20 fevereiro 2019

NRP «Quanza»... Ad Marem Sunt


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 17 de Março de 2012)

Guarnição do navio-patrulha «Quanza» grava mensagem no paredão do porto do Funchal




...São pelo Mar!



Em cima, uma outra imagem do «Quanza» P1144 atracado no molhe e,
em baixo, o navio-patrulha «Cacine» P1140 a navegar, noutra data, prepara-se para atracar






Nota:
Unidade naval onde se manteve sempre a ambiguidade de denominação entre «Quanza» e «Cuanza», naturalmente com tendência mais marcadamente «Cuanza» nas gerações mais novas que integraram as guarnições daquele navio-patrulha;


Fontes:
Imagens cedidas por cortesia do Dr. Carlos Silva (Furriel Mil, CCaç 2548, Guiné);


mls

17 fevereiro 2019

Funchal, final do ano 2011 - NRP «Cacine» ou NRP «Cuanza»? - Parte II (explicação)


NRP «Cacine» atracado no Funchal - Parte II (explicação)

Como resposta a várias dúvidas colocadas a propósito da publicação no post anterior sobre qual seria o navio-patrulha da classe «Cacine» que estaria atracado no porto do Funchal no dia 1 de Janeiro de 2012 aqui fica uma pequena explicação.




O navio-patrulha «Cacine» atracado no Funchal

A unidade naval atracada no Funchal era efectivamente o NRP «Cacine» e não a conheci suficientemente nos pormenores, já que apenas estive uma vez a bordo aquando do aumento ao efectivo dos navios da Armada em 6 de Maio de 1969.

Contudo, será normal que pequenos pormenores da estrutura exterior, modificados ou mesmo diferenças imperceptíveis na pintura, sejam identificadores para elementos da guarnição que tenham permanecido naquele navio-patrulha em missões de maior duração que uma simples visita. Neste caso podíamos falar mesmo em comissões de dois anos.

Quanto à fantasia recreada de troca de números de costado ou o banner (lona) da ponte, um bom programa de tratamento de imagem e alguma imaginação fazem o resto.




Mais 2 fotos do navio-patrulha «Cacine» atracado no Funchal, captadas na mesma altura



Duplicada a foto original, "corta-se" um retalho com o algarismo "4" do número de costado da «Cacine» P1140 e "cola-se" por cima do zero.

Depois de bem retocada com uma "trincha" virtual, à boa maneira de um "dia de serviços" a bordo, ninguém conseguirá detectar a alteração de P1140 para P1144.




Ainda uma outra foto de pormenor do navio-patrulha «Cacine» e do mesmo momento

Numa segunda fase repete-se a operação com o pano (lona) da ponte retirada de uma «Cuanza» atracada em posição apenas semelhante.

Nova operação de "corta e cola" que pode incluir operações de "escala", distorção" e "perspectiva", depois de cuidadoso retoque do traçado, ali aparecia o navio-patrulha «Cacine» mascarado de «Cuanza» sem que fosse muito fácil distinguir a alteração.

Talvez por este motivo se questionem actualmente imagens ou vídeos como prova, uma vez que "softwares" milagreiros conseguem modificar o que não pareceria possível fazer.




Fontes:
Design e imagem do autor do blogue com cedência de fotos do Dr. Carlos Silva, antigo Furriel Mil, CCaç 2548, Guiné;


mls

16 fevereiro 2019

Funchal, final do ano 2011 - NRP «Cacine» ou NRP «Cuanza»? - Parte I


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 14 de Março de 2012)

Afinal qual dos navios-patrulhas se encontrava no final do ano no Funchal?

Desta vez trata-se apenas de uma brincadeira típica de trabalho de imagem.

Talvez a resposta correcta só seja possível a quem presenciou a estadia de um destes navios-patrulhas por ter pertencido à guarnição ou porque, já tendo pertencido à guarnição de um deles, consiga a identificação por algum pormenor específico mostrado na foto.





NRP «Cacine» ou NRP «Cuanza» ...?





Fontes:
Design e imagem do autor do blogue com cedência de fotos do Dr. Carlos Silva (Furriel Mil, CCaç 2548);


mls

15 fevereiro 2019

Protocolo Clube Militar Naval/AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 9 de Fevereiro de 2012)

Oficiais da Reserva Naval podem utilizar Clube Militar Naval





O Presidente da Direcção da Associação de Oficiais da Reserva Naval, Comandante Joaquim Moreira, afirmou, no passado dia 2, que o espírito de cordialidade e de câmara entre oficiais de carreira da Armada e os antigos oficiais da Reserva Naval foi reforçado com a assinatura de um protocolo entre o CMN - Clube Militar Naval e a AORN – Associação dos Oficiais da Reserva Naval, efectuado nesse dia.

O protocolo, assinado entre o CMN e a AORN, na sede da primeira instituição, em Lisboa, em ambiente de salutar convívio, viabiliza formalmente “a utilização das instalações e serviços do CMN pelos antigos oficiais da Reserva Naval”, preconizando ainda a efectivação de iniciativas conjuntas, tais como “palestras, colóquios ou qualquer outro tipo de eventos de carácter cultural, recreativo ou técnico profissional”.




Joaquim Moreira no uso da palavra

Joaquim Moreira, numa intervenção de improviso, referiu ainda que este protocolo surge com um atraso de 20 anos, sublinhando que a AORN foi criada e ganhou cidadania, precisamente, porque foi negado, então, o acesso de pleno direito ao CMN aos antigos oficiais da Reserva Naval.

A este respeito, o Presidente da Direcção da AORN invocou a memória e os esforços dos fundadores nas intervenções junto do CMN, referindo nomeadamente o Comandante Alves da Rocha, Dr. Rodrigues Maximiano, Dr. Alfredo Lemos Damião, Dr. Marinho de Castro e Dr. Manuel Torres.

A terminar, e em tom irónico, Joaquim Moreira sublinhou a importância do acesso dos antigos oficiais da Reserva Naval ao CMN, uma vez que a AORN, em determinada altura, optou por não construir instalações próprias para a sua sede o que, tendo em atenção “o contexto actual, se verificou ser uma decisão acertada”.




José Manuel Picoito durante a sua alocução

Em nome do Clube Militar Naval falou o seu Presidente da Direcção, Comandante José Miguel Picoito, que fez questão de reafirmar que "o salutar convívio e partilha do tradicional espírito de Câmara de Oficiais” liga “os antigos oficiais da Reserva Naval à mais elevada tradição naval praticada na Marinha de Guerra Portuguesa e aos valores éticos, qualidades morais e sociais que nortearam o seu empenhamento e sentido de dever no cumprimento da missão".

José Miguel Picoito destacou ainda que, enquanto prevalecer a memória e sentimentos entre as pessoas, esse espírito de Câmara haverá de pautar o relacionamento entre os Oficiais que partilharam tantas experiências e emoções, quer em operações de rotina, quer em ambiente de conflito, que tanto marcaram uns e outros.

São assim reconhecidos os contributos da AORN, com o lema "...e bem serviram sem cuidar recompensa", e da sua missão deduzida dos estatutos de "Defender a Reserva Naval, a Marinha, Portugal e o Mar", numa altura como a actual em que muitos destes valores de soberania são postos em causa, enfatizou.

O Presidente da CMN ressalvou, ainda, que com a assinatura do Protocolo este relacionamento já não depende, da maior ou menor abertura, das sucessivas Direcções do CMN.




Intervenção de José Luiz Vilaça

Discursou depois o Presidente da Assembleia-Geral da AORN, Prof. Dr. José Luiz da Cruz Vilaça, que destacou o valor simbólico do Protocolo, como reafirmação da verdade histórica, de compromisso com o passado e também com o futuro. Ainda que tenha um valor simbólico, explicou, os protocolos são para cumprir, fazendo uma menção, com certa ironia, ao recente protocolo assinado entre o governo de Portugal e a “Troika” (Banco Mundial, FMI e Comissão Europeia).

Sendo Juiz do Tribunal de Justiça da União Europeia, José Luiz Vilaça disponibilizou-se para partilhar numa sessão a realizar no CMN a sua visão sobre a recente crise europeia, baseado na sua experiência nas novas funções, e isto tendo atenção o âmbito da cooperação prevista no protocolo no que diz respeito à realização de iniciativas conjuntas.

Por fim, interveio o Presidente da Assembleia-Geral do Clube Militar Naval, Almirante Gameiro Marques, que invocou também a promoção do "espírito de Câmara de Oficiais", que classificou de profícuo no desenvolvimento e consolidação da cultura naval, o que – frisou - é reconhecido no presente Protocolo.

Referindo que este espírito nasce das relações nas câmaras de oficiais nos navios, "onde se tomam refeições, se descomprime da tensão vivida na ponte, no centro de operações, entre outros sítios, onde se confrontam construtivamente as ideias, independentemente das antiguidades, e sempre com respeito mútuo e com elevação, e onde o comandante é um convidado.

Um lugar onde é tradição não se falar de serviço, com o propósito de fomentar a inclusão de outros assuntos e a cumplicidade positiva. Um espírito que continua no CMN, na comunidade já alargada aos antigos Oficiais da Reserva Naval, que se formaliza com a assinatura do Protocolo"
, acrescentou.




No decorrer do acto de assinatura do protocolo

No acto, estiveram presentes o Contra-almirante Francisco Braz da Silva, Chefe de Gabinete do Almirante Chefe de Estado-Maior da Armada, que representava, o Presidente da Comissão de Domínio Público Marítimo, Vice-almirante na reserva Silva Carreira, o Vice-almirante reformado Lopes Carvalheira, o Contra-almirante Espadinha Galo, Sócio de Mérito da AORN, o Director Geral de Marinha, Vice-almirante Cunha Lopes, que foi um entusiasta deste protocolo, na qualidade de Presidente da AG do CMN, juntamente com o Comandante Vladimiro Neves Coelho, Presidente da Direcção anterior, o chefe da Repartição de Reserva e Reformados, Comandante Conceição Góis, entre outros.

Além dos Presidentes da AG e Direcção da AORN, estiveram presentes, o Presidente do Conselho Fiscal da AORN, Alípio Dias, os membros da Direcção, Pedro Sousa Ribeiro, José Ruivo, Armando Teles Fortes e Tânia Alexandre, e ainda o Luís Penedo, Honorato Ferreira, Serafim Lobato, Carlos Alberto Lopes e Manuel Torres.




Nota:
Quaisquer esclarecimentos sobre o Protocolo bem como a sua consulta poderão ser facultados através do Secretariado da AORN:
Mª Antonieta
Telefone: 21 362 68 40 – Horário das 15:00 às 20:00
Fax: 21 362 68 39
aorn95@reservanaval.pt
maria.antonieta@reservanaval.pt




Fontes:
Texto de Tânia Alexandre, 1.º CFBO 2009/Serafim Lobato, 15.º CFORN; fotos cedidas pelo Clube Militar Naval;


mls

09 fevereiro 2019

NRP «Quanza» - Um navio Reserva Naval


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 17 de Fevereiro de 2017)

Navios Reserva Naval - Cuanza, Quanza ou Kuanza?




O navio-patrulha «Quanza» navega em pleno mar


Na continuação da publicação anterior sobre os navios-patrulhas da classe «Cacine», que se perfilaram como um dos tipos de navios cuja história se ligou de forma mais estreita à História da Reserva Naval, abordamos hoje o irmão gémeo navio-patrulha «Quanza», da mesma classe e o quinto na ordem cronológica a ser contruído nos Estaleiros Navais do Mondego, na Figueira da Foz. Foi aumentado ao efectivo dos navios da Armada e entregue a um representante do CEMA em 04Jun70

Mas por que motivo o navio-patrulha «Quanza» alterou o nome de baptismo para «Cuanza»?

Não sendo letrado na grafia na língua portuguesa, recordo a palavra «Quanza», com esta forma de escrita, na minha nebulosa memória da Geografia que foi me ministrada no Liceu Normal Pedro Nunes, tipo veneno a ingerir obrigatoriamente no intervalo das outras disciplinas que verdadeiramente me apaixonaram. As referências feitas à então Província de Angola, em termos de qualidade e conhecimento substantivo, eram basto escassas e nada propiciadoras de competitividade à altura das concorrentes da minha preferência, a Matemática, Física e Desenho.




O navio-patrulha «Quanza» evolui próximo da costa

No final do 8.º CEORN – Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval não me coube na lotaria o prémio de ser destacado para Angola, nem tão pouco para Moçambique, porque foi entendido pela hierarquia institucional ser mais útil na Guiné, pese embora a nota de mérito por mim conseguida, justificasse a atribuição de outro lugar no respeito pela escolha dos candidatos, função das médias obtidas no final do curso. Mas, tal como hoje, novidades, novidades, só mesmo no Continente e a meritocracia continua a ser um conceito Einsteiniano. Pleno de relatividade...

Assim, não me foi dada o oportunidade de conhecer aquele território, contactar com a população e todo o valor acrescentado que dois anos de permanência poderiam significar culturalmente. Aprendi que apenas com estudo, pesquisa e consulta se consegue adquirir algum conhecimento sobre áreas e temas que desconhecemos. Nem me atrevo a dizer profundo, porque esse nível será antes um estado de espírito e nunca uma meta atingida.

O rio Kwanza – respeitando o nome oficial - é o maior rio exclusivamente angolano. Nasce em Mumbué, município do Chitembo, Bié, no Planalto Central de Angola. Tem um curso de 960 km desenha uma grande curva para norte e para oeste, antes de desaguar no Oceano Atlântico, na Barra do Kwanza, 50 km a sul de Luanda. Com uma bacia hidrográfica navegável por 258 km desde a foz até ao Dondo, as barragens de Cambambe e de Capanda produzem grande parte da energia eléctrica consumida em Luanda.




O navio-patrulha "Quanza" em exercícios conjuntos no mar

As barragens também fornecem água para irrigação de plantações de cana-de-açúcar e outras culturas no vale do Kwanza. É no maior afluente do Kwanza, o rio Lucala, que se encontram as grandes Quedas de Kalandula, anteriormente designadas Quedas do Duque de Bragança. Junto da foz do rio fica o Parque Nacional da Quiçama.

O rio Kwanza foi o berço do antigo Reino do Ndongo, tendo também sido uma das vias de penetração dos portugueses em Angola no século XVI. Dá o nome a duas províncias de Angola, Kwanza Norte, na margem norte, e Kwanza Sul, na margem oposta.

Em 1977, talvez porque a maioria das etnias angolanas são de origem "bantu" (ou banto) e começaram por se radicar inicialmente na região cuanza-norte, deu o nome à unidade monetária nacional, o «kwanza».

Mesmo a própria história da nossa Marinha Mercante confirma a existência de um NM «Quanza» que, em 5 de Outubro de 1929 foi entregue à Companhia Nacional de Navegação. Foi o primeiro paquete português a efectuar uma viagem aos Estados Unidos e à América Central, em 8 de Agosto de 1940 e fretado pela agência de navegação Pinto Basto.




Navio-Motor «Quanza»

Após anos de navegação com inúmeras viagens realizadas e transportes de tropa efectuados, na sua última viagem a Angola, deixou Lisboa em 17 de Maio de 1968, regressando com tropas, ao Tejo, em 23 de Junho. Após alguns meses no Mar da Palha foi adquirido por sucateiros espanhóis e, em 3 de Dezembro, foi rebocado para Bilbau para desmantelamento.

Voltando ao navio-patrulha «Cuanza», no respeito pela forma como actualmente o nome daquele navio-patrulha, questionar-se-á pertinentemente porque não «Quanza» ou, sob outra perspectiva, como e em que data foi alterado o nome daquele navio-patrulha?






Abaixo se transcreve na íntegra a nota do então CMG Lima Bacelar publicada na página 99 do 10.º Volume de “Setenta e Cinco Anos no Mar – Navios-patrulhas da classe Cacine”, 1999, Comissão Cultural da Marinha, relativamente ao nome do navio-patrulha:

“...Os equívocos ortográficos na denominação do 5.º patrulha da classe «Cacine» emergem ainda antes da sua entrega oficial à Marinha. Como imediato indigitado da primeira guarnição, poderei testemunhar que, na fase terminal de construção, chegaram a ser colocadas nas asas da ponte as placas identificativas com o nome «CUANZA», tendo presenciado as circunstâncias que levaram à modificação daquela ortografia para «QUANZA».
Em consequência, procurou-se certificar que a portaria de aumento ao efectivo do navio seguisse o mesmo critério ortográfico, o que veio a acontecer, ficando pois «QUANZA».
Essas iniciativas não evitaram que os organismos abastecedores viessem a fornecer diverso material para o navio com as duas ortografias.
Deste facto resultou que o nome do navio aparecesse escrito de forma diferente, designadamente, nas asas da ponte, no sino, nas sanefas da prancha e da ponte alta, nas fitas dos bonés das praças, nos carimbos, nos documentos recebidos a bordo, etc.. Não obstante e pelo que ficou expresso, julgo poder afirmar que a posição oficial assumida foi a de atribuir o nome «QUANZA» ao 5.º navio da classe «Cacine».
(in “Setenta e cinco anos no mar (1910-1985), ed. Comissão Cultural da Marinha)
Ficou com a seguinte identificação:
Nome - «QUANZA»
Indicativo de chamada internacional – CTPS
Indicativo de chamada visual – P 1144
Indicativo de chamada radiotelegráfico – PAANZA
Endereço radiotelegráfico – PAANZA
Por portaria nº 277/70, publicada na I Série do D. G. n.º 132 de 8JUN e na O. A. n.º 30 de 9JUN, cujo texto é o seguinte:
“Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro da Marinha, aumentar ao efectivo dos navios da Armada na situação de armamento normal, a partir de 4 de Junho de 1970, o navio-patrulha «Quanza», o qual ficará a pertencer à classe «Cacine»”..."






O navio-patrulha «Cuanza» largou para a primeira comissão no Ultramar, em Cabo Verde, no dia 1 de Setembro de 1970. Ali se manteve, ao longo de quase três anos, até Julho de 1973 desempenhando as mais diversas missões operacionais.

Assinale-se, como única excepção aos navios da classe, que o NRP «Quanza» foi o único dos dez navios-patrulhas «Cacine» a efectuar uma comissão na Guiné.

No dia 20 daquele mês largou com destino a Bissau, onde permaneceu no apoio a missões naquele teatro de guerra, quase exclusivamente na área costeira e bacias hidrográficas dos principais rios.

Em 14 de Outubro de 1974, dada por finda a comissão no Ultramar, regressou a Portugal continental, com escalas em Cabo Verde e na Madeira. Atracou na Base Naval de Lisboa em 2 de Novembro.

Entre 20.8.80 e 2.12.80 esteve no Arsenal do Alfeite, em fabricos e no estado de desarmamento, com lotação especial. Voltou ao estado de armamento e lotação normal em 30.10.81.

Desde o regresso do Ultramar que mantém actividade operacional na área costeira de Portugal continental e Ilhas no desempenho de múltiplas tarefas que lhe são atribuídas. Até 1985, desempenharam as funções de comandantes daquela unidade naval, dez oficiais, todos dos Quadros Permanentes e no posto de primeiro-tenente.

Até 1985 foram eles:

1TEN José Manuel Castanho Paes, 4.6.70 a 18.9.72
1TEN Aniceto Armando Pascoal, 18.9.72 a 27.9.73
1TEN José Manuel Garcia Mendes Cabeçadas, 27.9.73 a 19.12.74
1TEN António Alberto Rodrigues Cabral, 19.12.74 a 23.9.76
1TEN José Augusto de Brito, 23.9.76 a 27.11.78
1TEN Manuel Raul Ferreira Pires, 27.11.78 a 29.2.80
1TEN José Joaquim Peralta de Castro Centeno, 29.2.80 a 24.9.80
período no estado de desarmamento e com lotação reduzida, 24.9.80 a 9.11.81
1TEN Fernando Delfim Guimarães Tavares de Almeida, 9.11.81 a 28.7.83
1TEN Fernão Manuel Pacheco Malaquias Pereira, 28.7.83 a 18.9.85
1TEN José Domingos Pereira da Cunha, 18.9.85 a 5.10.85*

* Manteve o lugar de comandante até ser exonerado em 16.11.87



Até 1975 seis oficiais da Reserva Naval integraram a guarnição daquele navio-patrulha:

2TEN RN Carlos Alberto de Albuquerque Neves Costa, 15.º CFORN, desde 4.6.70
2TEN RN Vitor Correia Guimarães, 18.º CFORN, desde 31.10.71
2TEN RN António Manuel Mendonça Guerreiro, 22.º CFORN, desde 16.10.73
2TEN RN António Carlos de Queiroz Vilela Bouça, 24.º CFORN, desde 2.12.74
2TEN TE RN Lídio Marques Fernandes, 24.º CFORN, desde 3.9.75
2TEN TE RN António Manuel Ribeiro Araújo, 25.º CFORN, desde 4.9.75

A partir de 1975:

2TEN RN Armando Manuel Barreto Antunes, 32.º CFORN, desde (? 1980)

Tal como em todas as outras unidades navais da mesma classe, mais oficiais da Reserva Naval ali terão prestado serviço, entre 1975 e 1992, carecendo o tema de adequada pesquisa e recolha de informação. Pelo menos até 1992, ano em que foi "extinta" oficialmente a Reserva Naval ou, mais correctamente, quando foi considerado que os oficiais de RV e RC não disporiam, em condições normais de formação, conhecimentos suficientes para o desempenho de algumas das funções exigidas em unidades navais.

Atualmente, o NRP «Quanza» presta serviço nas Zonas Marítimas do Norte e da Madeira, tendo como principal missão o exercício da segurança e autoridade do Estado nas suas diversas vertentes.

Nestas missões, destacam-se a fiscalização da pesca, a salvaguarda da vida humana no mar, a fiscalização dos esquemas de separação de tráfego marítimo, o controlo da poluição e o apoio às populações e a organismos civis.



Fontes:
Texto do autor compilado a partir de Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/, "Setenta e Cinco Anos No Mar, Navios-Patrulhas da Classe "Cacine", 10.º Vol, 1999, Comissão Cultural da Marinha; com a devida vénia, fotos do navio-patrulha “Cuanza” em http://www.marinha.pt e http://photobucket.com/images/NRP+Cuanza/; texto e foto do NM “Quanza” compilados a partir de “Paquetes Portugueses”, Luis Miguel Correia, Edições Inapa, 1992, em http://lmc-naviosportugueses.blogspot.com/


mls

02 fevereiro 2019

Marinha - NRP «Cacine» , também um navio-patrulha Reserva Naval


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 13 de Fevereiro de 2012)

Navios Reserva Naval - NRP «Cacine»




Na viragem do ano findo, 2011, o navio-patrulha «Cacine» atracado no cais do Funchal.


Os navios-patrulhas da classe “Cacine”, constituíram um dos tipos de navios cuja história se ligou de forma mais estreita à própria História da Reserva Naval, na sequência das anteriores LFG's «Argos» construídas entre 1963 e 1965.

Com projecto desenvolvido a partir da construção daquelas, foram fabricadas as mesmas dez unidades entre 1969 e 1973, chegou a colocar-se a ideia de substituição, mas foi rapidamente abandonada pela evolução dos conflitos além-mar e pelas sensíveis diferenças de construção finais.

Em boa verdade, de uma forma mais restrita e pragmática, foram utilizadas em missões operacionais no Continente e Ilhas, Cabo Verde, S. Tomé e Angola, já que a Guiné comportava riscos acrescidos, quer pelo aumento de seis metros no comprimento com que foram construídas quer pela ausência de protecções blindadas, condições que lhes retiravam capacidade de manobra e segurança, essenciais nas operações decorrentes em zonas de especial agressividade por parte das forças hostis de então.

Em Moçambique, o mar da costa oriental, de características marcadamente oceânicas mostrava-se com frequência pouco acessível a navios de pequeno porte, dificultando mesmo as missões de simples navegação costeira, condições já testadas anteriormente pelas irmãs mais velhas «Argos». Desta forma as incursões navais confinavam-se a jornadas de navegação até à foz do rio Rovuma, fronteira norte, usufruindo da beleza e protecção conferida pelos canais do arquipélago das ilhas Quirimbas, alternadas com prolongadas estadas em Porto Amélia.

Desde o lançamento à agua da primeira unidade construída, o NRP «Cacine», efectuado o respectivo aumento ao efectivo dos navios da Armada, em 6 de Maio de 1969, a guarnição daquela unidade naval comportava 33 elementos (3 oficiais, 6 sargentos e 24 praças), integrando praticamente em todas as guarnições um oficial da Reserva Naval.

A partir daquela data, após a largada para Angola, manteve-se permanentemente naquele teatro, salvo a viagem de ida na companhia da «Cunene» com escala pelas Canárias, Cabo Verde, Bissau e S. Tomé. Complementarmente, apenas efectuou duas curtas comissões em S. Tomé no segundo semestre de 1973, entre Agosto e Outubro daquele ano.




Funchal, final do ano de 2011 - Perspectiva da ponte do navio-patrulha «Cacine»

Com a irmã gémea «Mandovi», regressou a Portugal continental em 3 de Janeiro de 1975, escalando S. Tomé, S. Vicente, Gran Canária e Madeira. Atracaram na Base Naval de Lisboa no dia 25 do mesmo mês.

De então para cá mantém actividade operacional na área costeira de Portugal continental e Ilhas no desempenho de múltiplas tarefas que lhe são atribuídas de fiscalização, navio SA, apoio a populações e outras.

Até 1985, desempenharam as funções de comandantes daquela unidade naval, nove oficiais, todos dos Quadros Permanentes, sendo que no posto de primeiro-tenente oito oficiais e um no posto de Guarda-Marinha, promovido a segundo-tenente quase de seguida.

Até 1985 foram eles:

1TEN Ernesto Correia dos Santos, 06Mai69/14Jul71;
1TEN Carlos Alberto Martins da Rosa Garoupa, 02Ago71/13Ago73;
1TEN Manuel Maria de Meneses Pinto Machado, 13Ago73/17Abr75;
1TEN Tito João Abrantes Serras Simões, 17Abr75/09Fev77;
1TEN Rui Manuel de Sá Leal, 09Fev77/25Jun77;
GM Febo Oliveira Nuno Vargas de Matos, 25Jun77/10Out78;
2TEN Febo Oliveira Nuno Vargas de Matos, 10Out78 a 01Out79;
1TEN José J. P. Castro Centeno, 24Set80 a 12Fev82; 08Set83/04Mai84, 15Jun84/06Jul84;
1TEN João Pedro Felícia Moreira, 12Fev82/08Set83;
1TEN Humberto Armando Carvalho Sá Gomes, 27Jul84/10Mar85;

Até 1975 quatro oficiais da Reserva Naval integraram a guarnição daquele navio-patrulha, conforme já relatado anteriormente:

2TEN RN José Maria Palma Nobre Franco, 13.º CFORN, desde 07Mai69/??;
2TEN RN Carlos Augusto Mendes Alves, 17.º CFORN , desde 03Mai71/??;
2TEN RN João Manuel da Silveira Malheiro Távora, 22.º CFORN, desde 16Out73*;
2TEN TE RN Vasco de Melo, 25.º CFORN, desde 21Mai75/??;

* Substituiu com urgência, em 16Out73, o 2TEN RN Armando Henrique Prazeres Machado, do 21.º CFORN que foi nomeado para desempenhar as funções de docente da cadeira de Matemática na Escola Naval - informação fornecida pelo Comandante Manuel Pinto Machado que, à data, desempenhava as funções de comandante do navio-patrulha «Cacine».



Funchal, 2011 - O navio-patrulha «Cacine» de um outro ângulo

Certamente que, na continuação do acima relatado, outros oficiais da Reserva Naval ali terão prestado serviço, entre 1975 e 1992, carecendo o tema de adequada pesquisa e recolha de informação, tornada mais complexa pela dificuldade acrescida de consulta de movimentos de oficiais.

Pelo menos até 1992, ano em que foi "extinta" a Reserva Naval, quando foi considerado que os oficiais de RV e RC não disporiam, em condições normais de formação, conhecimentos suficientes para o desempenho de algumas das funções exigidas em unidades navais.

No final do ano findo, 2011, o navio-patrulha «Cacine» foi encontrado por um fotógrafo curioso atracado no Funchal em mais uma das comissões de que estava incumbido.

Constava então «à boca fechada» que seria o último navio daquela classe a ser abatido estando em estudo a possibilidade de levar por diante um projecto para o manter como museu vivo, em seco, aventando-se a área do Museu de Marinha como possível "cais" de acostagem final.

Afinal, assim não veio verificar-se. Em 6 de Julho de 2017, na Base Naval do Alfeite, o navio-patrulha «Cacine» arriou os distintivos nacionais do navio-patrulha após 48 anos ao serviço da Marinha, passando ao estado de desarmamento.

Tal como se relata em:


Ao serviço dos portugueses e da Marinha Portuguesa o navio-patrulha «Cacine» navegou mais de 38.000 horas de navegação, tendo percorrido em milhas náuticas o equivalente a 14 voltas ao mundo.




Fontes:
Texto do autor compilado a partir de "Setenta e Cinco Anos No Mar, Navios-Patrulhas da Classe «Cacine», 10.º Vol, 1999, Comissão Cultural da Marinha; fotos cedidas por Dr. Carlos Silva, Furriel Mil, CCaç 2548


mls