29 dezembro 2023

Reserva Naval e Liceu Normal de Pedro Nunes, turma B, 5.º ano, 1952 - Comemoração aos 81 anos de idade da maioria dos alunos daquela turma

Post reformulado a partir de outro já publicado em 14 de Dezembro de 2017

Naquela altura, ano de 2017, então aos 75 anos de idade, a mesma turma...




Aos 75 anos de idade - a já mítica Turma B do 5.º Ano dp «Lyceu Central de Pedro Nunes», num almoço convívio de Natal onde, dos nove elementos referidos como tendo passado pela Marinha - Quadros Permanentes ou Reserva Naval, estiveram presentes seis deles



Em cima, 1928, o «Lyceu Central de Pedro Nunes» na Avenida Álvares Cabral
depois de transferido da Lapa e, em baixo, anos depois,
a escadaria com o painel de azulejos de Liceu Normal de Pedro Nunes





Por muito estranha que pareça esta correlação, tem todo o sentido para alguns oficiais da Reserva Naval que nasceram no ano da graça de 1942. E não só, porque extrapolando este raciocínio para cada ano anterior ou posterior serão muitos mais, até ao limite de 1.712, totalidade dos oficiais dos 25 cursos havidos na Escola Naval entre 1958 e 1975.

Como o oficial da Reserva Naval mais antigo na idade, do 1.º CEORN, nasceu em 1932 e o equivalente mais moderno, igualmente na idade, do 25.º CFORN, nasceu em 1952, desde 2002 que existem e irão continuar a ser mencionados, anualmente e até 2023, oficiais da Reserva Naval, agora com 81 anos.

Do total dos 1.712 garbosos cadetes, 135 nasceram naquele ano de 1942, distribuindo-se entre o 6.º CEORN com 5 elementos e o 20.º CFORN com 1 elemento. Especial incidência nos 8.º CEORN, 9.º CFORN e 11.º CFORN, respectivamente com 22, 25 e 28 elementos.

Fora desta lógica consertada encontra-se o 10.º CFORN que apenas teve 9 elementos com esse ano de nascimento, talvez por se tratar de um curso bastante mais reduzido com 38 cadetes alistados, contra os 68, 69 e 75 dos cursos mais acima referidos.

Compreensível concentração se atendermos a que nos idos anos 66, 67 e 68, a maioria desses Companheiros e Camaradas de jornada, completavam 24 a 26 anos e, portanto, encontrar-se-iam em fase de conclusão ou teriam mesmo concluído os seus estudos universitários.

O cumprimento do Serviço Militar Obrigatório era um horizonte inevitável e a Guerra do Ultramar aguardava a grande maioria. Sendo opção própria a escolha da Armada como Ramo das FAs para o desempenho de mais essa etapa, foi acima de tudo a própria Instituição que seleccionou entre todos os que a ela concorreram, contrariamente a boatos menos inocentes.

Tal como em muitas outras efemérides que comemoram este ano 80 anos, também aquela rapaziada completa os mesmos percorridos anos de idade, ao serviço da portuguesa cidadania. Com a acrescida mais-valia de terem servido na Marinha de Guerra Portuguesa - Quadros Permanentes ou Reserva Naval ou, apenas num caso específico, na Marinha Alemã.

Porquê a abordagem ao Liceu Normal de Pedro Nunes?

Depois de um percurso no ensino primário ou equivalente que a todos tocou surge, para parte deles, no percurso desse rumo de oito décadas percorridas, o Liceu Normal de Pedro Nunes. Certamente terá sucedido idêntica situação para qualquer outro aluno com qualquer Liceu diferente. Para aquele fluiam, especificamente, estudantes de bairros tão heterogéneos como Campo de Ourique, Estrela, Lapa, Rato, S. Bento e de vários outros locais.

Naquele liceu, 1952 foi o primeiro ano de entrada de uma certa turma, comum até ao quinto ano, considerada agora pelos que a integraram o já carismático 5.º B do Liceu Normal Pedro Nunes. De forma permanente e sistemática, mantêm entre todos uma saudável relação de convívio num almoço mensal.

Reunem-se os que o entendem e podem estar presentes, recordando liceu, mestres, pessoal auxiliar e colegas. Comentam-se gagues humorísticos, tiques de professores, cenas de bairro, jogos de matraquilhos, cinema em sessões contínuas e tantos outros relatos mais possíveis.

Notável o espírito de todos os que mantêm viva esta chama de amizade e companheirismo que, de alguma forma, se estende também pelo Mar, uma vez que o registo fotográfico do conjunto dos elementos da turma que se exibe, integra nove Companheiros mas também Camaradas que passaram pela Marinha/Reserva Naval ou mesmo Marinha Alemã.




A Turma B inicial, 5.º Ano, Liceu Normal de Pedro Nunes onde, além da maioria dos elementos da turma, figura também o Professor Pequito da disciplina de Inglês que, mais tarde, veio a ser também Reitor do Liceu de Bissau.

Assinalados:

1 - Manuel França e Silva, 9.º CFORN;
2 - Mário Orlando Bernardo, 9.º CFORN;
3 - Manuel Serpa Leitão, QPs;
4 - Martinho Pereira Coutinho, 8.º CEORN;
5 - Rui Moura da Silva, 12.º CFORN;
6 - Luis Mota e Silva, QPs;
7 - Fernando Martins Varandas, 7.º CEORN;
8 - Manuel Lema Santos, 8.º CEORN;
9 - Heinz Bach, Marinha Alemã;

Imperioso que se transmita que as considerações feitas para o ano de 1942, desfasadas no calendário do tempo para montante ou para juzante, se aplicam a qualquer outro ano, turma, grupo ou estabelecimento de ensino, de forma mais ou menos marcada e equivalente.

Certamente, parte da herança de uma geração completa na qual, convenhamos, 81 anos sempre representam umas respeitáveis setenta e cinco experiências anuais vividas, agora acrescidas de outras 6. Afinal, foi também a minha turma do Liceu Normal de Pedro Nunes.

Neste já não muito curto trajecto de vida, quis o destino que alguns, sempre demasiados, fossem tolhidos precocemente pelo embarque último.

Lembrá-los-emos sempre.




Fontes:
Anuário da Reserva Naval, 1958-1975, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992; texto e imagens do autor do blogue; imagem publicada de Martinho Pereira Coutinho;


mls

09 dezembro 2023

Guiné, 1971 - Mensagem de Natal da LFG «Sagitário» (I)


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 8Nov2010/24Dez2017/24Dez2018/29Dez2019/19Dez2020)

Rio Cacheu, Mensagem de Natal da LFG «Sagitário» P 1131





Acredito, e suponho não estar só, que o Natal se expressa muito mais no espírito com que se está a completar a caminhada de mais um ano do que na celebração de uma efeméride com data previamente marcada.

Crença que igualmente partilho na renovada esperança de que um Ano Novo venha retirar do nosso rumo alguns escolhos especialmente ameaçadores, permitindo-nos prosseguir a Viagem com Paz, Saúde e Amor.

Na vitória do Humanismo, desprezado em guerras por inimigos com rosto, dizimando civis, mulheres e crianças, recusando trocar as armas pelo diálogo e cessar-fogo, poupando vidas e bens.

Nas Crianças, que nele acreditam para todo o sempre.

Na Família e na Reconciliação, na Alegria do Reencontro, no Amor e na Amizade, no aconchego do Abraço e também no são Convívio, que certamente iremos poder reviver em breve.

Na Partilha e Apoio possíveis aos os que lá não conseguem chegar sózinhos.

No Recolhimento e na Esperança de que chegue aos que o não têm mesmo de todo.

Na Lembrança e na Memória daqueles que, por ausência ou também pelo destino último, não podem estar presentes.

Natal foi e será sempre!

Mesmo na Guiné e também no rio Cacheu onde, a guarnição da LFG «Sagitário», em 1971, em missão de patrulha e fiscalização na zona de Ganturé-Bigene, numa expressão primorosa de esperança, boa disposição e humor, encontrou numa pernada de tarrafo, reverencialmente inclinada para o efeito, a melhor estação dos CTT para afixar a universal mensagem.

Para que muitos Outros pudessem ter Natal!


Fontes:
Texto do autor do blogue, com imagem de arquivo gentilmente cedida pelo então comandante da LFG «Sagitário», 1TEN Adelino Rodrigues da Costa;


mls