ajudante de Ordens do Comandante Naval
1970/1972 - Estado-Maior da Armada, Oficial Adjunto

Fontes:
Texto e fotos cedidos pela AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval;

14 março 2020

Educação Física na Armada - Reserva Naval


Reserva Naval e Educação Física na Armada





Na Marinha, pelo Centro de Educação Física da Armada (CEFA) e por quase todas as Unidades em terra, passaram muitos Oficiais da Reserva Naval, nomeadamente professores de Educação Física, alguns deles com protagonismo actual na vida desportiva, académica e social.

Muitos outros ingressaram nos Quadros Permanentes e constituiam, à data, a quase totalidade dos Oficiais no activo que estavam à frente dos Serviços que ministravam esta disciplina nas diferentes Unidades em terra. Não é pois, despropositado, mas da elementar justiça, afirmar que a concepção e organização da Educação Física na Marinha era então fundamentalmente fruto do investimento de muitos profissionais oriundos da Reserva Naval.
A participação de todos os elementos trouxe benefícios para a causa da Educação Física na Marinha.

Para corroborar esta ideia, é oportuno referir que a razão pela qual não foram conhecidos acidentes por excessos que algumas vezes temos ouvido falar em outros ramos das Forças Armadas, pode ter ficado a dever-se a três aspectos conjugados:

– À abertura que a Marinha teve aos conhecimentos emanados de Instituições exteriores no que concerne à formação em Educação Física, estabelecendo protocolos com o antigo Instituto Nacional de Educação Física-INEF, posteriormente Instituto Superior e, actualmente, como Faculdade de Motricidade Humana, para a especialização de Oficiais.

– À organização interna da instrução por "departamentos", cabendo a cada um, uma instrução específica ministrada por “especialistas”.

– À solidez da formação dos especializados em Educação Física - Oficiais e Monitores - que, sem retirar a "dureza" que o treino físico militar tinham de possuir, possibilitava uma leitura atempada dos limites fisiológicos ao esforço.

Todavia a Educação Física na Marinha não se esgota na preparação física militar: a conquista social dos tempos livres e a regulamentação do trabalho, com restrições cada vez maiores para o exercício de uma profissão pelos jovens são por um lado uma forma de protecção à criança e por outro um meio de defesa dos trabalhadores.

Todavia, se o aumento de tempo livre pode contribuir para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, paradoxalmente, tem também efeitos preversos: nas escolas o que preocupa os pais e professores é o que fazem os jovens quando não estão nas aulas!

Paralelamente, face à conjugação de vários factores, o número de reformados tem aumentado relativamente à população activa, assim como existe uma ten-dência para que a reforma seja alcançada mais cedo. Este facto também veio colocar novos problemas! Georges Friedman (1972), na sua obra «O PODER E A SABEDORIA» refere-se aos reformados da seguinte forma: "Os problemas do homem depois do trabalho, são muitas vezes comparáveis aos do homem privado do trabalho" porque "na civilização técnica o emprego, mesmo enfadonho, define o homem, dá-lhe uma razão para ser social". Contudo, actualmente, deixámos de exortar o trabalho como um meio redentor e de aprimoramento do carácter.

Assim, o desporto e as actividades físico-desportivas, entendidas como aquelas que são orientadas para o culto do corpo e da sua funcionalidade, ganharam um lugar de destaque, quer atribuindo-se-lhes algumas virtudes que antes eram atributos do trabalho, quer pelo facto de constituirem uma ocupação capaz de combater comportamentos desviantes.

São estas as principais razões que levam todas as instituições, Escolas, Clubes, Municípios, etc., a investirem no desporto e em outras actividades de lazer, mobilizando milhares de cidadãos e contribuindo para que estas actividades tenham passado de um período onde tinham pouca expressão como actividade organizada, para um período em que passaram a ser consideradas com um serviço social de oferta obrigatória.

Neste quadro, não é de estranhar que a Marinha tenha sido permeável à influência da sociedade, nomeadamente através dos que nela cumpriram o Serviço Militar Obrigatório, e apoiasse a actividade física utilizando-a, não só como um meio de preparação militar, mas também como de inserção cultural dos militares e seus familiares.

Assim, o CEFA pela sua acção ao longo da estruturação da Educação Física na Marinha foi uma referência obrigatória, particularmente por dois motivos:

O primeiro teve a ver com a formação de Monitores que ministravam as aulas de Educação Física nas diferentes Unidades onde estavam colocados. Estes Monitores eram sujeitos a uma formação de um ano lectivo, estando creditados por algumas Federações, através dum protocolo, como agentes de ensino desportivo. Tinham sido realizados até então trinta e cinco Cursos, tendo sido alguns deles frequentados por Oficiais, Sargentos e Praças da Marinha, Força Aérea e Polícia de Segurança Pública.Também a Guarda Fiscal e a Guarda Nacional Republicana que enviaram elementos seus para frequentarem aquele Curso.

O segundo diz respeito à dinamização, organização e apoio a diferentes actividades, quer para os militares, quer para os seus familiares. Hoje em dia, apesar de haver sinais de alguma incompreensão e falta de sensibilidade para a importância da Educação Física como contributo para a saúde e bem-estar das populações, ela está estruturada de maneira a possibilitar a sua prática por toda a população militar.

Existem mais testes para avaliar a condição física como meio de garantir a operacionalidade do pessoal, mas também de estimular a sua participação nas actividades. Uma outra preocupação era garantir a todos um conjunto de competências no meio aquático, estes usualmente designadas com «saber nadar», através da despistagem dos que estão inadaptados e conduzindo-os à frequência de um «curso de adaptação ao meio aquático», com uma duração de vinte e quatro aulas. Existia ainda outro curso, com doze aulas, para os que estavam insuficientemente adaptados.

A avaliação do «saber nadar» era realizada através dum conjunto de «níveis de adaptação ao meio aquático», possibilitando determinar como e quanto cada um «sabia nadar». Estas e outras medidas contribuiram para que as actividades físicas conquistassem no dia-a-dia expressão como prática assumida com reflexos na saúde e bem-estar e constituam uma cultura específica, que usualmente se denominava como cultura física, com inegáveis repercussões sociais.

Como nota final, é oportuno salientar que as instituições reflectiam a obra daqueles que nelas trabalhavam e anteriormente tinham trabalhado. Num momento em que as Forças Armadas estavam sujeitas a uma redução do serviço militar obrigatório, este pequeno artigo de opinião deve ser entendido como um meio de lembrar os benefícios alcançados pela abertura e permeabilidade a valores sociais transpostos para dentro da instituição militar, sem a desvirtuar, mas antes enriquecendo-a, através do contributo de elementos que a integraram num determinado período da sua vida.

Com certeza que outros grupos profissionais deixaram a sua marca nesta instituição que a todos nós marcou.


Manuel Cantarino de Carvalho
9º CFORN


Fontes:
Revista n.º 3 da AORN-Associação dos Oficiais da Reserva Naval, Ano II, Janeiro/Março 1997; foto de «Faculdade de Motricidade Humana»;

mls

13 março 2020

Dr. António Saturnino Sutil Roque, 3.º CEORN - Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval


Escola Naval, 1960

"In Memoriam"
1932 -2018






Na Escola Naval, em 10 de Outubro de 1960, teve início o 3.º CEORN - Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval, onde foi integrado o Cadete MN António Saturnino Sutil Roque, classe de Médicos Navais;

Promovido a Aspirante Médico Naval em 1 de Maio de 1961 prestou serviço na Base Naval de Lisboa - Flotilha de Escoltas Oceânicos e, mais tarde, a partir de Maio de 1962 (?), terá pertencido à guarnição do NRP «Lima».

Promovido ao posto de 2TEN MN RN foi licenciado e regressou à vida civil em 1963, cumpridos os habituais dois anos de serviço na Armada.

No link abaixo figura um resumo geral do 3.º CEORN onde foi integrado o 2TEN MN RN António Saturnino Sutil Roque, em que é referido aquele oficial. Na galeria figura a sua foto pessoal com o número 078, referência do Anuário da Reserva Naval, 1958-1975.


Completam-se hoje dois anos sobre a data do seu falecimento e aqui nos associamos à homenagem que lhe foi prestada, ao tempo, pela "Tertúlia do Fado e da Inquietação" de que aqui reproduzimos parcialmente o texto:

"...

Destaque para 13 de Março de 2018

Tivemos hoje, a 13 de Março, a triste notícia do falecimento do nosso amigo e associado António Sutil Roque.

Cantor de eleição do Fado de Coimbra, ainda dia 1 de Março nos deliciara com duas interpretações extraordinárias numa voz que nada fazia crer ter 85 anos, no Encontro da Tertúlia. Felizmente foram filmadas e podem ser vistas no site da "Tertúlia".

António Saturnino Sutil Roque nasceu em 1932, em Campo Maior, no Alentejo, mas passou a infância nos Açores. Matriculou-se na Faculdade de Medicina de Coimbra em 1952 e licenciou-se em 1958. Especializou-se em Medicina do Trabalho e Medicina Aeronáutica, tendo trabalhado muitos anos para a TAP.

Em Coimbra fez parte da Tuna Académica e foi um notável solista do Orfeão. Começou a cantar o fado de Coimbra por acaso: indo uma noite na rua a caminho de casa, deparou com uma serenata onde estavam alguns amigos do Orfeão, entre eles o guitarrista José Pais Alexandre. Como havia falta de cantores, anuiu ao pedido de cantar ali mesmo o fado “Dizem que as mães querem mais ao filho que mais mal faz…”.

Nunca mais parou de cantar o Fado de Coimbra. Na “República dos Inkas” o guitarrista Júlio Ribeiro acompanhou-o e ajudou-o nos ensaios. Em 1954 estreou-se oficialmente num espectáculo da Tuna, no Teatro Avenida, alternando com Fernando Rolim. Depois foi integrado no programa de rádio de Serenatas da então Emissora Nacional, com José Afonso, Fernando Rolim, Machado Soares e Luiz Goes.

Gravou em 1956 um série de três LPs acompanhado pelo Quinteto de Coimbra – António Portugal e Jorge Godinho na guitarra e Manuel Pepe e Levi Batista na viola. Em 1961 foi aos EUA em digressão. Voltou a gravar em 1985 um LP para a UNICEF.

Com o Orfeão, foi ao Brasil em 1954, a Espanha em 1957, aos Açores e à Madeira em 1960 e, com a Tuna, a Angola em 1958. Em 1961 voltou ao Brasil junto com Amália Rodrigues.

Em 1957 participou na primeira Serenata de Coimbra transmitida directamente pela RTP, junto aos velhos estúdios do Lumiar.

Em 13 de Março de 1958 na récita de despedida do Curso Médico de 1952-1958, a Balada da Despedida "Coimbra tem mais encanto na hora da despedida" foi expressamente composta para ser cantada, pela primeira vez, pelo estudante da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e membro do Coimbra Quartet, António Sutil Roque.

Aqui lhe prestamos homenagem e o recordaremos com saudade.
..."


Médico, brilhante intérprete do Fado de Coimbra mas também Oficial da Reserva Naval!





Fontes:
Texto do autor do blogue, composto a partir de http://www.tertuliadofado.pt/ com a devida vénia; referências históricas do 3.º CEORN do autor do blogue em https://reservanaval.blogspot.com/2017/01/3-ceorn-curso-especial-de-oficiais-da.html; Anuário da Reserva Naval 1958-1975, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992;


mls

11 março 2020

Ainda a Reserva Naval na Escola Naval, 1996


26 de Outubro de 1996




Mesa da Assembleia Geral




Rodrigues Maximiano, Presidente da Direcção da AORN, entrega a serigrafia da AORN ao Almirante Comandante da Escola Naval




"...marchando ao som de música para o refeitório"






Andrade Neves do 1º CEORN, Abel de Oliveira do 5º CEORN, Manuel Assunção do 5º CEORN e
Marques Antunes do 3º CEORN


Fontes:
Revista n.º 3 da AORN-Associação dos Oficiais da Reserva Naval, Ano II, Janeiro/Março 1997;

mls

09 março 2020

Escola Naval e Reserva Naval, 1996



Extracto da comunicação do Almirante Castanho Paes, Comandante da Escola Naval

aquando da Assembleia Geral da AORN-Associação dos Oficiais da Reserva Naval, 26 de Outubro de 1996






"... não queria deixar de, em nome da Escola Naval, vos dar formalmente as boas-vindas a esta vossa casa, cujas raízes centenárias nunca é demais lembrar..."

"... E digo vossa casa, porque foi efectivamente aqui que a grande maioria de vós recebeu a formação militar naval básica e uma parte da formação técnico-naval necessárias ao desempenho das funções que lhes foram cometidas ao longo do período em que, servindo a Marinha, serviram o País..."

"... Julgo que a Marinha, de uma forma geral, sempre teve a consciência do valor do vosso contributo para a sua missão. A bordo ou em terra, em Portugal continental ou insular ou no antigo Ultramar, nos organismos técnicos ou nos fuzileiros, no Estado-Maior ou nos gabinetes dos vários comandos, direcções e chefias da Armada, quase 4.000 oficiais da Reserva Naval dedicaram uma parte da sua vida à nossa briosa corporação, pondo generosamente ao seu serviço as capacidades que cada um tinha em função da sua área e nível de formação académica..."

"... A Marinha deve-lhes pois uma significativa quota parte dos últimos 40 anos da sua História..."

"... Contudo, julgo que será também justo realçar que a Marinha vos terá dado alguma coisa em troca: provavelmente uma experiência humana de certo modo útil para as vossas carreiras profissionais, possivelmente um sentido de camaradagem pouco conhecido no meio civil, talvez até uma maior consciencialização sobre certos valores morais e sociais que integram os códigos de honra das instituições militares..."


Fontes:
Revista n.º 3 da AORN-Associação dos Oficiais da Reserva Naval, Ano II, Janeiro/Março 1997;

mls

07 março 2020

... ao saudoso Antas de Barros do 22º CFORN


Gabriel Caldas de Antas de Barros
(1951-2002)


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 11 de Novembro de 2009)


... ao saudoso Antas de Barros

O Gabriel era um rapaz “sui generis”!

Penso que exercia a profissão de advogado na cidade de Braga, capital da província setentrional que foi berço da sua existência.

O Gabriel, tal como eu, integrou o 22º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, na classe de Fuzileiros.

Um dia, no alvor de uma fria manhã de Fevereiro do já longínquo ano de 1974, embarcámos, nove, para juntos cumprirmos comissão de serviço na então Província Portuguesa da Guiné.

Era um rapaz aprumado, aquele quarto oficial do DFE5-Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 5!

Cioso das suas origens minhotas e orgulhoso por envergar a farda da Marinha, recordo, não raras vezes, vê-lo colocar, com inigualável altivez, a boina azul ferrête com o ferro doirado da Marinha, com que, naqueles tempos, eram distinguidos os melhores entre os melhores.




Gabriel Antas de Barros, à esquerda, e José Carrajola Horta, à direita,
dando as boas vindas a um novo “Pira di Marinha”, José Ribeiro Andrade, ao centro


Admirava-lhe o esmero, a fidalguia, o espírito indomável, a generosidade, e a enorme voluntariedade e prontidão para toda e qualquer missão, “por rios e tarrafos”, de que se havia com tranquila eficácia e rigoroso zelo.

Auscultava nele o sonho, grandioso, de servir a sua Pátria, acima de tudo, contra ventos e marés, com honra, valentia e inestimável dignidade...

Era exemplar no brio e na tradição!

Corriam, então, os anos meãos das sua efémera passagem por este destino terreno que, precocemente, interrompeu. A notícia chegou brutal, inexorável, há alguns precisos meses!...

Uma curva da estrada atirou a moto que conduzia para um destino sem retorno. Ele, não tenho dúvida, seguiu o seu caminho que leva a uma nova luz.

E lá, no reino dos Justos, reservado terá o lugar de todos aqueles que têm um coração universal, do tamanho desse Mar sem fim, que cruzámos, e que tanto deram na Terra!

Apesar de tardia, "mea culpa", esta humilde homenagem ao amigo que dava pelo nome de Gabriel Caldas de Antas de Barros, não pode deixar de ser feita! Fomos, afinal, camaradas de armas e companheiros de missão.

Que Deus o receba na Luz da Sua infinita glória!


José Manuel Carrajola Horta
22º CFORN


mls

05 março 2020

17.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, Set1970

Post reformulado a partir de outro já publicado em 2010.06.30





Fontes: Texto do autor do blogue, compilado a partir de Anuário da Reserva Naval 1958-1975, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado,Lisboa, 1992; Dicionário de Navios e Efemérides, Adelino Rodrigues da Costa, Edições Culturais da Marinha, 2006; Arquivo de Marinha; Revista da Armada; Texto e Fotos de arquivo do autor do blogue com cedências de origens diversas;

mls

01 março 2020

Galeria Reserva Naval - Mestre Henrique Anjos


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 26 de Outubro de 2009)

Henrique Maria Ulrich Anjos, 23.º CFORN
(1952-1993)






Dele disse a jornalista Inês Dentinho: «Um aristocrata que escolheu ser pescador, um campeão de vela que quis ser bombeiro, um homem do Mar que uniu os grandes e os pequenos da baía de Cascais».

Mas foi mais. Campeão de vela, olímpico nos Jogos de Munique de 1972, nos de Los Angeles de 1984 e nos da Korea do Sul em 1988, foi também Oficial Fuzileiro da Reserva Naval, incorporado no 23.º CFORN, ingressando na Armada em 30 de Agosto de 1973. Prestou serviço em 1975, em Angola, integrado na Companhia de Fuzileiros nº5.

Nos seus tempos de menino frequentou a Escola Técnica dos Salesianos, do Estoril, e o Colégio de João de Deus, no Monte Estoril, neste último de 1963 a 1967, entre o 2.º e o 5.º ano do liceu.

A sua vida é uma história de entrega aos outros, de desapego ao material, de exemplo contagiante pelo entusiasmo que a tudo dedicava, sem sacrifício aparente, apenas pelo gosto de viver para a natureza.

A sua morte prematura antes de completar 40 anos de idade, deixou vazio um lugar único que era só dele.

Quatro anos depois desse dia fatal, o texto que Inês Dentinho escreveu na data, merece ser recordado. Nele se revê a figura de Henrique Anjos na sua dimensão maior. Com a devida vénia, aqui o recordamos em frases elucidativas:



“Era um homem do mar. Calado como a noite. Generoso como as marés. Forte como um porto de abrigo. Fez da sua vida uma história de água salgada. Na vela, nos fuzileiros e na pesca. Tinha com o Mar uma conversa íntima. De respeito e à-vontade. A mesma que o fez perder. No dia em que o respeito não vingou.

Henrique Anjos morreu na baía de Cascais onde corria os seus dias. Entre a Lota e o Clube Naval. Reunia em si os dois mundos da vila antiga. Era aristocrata e pescador. Desportista e profissional. Civilizado porque simples.

Nunca deixou de ser quem era, por passar a ser quem foi.

A “alta” achava-o excêntrico. Demorou a entender aquele viver solitário, de um dos seus entre os homens do mar. Foi também com o tempo, que os pescadores aprenderam a tê-lo como igual. Ou quase. Porque quando a crise apertava e a discussão fazia divisões, lá acorriam ao Mestre Henrique Anjos na certeza de uma solução para o enguiço.

Podiam contar com ele. Tão silencioso como popular, ele ouvia os aflitos, estudava os assuntos e tratava de achar a exacta resposta para a “tempestade”. Assim, lançou os Estatutos para a Associação de Armadores e Pescadores de Cascais, pediu regras justas para a Lota, quis de volta a Casa dos Pescadores, requereu licença de arrasto para Cascais e pensou a futura Marina a contento da pesca e do recreio.

No outro extremo da baía, com igual empenho, animava as escolas de vela. Lançou sementes que hoje dão fruto.

Em nome do Mestre, a Câmara criou o Dia do Pescador de Cascais, comemorado anualmente a 8 de Março. E colocou, no Largo da Lota, a nova placa de Henrique Maria Ulrich Anjos. Um homem que sozinho traçou o caminho. Hoje percorrido por todos.

Nascido em Lisboa a 4 de Junho de 1952, com casa na Linha, era junto dos ganhões alentejanos, durante as férias, que o rapaz se sentia melhor. Saía de madrugada para a monda nas herdades das tias de Estremoz. Almoçava na cozinha do rancho e recebia os seus tostões ao Sábado, como mais um trabalhador rural. Tomava-se a sério e ganhava gosto pela vida daquela gente. De tal maneira, que quando entrou para a primária, não queria aprender a ler – “quero ser ganhão. E os ganhões não sabem ler”.

A sábia professora arranjou-lhe então uma gazeta agrícola que Henrique devorou em letras. Ali se descreviam culturas e calendários rurais. Aplicou os conhecimentos no fim do jardim grande da casa de Santo Amaro. Plantava as suas hortas, colhendo frescos para a casa.

Mas seria o mar que o chamaria com apego. Filho e neto de velejadores consagrados, cedo se habituou a acompanhar o pai no barco, aos fins-de-semana. Lá estava também o velho arrais Augusto, com tempo e encanto para ensinar o seu pequeno marinheiro.

Velejador desde os cinco anos de idade, aos oito entra para a primeira escola de vela, em Algés. Foi campeão nacional júnior, em 1971 na classe Finn. No ano seguinte conquista o 6.º lugar nas Olimpíadas de Munique, na classe Star.






Vivia agora no Estoril e passava os dias na Baía de Cascais. “Tinha a mania da pesca. Nas pedras havia mais peixe e era para lá que ele ia desde os 14 ou 15 anos. Mexia-se dentro de um barco como se estivesse em terra” diz dele o seu amigo e também oficial fuzileiro da Reserva Naval, José Maria Bustorff Silva, do 23º CFORN.

Igual a si próprio oferecera-se, entretanto, como voluntário para os bombeiros, ganhando méritos e louvores por actos de bravura. Recebia as honras sem publicidade.

Tal era o empenho do bombeiro que no dia da admissão à faculdade preferiu responder à sirene em vez de fazer exame. Apagou esse fogo e entrou, no ano seguinte.

Vai trabalhar para a Lisnave, onde um tio, na Administração, lhe pergunta: “Queres aprender ou queres ganhar dinheiro?”. Quis aprender a ser soldador mecânico. E foi. Mas tinha 19 anos e uma vontade certeira de ligar a sua vida ao mar. Em 1973 oferece-se como voluntário para os fuzileiros navais. Vai para Angola.

De volta a Lisboa não se demora na vida militar. Passa a trabalhar em limpezas químicas das tubagens dos navios.

Apesar da violência dos empregos, Henrique Anjos nunca larga a vela. Esgota as energias do fim-de-semana no clube Naval de Cascais. Será campeão nacional, na classe Star, desde 1979 a 1984, repetindo a proeza em 1988.

Casara durante o serviço militar, mas não procura casa. Igual a si próprio, queria viver num barco. Em 1975 consegue comprar uma traineira devoluta. Mas acaba por manter os pé em terra. Vive em Sintra, contrariado pela serra que o separa da baía. Tem quatro filhos, todos eles amigos do vento e do mar.

A partir de 1978 dedica-se à pesca. Recupera o barco. Faz redes na perfeição. Tem engenho. Apura o sentido prático de quem vive da natureza. Aprende depressa. Conhece o mar como qualquer velho pescador profissional. Todos os dias saía para o mar às três da tarde e voltava na manhã seguinte, por volta das dez. Despachava o peixe na lota e passava pelo Clube Naval, por vezes ainda equipado. Na praia batia-se pelo espírito de corpo dos pescadores de Cascais. Corria o país, de Peniche a Olhão, na demanda da melhor estrutura para uma associação dos “seus” homens.

Fazia quilómetros ao fim-de-semana, à procura de estatutos ideais para o caso da sua terra. O turismo e a natureza individualista da gente do mar “proibiam” o espírito de corpo dos pescadores.
Henrique batia-se sozinho pela mudança da corrente. As injustas regras da lota, beneficiando as especulações de intermediários, assim o impunha. Queria as licenças de arrasto de vara e arrasto de portas, fixas em Cascais. Viria a garanti-las depois de morrer.

Entrava nos cursos de formação profissional só para mostrar aos outros pescadores que também deveriam estudar. E punha o seu barco, gratuitamente, à disposição para o ensino dos novos profissionais.

Tudo fazia sem alarde. Indiferente às resistências. Com uma estranha confiança no futuro que não conheceu.

Morreu com 40 anos, tentando salvar os barcos do Clube Naval, num dia de mar picado. Ninguém lhe pedira ajuda. Mas era preciso evitar o estrago pior.

Que não evitou".


A trágica morte no mar, à vista do “seu” Clube Naval, no meio das embarcações da Baía dos “seus” pescadores, depois de anos de luta pela segurança da profissão, foi castigo para quem o devia ter ajudado e com ele deveria ter lutado. Para Henrique Anjos, a glória do seu nome perpetuado, sem as honrarias que sempre rejeitou em vida, mas cuja memória, aqui e ali, vai continuar a ser lembrada.
Morreu o Homem.

Fica a Memória. Salvou-se a obra.

Fontes:
Revista n.º 18 da AORN-Associação dos Oficiais da Reserva Naval, Ano XV, Outubro 2010;

mls