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31 maio 2021

Revisitar o Museu de Marinha - Parte VIII


Post reformulado a partir de outro já publicado em 20130530

Parte VIII






Fontes:
Setenta e Cinco Anos no Mar, Lanchas de Fiscalização Grandes (LFG), 15º VOL, Comissão Cultural da Marinha, 2004; Setenta e Cinco Anos no Mar, Lanchas de Fiscalização Pequenas (LFP), 16º VOL, Comissão Cultural da Marinha, 2005; Setenta e Cinco Anos no Mar, Lanchas de Desembarque Grandes (LDGG), Médias (LDM) e Pequenas (LDP,16º VOL, Comissão Cultural da Marinha, 2006; Anuário da Reserva Naval 1958-1975, Comandantes Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992; fotos do Comandante Carlos Dias Souto, arquivo do autor do blogue, Arquivo de Marinha e Revista da Armada


mls

08 maio 2021

Revisitar o Museu de Marinha - Parte II


Post reformulado a partir de outro já publicado em 20130203


Parte II





Fontes:
Setenta e Cinco Anos no Mar, Lanchas de Desembarque Grandes (LDG), Lanchas de Desembarque Médias (LDM), Lanchas de Desembarque Pequenas (LFP), 17º VOL, 2005, com fotos de arquivo do autor do blogue - Arquivo de Marinha e Revista da Armada.


mls

04 agosto 2020

Guiné, 1969 – Emboscada a um comboio naval - Parte II

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 20 de Julho de 2010)




Fontes:
Pesquisa e compilação de texto a partir do relatório do 2TEN FZE RN José António Lopes da Silva Leite, núcleo 236-A do Arquivo de Marinha; fotos do Arquivo de Marinha; imagens do autor do blogue efectuadas a partir de extractos da carta da Guiné (cortesia IICT);


mls

03 agosto 2020

Guiné, 1969 – Emboscada a um comboio naval - Parte I

Post reformulado a partir de outro já publicado em 2010.07.15




Fontes:
Pesquisa e compilação de texto a partir do relatório do 2TEN FZE RN José António Lopes da Silva Leite, núcleo 236-A do Arquivo de Marinha; fotos do Arquivo de Marinha; imagens do autor do blogue efectuadas a partir de extractos da carta da Guiné (cortesia IICT);


mls

22 maio 2020

Guiné 1970/72, Fuzileiros e LDM - Lanchas de Desembarque Médias – Parte II


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 24 de Novembro de 2010)

Intimidades entre uma Companhia de Fuzileiros (CF 11) e as Lanchas de Desembarque Médias no teatro operacional da Guiné

Parte II

Os combóios de Catió

Exigiam cuidados redobrados. Recebido o ORDMOVE era certo e sabido que, vinte minutos depois de estudado, lá estava na sala do Estado-Maior a solicitar meia dúzia de botes e outros tantos motores na ponte-cais de Bissau.

Por uma vez, aconteceu que vinte minutos depois estava de novo a exigir mais seis botes e seis motores.

Os primeiros botes estavam todos furados e, quanto aos motores, não funcionou nenhum. Da segunda remessa alguns ainda foram devolvidos. Resultado final de seis botes novinhos em folha e também o mesmo número de motores novos. Funcionavam todos! Ainda hoje persiste a pergunta de porquê tão pouco cuidado nos meios essenciais para o cumprimento destas missões? No caso de surgirem problemas quem assumiria a responsabilidade?

É que aconteceu, num dos combóios, quando nos aprontávamos para carregar os nossos materiais logísticos, armas e mantimentos, encontrar cada LDM com uma BERLIET no “Poço”. Era impossível acomodarmo-nos e, pior ainda, defendermo-nos. Um salto ao Estado-Maior e uma explicação: “Tinha de as levar, porque tinha sido assumido o compromisso de as transportar até Catió, onde faziam muita falta”.

– “Ah, e quem assumiu o compromisso?”, depois de informado, solicitei apenas que fosse redigida uma declaração na qual quem tinha assumido o frete se responsabilizasse pela segurança do combóio. Como era evidente, aconteceu uma recusa.

– “Está a gozar comigo?”, informei que esperava, no Cais, que a situação fosse solucionada e retirei-me com o “Determina mais alguma coisa?” da praxe.




Guiné - Mapa da região de Catió

As BERLIET seguiram para Catió, realmente, mas a bordo de batelões. Para gáudio dos oficiais do Batalhão de Catió, informados de que o oficial do combóio se tinha recusado a levar as viaturas…

Que fé dá o relatório destes acontecimentos? “NIL” (nada ou zero). Ao quarto relatório devolvido, igual aos anteriores, informei que tinha percebido, finalmente, o que se desejava e inscrevi, em todos os items, a célebre “NIL”.

Mas os trabalhos não terminaram aqui. Dado que a partida foi atrasada cinco horas – às 16:00, soube depois, ainda no Estado-Maior alguém perguntava se sempre tinha saído ou não... - tivemos de fundear na Ponta dos Escravos, e fazermo-nos ao caminho, de manhã, duas horas mais cedo para o encontro com os meios aéreos de apoio, na foz do Cobade.




A Oerlikon, (para a fotografia), podendo distinguir-se, ao fundo, um dos T6 do apoio aos Comboios do Sul, a Catió e a Bedanda – mas a fotografia pretendia, mesmo, era apanhar o mosquito.

Mal habituados, poupava-lhes três quartos de hora no tempo de apoio, - por ser largo no seu curso inferior, o Cobade oferecia boas condiçoes de defesa e eu adiantava caminho -, os T6 questionaram o Estado-Maior sobre a razão de, desta vez, o apoio ter demorado o dobro do tempo do costume.




Em cima, escolta de botes aos combóios do sul, no rio Cagopere, afluente do Cobade que dá acesso ao porto interior de Catió, e, em baixo, aquele porto na baixa-mar



E lá vem nova chamada ao Estado-Maior:

“Porquê?”

– “Ah, estão equivocados, porque prestaram o apoio que tinham de prestar.”

– “Como?”

– “Muito fácil, a que horas o iniciaram e a que horas o ORDMOVE o previa?”

– “Olha…?!”

Mas, é claro, no relatório nada consta… Como podem os investigadores tirar conclusões correctas? Ficarão, sempre, pela aproximação...




Em cima, chegada a Catió. Podem também distinguir-se ainda o artilheiro e o "basookeiro", cada um no seu posto e, em baixo, descomprimindo




Rendição do Rendição do Batalhão de Catió

Neste combóio para sul participaram três LDM, houve um “rendez-vous” (encontro) com a LDG “Montante” na foz do rio Cumbijã, idas com escala e descarga de pessoal e material a Cabedú e, para montante, em Cufar.

Era especialmente impressionante a viagem ao aquartelamento de Cabedú localidade no rio Lade, afluente da margem esquerda do Cumbijã, quase junto à foz no extremo sul do Cantanhês, onde estava estacionado um pelotão do Batalhão, com um mais do que exíguo porto onde, na preia-mar, não era nítido o curso do braço de água.

Uma semana depois, novo rendez-vous com a LDG “Bombarda” na foz do Cobade. Em virtude da noite tempestuosa o encontro com aquela unidade naval foi atrasado duas horas.

Com o tempo de maré limitado, subi ao tombadilho da LDG "Bombarda". Dei, para grande surpresa minha, com um Tenente-Coronel e um Major, ambos ajoelhados a enrolar um dos clássicos colchões pneumáticos em uso na época.

Toquei no ombro do Senhor Coronel, que olhou para mim – ainda mais surpreendido, porquanto o meu uniforme, (passe a redundância, já passaram 37 anos e posso confessá-lo) resumia-se ao dólmen do camuflado, sem galões, um panamá de praia aos quadradinhos pretos e brancos, um calção preto de ginástica usado nas futeboladas de 5 e as botas de lona.

Comuniquei-lhe: – Sr. Coronel, estamos atrasados 2 horas em relação à partida, por isso temos três quartos de hora para passar as bagagens para cada uma das LDM – abeirámo-nos do “Poço” da LDG e concretizei o quê e as lanchas respectivas. O homem, totalmente confundido, lá se resolveu à terceira insistência e sem hesitar, a dar as suas indicações, sem saber quem era o interlocutor a dar-lhe instruções. Acrescentei que, antes de o pessoal embarcar, teria de dar algumas indicações que tinham de ser escrupulosamente cumpridas.

Em meia hora estava todo o material dentro das LDM, o que revelou uma grande eficácia. Determinei então, depois de o referido senhor, acompanhado de um Major sorridente, ter anunciado que eu próprio iria falar, o seguinte:

1. Se houvesse guerra ela seria travada apenas por nós.

2. Por isso, toda a gente tinha de ir abrigada no “Poço” das LDM.

3. Para evitar surpresas e acidentes, culatras atrás, carregador fora da G3 e câmara sem qualquer munição.

Largou a primeira LDM, largou a segunda e pedi então aos Senhores Tenente-Coronel e Major que descessem para a terceira. Desci então para o bote que me aguardava e segui para me juntar à primeira. Como o tempo entretanto já aquecera, o dólmen já se tinha tornado num empecilho e já tinha sido despedido. Belo fardamento, não acham?…

À chegada a Catió já me tinha composto, mais ou menos, porque tinha vestido o calção azul da ordem e tinha colocado o respectivo boné. Esqueci-me, todavia, da camisa e dos respectivos galões.

O bom do homem passou a viagem a perguntar ao Patrão da LDM e aos restantes elementos da Marinha quem era eu. Sem que tivessem ordem para isso, levaram o tempo todo a responder, simplesmente, “é o comandante”.
Quando a LDM que o transportava abicou, com o cais cheio dos velhos e dos novos que já se lhes tinham juntado em festa, o Senhor Coronel, empoleirado na porta da LDM, travava com os braços alguém que se lhe pudesse adiantar.

Uma vez pés em terra, apenas se preocupou em encontrar-me no meio da multidão para me agradecer a belíssima viagem até ao seu destino, sem ligar a qualquer dos surpreendidos camaradas presentes.

Nota final: aos que aguardavam no cais dei um quarto de hora para descarregarem os respectivos materiais. Descarregaram os deles e os nossos. E obrigaram-nos a voltar atrás, já o combóio se aproximava da foz do rio Cagopere…




Em Abril de 1967, um avião Harvard T6 sobrevoa o rio Cumbijã, no decorrer da protecção a um combóio da lanchas e batelões


A vida a bordo das LDM

Não era de hotel de primeira classe, mas naquelas idades…

Bem, instalávamos as arcas congeladoras, atacadas com os mantimentos, normalmente carne de vaca e de frango, os fogões Hipólito a petróleo, que davam para fazer bons petiscos, os tachos, claro, de alumínio, - agora há tachos bem melhores...-, os nossos sacos, os nossos colchões e as nossas redes mosquiteiras, no “Poço”.

As redes mosquiteiras eram relativamente eficazes e protegiam-nos das três variedades de mosquitos existentes: Uma primeira vaga de batedores (davam connosco), a segunda de sapadores que descobriam as entradas mal tapadas e a terceira vaga, lá pela meia-noite, era constituída pelos sugadores. Com estes travávamos boas batalhas durante a noite, por vezes durante a noite inteira.

No regresso de todos estes combóios, para norte ou para sul, baixada a guarda, os botes lançavam-se às ostras presas no tarrafo, quer no rio Cobade, quer no Rio Grande de S. Domingos, afluente do Cacheu. E acontecia uma festa de forte camaradagem entre a escolta de Fuzileiros e as guarnições das LDM...




Elísio Pires Carmona
2TEN FZ RN
15.º CFORN


(final)

Fontes:
Texto compilado a partir de artigo e imagens cedidos pelo 2TEN FZ RN Elísio Pires Carmona, 15.º CFORN; restantes imagens de arquivo do autor ou cedidas pela Revista da Armada, Arquivo da Marinha, CAlm Joel Pascoal e CFR Abel de Melo e Sousa.


mls

20 maio 2020

Guiné 1970/72, Fuzileiros e LDM - Lanchas de Desembarque Médias – Parte I


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 21 de Novembro de 2010)


Nota do autor do blogue
:

Por ocasião do Congresso dos 50 Anos da Reserva Naval, decorrido de 2 a 5 de Outubro de 2008, em Aveiro, foram efectuadas variadas comunicações aos presentes, abordados por diferentes personalidades e versando temática diversificada.

Sem que a peça abaixo publicada, enviada por um camarada da Reserva Naval, represente qualquer apreciação diferenciada sobre o objectivo, fases e intervenções do evento então levado a cabo, Marinha, Reserva Naval, Guiné, Cacheu, LDM’s e Fuzileiros representam sempre renovadas oportunidades para abordagem de memórias históricas.

Inesgotáveis no tema, nos locais, nas acções e nos intervenientes.

Também na estranha mística com que sempre olhei e respeitei o Cacheu , de que ainda hoje perdura a imagem de uma sinuosa e rítmica dança da navegação, ora a bombordo ora a estibordo, arcadas de tarrafo frondoso e reverente, tímida protecção de unidades, pessoas e bens, interrompida ocasionalmente por clareiras imprevisivelmente armadilhadas.

Em quatro anos que separaram ali a minha passagem da do 2TEN FZ RN Elísio Alfredo Pires Carmona, poucas alterações significativas terá havido. Salvo, claro, a agudização crescente de um conflito sem solução à vista. Melhor do que eu, aquele meu camarada da Reserva Naval, percorre estes caminhos num texto simultaneamente crítico e esclarecido.

mls



Intimidades entre uma Companhia de Fuzileiros (CF 11) e as Lanchas de Desembarque Médias no teatro operacional da Guiné

(Parte I)




No rio Cacheu, em segundo plano um batelão navegando para montante

Entendi redigir este documento assim intitulado como um desafio, sublinhando o elevado tributo que aquelas unidades navais pagaram durante todo o tempo em que decorreu a Guerra Colonial.

Tomei esta decisão enquanto então oficial de uma Companhia de Fuzileiros, a CF11. Não pretendendo ser especialmente conhecedor da temática LDM, mas não sendo meu timbre recusar desafios, propus-me, salvaguardando a questão desta leitura se tornar uma verdadeira seca, falar do que foi a minha experiência, tantas vezes as LDM foram o meu abrigo.

Posto este ponto prévio, permitam agora que me apresente, digamos que sob a forma de breve ficha pessoal:

De meu nome Elísio Alfredo Pires Carmona - 2TEN FZ RN Pires Carmona -, pertenci ao 15.º CFORN, concluído em 04-09-69, efectuei uma comissão na Guiné, CF11, de 30.12.70 a 06.10.72, aliás com um muito engraçado e “sui generis” início, que exigiu duas partidas: a primeira, a 10.12.70, abortada, a bordo do NRP «S. Gabriel» (*), e a segunda, a 30.12.70, no NM «Rita Maria», com escalas em Leixões, Funchal e S. Vicente de Cabo Verde, antes de chegar a Bissau, no dia 09.01.71. O final do Serviço Militar chegou em 01.01.73.


A Guiné



Ena!...era assim a Guiné? Não, não era sempre assim. Aliás, ainda continuará a ser, na generalidade, uma boa parte assim. Por isso as melhores estradas ainda continuarão a ser os seus rios e braços de mar.



Mas era também esta calma – no cais de Farim



Também estes fins de tarde, ainda em Farim…



E estes, fundeados na Ponta dos Escravos, no sul…


Vida das Companhias de Fuzileiros na Guiné

Integravam o dispositivo operacional da Marinha na Guiné duas Companhias de Fuzileiros (CF). Normalmente, alternavam a sua actividade entre:

1. Períodos de serviço interno, sedeados em Bissau com serviços de guarda atribuídos, fundamentalmente às INAB – Instalações Navais de Bissau e ao Edifício do Comando.




Em cima, vista aérea das Instalações Navais de Bissau - INAB e, em baixo, o edifício do Comando de Defesa Marítima da Guiné.



2. Períodos de serviço externo, com um pelotão da Companhia em Ganturé, comandado por um oficial, que era responsável pelos serviços de guarda da Base, podendo eventualmente apoiar operações dos Destacamentos, com uma secção de morteiros e 3 oficiais em Bissau, destacados para os combóios navais a Farim, Bissum, Catió e Bedanda. O oficial Imediato da Companhia também participava nos combóios.

A Companhia de Fuzileiros, durante este período, prestava ainda serviços de escolta, ao nível de esquadra, em fiscalização ou reforço na escolta de batelões, em zonas de menor perigo, especialmente no rio Geba, nas proximidades de Bissau.

E é nos períodos de serviço externo que se encaixam as LDM na vida dos Oficiais Fuzileiros. Especialmente adaptadas às exigências da guerra na Guiné, suficientemente versáteis, podiam executar tarefas de fiscalização e patrulha no rio Cacheu durante cerca de um mês.

Ali davam apoio a embarques e desembarques dos Destacamentos de Fuzileiros nos rios, e não só. Escoltavam combóios e ainda transportavam militares e mercadorias a aquartelamentos do Exército que, neste contexto, quer pela sua localização quer pelas condições de acesso, inviabilizavam o recurso aos batelões. Era frequente, sobretudo nos combóios a Bissum e a Catió, dar boleia a elementos da população.


Breve descritivo de uma LDM – Lancha de Desembarque Média

Haverá algum militar que tenha estado na Guiné que não saiba o que é uma LDM – Lancha de Desembarque Média?



A LDM 302 navegando no Cacheu, junto ao tarrafo da margem. A – Poço(resguardado com chapa balística); B – Peça Oerlinkon; C – Tarrafo; D – Casa do leme; E – Bote de borracha; F – Porta de abater; G – WC.

Bem, são pequenas unidades navais que, em vez de proa têm uma “porta que rebate”, para permitir cargas e descargas de pessoas e mercadorias com a LDM “abicada” em terra. A zona das cargas, “o poço” , tem duas metralhadoras MG42, montadas uma em cada bordo, a vante.

No convés e frente à cabina, estava montada num reparo circular uma metralhadora anti-aérea Oerlikon de 20 mm e, mais à frente, por cima da cobertura do poço, havia um bote pneumático Zebro II. Junto à cabine de navegação e comando, ou melhor, casa do leme e comando das máquinas, havia ainda uma mesa para as refeições, justamente colocada frente à janela.

A casa de banho (WC), com esse nome (?), era simplesmente inexistente. Não passava de um simulacro - uma caixa metálica aberta - que permitia as necessidades básicas de forma simplificada.

A guarnição era constituída pelo Patrão, um Cabo de Manobra, um Telegrafista, 2 Artilheiros e 2 Fogueiros. Havia um permanente e grande companheirismo entre toda a guarnição que se alargava, durante a realização dos combóios, à escolta de Fuzileiros.


No Cacheu



Na imagem de cima, a caminho de Bissum, no trajecto entre a passagem de S. Vicente e a Foz do rio Armada, onde as coisas podiam realmente complicar-se. Notória, ainda, a descontracção do pessoal. Pode distinguir-se perfeitamente a capacidade de fogo da LDM com o armamento visível: a Oerlikon, com o cano ainda na vertical, a “basooka” em cima da cabina e uma das MG 42.



Nesta imagem de pormenor a LDM mantem-se ainda amarrada ao tarrafo, esperando a vinda da maré e a hora estipulada no "ORDMOVE".


"ORDMOVE"

Nas imagens seguintes, é possível verificar que todas as informações necessárias para a execução de todos os trabalhos eram definidas pelo "ORDMOVE":

Constituição do combóio e lanchas de apoio;
Comando, pessoal da Companhia de Fuzileiros e local de posse do comando;
Batelões, carga e locais de destino;
Articulação com forças de apoio;
Transporte de pessoal e cuidados a observar;













Nota
:

Nos combóios a Farim, ao oficial era poupada a viagem em LDM a partir de Bissau. Era transportado até Vila Cacheu, na avioneta da Marinha, um Auster Rallye, azul claro.


Cada operação tinha sempre como epílogo o respectivo relatório. Mas quem quiser escrever, com verdade, a história para a qual este relato pode ser uma fraca contribuição, não se poderá cingir aos arquivos. A verdadeira história está com as pessoas. É preciso ouvi-las contar o que lhes foi vedado escrever nos documentos criados para o efeito. Porquê?

Conveniências…

Alguns dos comboios do Cacheu até foram bem divertidos. Por exemplo, o "ORDMOVE" de um deles previa, e bem, que a carga a transportar para Bissum fosse levada até S.Vicente, ao contrário do que sempre acontecia, recorrendo a combóio de viaturas militares. Em S. Vicente as lanchas abicaram e começaram a receber a carga das "GMC" e das "BERLIET".

Previam-se quatro subidas do rio Armada (de que ninguém gostava), só que, às tantas, entre as indicações que os meus olhos liam e a carga que faltava, com um bocadito de esforço e com a água a bordejar, por cima, a linha de água inscrita nos flutuadores (depósitos de água) das LDM, consultados os Patrões, arriscámos fazer uma única viagem.




Padrão aos Descobrimentos em Vila Cacheu - "Por mares nunca dantes navegados..."

Dois meses depois fui chamado ao Estado-Maior. O oficial que fazia o controlo das operações, pelo menos destas, questionou-me sobre o facto de não ter feito as quatro viagens da praxe. Que não, tinha feito apenas uma.

“Porquê, perguntei?”

– “Então o Exército tem razão…

Caíu alguma carga ao rio?”

– “Não, nem uma única caixinha…”

O que aconteceu então? Ah!…, o responsável pela carga tinha traficado, entre Bissau e S.Vicente, quase todo o material que era suposto transportarmos para Bissum. Tinha-se desculpado com o oficial do combóio. A maior parte da carga tinha caído ao rio. Teve azar…

Mas no combóio seguinte as coisas foram ainda mais engraçadas. Como a subida do rio Armada, pelo menos naquela fase, tinha ganho algum sossêgo, resolveram (quem seria?) que as LDM escoltariam os próprios batelões até Bissum.

Chegada a hora da partida recusaram-se a avançar. “Que não entravam no Armada.” Seguiu-se uma troca longa de mensagens com Bissau seguidas de sessões de persuasão dos patrões dos batelões. “Que não, que não saíam dali.”




Ganturé - Em cima, um Land-Rover e a Messe e, em baixo, um abrigo. Hoje, tudo arrasado"



A quarta mensagem de Bissau dizia, preto no branco, que decidisse por mim. Foi o que quis ouvir, ler, sei lá... Lanchas a juzante de todos os batelões, expectantes, porque as lanchas aparentemente iam embora, meia volta, Oerlikons apontadas às ditas embarcações e, braço estendido, à boa moda Bonapartista, digo eu, "Todos à minha frente..." E foi um ver se te avias pelo rio Armada acima.

Mas agora,... talvez logo a seguir,... é claro que foi um risco que se correu escusadamente. Era já noite escura quando deixámos Bissum, guiados pela lua e pelas margens. Só que desta vez não se perdeu carga alguma...




Elísio Pires Carmona
2TEN FZ RN
15.º CFORN

(continua)

Fontes:
Texto compilado a partir de artigo e imagens cedidos pelo 2TEN FZ RN Elísio Pires Carmona, 15.º CFORN; restantes imagens de arquivo do autor cedidas pela Revista da Armada, Arquivo da Marinha, CAlm Joel Pascoal e CFR Abel de Melo e Sousa.


mls

23 maio 2019

Bissau, Anos '70 - Imagens que despertam memórias (V)


Guiné, anos '70 - "Rancho da Porca" e retalhos fotográficos de locais inesquecíveis




Guiné, anos '70 - O famoso «Rancho da Porca», na gíria naval, usada a bordo (também em terra pelos marinheiros), era uma refeição feita fora do âmbito regular dos refeitórios e messes, nos navios ou nas unidades da marinha em terra, de forma simplificada.
A refeição do rancho da porca tinha geralmente uma componente de convívio muito superior às refeições regulares nos refeitórios. Neste caso era vulgarmente praticado nas unidades navais em missões fora da Base Naval em Bissau.






Guiné, Agosto 1969 - Embarque em S. Domingos para Vila Cacheu (CCaç 1801) que depois continuaria numa LDG para Bissau em final de comissão e,
em baixo, outras abicagens e fainas de embarque desembarque nos lodaçais habituais









Guiné, anos'70 - Mais abicagens com faina logística de embarque e desembarque de combustível, géneros e equipamento de uma LDM - Lancha de Desembarque Média e, em baixo, da LDG «Montante», a LDG 104







Guiné, anos '70 - Em cima e, em baixo, transporte de populações entre margens







Farim, 1973 - Em cima, a jangada que efectuava o transporte de populações e bens entre Farim,
na margem norte do rio Cacheu e a margem sul,
permitindo a ligação com a estrada que conduzia a Mansabá > Mansôa > Nhacra > Bissau.
Em baixo, batelões comerciais acumulam-se no cais do Pijiguiti em Bissau, aguardando oportunidade






Fontes:
Texto e fotos do arquivo pessoal do autor do blogue, com amável cedência de fotos de CFR Abel Ivo de Melo e Sousa, 2TEN FZ RN Manuel Gomes Ferreira e Alf. Médico Alberto Lema Santos;


mls

20 maio 2019

Bissau, Anos '70 - Imagens que despertam memórias (IV)


Guiné, anos '70 - Retalhos fotográficos




Guiné, 1971 - Os batelões "Tejo" e "Correia II" acostados em pausa de combóio naval.
Confusão, molhada e tempo de lazer do pessoal que integra o combóio








Farim, 1973 - Porta de Armas do aquartelamento e batelões comerciais acostados na baixa-mar.
Visível, em primeiro plano, a LDG «Alfange» abicada








Guiné, 1973 - Em cima a BA12, Base Aérea de Bissalanca e, em baixo,
um helicóptero Alouette III em vôo sobre a região de Ganturé








Guiné/Cafine, 1973 - Em cima um abrigo subterrâneo para a população e, em baixo, uma "estranha sala de leitura" com duas metralhadoras de fita por perto








Guiné/Bissum, 1973 - Em cima, visualizar um belo pôr-de-sol a partir de uma LDM que integra um combóio naval com a metralhadora Oerlikon apontada para nenhures, em descanso e,
em baixo, imagem aérea da Guiné de tarrafo e mais tarrafo...






Fontes:
Texto e fotos do arquivo pessoal do autor do blogue, com amável cedência de fotos de CFR Abel Ivo de Melo e Sousa, 2TEN FZ RN Manuel Gomes Ferreira e Alf. Médico Alberto Lema Santos;


mls