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26 março 2020

18.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, Fev1971

Post reformulado a partir de outro já publicado em 2009.06.12





Fontes: Texto do autor do blogue, compilado a partir de: Anuário da Reserva Naval, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992; Dicionário de Navios e Relação de Efemérides, Adelino Rodrigues da Costa, 2006; Lista da Armada; fotos da Revista da Armada;

mls

16 março 2020

STEN FZ RN António Piteira - Escola de Fuzileiros

Post reformulado a partir de outro já publicado em 2009.12.21





Manuel Lema Santos
1TEN RN, 8.º CEORN, 1965/1972
1966/1968 - LFG "Orion" Guiné, Oficial Imediato
1968/1970 - CNC/BNL, Ajudante de Ordens do Comandante Naval
1970/1972 - Estado-Maior da Armada, Oficial Adjunto

Fontes:
Texto e fotos cedidos pela AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval;

24 setembro 2019

STEN FZ RN António Piteira • 18.º CFORN - Homenagem em Arraiolos


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 5 de Abril de 2015)


Ao camarada STEN FZ RN António Piteira

Homenagem da Classe de Fuzileiros do 18.º CFORN
Arraiolos, 20 de Setembro de 2014






António Bernardino Apolónio Piteira (1947-1973), natural de Arraiolos, único oficial da Reserva Naval morto em combate durante a Guerra de África, foi homenageado pelos seus camaradas que com ele iniciaram a caminhada na Marinha, em 18 de Fevereiro de 1971.

Promovido a Aspirante FZ RN em 13 de Outubro de 1971, após ter frequentado o curso de fuzileiro foi destacado para Angola, onde chegou a 18 de Setembro do ano seguinte, com o posto de STEN, assumindo o comando do 3.º Pelotão da Companhia N.º 1 de Fuzileiros.

Encontrou a morte no dia 2 de Junho de 1973, integrado numa coluna de viaturas do Destacamento do Zambeze em missão de serviço à Lumbala, fruto de uma emboscada inimiga ocorrida na Picada entre Lumbala e Chilombo, a cerca de 10 km desta última localidade.




A jornada de homenagem a este nosso querido camarada iniciou-se com uma sessão solene na Câmara Municipal de Arraiolos, presidida pela respectiva Presidente, Dr.ª Sílvia Pinto.

O nosso camarada, Nuno Santos Pereira, em representação do 18.º CFORN, teceu considerações sobre as razões desta justa iniciativa e o perfil humano do homenageado, agradecendo a prestimosa colaboração da autarquia. Interveio igualmente o Presidente da Assembleia Municipal, amigo e seu companheiro de escola que, de forma encomiástica, teceu rasgados elogios ao seu carácter e humanismo.

Por fim, interveio a Senhora Presidente que enaltecendo a iniciativa em boa hora tomada pela classe de fuzileiros do 18.º CFORN, publicitou que a breve trecho iria estar patente no Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos (CITA) uma exposição alusiva ao nosso camarada Piteira.




De seguida oferecemos à autarquia, na pessoa da sua Presidente, o espólio de Marinha do nosso camarada, em estrutura acrílica, composto por boné, cordão de fuzileiro, galões de subtenente e a sua fotografia sobre base cerâmica.

Seguiu-se uma tocante cerimónia com descerramento de uma lápide junto à placa da rua em seu nome, sita na Ilha do Castelo, evento partilhado por larga fatia da população local que, assim se quis associar e testemunhar o sentido apreço que nutre por uma figura muito querida da sua terra.

Neste enquadramento, tive oportunidade de fazer a seguinte intervenção, em sua memória:

A 18 de Fevereiro deste ano, completaram-se 43 anos da nossa integração no 18.º CFORN e a 2 de Junho passado rememoramos o 41.º aniversário da morte trágica e cobarde do nosso camarada e amigo António Bernardino Apolónio Piteira, em Angola.
É com profunda emoção e inquestionável pesar que pisamos esta terra escura, queimada pelo sol e germinada com o suor que advém do trabalho árduo dos que teimosamente aqui ficam, resistindo ao flagelo da emigração que, do mesmo passo que desenraíza as pessoas, torna mais tristes aqueles que as vêm partir, sem garantia de regresso.
O nosso Piteira era, perante nós, um porta-estandarte do seu Alentejo e, particularmente de Arraiolos. Não apenas pela pronúncia castiça, mas também pelo temperamento e idiossincrasia. O Piteirinha tinha em cada um dos presentes um amigo. O ar tranquilo, a face trigueira donde despontava um constante sorriso sereno, a bonomia do seu comportamento, quase que nos obrigavam a gostar dele. E como dele gostávamos!
Alguém disse que “a memória é o espelho onde observamos os ausentes”. Não é seguramente o caso. O Piteira é o ausente mais presente de todos. Está constantemente no nosso seio, como insofismavelmente o demonstramos ainda no último convívio, onde lhe foi reservado lugar cativo que testemunhará, de forma indelével, a sua “presença” em todas as nossas iniciativas futuras.



Daí que, nada nos apague da memória esses tempos, por isso estamos aqui, na sua terra natal, na sua RUA, a relembrá-lo e a prestar-lhe uma homenagem do coração, simples como evento, mas carregada de significado para todos nós que continuamos a vê-lo, não apenas como camarada, mas essencialmente como AMIGO que o decorrer dos tempos nunca fará esquecer.
Olhemo-nos em redor e observemos como foi substancialmente ultrapassado o quorum que legitima e dignifica esta assembleia. E não necessitamos de ajudas de custo ou senhas de presença para dizermos PRESENTE. O pecúlio arrecadado foi o privilégio de dele termos sido camaradas e amigos. Por isso, repito, estamos aqui. Sem embargo de sacrifícios e constrangimentos. De corpo e alma bem quentes como esta terra bendita, cujo ventre pariu um cidadão exemplar.
Daí que, em uníssono, queiramos honrar a sua memória.
E para terminar, permitam-me uma curta citação do que escrevi aquando da passagem dos 30 anos da sua morte, ou seja há 11 anos:
“A relação que mantive com o Piteira foi sempre muito próxima, quiçá potenciada pela minha extroversão de Homem do Norte que casava muito bem com a calma e fina ironia deste alentejano dos sete costados. Andávamos quase sempre juntos, mesmo nas muitas deslocações a Lisboa para desanuviar e combater o stresse, que acabavam quase sempre em bate-papo futebolístico numa cervejaria do Terreiro do Paço, chamada O Caracol, assim apodada pela fama dos característicos gastrópodes em cuja degustação o Piteirinha me iniciara. Hoje recordo com saudade aqueles momentos únicos antes de tomarmos a Vedeta da meia-noite ou da uma que nos levaria à Escola Naval.
O Piteirinha não era um mero camarada, era um amigo. Raramente levantava a voz ou se zangava, mas quando tal acontecia lá vinha a sua característica expressão: seus maganos!
Foi um privilégio conhecê-lo e usufruir da oportunidade de com ele privar e me tornar amigo. Tinha muita vontade de viver e o destino pregou-lhe uma partida. Este Mundo louco tem destas coisas.
Até sempre camarada e amigo. Um dia vamo-nos encontrar e retomar as nossas conversas estupidamente interrompidas.”

E concluo: Até já, nosso irmão!





Do programa constava ainda uma romagem ao cemitério onde foi depositada uma lápide na sua sepultura, do mesmo passo que se observou um minuto de silêncio. Em seguida, o camarada António Nascimento, que o acompanhou em Angola, fez uma breve dissertação sobre os acontecimentos daquele fatídico dia 2 de Junho de 1973, em que o nosso querido Piteira foi brutalmente morto.

Refira-se ainda que o espólio oferecido, bem como a intervenção feita na rua em seu nome, integram a exposição que, como era expectável, foi aberta ao público a partir de meados de Outubro do ano passado.

É devida ainda uma palavra de apreço à Câmara Municipal de Arraiolos, na pessoa da sua Presidente, pelo apoio, presença e intervenção activa nos diversos eventos constantes da homenagem ao nosso camarada.

Como é costume, seguiu-se um almoço de confraternização no Hotel da Ameira, junto a Montemor-o-Novo, onde reinou a amizade e uma incontida felicidade de podermos, mais uma vez, estar juntos a reviver momentos muito significativos das nossas vidas.

No final da jornada invadiu-nos um sentimento de dever cumprido. A nobreza de carácter do nosso camarada e amigo Piteira clamava por esta iniciativa. Desde os primeiros tempos do seu desaparecimento que pairava no grupo a ideia de uma homenagem na terra que o viu nascer. Ao levarmo-la a cabo, sentimo-nos mais felizes e em paz com as nossas consciências.

Aconteceu num dia de sol radioso, particularmente bonito, que nos fez tê-lo por perto e revivenciar, com redobrada emoção, momentos que a lonjura do tempo nunca apagará das nossas memórias. Um dia que nos tornou mais coesos e solidários. Enfim, um dia que nos ajudou a compreender que estes Encontros, muito para além da confraternização lúdica e fraterna, traduzem um sentimento de missão que o espirito de Marinha ensinou a cultivar.




Adelino Couto
Sóc. Orig. n.º 2382
2.º TEN FZ RN


Nota do Editor da revista "O Desembarque" n.º 20:

Entende-se estranho que nem a Marinha, nem a AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval, nem a Associação de Fuzileiros (AFZ) tenham sido convidadas a participar, tratando-se do único Oficial da Armada (Fuzileiro e da Reserva Naval) morto em combate na Guerra do Ultramar (1961/74) ou, tendo-o sido (a AFZ não o foi com certeza), não se tivessem feito representar, a bom nível, nesta cerimónia, mais que merecida, ao António Piteira.



Fontes:
Cortesia da AFZ - Associação de Fuzileiros por cedência do artigo publicado na revista publicada "O Desembarque" n.º 20 com adaptação de espaços e fotos;


mls

05 março 2019

Leste de Angola, saliente do Cazombo, anos '70 - Chilombo e Lumbala


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 6 de Agosto de 2013)


Angola - Uma abordagem Reserva Naval ao Chilombo e Lumbala






Nunca pisei solo de Angola.

Como tal, remeto-me a uma humilde ignorância que essa realidade me impõe da terra, das gentes, das vivências e dos sentires. Durante dois anos ali residiu uma irmã minha casada com um oficial da FAP que cumpria o SMO, mas nem essa vivência familiar me trouxe especial valor acrescentado ao conhecimento de Angola.

Ainda assim, gostaria de disponibilizar algum conhecimento adquirido ao longos dos anos, nas pesquisas efectuadas, nos contactos havidos e na documentação ou imagens cedidas por Camaradas que ali desempenharam missões e a quem deixo aqui expresso o meu público agradecimento.

Em Unidades Navais, Destacamentos ou Companhias de Fuzileiros participaram em múltiplas e complexas missões, muito para além do que é comum cingir-se à ideia do conceito de guerra, combates e operações militares. Apoio social e humano a populações carenciadas, incluindo assistência médica, estiveram sempre presentes no espírito de todos os que ali cumpriram comissões.

Neste meu aprendizado pessoal, fui obrigado a retroverter muitos dos vocábulos que trazia do meu "Prontuário Ortográfico Guiné", começando pela universal Tabanca.

Em dialecto gentílico, Kimbo no distrito do Moxito, com sede na cidade do Luso, entendia-se como um aldeamento indígena ou aglomerado de cubatas. Cada habitação era construída com paredes de argila convenientemente amassada e comprimida numa estrutura de troncos de madeira com cerca de 15 cm de diâmetro, ligados entre si por lianas entrelaçadas.

Depois de cobertas com capim penteado com as mãos adquiriam, umas a forma cónica e outras com quatro abas, conferindo àquelas habitações isolamento térmico natural e um conforto que ajudava a enfrentar aquele agressivo clima tropical.




Em cima, aspecto geral do "Kimbo" junto ao aquartelamento de Fuzileiros no Chilombo, Zambeze e,
em baixo, pormenor da construção




Sobre Angola, fiquei-me pelos magros ensinamentos que colhi de uma disciplina liceal de Geografia, com encurtado conhecimento adquirido pela minha pouca apetência para a matéria. Densa, monótona e pouco motivadora de dedicada atenção e estudo por parte dos alunos, eu incluído.

E, meu Deus, como se notava a falta de “bonecos” esclarecedores daquela embrulhada de nomes. Que necessidade sentia de uma qualquer banda desenhada a explicar melhor onde nascia o Quanza ou porque é que o Zambeze corria de Angola para Moçambique. Havia mapas, mas eram muito silenciosos e estavam plasmados nas paredes.

Que, para nós, numa visão descomprometida de ensino, ler e interpretar com correcção, fazia-se com o Cavaleiro Andante, o Mosquito ou o Zôrro. Não havia linha que não fosse bem compreendida sem qualquer dificuldade. Épicas aventuras, letras a legendar os balões, cores e sombras da bonecada diversa entranhavam-se-nos no espírito, suspensos no tempo à espera do próximo número.

A Geografia não tinha história, enredo nem personagens que encaixassem no nosso ideário aventureiro. Não era fácil sonhar com aquela complicada delimitação de território, quer a norte, quer nos outros lados todos. Sim, porque havia sempre mais uma série de lados a que chamavam limites geográficos, cujo destino óbvio era o simples empinanço.

Perfilavam-se em seguida as províncias, clima, principais elevações e rios, cidades e portos, estradas e caminhos de ferro, actividades económicas. Um sem fim de prolongado sacrifício, quase pesadelo, para culminar num debitar papagueado em duas ou três páginas de pontos com datas marcadas. Depois, a revisão e a espera das notas com umas chamadas a meio, num constante martírio.

No meio de uma confusa e escassa memorização de um outro tempo de permanência de Portugal em África, ainda registei os nomes de algumas regiões, como os planaltos do Congo, Benguela, Huila, Malange e Bié. Alguns nomes, ditos por esta ordem e penso que era assim, soavam-me bem.

Disparava-se esta metralha, tipo rajada e pronto, estava certo.

O saliente do Cazombo, Lumbala e o Chilombo, na região do Moxico, representaram sempre para mim uma espécie de silêncio cultural.




O saliente do Cazombo, Lumbala e, a norte, o Chilombo

Depois, havia um enclave em Cabinda, que para quem quisesse explicar mais claro, era como que uma "excrescência" próxima que nos pertencia, mas já fora do território. Tenho ideia de que foi a única vez na vida que tropecei naquela palavra “enclave”. Aquilo de que mais próximo me lembro, pronunciado, era a clave de sol mas acho que a música é outra.

Ficaram-me ainda registados nomes de cidades como Luanda, Lobito, Benguela e Moçâmedes ou os rios Zaire, Quanza e o Cunene. Claro que lembro outros mas apenas estaria a aumentar um conjunto de vocábulos sem grande expressão afectiva, pelo desconhecimento que tenho de locais e gentes.

Não era apenas eu que repudiava os temas assim abordados mas, tempos de ensino e diferentes qualidades didácticas dos mestres que nos ensinaram, ditaram para mim resultados médios quase exclusivamente posicionados entre as linhas sofrível e suficiente.

Talvez como compensação subconsciente, ganhei o hábito que ainda hoje mantenho de rabiscar tudo quanto era canto de papel limpo de escrita. Aí me manifestava rascunhando, evadindo-me imaginariamente do anfiteatro onde éramos sujeitos a tão maciças quanto indigestas doses de ciência geográfica.

No escoar do tempo tudo se foi modificando, e a Guerra do Ultramar como que nos aproximou dos territórios além-mar nas constantes idas e vindas de militares em serviço, pelas conversas e convívios, encurtando distâncias e trazendo a lume nomes de locais até então pouco divulgados.

Para um Reserva Naval, depois de ingressar na Marinha e concluído o curso da Escola Naval, passava a ser possível, num horizonte temporal próximo, a permanência de dois anos em Angola, numa unidade naval, em terra ou ainda numa Companhia/Destacamento de Fuzileiros.

Ali, do Zaire aos rios Cuando/Cubango e do Quanza ao Zambeze, no decorrer dos anos de conflito armado, entre 1961 e 1975, dos 25 cursos realizados, prestaram serviço cerca de 250 oficiais da Reserva Naval das classes de Marinha, Médicos Navais, Administração Naval, Engenheiros Maquinistas Navais, Técnicos, Especialistas e Fuzileiros.

Um desses oficiais foi o STEN António Bernardino Apolónio Piteira do 18.º CFORN que naquele território esteve em missão, integrado na Companhia de Fuzileiros nº 1. Promovido a Aspirante FZ RN em 13 de Outubro de 1971, frequentou o curso de Fuzileiro e foi destacado para Angola, onde chegou a 18 de Setembro do ano seguinte, com o posto de STEN, assumindo o comando do 3.º Pelotão da Companhia n.º 1 de Fuzileiros.




Em cima, num primeiro plano o "Kimbo",
em segundo plano o aquartelamento dos Fuzileiros do Chilombo e ao fundo o Zambeze;
Em baixo, o rio Zambeze, sendo visível o porto de encosto das lanchas, com a LDP 208, a embarcação «Caripande» e botes do aquartelamento do Chilombo




No dia 2 de Junho de 1973, pelas oito horas da manhã, uma coluna de viaturas do Destacamento do Zambeze, em missão de serviço à Lumbala, foi alvo de uma emboscada inimiga. Dessa emboscada, ocorrida na Picada entre Lumbala e Chilombo, a cerca de dez quilómetros desta última localidade, resultou a morte de António Piteira. Foi o único Oficial da Marinha de Guerra morto em combate, no período em que decorreu a guerra nos três teatros em África.

Sem propriamente pretender repisar a lembrança de tão dramático quão triste de memória acontecimento, sucedeu que fui contactado há poucos meses por um outro combatente da Guerra do Ultramar que, em Angola, entre 1971 e 1973, durante 2 anos, permaneceu no aquartelamento de Lumbala-Velha.




O aquartelamento de Lumbala-Velha



Mário Regadas da Silva, esteve integrado na CArt 3416, unidade independente mas que dependia operacionalmente do BCaç 3847 com sede na vila do Cazombo, comandado pelo Tenente-coronel António da Graça Bordadágua. Trocámos algumas mensagens e achei interessante publicar alguns excertos das comunicações enviadas a que juntei imagens alusivas dos locais ali recordados, por aquele antigo militar que prestou serviço em Lumbala-Velha.

De acordo com Mário Silva:

“...Visitei uma vez o vosso quartel no Chilombo onde jantei (e que bem jantei...). Eram uma tropa à parte. Eu era aramista, estive impedido na secretaria. Tenho lembrança de ver os botes dos fuzileiros passando ao largo no Zambeze, tendo estado no vosso quartel com alguns camaradas fuzileiros em jogos de futebol. Recordo outra vez um acidente no rio, onde um bote com fuzileiros teve um acidente com más consequências...”

“... Tivemos três comandantes de companhia e um deles, o Tenente Eduardo Paiva Oliveira, morreu numa emboscada no dia 1 de Julho de 1973, no itinerário Chilombo-Lumbala, precisamente na mesma picada que vinha do Cazombo e bem perto do dito Destacamento de Fuzileiros do Chilombo; um camião Berliet ficou parcialmente destruído...”





"Informação" ou "A Verdade à Maneira do Inimigo"

Estranho destino que faz distar de um mês a morte de dois oficiais em combate, um do Exército e outro da Marinha, no mesmo local e na mesma fatídica picada de Angola. Lamentavelmente, na mesma ou ainda noutras acções de combate, outros militares ali encontraram o fim da linha de vida. Honrando a sua memória, recordando-os, aqui fica o registo da invulgar coincidência, aproveitando para publicar imagens de alguns do locais acima referidos





O aquartelamento de Lumbala-Nova





Notas do autor:
– Na foto que acima se publica, além da LDP 208 ainda sem o fortim superior, é visível a embarcação «Caripande», (karipande) herdado de uma pequeno aldeamento angolano no Alto Moxico, Zambeze, atribuído a uma simplificada embarcação/unidade naval que servia de posto avançado no saliente do Cazombo, Lumbala, para juzante do Zambeze. A proximidade da fronteira aliada aos frequente ataques do lado da Zâmbia e à insuficiência de meios de defesa levaram a abandonar o projecto.
Numa informação "Wikipédia" «Karipande» dista 600 km de Luena e tem 7.000 habitantes. Na língua soba chama-se Mukumbi Munhau. Karipande foi supostamente o local da morte do "Comandante Hoji-ya-Henda (José Mendes de Carvalho), com 27 anos de idade do MPLA junior. Foi sepultado próximo do rio Lundoji a 30 quilómetros do então quartel de Karipande, da Frente Leste/3ª Região Político-Militar (14 de abril de 1968).

– Algumas das fotos acima publicadas referem relatos, factos ou ocorrências, descritas no blogue noutras publicações anteriormente efectuadas. Para os leitores que o desejem, basta efectuarem a procura por tema/assunto/palavras na caixa de busca do blogue.




Fontes:
Texto e fotos de arquivo do autor do blogue; gentil cedência de fotos dos: CMG FZE José Manuel Dias da Silva (antigo oficial da Reserva Naval do 16.º CFORN), CMG FZE José António Ruivo (antigo oficial da Reserva Naval do 21.º CFORN) e de Mário Regadas da Silva, antigo Cabo Cond.Auto/Esc CArt 3416 do BCaç 3847.


mls

30 julho 2017

STEN FZ RN António Piteira - Escola de Fuzileiros


Escola de Fuzileiros - Homenagem ao STEN FZ RN António Bernardino Apolónio Piteira

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 21 de Dezembro de 2009)




Escola de Fuzileiros - Rua STEN FZ RN António Piteira.

No dia 18 de Dezembro de 2009 teve lugar, na Escola de Fuzileiros, em Vale de Zebro, uma singela mas significativa homenagem ao camarada da Reserva Naval António Bernardino Apolónio Piteira, pertencente ao 18.º CFORN, que morreu em combate em 3 de Junho de 1973, no Leste de Angola, Chilombo, vítima de uma emboscada inimiga, quando comandava uma coluna logística de viaturas no trajecto Chilombo – Lumbala.

A homenagem consistiu na atribuíção do nome do STEN FZ RN Apolónio Piteira à rua que liga a Parada da Escola de Fuzileiros - à qual foi recentemente atribuído o nome do Almirante Roboredo e Silva - à Messe de Oficiais.



Antigos elementos da Companhia de Fuzileiros n.º 1, junto à nova placa toponímica
na rua de acesso à Messe de Oficiais.


A homenagem, que estava integrada numa cerimónia de Juramento de Bandeira, foi presidida pelo 2.º Comandante do Corpo de Fuzileiros, CMG FZ Oliveira Monteiro, em representação do Comandante do Corpo de Fuzileiros, contando também com a presença do Comandante da Escola de Fuzileiros, CMG FZ Ferreira de Campos.




Em cima, o CMG FZ Ferreira de Campos, casal amigo de infância do STEN António Piteira, CMG FZ Oliveira Monteiro e, em baixo, a nova placa toponímica STEN FZ RN António Piteira.



A AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval fez-se representar pelo Presidente da Direcção, Joaquim Oliveira Moreira do 25.º CFORN e pelo vogal da Direcção José António Ruivo do 21.º CFORN. Participaram ainda alguns elementos da Companhia de Fuzileiros n.º 1, Unidade à qual o camarada Piteira pertencia, e um casal amigo de infância.




Em cima, o CMG FZ Oliveira Monteiro, José Ruivo, Joaquim Moreira e CMG FZ Ferreira de Campos e, em baixo, algumas das pessoas que participaram na cerimónia.



Antes de a Companhia de Fuzileiros n.º 1 – à qual pertencia o STEN FZ RN Apolónio Piteira – partir para a sua comissão em Angola, foi-lhe atribuída a missão de escoltar as ossadas de D. Pedro IV (D. Pedro I do Brasil), que seguiram de Lisboa para o Rio de Janeiro a bordo do paquete Funchal, especialmente fretado para o efeito.

A bordo do paquete Funchal, que foi escoltado por duas fragatas da Marinha seguiam também o Presidente da República, Almirante Américo Thomáz, e o Ministro da Marinha, Almirante Pereira Crespo.



A bordo do paquete "Funchal", com o Almirante Américo Thomáz, o Almirante Pereira Crespo e o Comando do navio, elementos da Companhia de Fuzileiros nº1;
o STEN FZ RN António Piteira é o primeiro elemento da fila de trás, à esquerda.


José A. Ruivo
CMG FZE RN - 21º CFORN


Fontes:
Texto e fotos da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval.


mls