19 março 2019

LFP «Saturno», 1965 - Memórias Reserva Naval


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 10 de Abril de 2012)


LFP «Saturno», 1965 - Placa de construção dos Estaleiros Navais do Mondego





Algures no tempo, no final dos anos '60 e início dos anos '70, a LFP «Saturno» atracada no cais da Base Naval de Metangula, Lago Niassa, instalada pela Marinha Portuguesa e onde operavam as forças navais.

A vila de Metangula é hoje a sede do distrito moçambicano do Lago, na província do Niassa. Administrativamente, Metangula é um município com um governo local eleito.

A vila, de acordo com o Censo de 1997, tinha uma população de 6.852 habitantes.

O primeiro estabelecimento português em Metangula foi um posto militar, construído em 1900, no contexto dos esforços portugueses para ocupar a margem oriental do Lago Niassa.

Em Dezembro de 1963 a denominação da vila foi alterada, para Augusto Cardoso, por portaria do governo do Estado Novo, revertendo para o nome original depois da independência nacional. Mesmo enquanto durou o conflito armado, a base foi sempre mais correntemente conhecida como Base Naval de Metangula.

Em 1999, com o apoio da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval, foi levada a cabo, de 11 a 20 de Maio daquele ano, uma "Viagem a Moçambique" denominada "Missão Metangula 1999", organizada pelo antigo 2TEN MN RN (Médico Naval da Reserva Naval) Prof. Dr. Ricardo Migães de Campos do 11.º CFORN que, de 1968 a 1970, ali tinha prestado serviço como clínico, enquanto ao serviço da Marinha de Guerra Portuguesa, quer no Comando de Defesa Marítima dos Portos do Lago Niassa quer na Companhia de Fuzileiros n.º 4.

Dos oito oficiais que comandaram a LFP «Saturno» entre 29 de Julho de 1965, data em que foi aumentada ao efectivo dos navios da Armada, e 31 de Março de 1975, data do seu abate, seis foram oficiais da Reserva Naval e os restantes dois dos Quadros Permanentes.

Mais elementos sobre estes temas em:





Fontes:
Texto e imagens de arquivo do autor do blogue; https://pt.wikipedia.org/wiki/Metangula; registo fotográfico da LFP «Saturno» por amável cedência, com indicação de autor desconhecido;


mls

17 março 2019

NRP “Baptista de Andrade” - F 486


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 29 de Março de 2012)

Breve apontamento de memória histórica da corveta «Baptista de Andrade» F 486

Nota:

O Vice-Almirante José Baptista de Andrade, patrono da corveta «Baptista de Andrade» empreendeu em 1885 uma série de brilhantes campanhas em Angola para subjugar revoltas de vários sobas indígenas. Em 1873, tendo sido nomeado governador de Angola, pacificou a Província, aquando da revolta dos Dembos. Em 1890 foi nomeado Comandante Geral da Armada e, em 1892, vice-presidente do Conselho do Almirantado.





Em 14 de Novembro de 2014 a Marinha publicava oficialmente no Facebook:

A corveta Baptista de Andrade faz hoje 40 anos que entrou ao serviço da Marinha.
Cerca de 50 mil horas navegadas, mais de 600 mil milhas percorridas e muitas histórias para contar enchem estas 4 décadas da vida do navio ao serviço de Portugal.
À actual guarnição que se encontra em missão nos Açores, e antigas guarnições muitos parabéns.
Deixe também a sua mensagem nesta data tão especial para o NRP Baptista de Andrade.




Não pretende este pequeno retalho histórico ser um tratado sobre a corveta «Baptista de Andrade», mas apenas um pequeno apontamento ocasional de uma unidade naval que deu o nome a uma classe de corvetas a que pertenceram igualmente as corvetas «João Roby, «Afonso Cerqueira» e «Oliveira e Carmo».

Ainda que na data de publicação original ainda estivesse ao serviço dos navios da Armada, nesta data já foi abatida, sendo que a única desta classe que continua ao serviço nesta data é a «João Roby».

Sobre a corveta «Baptista de Andrade» F 486 que, ao tempo, ainda integrava o dispositivo naval da Marinha de Guerra Portuguesa podem assinalar-se algumas curiosidades, de parte do historial daquela unidade naval, ao longo dos mais de 40 anos de vida operacional:

Foi construída nos estaleiros da Empresa Nacional Bazan de Construcciones Navales Militares, em Cartagena, segundo o projecto português, modificado, das corvetas da classe «João Coutinho». Em 16 de Março de 1973 efectuou-se em Cartagena o lançamento à água, tendo sido aumentada ao efectivo dos navios da Armada em 19 de Novembro de 1974.




Depois de completada a construção, armamento, equipamento e provas diversas, o navio entrou em Lisboa, pela primeira vez, em 20 de Dezembro do mesmo ano.

Deslocou-se a bordo o então Chefe do Estado-Maior da Armada, Vice-Almirante Pinheiro de Azevedo, mais tarde Primeiro-ministro. Foi recebido a bordo pelo Comandante Naval do Continente, Comodoro Molarinho do Carmo, pelo Director das Construções Navais, Comodoro ECN Rogério de Oliveira e pelo CTEN Contreras de Passos, nomeado para comandar aquela unidade naval.

Depois de algumas curtas missões na costa portuguesa partiu em 3 de Março de 1975 para uma comissão em Cabo Verde, então em processo de descolonização, onde permaneceu durante cerca de cinco meses.

Em 5 de Julho de 1975, data da independência de Cabo Verde, largou com destino a Lisboa na companhia da fragata «Comandante Roberto Ivens», da corveta «Augusto Castilho» e da LDG «Bombarda» tendo embarcado nas quatro unidades todo o pessoal da Armada que prestava serviço naquela antiga Província portuguesa, nomeadamente Comando Naval, Repartição dos Serviços de Marinha, Oficinas Navais de S. Vicente e também elementos do Pelotão de Fuzileiros n.º 2. Atracaram na Base Naval de Lisboa no dia 9 seguinte.

Nesse mesmo ano ainda cumpriu uma missão nos Açores e outra em Portsmouth.




Em 1979 visitou a Alemanha e a Holanda durante uma viagem de instrução de cadetes e, em Janeiro de 1980, apoiou as populações das ilhas Terceira e S. Jorge por ocasião do violento sismo que abalou as ilhas do grupo central açoriano.

Desde então tem desempenhado as mais variadas missões, incluindo patrulha, fiscalização, apoio e salvamento na área costeira de Portugal continental e ilhas, com comissões nos Açores e Madeira, bem como diversas participações em exercícios navais, viagens de instrução e outros.

De entre as suas principais missões destaca-se a operação "Sharp Vigilance” no mar Adriático, em Setembro de 1992, integrando as forças da UEO e, no final desse ano, a participação na operação “Cruzeiro do Sul”, em que permaneceu durante cerca de dois meses no Atlântico Sul, por ocasião de graves perturbações internas verificadas na cidade de Luanda.

São desta unidade naval os recentes registos fotográficos efectuados, fundeada e a navegar em Cascais, onde alguns oficiais da Reserva Naval ainda prestaram serviço. Registos fotográficos de situação geográfica privilegiada que me permitiram este pequeno apontamento.

Alguns comentários efectuados por familiares do patrono da corveta e o facto de as imagens me terem sido cedidos por um camarada da Reserva Naval do meu 8.º CEORN, além de ombrearmos na Guiné durante dois anos, ele como comandante da LFP «Deneb», ao logo dos mais de 50 anos decorridos se manteve sempre como intransigente amigo pessoal, personalidade pessoal vincada, nunca confundindo amizade com favores ou preferências.

Até um dia destes Mio!


Fontes:
“Dicionário de Navios”, Adelino Rodrigues da Costa, Edições Culturais da Marinha, 2006; “Setenta e Cinco Anos No Mar”, 8.º Vol, Comisão Cultural da Marinha, 1993; imagens gentilmente cedidas por Karen Lima de Freitas, 2012; imagem final com a devida vénia em https://www.facebook.com/MarinhaPortuguesa/photos/a-corveta-baptista-de-andrade-faz-hoje-40-anos-que-entrou-ao-servi%C3%A7o-da-marinhac/850465698307948/
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mls

12 março 2019

Rio Zambeze, leste de Angola - A LDP 208 no Chilombo em 1971/1973


Angola, 1971/1973 - LDP 208 no rio Zambeze, Chilombo





Contradição

No rio Zambeze, Chilombo, no leste de Angola, 1971/73, um fuzileiro, integrado na guarnição da LDP 208 - Lancha de Desembarque Pequena, encostado no reduto da peça, num inspirado momento de lazer, ensaia uns acordes de guitarra, alheado do local onde pratica.

Nem sempre era assim. A paz aparente podia ser bruscamente interrompida por uma emboscada ocasional da margem. O ameaçador cano da metralhadora anti-aérea de 20 mm e duas espingardas automáticas G3 encostadas ao fundo, são disso testemunho.

Participação instrumental e música passavam a ser outras...





Em cima, o "kimbo" em primeiro plano, o aquartelamento dos fuzileiros do Chilombo
em segundo plano e o rio Zambeze ao fundo.
Em baixo, no rio Zambeze, um grupo de botes com fuzileiros, em fiscalização e patrulha




Fontes:
Texto do autor compilado com imagens cedidas por José Manuel Dias da Silva (CMG FZ);


mls