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22 junho 2021

Angola, anos '70 - Imagens que despertam memórias (IV)


Chilombo, LDP 208, Rio Zambeze, Kimbo e Luso

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 22 de Novembro de 2019)

Aquartelamento do Chilombo


Chilomdo - Em cima, um primeiro plano da LDP 208 navegando em fiscalização rotineira e, em baixo, panorama do kimbo em primeiro plano, aquartelamento e o rio Zambeze ao fundo





Imagens magníficas do rio Zambeze com "ski" aquático num momento de descontracção





Rio Zambeze - Patrulhas de fuzileiros em botes





Chilombo - Em cima, Kimbo em auto-defesa comandados pelo DSA e, em baixo,
um magnífico por-de-sol no rio Zambeze





Luso - Vista aérea

Fontes:
Texto e fotos do arquivo pessoal do autor do blogue por amável cedência de José Manuel Dias da Silva (CMG FZE);



Manuel Lema Santos
1TEN RN, 8.º CEORN, 1965/1972
1966/1968 - LFG "Orion" Guiné, Oficial Imediato
1968/1970 - CNC/BNL, Ajudante de Ordens do Comandante Naval
1970/1972 - Estado-Maior da Armada, Oficial Adjunto

21 junho 2021

Angola, anos '70 - Imagens que despertam memórias (III)


Chilombo, LDP 208, Rio Zambeze e Kimbo

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 22 de Novembro de 2019)

Aquartelamento do Chilombo


Chilomdo - Em cima, o Aquartelamento, Praça de Armas, Bloco Sul e Cobertas;
Em baixo, vista do aquartelamento da outra margem do Zambeze





Em cima, o cais das lanchas no rio Zambeze, a LDP 208, a lancha "Caripande", um Unimog e diversos botes;
Em baixo, o canto NW do aquartelamento do Chilombo e ninho de metralhadora de 20 mm





Em cima, vista aérea do aquartelamento do Chilombo e sobre a direita o Kimbo;
Nas duas imagens abaixo, uma perspectiva aérea do rio Zambeze e a LDP 208 em fiscalização rotineira






Em cima, Chilombo-"Rancho da Porca" e, em baixo, o espectáculo especial de um pôr-de-sol no rio Zambeze




Fontes:
Texto e fotos do arquivo pessoal do autor do blogue por amável cedência de José Manuel Dias da Silva (CMG FZE);



Manuel Lema Santos
1TEN RN, 8.º CEORN, 1965/1972
1966/1968 - LFG "Orion" Guiné, Oficial Imediato
1968/1970 - CNC/BNL, Ajudante de Ordens do Comandante Naval
1970/1972 - Estado-Maior da Armada, Oficial Adjunto

19 junho 2021

Angola, anos '70 - Imagens que despertam memórias (II)


Cazombo, Karipande, Rio Zambeze e Chilombo

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 16 de Novembro de 2019)

Karipande é uma aldeia do Alto Zambeze no Moxico, em Angola. Dista 600 km de Luena e tem 7.000 habitantes. Na língua soba chama-se Mukumbi Munhau. Karipande foi o local da morte do "Comandante Hoji-ya-Henda"(José Mendes de Carvalho), com 27 anos de idade.

Foi sepultado próximo do rio Lundoji a 30 quilómetros do então quartel de Karipande, da Frente Leste/3ª Região Político-Militar (14 de abril de 1968).



Voando sobre o Rio Zambeze, próximo da fronteira com a Zâmbia e de Karipande






Em cima o rio Zambeze próximo do Chilombo e, nas duas imagens abaixo, a LDP 208 navega em fiscalização rotineira






Desembarque e progressão de um Grupo de Fuzileiros a partir da LDP 208


Fontes:
Texto e fotos do arquivo pessoal do autor do blogue, com amável cedência de fotos de José Manuel Dias da Silva (CMG FZE); Informação Karipande em "Karipande" in https://pt.wikipedia.org/wiki/Karipande;



Manuel Lema Santos
1TEN RN, 8.º CEORN, 1965/1972
1966/1968 - LFG "Orion" Guiné, Oficial Imediato
1968/1970 - CNC/BNL, Ajudante de Ordens do Comandante Naval
1970/1972 - Estado-Maior da Armada, Oficial Adjunto

30 agosto 2019

Angola, anos '70 - rio Zambeze


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 8 de Agosto de 2013)


Leste de Angola, rio Zambeze - Cazombo, Chilombo e Lumbala




Uma ida ao dentista...




Fontes:
Foto de arquivo por gentil cedência da Escola de Fuzileiros


mls

05 março 2019

Leste de Angola, saliente do Cazombo, anos '70 - Chilombo e Lumbala


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 6 de Agosto de 2013)


Angola - Uma abordagem Reserva Naval ao Chilombo e Lumbala






Nunca pisei solo de Angola.

Como tal, remeto-me a uma humilde ignorância que essa realidade me impõe da terra, das gentes, das vivências e dos sentires. Durante dois anos ali residiu uma irmã minha casada com um oficial da FAP que cumpria o SMO, mas nem essa vivência familiar me trouxe especial valor acrescentado ao conhecimento de Angola.

Ainda assim, gostaria de disponibilizar algum conhecimento adquirido ao longos dos anos, nas pesquisas efectuadas, nos contactos havidos e na documentação ou imagens cedidas por Camaradas que ali desempenharam missões e a quem deixo aqui expresso o meu público agradecimento.

Em Unidades Navais, Destacamentos ou Companhias de Fuzileiros participaram em múltiplas e complexas missões, muito para além do que é comum cingir-se à ideia do conceito de guerra, combates e operações militares. Apoio social e humano a populações carenciadas, incluindo assistência médica, estiveram sempre presentes no espírito de todos os que ali cumpriram comissões.

Neste meu aprendizado pessoal, fui obrigado a retroverter muitos dos vocábulos que trazia do meu "Prontuário Ortográfico Guiné", começando pela universal Tabanca.

Em dialecto gentílico, Kimbo no distrito do Moxito, com sede na cidade do Luso, entendia-se como um aldeamento indígena ou aglomerado de cubatas. Cada habitação era construída com paredes de argila convenientemente amassada e comprimida numa estrutura de troncos de madeira com cerca de 15 cm de diâmetro, ligados entre si por lianas entrelaçadas.

Depois de cobertas com capim penteado com as mãos adquiriam, umas a forma cónica e outras com quatro abas, conferindo àquelas habitações isolamento térmico natural e um conforto que ajudava a enfrentar aquele agressivo clima tropical.




Em cima, aspecto geral do "Kimbo" junto ao aquartelamento de Fuzileiros no Chilombo, Zambeze e,
em baixo, pormenor da construção




Sobre Angola, fiquei-me pelos magros ensinamentos que colhi de uma disciplina liceal de Geografia, com encurtado conhecimento adquirido pela minha pouca apetência para a matéria. Densa, monótona e pouco motivadora de dedicada atenção e estudo por parte dos alunos, eu incluído.

E, meu Deus, como se notava a falta de “bonecos” esclarecedores daquela embrulhada de nomes. Que necessidade sentia de uma qualquer banda desenhada a explicar melhor onde nascia o Quanza ou porque é que o Zambeze corria de Angola para Moçambique. Havia mapas, mas eram muito silenciosos e estavam plasmados nas paredes.

Que, para nós, numa visão descomprometida de ensino, ler e interpretar com correcção, fazia-se com o Cavaleiro Andante, o Mosquito ou o Zôrro. Não havia linha que não fosse bem compreendida sem qualquer dificuldade. Épicas aventuras, letras a legendar os balões, cores e sombras da bonecada diversa entranhavam-se-nos no espírito, suspensos no tempo à espera do próximo número.

A Geografia não tinha história, enredo nem personagens que encaixassem no nosso ideário aventureiro. Não era fácil sonhar com aquela complicada delimitação de território, quer a norte, quer nos outros lados todos. Sim, porque havia sempre mais uma série de lados a que chamavam limites geográficos, cujo destino óbvio era o simples empinanço.

Perfilavam-se em seguida as províncias, clima, principais elevações e rios, cidades e portos, estradas e caminhos de ferro, actividades económicas. Um sem fim de prolongado sacrifício, quase pesadelo, para culminar num debitar papagueado em duas ou três páginas de pontos com datas marcadas. Depois, a revisão e a espera das notas com umas chamadas a meio, num constante martírio.

No meio de uma confusa e escassa memorização de um outro tempo de permanência de Portugal em África, ainda registei os nomes de algumas regiões, como os planaltos do Congo, Benguela, Huila, Malange e Bié. Alguns nomes, ditos por esta ordem e penso que era assim, soavam-me bem.

Disparava-se esta metralha, tipo rajada e pronto, estava certo.

O saliente do Cazombo, Lumbala e o Chilombo, na região do Moxico, representaram sempre para mim uma espécie de silêncio cultural.




O saliente do Cazombo, Lumbala e, a norte, o Chilombo

Depois, havia um enclave em Cabinda, que para quem quisesse explicar mais claro, era como que uma "excrescência" próxima que nos pertencia, mas já fora do território. Tenho ideia de que foi a única vez na vida que tropecei naquela palavra “enclave”. Aquilo de que mais próximo me lembro, pronunciado, era a clave de sol mas acho que a música é outra.

Ficaram-me ainda registados nomes de cidades como Luanda, Lobito, Benguela e Moçâmedes ou os rios Zaire, Quanza e o Cunene. Claro que lembro outros mas apenas estaria a aumentar um conjunto de vocábulos sem grande expressão afectiva, pelo desconhecimento que tenho de locais e gentes.

Não era apenas eu que repudiava os temas assim abordados mas, tempos de ensino e diferentes qualidades didácticas dos mestres que nos ensinaram, ditaram para mim resultados médios quase exclusivamente posicionados entre as linhas sofrível e suficiente.

Talvez como compensação subconsciente, ganhei o hábito que ainda hoje mantenho de rabiscar tudo quanto era canto de papel limpo de escrita. Aí me manifestava rascunhando, evadindo-me imaginariamente do anfiteatro onde éramos sujeitos a tão maciças quanto indigestas doses de ciência geográfica.

No escoar do tempo tudo se foi modificando, e a Guerra do Ultramar como que nos aproximou dos territórios além-mar nas constantes idas e vindas de militares em serviço, pelas conversas e convívios, encurtando distâncias e trazendo a lume nomes de locais até então pouco divulgados.

Para um Reserva Naval, depois de ingressar na Marinha e concluído o curso da Escola Naval, passava a ser possível, num horizonte temporal próximo, a permanência de dois anos em Angola, numa unidade naval, em terra ou ainda numa Companhia/Destacamento de Fuzileiros.

Ali, do Zaire aos rios Cuando/Cubango e do Quanza ao Zambeze, no decorrer dos anos de conflito armado, entre 1961 e 1975, dos 25 cursos realizados, prestaram serviço cerca de 250 oficiais da Reserva Naval das classes de Marinha, Médicos Navais, Administração Naval, Engenheiros Maquinistas Navais, Técnicos, Especialistas e Fuzileiros.

Um desses oficiais foi o STEN António Bernardino Apolónio Piteira do 18.º CFORN que naquele território esteve em missão, integrado na Companhia de Fuzileiros nº 1. Promovido a Aspirante FZ RN em 13 de Outubro de 1971, frequentou o curso de Fuzileiro e foi destacado para Angola, onde chegou a 18 de Setembro do ano seguinte, com o posto de STEN, assumindo o comando do 3.º Pelotão da Companhia n.º 1 de Fuzileiros.




Em cima, num primeiro plano o "Kimbo",
em segundo plano o aquartelamento dos Fuzileiros do Chilombo e ao fundo o Zambeze;
Em baixo, o rio Zambeze, sendo visível o porto de encosto das lanchas, com a LDP 208, a embarcação «Caripande» e botes do aquartelamento do Chilombo




No dia 2 de Junho de 1973, pelas oito horas da manhã, uma coluna de viaturas do Destacamento do Zambeze, em missão de serviço à Lumbala, foi alvo de uma emboscada inimiga. Dessa emboscada, ocorrida na Picada entre Lumbala e Chilombo, a cerca de dez quilómetros desta última localidade, resultou a morte de António Piteira. Foi o único Oficial da Marinha de Guerra morto em combate, no período em que decorreu a guerra nos três teatros em África.

Sem propriamente pretender repisar a lembrança de tão dramático quão triste de memória acontecimento, sucedeu que fui contactado há poucos meses por um outro combatente da Guerra do Ultramar que, em Angola, entre 1971 e 1973, durante 2 anos, permaneceu no aquartelamento de Lumbala-Velha.




O aquartelamento de Lumbala-Velha



Mário Regadas da Silva, esteve integrado na CArt 3416, unidade independente mas que dependia operacionalmente do BCaç 3847 com sede na vila do Cazombo, comandado pelo Tenente-coronel António da Graça Bordadágua. Trocámos algumas mensagens e achei interessante publicar alguns excertos das comunicações enviadas a que juntei imagens alusivas dos locais ali recordados, por aquele antigo militar que prestou serviço em Lumbala-Velha.

De acordo com Mário Silva:

“...Visitei uma vez o vosso quartel no Chilombo onde jantei (e que bem jantei...). Eram uma tropa à parte. Eu era aramista, estive impedido na secretaria. Tenho lembrança de ver os botes dos fuzileiros passando ao largo no Zambeze, tendo estado no vosso quartel com alguns camaradas fuzileiros em jogos de futebol. Recordo outra vez um acidente no rio, onde um bote com fuzileiros teve um acidente com más consequências...”

“... Tivemos três comandantes de companhia e um deles, o Tenente Eduardo Paiva Oliveira, morreu numa emboscada no dia 1 de Julho de 1973, no itinerário Chilombo-Lumbala, precisamente na mesma picada que vinha do Cazombo e bem perto do dito Destacamento de Fuzileiros do Chilombo; um camião Berliet ficou parcialmente destruído...”





"Informação" ou "A Verdade à Maneira do Inimigo"

Estranho destino que faz distar de um mês a morte de dois oficiais em combate, um do Exército e outro da Marinha, no mesmo local e na mesma fatídica picada de Angola. Lamentavelmente, na mesma ou ainda noutras acções de combate, outros militares ali encontraram o fim da linha de vida. Honrando a sua memória, recordando-os, aqui fica o registo da invulgar coincidência, aproveitando para publicar imagens de alguns do locais acima referidos





O aquartelamento de Lumbala-Nova





Notas do autor:
– Na foto que acima se publica, além da LDP 208 ainda sem o fortim superior, é visível a embarcação «Caripande», (karipande) herdado de uma pequeno aldeamento angolano no Alto Moxico, Zambeze, atribuído a uma simplificada embarcação/unidade naval que servia de posto avançado no saliente do Cazombo, Lumbala, para juzante do Zambeze. A proximidade da fronteira aliada aos frequente ataques do lado da Zâmbia e à insuficiência de meios de defesa levaram a abandonar o projecto.
Numa informação "Wikipédia" «Karipande» dista 600 km de Luena e tem 7.000 habitantes. Na língua soba chama-se Mukumbi Munhau. Karipande foi supostamente o local da morte do "Comandante Hoji-ya-Henda (José Mendes de Carvalho), com 27 anos de idade do MPLA junior. Foi sepultado próximo do rio Lundoji a 30 quilómetros do então quartel de Karipande, da Frente Leste/3ª Região Político-Militar (14 de abril de 1968).

– Algumas das fotos acima publicadas referem relatos, factos ou ocorrências, descritas no blogue noutras publicações anteriormente efectuadas. Para os leitores que o desejem, basta efectuarem a procura por tema/assunto/palavras na caixa de busca do blogue.




Fontes:
Texto e fotos de arquivo do autor do blogue; gentil cedência de fotos dos: CMG FZE José Manuel Dias da Silva (antigo oficial da Reserva Naval do 16.º CFORN), CMG FZE José António Ruivo (antigo oficial da Reserva Naval do 21.º CFORN) e de Mário Regadas da Silva, antigo Cabo Cond.Auto/Esc CArt 3416 do BCaç 3847.


mls

07 julho 2017

Reserva Naval em Angola - DFE 6, 1973 / 75 (Parte II)


Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 6, «Os Tubarões»
Angola, 1973/75 – parte II


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 5 de Janeiro de 2010)

(final)



Distintivo do DFE-6, Angola 1973/75.


O 25 de Abril de 1974 apanha o DFE 6 em plena actividade operacional no Leste de Angola, Chilombo. Apenas dois dias depois o Destacamento toma conhecimento formal da Revolução, através de uma mensagem do Comando do Movimento das Forças Armadas.

Na sequência desse processo, a unidade é deslocada para Luanda entre Julho e Agosto, após o que, no dia 5 deste último mês, o aquartelamento do Chilombo é entregue a um pelotão do Exército.

A LDP 208 é deixada no Chilombo, tendo-lhe apenas sido retirada a peça anti-aérea Oerlinkon de 20 mm, o mesmo sucedendo às duas peças de protecção ao aquartelamento.




Em cima, a peça Oerlinkon de 20 mm no respectivo abrigo e, em baixo, a LDP 208 varada na margem do rio Zambeze



O deslocamento do DFE 6 para Luanda é efectuado em duas fases. Na primeira fase, ainda durante o mês de Julho, o comandante, 1TEN EMQ José Manuel Correia Graça e o 2TEN FZE RN Jorge Manuel de Pina Paiva e Pona Franco, do 21.º CFORN, com a maior parte do destacamento, seguem por via aérea, a partir da Lumbala, em aviões Nord Atlas da Força Aérea.

No início de Agosto, o imediato, 2TEN FZE RN Sérgio Tavares de Almeida, do 20.º CFORN, e o oficial do pelotão de apoio, 2TEN FZ RN Alberto José do Santos Marques Cavaco, do 20.º CFORN é integrado na CF 6, seguem em coluna de viaturas até Teixeira de Sousa (actual Luau), com o restante pessoal e todo o material pesado. Nesta cidade embarcam no comboio e seguem por via férrea até Nova Lisboa (actual Huambo), onde embarcam novamente nas viaturas, seguindo depois em coluna motorizada até Luanda.




Em cima, a estação dos caminhos de ferro de Teixeira de Sousa (Luau) e, em baixo, traçado do percurso Chilombo - Teixeira de Sousa (Luau) - Nova Lisboa (Huambo) - Luanda



Durante os cerca de oito meses em que o DFE 6 se manteve em Luanda, foi-lhe atribuída a missão de segurança e protecção do Palácio do Governo, quando era Alto Comissário o Almirante Rosa Coutinho. Esta missão surgiu na sequência de uma manifestação da população branca que terminou com uma tentativa de invasão do Palácio onde se encontrava o Almirante.




Em cima, a baía de Luanda nos anos '70 e, em baixo, igualmente em Luanda, a fortaleza de S. Miguel, onde foi arriada a última Bandeira Portuguesa



Alguns dos manifestantes conseguiram mesmo entrar numa das salas do rés-do-chão, tendo levado a que Rosa Coutinho subisse para cima de uma mesa e falasse aos manifestantes, conseguindo acalmá-los.

O Destacamento, que tinha sido incumbido de controlar a manifestação, acabou por expulsar os manifestantes e, a partir desse dia, permaneceu nas instalações de modo a evitar que novas situações deste tipo tivessem lugar.




Em cima, uma manifestação das forças políticas e, em baixo, uma individualidade de um dos movimentos de libertação



Durante este período Luanda foi palco de múltiplas manifestações levadas a cabo pelos três movimentos revolucionários, MPLA, UNITA e FNLA, que assim pretendiam mostrar a sua força nas ruas. Essas manifestações tinham invariavelmente o seu ponto alto em frente ao Palácio do Governo.




Em cima, tomada de posse do «Governo de Transição» com os três movimentos e, em baixo, Agostinho Neto no Palácio do Governo



A partir da altura em que Rosa Coutinho, como Alto Comissário em Angola, foi substituído por um oficial general da Força Aérea, Gonçalves Cardoso, a missão de segurança ao Palácio do Governo passou a estar atribuída aos Páraquedistas.

Passou então a estar-lhe atribuída a missão de segurança ao aeroporto de Luanda. No decorrer desta missão, surgiram por vezes situações complicadas devido ao permanente movimento de altas entidades dos três movimentos que chegavam ou partiam de Luanda e se faziam acompanhar dos respectivos elementos de segurança privados. Estas situações exigiam uma grande dose de bom senso e diplomacia, para evitar conflitos.




Em cima, a chegada de Agostinho Neto a Luanda, transportado desde o aeroporto num helicóptero da FAP e, em baixo, o aeroporto de Luanda



Num desses momentos, um elemento armado de uma espingarda automática Kalashnikov, colocou-se ostensivamente à entrada da sala VIP, por onde iria sair brevemente um dos dignatários do seu movimento. Apesar de lhe ser explicado que a segurança do aeroporto estava a cargo das forças portuguesas, não mostrava qualquer intenção de sair daquela posição, afirmando que estava a cumprir ordens. A forma encontrada de resolver o incidente foi chamar um fuzileiro com uma MG-42. Após comparar o tamanho das armas lá decidiu retirar-se para um local mais discreto.

O DFE 6 participou também em diversas acções de protecção da população que vivia nos muceques (os bairros da população nativa), na sequência de tumultos que ocorriam com alguma frequência, entre populares de diferentes movimentos. De referir que, nessa altura, os três movimentos se encontravam instalados na capital.

Em Novembro de 1974 o imediato, 2TEN FZE RN Sérgio de Almeida, regressa a Lisboa, tendo assumido essas funções o 2TEN FZE RN Paiva e Pona, tendo o 2TEN FZE RN José António Ruivo, do 21º CFORN, passado a desempenhar as funções de terceiro oficial. Para completar o quadro de oficiais com um quarto elemento é enviado o STEN FZE RN António Proença Martins, pertencente ao 24.º CFORN.

O Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 6 termina a sua comissão e regressa definitivamente a Portugal em Março de 1975.





Em cima, a vista actual da antiga localização do aquartelamento do Chilombo, junto ao rio Zambeze, podendo ainda identificarem-se algumas ruínas, o "kimbo" e o areal onde acostava a LDP 208 e, em baixo, uma perspectiva actual da Lumbala, cuja pista ainda se mantém operacional



José António Ruivo
CMG FZE - 21.º CFORN


Fontes:
Texto e imagens do CMG José António Ruivo - 21.º CFORN.


mls