03 janeiro 2017

3.º CEORN - Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval, 1960




Listagem completa do 3.º CEORN(clicar)


1960. Trinta e seis cadetes incorporados nesse ano, deram entrada a 10 de Outubro na Escola Naval, adoptando como patrono do curso o poeta «Luís de Camões».

Enquanto na chefia do Estado-Maior da Armada, o Vice-Almirante Joaquim de Sousa Uva substituía o Vice-Almirante José Augusto Guerreiro de Brito, a Escola Naval mantinha o CAlm Manoel Maria Sarmento Rodrigues como seu Director e 1.º Comandante.



Em cima, o 3.º CEORN no habitual registo de família na portaria da Escola Naval
e, em baixo, a identificação de cada um dos presentes.




Vinte cadetes eram da classe de Marinha, quatro da classe de Saúde Naval, cinco da classe dos Engenheiros Maquinistas Navais e sete da classe de Administração Naval.

Como Director de Instrução, o CTEN Horácio José da Silva Oliveira.



Na escola Naval, no Grupo 2 em Vila Franca de Xira, no Hospital de Marinha e em diversas Unidades e Serviços da Armada, foram completando a sua formação, terminando com a viagem de instrução a bordo da Fragata «Pero Escobar», então comandada pelo CFR António José de Barros Vieira Coelho.

Foi no dia 20 de Março de 1961 que este navio largou de Lisboa para um total de 27 dias fora da Barra, escalando os portos do Funchal, Mindelo em S. Vicente de Cabo Verde, Ferrol del Caudilho em Espanha, Leixões e entrando de novo em Lisboa no dia 15 de Abril desse ano.




Em cima, durante a viagem de instrução do 3.º CEORN e, em baixo, numa pausa, 5 cadetes num só: Renato Rodrigues, Morgado Sequeira, Pina Ribeiro e Pombo Rodrigues



Seguiu-se a cerimónia do Juramento de Bandeira, na Escola Naval, no dia 20 de Abril e a consequente promoção a Aspirante a partir de 1 de Maio.

O «Prémio Reserva Naval» para o aluno melhor classificado no conjunto da média de frequência escolar e da classificação de carácter militar foi atribuído ao Cadete MN RN João Borges de Oliveira.




Fernando Marques Antunes, Frederico Blanc de Sousa e João Texugo de Sousa
no dia do Juramento de Bandeira



O primeiro contacto com as Unidades após a promoção a Aspirante fez-se com os destacamentos de Armando Peres, Frederico Blanc de Sousa, Pedro Norton dos Reis, Duarte Moura, António Sutil Roque e Alexandre Vaz Pinto para a Flotilha de Escoltas Oceânicos; de Carlos Rodrigues de Campos e António Viveiros para a Fragata «Diogo Cão»; de José da Silva Máximo e João Parreira Rocha para a Fragata «Corte Real»; de Arménio Gomes para o Contra-Torpedeiro «Lima»;

De Alberto Neves Cordeiro e João Guimarães Assédio para o Patrulha «Madeira»; de Rui da Silva Pires para o Patrulha «Santiago»; de Fernando da Silva Ferreira para o Patrulha «Sal»; de Pedro Pina Ribeiro para o Patrulha «Porto Santo»; de Carlos Alves dos Reis para o Patrulha «Brava»; de João Estarreja para o Patrulha «Fogo»; de Fernando Marques Antunes, Mário Sousa e Silva e Hélder Brígido Martins para o Patrulha «Maio» e de João Texugo de Sousa para o Patrulha «Santa Luzia».

Também os Draga-Minas receberam os Aspirantes deste curso. Jorge Mendes Pinto foi destacado para o «Graciosa», Joaquim Terenas para o «S. Roque», Morgado Sequeira para o «Lajes», Pombo Rodrigues para o «Lagoa», Renato Rodrigues para o «Santa Cruz», Manuel Ramos para o «Angra do Heroísmo», Frederico Villas-Boas para o «S. Pedro» e José Bacharel para o «Velas».

A «Flotilha de Draga-Minas» recebeu João Borges de Oliveira e Armando de Almeida, a «Inspecção de Marinha» recebeu Arbués Moreira e Castro Fernandes. Finalmente António de Almeida e Gomes Guardado passaram à «Direcção de Serviço de Administração Naval».




Em cima, Guiné, o 2TEN RN Pombo Rodrigues com o 2TEN Oliveira Bento, no «Vouga» e, em baixo, Fernando Marques Antunes no NRP «Fogo»



Estalara, entretanto, a guerrilha em Angola, sendo visíveis sinais de perturbação na Guiné e em Moçambique.

A Armada recebeu ao longo do ano de 1961 as primeiras lanchas da classe «Bellatrix», idealizadas para a fiscalização nos rios africanos. Com estes navios deu-se início a uma nova etapa da prestação de serviço dos oficiais da Reserva Naval, na Marinha de Guerra. Na realidade e até 1975, ano do fim do Império Ultramarino Português, estes navios foram quase ininterruptamente e em exclusivo, comandados por oficiais da Reserva Naval.

Em Setembro de 1961, um grupo de 7 aspirantes do 3.º CEORN, da classe de Marinha, embarcou no NH «João de Lisboa» a fim de receber treino intensivo de navegação costeira, preparando o seu destacamento para a Guiné e para Angola. Deste grupo e através da Portaria de 22 de Setembro, publicada na Ordem do Dia à Armada n.º 191 de 2-10-61, Armando Fernandes Peres, Joaquim Madeira Terenas e Fernando da Silva Ferreira, foram nomeados, respectivamente, comandantes das LFP «Deneb», LFP «Canopus» e LFP «Bellatrix», atribuídas à Esquadrilha de Lanchas de Fiscalização da Guiné, enquanto Alberto Neves Cordeiro, Rui da Silva Pires e Pedro Norton dos Reis assumiam, respectivamente, o comando das LFP «Fomalhaut», «Espiga» e «Pollux», da Esquadrilha de Lanchas de Fiscalização do Zaire.

Foram, na História da Reserva Naval, os primeiros oficiais a exercerem o comando de navios operacionais. Deste grupo, Neves Cordeiro, Silva Pires e Norton dos Reis, tornar-se-iam, no final da sua comissão em Angola, em Abril de 1963, nos primeiros oficiais da Reserva Naval a quem foi concedida a Medalha de Mérito Militar de 3.ª classe, cuja atribuição, por Portaria Ministerial, foi publicada na Ordem da Direcção do Serviço do Pessoal n.º 17, de 24 de Janeiro de 1964.




Em cima, Angola, Blanc de Sousa com os oficiais do «Santiago» e, em baixo,
na tolda do NRP «Pero Escobar» durante a viagem de instrução




Outros oficiais deste 3.º CEORN efectuaram igualmente comissões em África. Para Cabo Verde, na guarnição do patrulha «Fogo», seguiu João António Estarreja; Pombo Rodrigues integrou a guarnição do Contra-Torpedeiro «Vouga» em serviço na Guiné e em Angola, Frederico Blanc de Sousa pertenceu ao patrulha «Santiago» e Fernando Marques Antunes ao patrulha «Príncipe».

Alteradas entretanto, as condições de prestação do serviço na Armada para os oficiais da Reserva Naval, foi determinado que após a promoção a Aspirante o período de permanência passaria para 24 meses, resultante da cada vez maior necessidade de preenchimento de posições e do cumprimento de tarefas em África.

O 3.º CEORN, na rota traçada pelos cursos que o antecederam, constitui uma exemplar referência para a História da Reserva Naval, assumindo pela primeira vez novas responsabilidades, inclusivamente de comando de Unidades Operacionais em teatro de guerra, fazendo igualmente parte de guarnições de navios tão diversos, como Fragatas, Patrulhas, Contra-Torpedeiros, Lanchas de Fiscalização e Draga-Minas, exercendo nestes últimos, por períodos longos, funções de comando.

Nas unidades em terra ou a navegar, os integrantes das classes de Marinha, de Saúde Naval, dos Engenheiros Maquinistas Navais ou de Administração, prestaram um importante contributo à Armada e legaram à Reserva Naval, um valioso espólio para a sua História.

Para aqueles que já partiram e de quem nos ficou a recordação das suas qualidades humanas, uma chamada de saudade e a certeza da sua presença em cada novo reencontro.




Galeria de Fotos:





Fontes:

Arquivo de Marinha; Anuário da Reserva Naval 1958-1975, Lisboa, 1992, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado; Dicionário de Navios, Adelino Rodrigues da Costa, 2006; Texto do autor do blogue compilado e corrigido a partir do publicado na Revista n.º 7 da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval, Abril/Setembro 1998; Fotos de Arquivo do autor do blogue.

mls

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