31 maio 2019

Guiné, 1969 – Mansôa, o rio e a povoação


Rio Mansôa - Condições de navegabilidade dos portos e a povoação

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 17 de Junho de 2012)


Mapa: Aspecto geral da Ilha de Bissau, delimitada a norte e a oeste pelo curso do rio Mansôa, a leste pelo Canal do Impernal, e a sul pelo rio Geba. São visíveis as localidades de Nhacra e Mansôa, ambas acessíveis por estrada asfaltada, bem como Prabis e Porto Gole nas margens do Geba, respectivamente para juzante e montante. O rio não se encontrava hidrografado na parte mais estreita e que mais frequentemente era utilizada pelas LDM – Lanchas de Desembarque Médias, compreendendo os portos de Mansôa, Encheia e João Landim, mas era navegável por estes navios em toda a sua extensão. Também pelos afluentes se chegava a Quinhamel e Teixeira Pinto. Em João Landim havia uma jangada que permitia a única travessia do rio Mansôa para norte, em direcção a Bula (ou para sul em direcção a Bissau).



Mansôa



Em cima, um aspecto geral do aquartelamento de Mansôa e, em baixo,
o depósito da água, dentro daquela unidade militar








Em cima, a igreja de Mansôa e, em baixo, o Clube de Futebol "Os Balantas" filiado no Belenenses







Em cima e, em baixo, diversos imagens de arruamentos e habitações da povoação de Mansôa







Em cima e, em baixo, diversos imagens de arruamentos e habitações da povoação de Mansôa







Em cima e, em baixo, diversos imagens de arruamentos e habitações da povoação de Mansôa.





Uma LDM - Lancha de Desembarque Média da classe 400 acostada em Mansôa.





Fontes:
Carta da província da Guiné, Ministério do Ultramar, 1961; texto compilado a partir do Arquivo de Marinha, Núcleo CDMG185-Portos da Guiné; imagens gentilmente cedidas pelo Alferes Miliciano Ranger Manuel Nuno Ferreira, BCaç 4612/72, Guiné, Mansoa, 1973 - Alferes Miliciano Art. João Alves Martins, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69 e ainda por cortesia de:
http://www.prof2000.pt/users/secjeste/arkidigi/mansoa_guine01.htm


mls

27 maio 2019

Guiné, 1456 - Diogo Gomes em Porto Gole


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 2 de Julho de 2012)




Guiné, 1969 - Porto Gole na margem direita do rio Geba, a montante de Bissau, próximo da confluência com o rio Corubal.





Mansoa, 1969 - Placa muito rudimentar indicativa de distâncias quilométricas entre Mansoa e as localidades mais próximas sendo visível, ao longe, a ponte sobre o rio Mansoa





Guiné, 1969 - Em Porto Gole, um padrão, testemunho da passagem de Diogo Gomes no Canal do Geba, no ano de 1456




Fontes:
Imagem do padrão gentilmente cedidas pelos Alferes Miliciano Ranger Manuel Nuno Ferreira, BCaç 4612/72; imagem de Mansoa por cortesia de http://www.rumoafulacunda.wordpress.com/; carta da província da Guiné, Ministério do Ultramar, 1961;


mls

23 maio 2019

Bissau, Anos '70 - Imagens que despertam memórias (V)


Guiné, anos '70 - "Rancho da Porca" e retalhos fotográficos de locais inesquecíveis




Guiné, anos '70 - O famoso «Rancho da Porca», na gíria naval, usada a bordo (também em terra pelos marinheiros), era uma refeição feita fora do âmbito regular dos refeitórios e messes, nos navios ou nas unidades da marinha em terra, de forma simplificada.
A refeição do rancho da porca tinha geralmente uma componente de convívio muito superior às refeições regulares nos refeitórios. Neste caso era vulgarmente praticado nas unidades navais em missões fora da Base Naval em Bissau.






Guiné, Agosto 1969 - Embarque em S. Domingos para Vila Cacheu (CCaç 1801) que depois continuaria numa LDG para Bissau em final de comissão e,
em baixo, outras abicagens e fainas de embarque desembarque nos lodaçais habituais









Guiné, anos'70 - Mais abicagens com faina logística de embarque e desembarque de combustível, géneros e equipamento de uma LDM - Lancha de Desembarque Média e, em baixo, da LDG «Montante», a LDG 104







Guiné, anos '70 - Em cima e, em baixo, transporte de populações entre margens







Farim, 1973 - Em cima, a jangada que efectuava o transporte de populações e bens entre Farim,
na margem norte do rio Cacheu e a margem sul,
permitindo a ligação com a estrada que conduzia a Mansabá > Mansôa > Nhacra > Bissau.
Em baixo, batelões comerciais acumulam-se no cais do Pijiguiti em Bissau, aguardando oportunidade






Fontes:
Texto e fotos do arquivo pessoal do autor do blogue, com amável cedência de fotos de CFR Abel Ivo de Melo e Sousa, 2TEN FZ RN Manuel Gomes Ferreira e Alf. Médico Alberto Lema Santos;


mls

20 maio 2019

Bissau, Anos '70 - Imagens que despertam memórias (IV)


Guiné, anos '70 - Retalhos fotográficos




Guiné, 1971 - Os batelões "Tejo" e "Correia II" acostados em pausa de combóio naval.
Confusão, molhada e tempo de lazer do pessoal que integra o combóio








Farim, 1973 - Porta de Armas do aquartelamento e batelões comerciais acostados na baixa-mar.
Visível, em primeiro plano, a LDG «Alfange» abicada








Guiné, 1973 - Em cima a BA12, Base Aérea de Bissalanca e, em baixo,
um helicóptero Alouette III em vôo sobre a região de Ganturé








Guiné/Cafine, 1973 - Em cima um abrigo subterrâneo para a população e, em baixo, uma "estranha sala de leitura" com duas metralhadoras de fita por perto








Guiné/Bissum, 1973 - Em cima, visualizar um belo pôr-de-sol a partir de uma LDM que integra um combóio naval com a metralhadora Oerlikon apontada para nenhures, em descanso e,
em baixo, imagem aérea da Guiné de tarrafo e mais tarrafo...






Fontes:
Texto e fotos do arquivo pessoal do autor do blogue, com amável cedência de fotos de CFR Abel Ivo de Melo e Sousa, 2TEN FZ RN Manuel Gomes Ferreira e Alf. Médico Alberto Lema Santos;


mls

12 maio 2019

Bissau, 1964- Imagens que despertam memórias (III)


Guiné, 1964 - Operação Tridente, Marinha e os Helicópteros Alouette III da FAP


Em Janeiro de 1964, o agravamento da situação militar no sector de Bissau e o aumento de actividade do PAIGC nos sectores oeste e sul da Guiné entendeu-s e militarmente ocupar o conjunto das ilhas de Caiar, Como e Catunco, importante região pelos recursos naturais, controladas pelo inimigo desde 1963. Considerava-se necessário controlar as vias marítimas de reabastecimento da zona sul, proteger populações, conseguir a instalação da autoridade administrativa,aproveitar os recursos económicos e, sobretudo, infringir perda de prestígio ao IN (inimigo).

Foi então iniciada a acção que viria a ser a maior de toda a Guerra do Ultramar, a Operação "Tridente" que se estendeu, por duas fases, de 15 de Janeiro de 1964 a 24 de Março. Envolveu múltiplos meios da Marinha, Exército e Força Aérea e, com baixas alargadas de ambos os lados, veio a revelar-se como uma vitória de «Pirro» com ganhos estratégicos duvidosos no tempo.

A participação da FF «Nuno Tristão» como navio de apoio às forças desembarcadas, mostrou a inovadora montagem de uma plataforma porta-helicópteros que permitiu quer a evacuação de feridos no decorrer da operação quer a presença do Ministro da Defesa de então, General Gomes de Araújo.

São dessas fases da «Operação Tridente» que a seguir se inserem algumas imagens.




1964, Guiné, Operação Tridente - Colocação dos primeiros barrotes em madeira para a montagem de uma plataforma porta-helicópteros na FF «Nuno Tristão»







1964 - Guiné, Operação Tridente
O piloto do helicóptero treina a aproximação à FF «Nuno Tristão»








1964 - Guiné, Operação Tridente
O Ministro da Defesa Nacional, General Gomes de Araújo, chega de helicóptero à FF «Nuno Tristão»








1964 - Guiné, Operação Tridente
Os maqueiros da FF «Nuno Tristão» transportam feridos para helicóptero








1964 - Guiné, Operação Tridente
Helicóptero prestes a poisar na FF «Nuno Tristão» com NH «Pedro Nunes» de braço dado




Numa homenagem à FAP - Força Aérea Portuguesa no que representou o apoio global das diferentes Esquadrilhas de Helicópteros Alouette III na Guerra do Ultramar se partilha abaixo um pequeno vídeo.






Fontes:
Texto e fotos do arquivo pessoal do autor do blogue, com amável cedência de fotos do Arquivo de Marinha; cópia de vídeo por cortesia da FAP - Força Aérea Portuguesa, disponibilizado no Youtube em https://youtu.be/7ld1ntHfnZs


mls

08 maio 2019

Guiné, 1967 – Rio Cacine, Gadamael_Porto (III)


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 1 de Junho de 2012)


Gadamael_Porto e o corredor da morte




Região de Cacine, parte montante do rio com o mesmo nome

(clique na imagem para ampliar)


João José de Lima Alves Martins, foi Alferes Miliciano de Artilharia e, entre 1967/69, foi destacado para a Guiné. Comandou um pelotão do BAC1, tendo desempenhado diversas missões naquele território que o transportaram de Bissau a Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael_Porto, Guileje, Bissau, Bigene, Ingoré e, então de regresso, novamente a Bissau.




Em cima, o porto interior de Bedanda no rio Cumbijã e,
em baixo, um combóio de LDM e batelões sobe o rio Cacine rumo a Gadamael_Porto




“...Já estava relativamente bem inserido na comunidade de Bedanda quando recebo a bombástica informação que tinha que rumar a Guileje. Sabia que não podia ser coisa boa pois fica a pouca distância da República da Guiné onde o IN tinha as suas bases e os seus apoios. Embarcámos os obuses em três LDM, descemos o rio Cumbijã e subimos o rio Cacine que achei espectacular com as suas águas estanhadas reflectindo a beleza das margens e desembarcámos em Gadamael_Porto, onde passei a melhor semana em que estive na Guiné...”




Gadamael_Porto, só com acesso a LDM e o cais de atracação

Além da trouxa às costas tinham por companhia de jornada as incómodas e pesadas, mas também imponentes e ameaçadoras peças de artilharia de 11.4 cm, cujo transporte por picadas, instalação e manutenção eram verdadeiras epopeias de resistência às dificuldades de movimentação e utilização.

Notável nomadismo de percurso, algo parecido com os de Marinha, apenas no que de comum tiveram as jornadas efectuadas e apoiadas pelas LDG’s ou LDM’s, Lanchas de Desembarque Grandes ou Médias, e também alguns dos locais, a norte ou a sul. Outros nem tanto já que, daquela relação, Piche e Guileje eram inacessíveis à navegação.

De ambas as povoações se conhecia a fama de locais pouco recomendáveis aos militares em serviço naquela antiga Província, estando o último conotado como uma obrigatória menção de pertencer ao “corredor da morte”, designação por que ficou conhecido o percurso que, na península do Quitafine, corria paralelo à fronteira, a sul e a leste, com a República da Guiné.

A estrada, classificação de luxo para a ligação referida, tinha um último reduto sul em Cameconde, a cerca de oito quilómetros de Cacine, passava por Cacoca, Gadamael_Porto, Guileje, Aldeia Formosa e Mampatá, junto aos rápidos da Saltinho do rio Corubal.

A proximidade da fronteira e da base inimiga de Sansalé eram pontos de permanente tensão e combates para as unidades militares que, na área, se empenhavam em cortar um caminho natural às cambanças logísticas de armamento e pessoal do PAIGC para o interior do território.




Gadamael_Porto na preia e na baixa-mar



A dimensão dos conflitos na Guiné, Angola e Moçambique, bem como a ausência de empenhamento político determinado, reforça a minha convicção de que ainda está por encetar uma verdadeira história conjunta da Guerra do Ultramar, escrita com a participação dos três ramos das Forças Armadas, em que nada seja excluído.

E, portanto, que inclua necessariamente a versão da geração de oficiais dos Quadros Permanentes que a encabeçaram e dirigiram, mas também os contributos de todos os milicianos, sejam eles Oficiais, Sargentos ou Praças dos três ramos das Forças Armadas, incluindo igualmente os Oficiais da Reserva Naval que nela participaram e sem os quais não teria sido sequer possível o início.

Entretanto, ir-se-ão coleccionando retalhos individuais diversos, tecidos por soldados, marinheiros e aviadores a que falta todo um complexo encadeado de explicações que os interliguem culturalmente, para que a História possa ser construída a partir dos alicerces com perspectiva social, política e económica estruturadas.

Historiadores e sociólogos cumprirão futuramente a tarefa. Há que corrigir distorções militares de conveniência que, por vezes sem as competências devidas, se afadigam a escrever provisoriamente, com um certo ar de definitivo. Muitas vezes sem cuidar de ouvir testemunhos de participantes.




Em cima, no cais de Bedanda o denominado "matador" para carregar os obuses e,
em baixo, aspecto de uma coluna militar de artilharia.




João José Alves Martins, com elevado sentido de amizade e camaradagem disponibilizou-me pessoalmente textos e imagens de que, modestamente, me limito a reproduzir alguns trechos ilustrados deixando, a quem melhor que eu, saiba fazer relatos históricos de outra guerra, a que se vivia em terra.

“...Mais, o sentimento mais profundo que trago como recordação, é que, na Guiné, eu não estava no estrangeiro, mas em Portugal, e quando estou com alguém de lá, não posso deixar de lhe dar o meu abraço de “irmão”, porque vejo nele um português que vive no estrangeiro...”

“...Parte de mim ficou na Guiné, para sempre, não só pelo sentimento do dever cumprido que é independente do regime que vigorava na altura, mas sobretudo, pela experiência e pelo reconhecimento de cerca de 500 anos de convivência e de pertença à mesma Nação, e esta realidade não se esquece, não se apaga e não está à venda…”

Revelou-me nutrir grande paixão pela Marinha a que, certamente, não é alheia a genética paterna por ele herdada e alimentada na qualidade de filho de oficial dos Quadros Permanentes.

Aqui lhes dedico, a ambos, estes rabiscos de alguém empenhado na impossível tarefa de não deixar ninguém para trás no registo de memórias Reserva Naval.


Mais informação em:




Fontes:
Texto do autor do blogue; extractos assinalados e fotos cedidas gentilmente por João Alves Martins, Alferes Miliciano de Artilharia, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69;


mls