(Post reformulado a partir de outro já publicado em 29 de Dezembro de 2008)
Um Reserva Naval na LFG «Orion» no Natal de 1966 e 1967
Seria sensato afirmar que, para todas as guarnições das diversas unidades navais estacionadas na Guiné, era considerada uma normal situação serem confrontadas com a passagem das festividades de Natal e Fim de Ano, sem que lhes fosse permitido arredar pé daquele teatro de guerra.
Haveria alguns casos esporádicos de licenças , mas sempre concedidas por motivos especiais e eram excepção à regra. Seria correcto assim entendê-lo num conceito necessariamente fechado de hierarquia militar de que a “guerra era igual para todos”.
Também assim foi com a LFG «Orion» que, tendo passado o Natal de 1966 atracada em Bissau, em idêntico período de 1967, entre os dias 23 e 26 de Dezembro, navegava no rio Cacheu, patrulhando e fiscalizando.
Os dois finais de ano foram ambos “comemorados” com a LFG estacionada na ponte-cais em Bissau.
Natal de 1966 - A equipa de Oficiais e Sargentos da LFG «Orion», da esquerda para a direita:
1Sarg ACM Augusto Lenine Abreu, 2Sarg H José Augusto Piteira, 1TEN Luis Joel Pascoal (Comandante), STEN RN Manuel Lema Santos (Imediato), 2Sarg M Alfredo Viegas Galvão e 1Sarg A António Vieira
1Sarg ACM Augusto Lenine Abreu, 2Sarg H José Augusto Piteira, 1TEN Luis Joel Pascoal (Comandante), STEN RN Manuel Lema Santos (Imediato), 2Sarg M Alfredo Viegas Galvão e 1Sarg A António Vieira
Bissau era, e foi ao tempo, o único local melhorado de selecção possivel para a comemoração daquela quadra festiva melhorada, comparativamente a eventuais missões operacionais nos rios Cacheu, Cacine, Cumbijã ou em qualquer outro local, mas alguém tinha que ser nomeado para zonas onde as rotinas previstas, quer em escalas habituais quer em estados de prontidão, o impunham.
Tocava a todos!
À época, pairava o conceito de tempo de tréguas ou relativo apaziguamento de acções de flagelação por parte do inimigo no decorrer daquele período, provavelmente correspondendo a alguma redução sensível da nossa actividade operacional, pese embora o registo de diversos ataques sofridos.
Natal de 1966 - Momento de convívio na coberta da LFG «Orion», da esquerda para a direita:
2Sarg M Alfredo Viegas Galvão, Mar A Magalhães, STEN RN Manuel Lema Santos, 2Gr A António Figueira e Mar L Brás (cantineiro)
2Sarg M Alfredo Viegas Galvão, Mar A Magalhães, STEN RN Manuel Lema Santos, 2Gr A António Figueira e Mar L Brás (cantineiro)
Nada era certo e, para os que ficavam, certa era a tentativa para esquecerem as dificuldades e os riscos, lembrando familiares, partilhando amizade e convívio com outras unidades, a navegar, no cais ou em terra, telefonando, enviando aerogramas, brindando repetidamente, não regateando um cumprimento ou o abraço.
No meu espírito, ainda hoje, perdura a memória da enorme disponibilidade pessoal e competência profissional de uma guarnição que nunca deixou de manifestar grande apoio ao seu oficial imediato, para lá de grande dedicação e transbordante amizade sempre por mim sentida.
Desta vez já em 1967, da esquerda para a direita:
2Sarg A António Vieira, Mar A Magalhães, 2TEN RN Manuel Lema Santos (Imediato),
Mar M Águas, Cabo F Xavier e 2Gr A António Figueira
2Sarg A António Vieira, Mar A Magalhães, 2TEN RN Manuel Lema Santos (Imediato),
Mar M Águas, Cabo F Xavier e 2Gr A António Figueira
Foram inexcedíveis como profissionais e marinheiros, mas também como homens ou como amigos.
Num ideário náutico por mim concebido, continuam todos a fazer parte de uma guarnição da LFG «Orion» com que repetiria a longa jornada sem hesitações.
Para mim foi uma honra ser oficial imediato de tal guarnição e a linha definida de rumo que ainda hoje mantenho, foi também ajudada a traçar com os ensinamentos e experiência que, como oficial e como homem, colhi no desempenho daquelas funções.
Aqui fica o meu testemunho lembrando-os a todos, especialmente os que já não podem partilhar o nosso convívio.
Nota:
O 2 Gr A António Figueira, semanas depois, em 13 de Janeiro de 1968, acabaria por ser ferido em combate no rio Cacheu, Tancroal e, apesar de ferido, manteve-se disparar sobre o inimigo.
O 2 Gr A António Figueira, semanas depois, em 13 de Janeiro de 1968, acabaria por ser ferido em combate no rio Cacheu, Tancroal e, apesar de ferido, manteve-se disparar sobre o inimigo.
Fontes:
Texto redigido, compilado e adaptado pelo autor do blogue; Imagens de arquivo do espólio pessoal do autor, então oficial Imediato da LFG «Orion»;
Texto redigido, compilado e adaptado pelo autor do blogue; Imagens de arquivo do espólio pessoal do autor, então oficial Imediato da LFG «Orion»;
mls
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