Reserva Naval em Porto Amélia - Pemba
Post reformulado a partir de outro já publicado em 20090615
Em 23 de Julho de 2005, por ocasião do 10.º Aniversário da AORN – Associação dos Oficiais da Reserva Naval, na sessão comemorativa havida na Academia de Marinha, o Comandante Adelino Rodrigues da Costa proferiu uma intervenção intitulada “A Marinha e a Reserva Naval, uma aliança que perdura” e a propósito da sua ida para Moçambique, em 1966, como Imediato da LDG «Cimitarra», afirmava a dado passo:
“...O nosso destino era o norte de Moçambique, que não fazia parte da nossa informação escolar. Era uma região paisagística e culturalmente muito rica, devido à beleza das suas águas azuis e das suas ilhas de coral – as Quirimbas – mas devido também às suas marcadas influências árabes e hindus, ao seu passado de grande protagonismo na “história trágico-marítima” e no tráfico da escravatura. A pequena cidade de Porto Amélia, a capital de Cabo Delgado, era a nossa base.
Entre a meia dúzia de oficiais da Marinha que se lá se encontravam em permanência, havia dois da Reserva Naval com quem muito convivi: um deles tratava-me da saúde e o outro pagava-me o salário.
Com esses amigos e hoje compadres, partilhei episódios que, desde há quase 40 anos, sabemos de cor e repetimos em cada encontro, mas que revivemos sempre com a mesma satisfação, como se fosse a primeira vez. Como residentes tínhamos um certo estatuto social na terra, o que não sucedia com muitos outros oficiais, sobretudo fuzileiros, que normalmente passavam apenas alguns meses em Porto Amélia, em rotação com os fuzileiros do Lago Niassa. Para esses homens a situação era ainda mais difícil, não apenas por maiores dificuldades de inserção social por estarem de passagem, mas também porque tinham as suas operações, frequentemente no temível planalto dos Macondes, na serra Mapé e na área de Mueda – nomes muito simbólicos das campanhas militares do norte de Moçambique...”
Nessa sua linguagem metafórica, salvaguardando o estado de saúde, ao tempo “em excelente forma”, e o “pagamento de salário”, normalmente efectuado aqui na Metrópole pela via administrativa, o Comandante Adelino Rodrigues da Costa referia dois oficiais da Reserva Naval, o 2TEN MN RN Fernando Jorge de Mendonça Lima e o 2TEN AN RN Luis António de Almeida Palma Féria, ambos do 9.º CFORN, que desde 1967 desempenhavam as funçõs de Chefe dos Serviços de Saúde e Chefe dos Serviços de Abastecimento do Comando de Defesa Marítima de Porto Amélia, respectivamente.
Embora alguns oficiais fuzileiros tivessem passado antes por Porto Amélia, estes foram os primeiros oficiais RN que foram colocados naquele Comando da Defesa Marítima, cuja jurisdição se estendia por mais de duas centenas de milhas até à fronteira com a Tanzânia.
Instalações oficinais do Comando de Defesa Marítima de Porto Amélia.
“...O nosso destino era o norte de Moçambique, que não fazia parte da nossa informação escolar. Era uma região paisagística e culturalmente muito rica, devido à beleza das suas águas azuis e das suas ilhas de coral – as Quirimbas – mas devido também às suas marcadas influências árabes e hindus, ao seu passado de grande protagonismo na “história trágico-marítima” e no tráfico da escravatura. A pequena cidade de Porto Amélia, a capital de Cabo Delgado, era a nossa base.
Entre a meia dúzia de oficiais da Marinha que se lá se encontravam em permanência, havia dois da Reserva Naval com quem muito convivi: um deles tratava-me da saúde e o outro pagava-me o salário.
Com esses amigos e hoje compadres, partilhei episódios que, desde há quase 40 anos, sabemos de cor e repetimos em cada encontro, mas que revivemos sempre com a mesma satisfação, como se fosse a primeira vez. Como residentes tínhamos um certo estatuto social na terra, o que não sucedia com muitos outros oficiais, sobretudo fuzileiros, que normalmente passavam apenas alguns meses em Porto Amélia, em rotação com os fuzileiros do Lago Niassa. Para esses homens a situação era ainda mais difícil, não apenas por maiores dificuldades de inserção social por estarem de passagem, mas também porque tinham as suas operações, frequentemente no temível planalto dos Macondes, na serra Mapé e na área de Mueda – nomes muito simbólicos das campanhas militares do norte de Moçambique...”
Porto Amélia, 1967 - O 2TEN MN RN Mendonça Lima e o 2TEN Rodrigues da Costa em equipamento dominical, provavelmente antecipando uma refeição no "café da terra".
Nessa sua linguagem metafórica, salvaguardando o estado de saúde, ao tempo “em excelente forma”, e o “pagamento de salário”, normalmente efectuado aqui na Metrópole pela via administrativa, o Comandante Adelino Rodrigues da Costa referia dois oficiais da Reserva Naval, o 2TEN MN RN Fernando Jorge de Mendonça Lima e o 2TEN AN RN Luis António de Almeida Palma Féria, ambos do 9.º CFORN, que desde 1967 desempenhavam as funçõs de Chefe dos Serviços de Saúde e Chefe dos Serviços de Abastecimento do Comando de Defesa Marítima de Porto Amélia, respectivamente.
Embora alguns oficiais fuzileiros tivessem passado antes por Porto Amélia, estes foram os primeiros oficiais RN que foram colocados naquele Comando da Defesa Marítima, cuja jurisdição se estendia por mais de duas centenas de milhas até à fronteira com a Tanzânia.
Apoiados na porta da LDG «Cimitarra», os 2TEN Rodrigues da Costa e 2TEN AN RN Luis Palma Féria saboreiam a limpidez e os 25 ou 26 graus de temperatura das águas do arquipélago das Quirimbas.
Muitos outros oficiais, dos Quadros Permanentes e da Reserva Naval prestaram serviço ou desempenharam missões naquele Comando de Defesa Marítima, assunto que abordaremos no post seguinte.
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