29 junho 2020

23.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, Ago1973


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 14 de Novembro de 2010)





Fontes:
Texto do autor do blogue, compilado a partir de: Anuário da Reserva Naval, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992; Dicionário de Navios & Relação de Efemérides, Adelino Rodrigues da Costa, Comissão Culturtal de Marinha, 2006; Fuzileiros – Factos e Feitos na Guerra de África, 1961/1974, Luis Sanches de Baêna, Comissão Cultural de Marinha, 2006; apontamentos e fotografia de curso cedidos pelo CMG FZE José da Conceição Gois, do 23º CFORN, que mais tarde ingressou nos Quadros Permanentes; Arquivo de Marinha, Revista da Armada e cedências pessoais de origens diversas;


mls

26 junho 2020

Marinha condecora «AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval» com Medalha Naval de Vasco da Gama

Esta publicação respeita integralmente no texto a cerimónia levada a cabo em 20 de Maio de 2001, incluindo a data de realização.






Fontes:
Texto compilado da revista n.º 13 da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval, publicada em Dezembro de 2001 no artigo «Condecoração da AORN»; fotos do espólio pessoal do autor do blogue;


mls

23 junho 2020

22.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, Fev1973


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 20 de Outubro de 2010)



Listagem completa do 22.º CFORN.


Foi o primeiro curso realizado no ano de 1973 que, a exemplo de anos anteriores, seria assinalado pela incorporação de dois cursos de formação de oficiais da Reserva Naval.




2TEN RN Artur Augusto Leal Mimoso – LFP «Alvor»
e 2TEN RN José Carlos Faria da Conceição – LFP «Aljezur»


O despacho Ministerial n.º 63 de 23 de Maio de 1972, relativo aos Cursos e Instruções para Oficiais, Cadetes, Sargentos e Praças para o Ano Escolar de 1972/73, estabelecia as bases de recrutamento para os 22.º e 23.º CFORN - Cursos de Formação de Oficiais da Reserva Naval, prevendo a incorporação de 181 cadetes.

Entretanto, fora modificado o regime de promoções dos Aspirantes RN designados para prestar serviço nas províncias ultramarinas em comissões de duração superior a um ano. Até então, os Aspirantes eram promovidos a Subtenente na data de embarque para o Ultramar, mas com o 22.º CFORN essa promoção foi substituída pela graduação.

O 22.º CFORN foi alistado em 22 de Fevereiro de 1973 e concluiu-se a 26 de Setembro de 1973. Foram incorporados 100 cadetes assim distribuídos pelas várias classes: 40 cadetes na classe de Marinha, 25 cadetes na classe de Fuzileiros e 35 cadetes na classe de Técnicos Especialistas. De notar neste curso a ausência de todas as outras classes.

Comandava a Escola Naval o Contra-Almirante José Augusto Barahona Fernandes e foi Director de Instrução o Capitão de Mar-e-Guerra Eugénio Eduardo da Silva Gameiro.




O Contra-Almirante José Augusto Barahona Fernandes, Comandante da Escola Naval
e o Capitão de Mar-e-Guerra Eugénio Eduardo da Silva Gameiro, Director de Instrução


No final do período de instrução, o Prémio “Reserva Naval” foi entregue ao cadete da classe de Técnicos Especialistas, Luis Henrique Martins Borges de Almeida. Este prémio destinava-se a galardoar o aluno com classificação mais elevada no conjunto da frequência escolar e da apreciação de carácter militar.




O cadete RN TE Luis Henriques Martins Borges de Almeida, Prémio Reserva Naval

Durante o ano de 1973 manteve-se o plano de modernização da Marinha, ainda que se tenha mantido, de forma quase inalterada, o dispositivo de navios da Armada. Foram aumentados ao efectivo os navios-patrulha «Limpopo» e «Save» e, já em 1974, vieram ainda reforçar aquele efectivo as LF «Açor», LF «Andorinha» e LF «Albatroz».




A Lancha de Fiscalização «Albatroz» atracada com outros navios na Base Naval de Lisboa

No decorrer do mesmo ano de 1973, foram abatidos ao efectivo dos navios da Armada a fragata «Vasco da Gama», draga-minas «Pico» e corveta «Cacheu». Já em 1974, com a retracção do dispositivo naval, também como consequência do final da Guerra do Ultramar, seguiram idêntico destino os draga-minas «Corvo», «Angra do Heroísmo», «S.Jorge», «Graciosa», «Ponta Delgada» e «S. Pedro», a LDG «Montante», as LFP «Bellatrix» e LFP «Regulus», o submersível «Narval», o navio-patrulha «Porto Santo» e as LFG «Sagitário» e «Cassiopeia».

Muitos oficiais da Reserva Naval desempenharam missões e viriam ainda a fazê-lo neste tipo de navios, quer nos entretanto abatidos quer nos aumentados ao efectivo, todos eles tendo representando um papel relevante na História da Reserva Naval.

Ainda se manteve a mobilização de parte dos elementos deste curso como Comandantes, Oficiais Imediatos de navios e Oficiais de Guarnição. No entanto, na classe de Fuzileiros, por virtude do final dos conflitos em África, houve uma significativa redução, tendo sido até esta data o curso em que maior número de oficiais permaneceu no Continente.

Foram designados para prestar serviço em África, ou Continente e Ilhas, os seguintes oficiais:



Guiné (9 Oficiais):

2TEN RN Ângelo Mariano Vasconcelos Gaspar Teixeira, Comando de Defesa Marítima da Guiné;
2TEN RN António Manuel Mendonça Guerreiro, navio-patrulha «Quanza»;
2TEN RN António Carlos de Oliveira Ferreira, LFG «Cassiopeia»;
2TEN RN José Carlos Faria da Conceição, LFP «Aljezur»;
2TEN FZE RN António Aurélio de Castro Moreira, DFE 22;
2TEN FZE RN António José Ferreira Simões Vieira, DFE 12;
2TEN FZE RN José Manuel Simões Rodrigues de Castro, DFE 1;
2TEN FZE RN José Manuel Carrajola Horta, DFE 5;
2TEN TE RN José Alfredo Lopes Ribeiro Gonçalves, Gabinete do Comandante-Chefe da Guiné;




Instalações Navais de Bissau - Serviço de Saúde

Pelas 22:30 horas do dia 20 de Janeiro de 1973, Amílcar Cabral é assassinado à porta da sua residência em Conakry, num crime atribuído “convenientemente” à PIDE/DGS por uma opinião pública internacional acicatada pelos países africanos. Aristides Pereira assume funções como chefe interino do PAIGC.

No mês de Março surgem no teatro de operações da Guiné os mísseis terra-ar Strella os quais, tendo como alvo as aeronaves, surtem um tremendo efeito negativo na FAP e, consequentemente, nas operações militares.

A 25 de Março foi abatido um Fiat G-91 no Cantanhês, pilotado pelo TEN Miguel Cardoso Pessoa que se ejectou com sucesso e, três dias depois, na região de Madina do Boé uma parelha de Fiats G-91 é atacada com arma desconhecida. Um dos pilotos, 2º Comandante da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné, TCOR Fernando Almeida Brito ao picar para tentar identificar o alvo foi atingido, ficando desfeito e morrendo o piloto. O seu asa conseguiu regressar à base.




Serviço de Assistência Oficinal em Bissau - O lançamento de uma lancha à agua vendo-se,
ao lado, uma LFP no plano inclinado


Na primeira semana de Abril um T6 é abatido por um míssil Strella e despenhou-se causando a morte ao piloto. No dia 6 é novamente abatido um DO 27 onde o Major Mariz Martins, comandante do COP 3, efectuava um reconhecimento visual (RVIS), não havendo sobreviventes.

Em 8 de Maio é iniciada pelo PAIGC uma violenta ofensiva contra Guidage, junto à fronteira do Senegal. Em 11 de Maio grupos de combate dos DFE 1 e DFE 4 são enviados para o reforço da defesa daquele aquartelamento, sofrendo uma baixa no dia 13.

No dia 18 de Maio, comandado por João Bernardo “Nino” Vieira o inimigo desencadeia uma violenta ofensiva contra Guileje, localidade no sul da Guiné que, situada num ponto vital da rota de abastecimento do PAIGC, sem acesso por via fluvial, ficava completamente isolada.




Bolama - Centro de Preparação de Fuzileiros

De 18 a 22 de Julho decorre o 2.º Congreso do PAIGC que fez a revisão geral dos estatutos elegendo Aristides Pereira como secretário-geral afirmando ser intenção do PAIGC proclamar a independência, constituir um governo e criar estruturas administrativas.

Em 6 de Agosto, o General Spínola regressa à Metrópole e é exonerado do seu Comando, sendo substituído a 28 do mesmo mês pelo general Bettencourt Rodrigues como Governador-Geral e Comandante-Chefe.

No mês de Outubro, mais uma vez os aliados americanos jogam a sua cartada no cenário internacional. O Senado proíbe a Administração de conceder a Portugal qualquer ajuda que permita a manutenção do “Regime Colonial”. Por sua vez, nesse mesmo mês, o Governo Português concede autorização aos EUA para utilizarem a Base das Lajes, nos Açores, como escala de apoio a Israel na guerra do Yom Kippur.




Bolama - Messe dos Oficiais do DFE 22

Em Dezembro já a confiança nos aéreos se tinha restabelecido e, conhecida a estratégia a utilizar para minimizar o efeito dos mísseis Strella, recomeçaram os voos com alguma normalidade, embora com redobrados cuidados.

No princípio de 1974, da Conferência Afro-Árabe sobre petróleo sobressai a resolução que proíbe o acesso aos portos dos países árabes de navios que transportem petróleo destinado à África do Sul, Rodésia e Portugal.

Já então se começavam a processar com dificuldade as rendições das Unidades no Ultramar devido, por um lado, ao prolongamento excessivo de uma guerra em que alguns militares contavam já com três ou quatro comissões e, por outro lado, à escassez de recursos materiais e humanos.

O conflito agudiza-se. No início de Março as minas voltam a fazer estragos no rio Cumbijã. No porto de Cufar interior, local onde geralmente ficavam os batelões sem guarda por estarem próximo do aquartelamento, o batelão dos combustíveis foi pelos ares, na altura em que se encontravam vários trabalhadores a bordo, morrendo 20 a 30 estivadores a explosão.




Cubisseco - Abrigo de morteiro na Tabanca Nova

Em Abril os combates travavam-se com violência de forma generalizada, recorrendo o inimigo a métodos cada vez mais imaginativos e letais com baixas nas nossas forças. No rio Cacheu o PAIGC redobrava esforços para conseguir com êxito as cambanças do Sambuiá para sul mas os fuzileiros, com base em Ganturé opunham-se sistematicamente ao abastecimento por essa via.

Nesse mês nos dias 19 e 22 as patrulhas de botes do DFE 1 são violentamente emboscadas nas clareiras de Jagali e Leto, sofrendo um morto e três feridos graves. Foi o último fuzileiro a morrer em combate no Ultramar, vítima de uma granada de RPG7.

No dia 25 de Abril o levantamento militar na Metrópole depõe o regime do Estado Novo originando também grande confusão nos militares que se mantinham em campanha com reacções diversas. Embora com abrandamento a guerra mantem-se e em Junho inicia-se a retracção das forças no terreno.

Em Bissau são reforçadas as forças de vigilância e segurança. Em 25 de Agosto, são desactivadas as Unidades de Fuzileiros que se encontravam em Bolama, os DFE 21, DFE 22 e DFE 23 que, depois de formados, apenas entregaram o armamento distribuído com instruções directas do respectivo comando, sendo de todo ineficaz a tentativa de contacto por um representante do PAIGC que ali se encontrava para o efeito.




LFG «Orion» a navegar no rio Cacheu, sendo visíveis apontador e municiador da peça Bofors de vante

Assinaladas algumas contradições nas entregas dos diversos aquartelamentios ao PAIGC. No sul, em Jemberém, Cameconde, Gadamael e por fim Cacine, com guarda de honra em formatura mista, a toque de clarim do exército, procede-se à cerimónia do arriar da Bandeira Nacional e ao içar da Bandeira do PAIGC.

Em Vila Cacheu, o comandante do DFE 4, 2TEN FZE RN Pedro Henrique Malheiro Ribas de Meneses, oficial da Reserva Naval do 16.º CFORN, excelente oficial, magnífico operacional e grande patriota, evitando o enxovalho a que estavam a ser sujeitas as Forças Armadas, após ter embarcado nas viaturas todo o material, forma o Destacamento e com as honras do estilo, manda arriar pela última vez a Bandeira Nacional e, de seguida, manda derrubar o mastro, já que onde esteve içada a Bandeira Portuguesa mais nenhuma haveria de subir.

De seguida deu ordens ao pessoal para embarcar, não aguardando sequer que alguém do PAIGC se apresentasse a reclamar a posse das instalações antes de serem abandonadas.

Em 10 de Setembro Portugal reconhece legalmente a Guiné-Bissau como Estado soberano e a 30 de Outubro regressa a Portugal o DFE 5 a última Unidade de Fuzileiros na Guiné.




Novembro de 1972 - Porta de Armas do aquartelamento da Vila de Farim



Cabo Verde (6 Oficiais):

2TEN RN Álvaro Eduardo Osório de Meneses Bastos, corveta «António Enes»;
2TEN RN António Manuel Vinagre Alfaiate, navio-hidrográfico «Schultz Xavier»;
2TEN RN João Rodrigues Oliveira, LF «Dom Aleixo»;
2TEN RN Jorge Manuel Mesquita Gaspar de Barros, Comando Naval de Cabo Verde;
2TEN RN José Manuel de Lemos Gonçalves da Costa, navio-patrulha «Zambeze»;
2TEN RN José Miguel de Azambuja Cardoso Ayres, corveta «Augusto Castilho;




A corveta «António Enes» em Cabo Verde



Angola (9 Oficiais):

2TEN RN António Fernando de Brito Castilho Dias, navio-patrulha «Rovuma»;
2TEN RN Emílio Manuel da Mata Pereira, navio-patrulha «Cunene»;
2TEN RN Francisco Manuel dos Santos Ferreira, fragata «Comandante Sacadura Cabral»;
2TEN RN Rui Alberto de Almeida Cavaca Marcos, fragata »Comandante Sacadura Cabral»;
2TEN RN João Manuel da Silveira Malheiro Távora, navio-patrulha «Cacine»;
2TEN RN José Gil Barreto Coucello, LFP «Vénus»;
2TEN RN José António Barreto de Almeida Barreiros, fragata «Comandante Roberto Ivens»;
2TEN RN Rui Manuel Macedo Ferreira Marques, fragata «Comandante Hermenegildo Capelo»;
2TEN FZ RN Manuel Monteiro da Costa, CF 1;




Angola - Os meandros do rio Cuito

No teatro de Angola, as acções armadas inimigas tinham vindo a diminuir francamente no ano de 1972 em relação ao ano anterior, salvo ligeiro crescimento no recurso à colocação de engenhos explosivos.

No enclave de Cabinda a situação encontrava-se calma, sem iniciativa de acções bélicas, o mesmo se passando tanto no norte como na frente leste. Somente o Cuango revelava ligeiro aumento de actividade.

O dia 2 de Junho de 1973 ficou assinalado por um brutal incidente que ficou assinalado como um trágico marco da guerra dos Fuzileiros, em geral, e da Reserva Naval em particular. Uma pequena coluna de duas viaturas que se deslocara do Chilombo à Lumbala para ir buscar correio, foi violentamente emboscada num percurso onde não havia histórico de actividades hostis.

A acção causou 3 mortos e um ferido aos fuzileiros do pelotão da CF 1 que se encontrava no Chilombo a apoiar o DFE 10. Um dos mortos, o STEN FZ RN António Bernardino Apolónio Piteira, oficial da Reserva Naval, do 18.º CFORN, foi o único oficial da Marinha de Guerra morto em combate durante os 13 anos da Guerra do Ultramar.

A ofensiva internacional contra Portugal e os países do sul de África, acentuava-se no final de 1973. O encerramento da 28.ª sessão da Assembleia Geral da ONU marcou pela posição anti-portuguesa, ao aceitar a alegada independência da Guiné como acto consumado e indiscutível, definindo Portugal como potência ocupante e ilegal.

O maior perigo real era o representado pelos engenhos explosivos que continuavam a causar estragos quando menos se esperava. A preocupação com o transporte de pessoal a longa distâncias constituía então uma preocupação permanente, já que a Marinha não dispunha de meios próprios.




A pista de aviação do Cuito - Canavale

O inimigo dava mostras de estar a ceder em todas as frentes. Em toda a região que constituía a Zona Militar Leste, até à última semana de Janeiro apenas tinha sido registada uma acção de fogo inimiga em reacção às forças militares portuguesas, duas acções de intimidação contra populações e a destruição de uma ponte pela UNITA.

Na última semana de Junho a actuação do IN era ainda mais reduzida não se detectando qualquer actividade na área de guerrilha da UNITA, registando-se o levantamento de quatro engenhos explosivos e o accionamento de outro na área de infiltração do MPLA.

No inicio de 1974, a animosidade contra Portugal manifestada pela comunidade internacional acentuava-se cada vez mais, espicaçada pelos países afro-asiáticos. Os países manifestavam ou um discreto apoio, uma neutralidade titubeante ou mesmo uma aberta rejeição à política portuguesa, como sucedeu com a generalidade dos povos escandinavos.

E 22 de Março, em Genebra, era adoptada uma proposta apresentada pelos Estados do Terceiro Mundo na 30.ª sessão da Comissão dos Direitos do Homem, no sentido de serem consideradas “as guerras contra a dominação estrangeira, guerras contra o colonialismo e racismo como guerras justas", tal como as guerras de autodeterminação.

Na mesma altura era aprovada na conferência da Organização Internacional do Trabalho, realizada em Conacry, uma resolução apontando para a expulsão de Portugal daquele organismo.




A Estação Radionaval de S. Tomé

Sucediam-se as greves e manifestações na oposição à guerra que, lentamente, ia crescendo nos meios operários e estudantis portugueses, de imediato utilizada como propaganda pelos movimentos pró-independentistas.

Em 15 de Abril de 1974, através da rádios, o MPLA difunde as suas mensagens afirmando que, em Lisboa, circulava clandestinamente um documento assinado pelo Movimento dos Capitães a preconizar uma solução política para a Guerra do Ultramar, uma vez que considera a vitória pelas armas impossível.

No dia 25 de Abril, um levantamento militar em Portugal degenerou numa revolução que, no escasso tempo de algumas horas, depôs o regime vigente e tomou conta do poder, elegendo uma Junta de Salvação Nacional como modo de assegurar o imediato controlo da Nação.

A Marinha seguia com atenta preocupação o evoluir da situação interna do território. generalizava-se a tendência para o desentendimento entre os movimentos emancipalistas com distúrbios em vários locais, especialmente em Luanda, e o apelo à continuação da luta armada até à total independência da Angola.

Entre Junho e Agosto, depois de uma larga sucessão de nomeações, substituições e negociações entre Forças Armadas, Comandante-Chefe e Movimentos, é nomeado um Alto-Comissário para as negociações. A Marinha começa a retrair o dispositivo no território mantendo a vigilância e guarda de instalações militares.

Em 15 de Outubro, depois da readmissão de Portugal na UNESCO em Setembro, são suspensas todas as operações contra elementos e grupos da FNLA e, a partir do dia 25 do mesmo mês, com a assinatura formal do acordo de cessação de hostilidades entre representantes portugueses e uma delegação do MPLA chefiada por Agostinho Neto, terminaram oficialmente as acções violentas dos movimentos emancipalistas em Angola.




Luanda - Instalações Navais da Ilha do Cabo

Daquela data para a frente retrair-se-ia progressivamente o dispositivo militar, embora continuassem a verificar-se elevado número de incidentes, roubos e distúrbios, por vezes envolvendo confrontos raciais. No final do ano vivia-se em Angola um enorme caos político e social.

No meio da confusão onde grassava a "organização desorganizada", a Marinha embora sujeita a pressões revolucionárias conseguiu manter a coesão interna numa prévia preparação para abandonar Angola.



Moçambique (13 Oficiais):

2TEN RN Luís Vasconcelos Fontoura Madureira, LFP «Vega»;
2TEN RN Luís Frederico de Sampaio Borges de Sousa, LFP «Júpiter»;
2TEN RN Paulo Jorge Gonçalves Bárcea, LFP «Sirius»;
2TEN RN Vicente Manuel de Castro Apolinário, LFP «Sabre»;
2TEN FZ RN António Pedro Queiroz Vendrell Santos, CF 10;
2TEN FZ RN Evangelista da Silva Coelho, CF 10;
2TEN FZ RN Francisco Maria Castel Branco Potes Cordovil, CF 10;
2TEN FZ RN João Sérgio dos Santos Cardoso, CF 10;
2TEN FZ RN João Manuel Machado Viegas Malheiro, CF 9;
2TEN FZE RN Joaquim dos Santos Pereira Costa, DFE 3;
2TEN FZE RN Miguel António Alcântara Pita, DFE 3;
2TEN FZE RN Leopoldo Maria Lemos da Cunha Matos, DFE 8;
2TEN FZE RN Rui Carlos Pereira da Fonseca Lopes, DFE 8;




Rio Zambeze - A LFP «Sabre»

Logo no início de 1973 a ONU anunciou que iria realizar em Oslo, entre 9 e 14 de Abril, uma conferência internacional sobre o colonialismo e o apartheid, no qual no qual iriam participar além de representantes dos órgãos pemanentes daquela organização, representantes de nove movimentos de libertação africanos, com enorme destaque na imprensa mundial. Simultaneamente, grupos anti-colonialistas e contra o apartheid, preparavam uma campanha com reuniões na Alemanha, Noruega, Holanda, Suiça e ainda em Londres.

No estrangeiro, continuavam a levantar-se cada vez mais vozes contra Portugal, quer por parte dos países quer mesmo por organizações não governamentais. Em Março, foi a Organização Internacional de Aeronáutica Civil que aprovou, em sessão relaizada na sua sede em Nova Iorque, uma moção que afastava Portugal das suas reuniões. A aprovação foi obtida por maioria com votos favoráveis dos países africanos e asiáticos, e os votos contrários dos EUA, Nova Zelândia e a maior parte dos países europeus.

Por esta altura, a Dinamarca, Finlândia e Suécia sugeriram a colocação de uma força militar à disposição da ONU, pronta a deslocar-se para qualquer parte do mundo. Em Moçambique fora também constituído o Comando da Defesa Marítima do Zambeze, para apoio ao dispositivo militar naval em operações na bacia do Zambeze e em especial na região de Tete.

A guerra em Moçambique continuava a desenrolar-se frente a um inimigo que evitava o confronto directo, optando preferencialmente por espalhar minas e armadilhas em tudo quanto era estrada ou itinerários. Apesar de muitas serem detectadas, levantadas ou destruídas continuavam ainda a ser responsáveis pela maioria das baxas que as nossas forças sofriam no teatro de operações.



Niassa - O Monte Tchifuli, fronteiro à Base Naval de Metangula

Os países da Liga Árabe reunidos numa conferência de alto nível em Argel decidem cortar todas as relações com Portugal, Rodésia, República da África do Sul e decretam o embargo do petróleo a estes países, ao mesmo tempo que aprovam o aumento da assistência financeira aos movimentos de libertação que lutam contra “os regimes colonialistas” em África.

Enquanto isso, a auto-proclamada República da Guiné-Bissau é reconhecida por 73 países; o Egipto pede a expulsão de Portugal da OIT; a OUA/ONU pressionam o Vaticano, pretendendo que a Santa Sé tome uma posição nitidamente desfavorável a Portugal.

No final de 1973 deixaram de ser avistados nas imediações do porto da Beira os navios de guerra ingleses empenhados no bloqueio àquele porto.

Em Abril, a revolução que estalou na Metrópole não teve efeitos imediatos em Moçambique onde, apesar do notório abrandamento, as operações continuaram até ser assinado o cessar-fogo, o que veio a suceder em 7 de Setembro em Lusaca, entre o Estado Português e a FRELIMO.

A confusão generalizada instala-se e, a Marinha, enquanto retrai o dispositivo no território, tem como preocupação manter a vigilância e segurança de instalações e população.

A 1 de Outubro o Comando Naval de Moçambique informa os comandos subordinados de que fora acordado o cessar-fogo a partir da meia-noite e um minuto do dia 8 de Setembro daquele ano.



Continente e Ilhas (60 Oficiais):

2TEN RN Abílio Simões de Oliveira Pinheiro, navio-patrulha «Save»;
2TEN RN Agostinho da Cunha Almeida, navio-hidrográfico «Almeida Carvalho»;
2TEN RN Nuno Manuel Casais Monteiro no navio-hidrográfico «Almeida Carvalho»;
2TEN RN Amílcar Gomes da Silva,fragata «Pêro Escobar»;
2TEN RN Valdemar Geraldo Taborda, fragata «Pêro Escobar»;
2TEN RN António Luís Carvalho de Matos e Silva, Estado-Maior da Armada;
2TEN RN Joaquim Manuel Teixeira Nunes Barata, Estado-Maior da Armada;
2TEN TE RN Joaquim José Coelho de Sousa Ribeiro, Estado-Maior da Armada;
2TEN TE RN Jorge Ferreira Sinde Monteiro, Estado-Maior da Armada;
2TEN RN António Ângelo Alves Roque Graça, Direcção do Serviço de Pessoal – 1.ª Rep.;
2TEN TE RN Jorge Manuel Correia Guerreiro na Direcção do Serviço de Pessoal – 1.ª Rep.;
2TEN RN Artur Augusto Leal Mimoso, Grupo N.º 2 de Escolas da Armada;
2TEN RN Norberto Veiga de Sousa Fernandes, Grupo N.º 2 de Escolas da Armada;
2TEN TE RN António Neves Duarte Teodoro, Grupo N.º 2 de Escolas da Armada;
2TEN TE RN Aníbal Pereira Dias, Grupo N.º 2 de Escolas da Armada (EAN);
2TEN TE RN Manuel António Rato Rolão Santos, Grupo N.º 2 de Escolas da Armada (EAN);
2TEN RN Carlos Manuel Miranda Correia, navio-patrulha «Boavista»;
2TEN RN Custódio Alexandre Rouxinol Miguens, LF «Cruzeiro do Sul»;
2TEN RN Eduardo Manuel Pontes Amaro, Escola Naval;
2TEN TE RN José António de Melo Pinto Ribeiro, Escola Naval;
2TEN RN Eduardo José Rebelo Ferreira, LF «Albatroz»;
2TEN RN Fernando Manuel Clavel Leite de Castro, draga-minas «Horta»;
2TEN RN José Abel Ferreira de Andrade, Grupo N.º 1 de Escolas da Armada;
2TEN RN Manuel Mário Correia de Almeida, Grupo N.º 1 de Escolas da Armada;
2TEN TE RN José Alberto Teixeira, Grupo N.º 1 de Escolas da Armada;
2TEN TE RN José Manuel Silva Ferreira da Costa, Grupo N.º 1 de Escolas da Armada;
2TEN TE RN Luís Manuel Vilela Pinto, Grupo N.º 1 de Escolas da Armada;
2TEN TE RN Paulo de Medeiros Enes Ferreira, Grupo N.º 1 de Escolas da Armada;
2TEN RN Manuel da Silva Rosa, draga-minas «Lajes»;
2TEN FZ RN António Humberto Baptista Dias, Escola de Fuzileiros;
2TEN FZ RN Carlos Joaquim Ovelheira dos Santos Barros, Escola de Fuzileiros;
2TEN FZ RN Carlos Manuel de Oliveira Alves, Escola de Fuzileiros;
2TEN FZ RN Jorge Filipe dos Santos Duarte, Escola de Fuzileiros;
2TEN FZ RN José Joaquim Ribeiro Andrade, Escola de Fuzileiros;
2TEN TE RN Jorge Manuel Fortes Camões Costa, Escola de Fuzileiros;
2TEN TE RN José Alexandre da Costa Parada Monteiro, Escola de Fuzileiros;
2TEN TE RN Victor Manuel da Gama Faria, Escola de Fuzileiros;
2TEN FZ RN Gabriel Caldas de Antas de Barros, Força de Fuzileiros do Continente;
2TEN FZ RN José Lopes da Cruz, Força de Fuzileiros do Continente;
2TEN FZ RN Luís Miguel Beltran Franco, Força de Fuzileiros do Continente;
2TEN TE RN José Alberto Mendes de Almeida, Força de Fuzileiros do Continente;
2TEN TE RN António Fernando Sousa da Silva, Instituto Hidrográfico;
2TEN TE RN António Manuel Carvalho Pinto, Instituto Hidrográfico;
2TEN TE RN Hugo João Reinhardt Beirão da Veiga, Instituto Hidrográfico;
2TEN TE RN José Emílio da Costa Cruces, Instituto Hidrográfico;
2TEN TE RN Luís Eduardo Lopes Pimentel, Instituto Hidrográfico;
2TEN TE RN António Amadeu Terra Ferreira Bastos, Chefia do Serviço de Justiça;
2TEN TE RN Augusto Afonso de Albuquerque, DSEC;
2TEN TE RN Joaquim Armando Ferreira da Silva Filipe, DSEC;
2TEN TE RN José Alberto Baptista de Allen Lima, DSEC;
2TEN TE RN Luís Henriques Martins Borges de Almeida, DSEC;
2TEN TEN RN Carlos Maria da Rocha Pinheiro Torres, DGS de Fomento Marítimo;
2TEN TE RN João Manuel Franqueira de Castro e Sousa, DGS de Fomento Marítimo;
2TEN TEN RN Edgar Manuel Fernandes Martins, Direcção do Serviço de Abastecimento;
2TEN TE RN João Manuel Jorge Sousa Jardim, Direcção das Construções Navais;
2TEN TE RN José Manuel da Luz Bravo Ferreira, Direcção do Serviço de Administração Naval;
2TEN TE RN Júlio António da Silva Appleton, Direcção de Infra-Estruturas Navais;
2TEN TE RN Licínio Catarino de Carvalho, Direcção de Infra-Estruturas Navais;
2TEN TE RN Luís Filipe Salgado de Matos, Ministério da Coordenação Interterritorial;
2TEN TE RN Miguel Camargo de Sousa Eiró, Direcção do Serviço de Pessoal – 1.ª Rep. (SGDN);




O navio-patrulha "Boavista".

Não foi possível determinar o paradeiro dos seguintes 3 Oficiais:

2TEN FZ RN Alberto Guilherme Pereira Pimentel Aguiar, Pelotão n.º 9 de Fuzileiros);
2TEN FZ RN Carlos Alberto Rocha Alves, Pelotão n.º 8 de Fuzileiros;
2TEN FZ RN Manuel Cirilo Rocha de Oliveira Cruz, Pelotão n.º 8 de Fuzileiros;

O 22.º CFORN, a partir de 25 de Abril de 1974, acompanhou todo o processo que se desenvolveu nos territórios ultramarinos, inclusivé porque muitos dos seus elementos eram Comandantes de unidades navais ou enquadravam unidades de fuzileiros.

Os oficiais pertencentes ao 22.º CFORN começaram a ser licenciados a partir de Setembro de 1975. Ingressaram nos Quadros Permanentes os seguintes oficiais:

2TEN FZ RN Jorge Filipe dos Santos Duarte;
2TEN FZ RN José Manuel Simões Rodrigues de Castro Elias;




Fontes:
Texto do autor do blogue, compilado a partir de: Anuário da Reserva Naval 1958-1975, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992; Dicionário de Navios e Outras Efemérides, Adelino Rodrigues da Costa, 2006; Fuzileiros – Factos e Feitos na Guerra de África, 1961/1974, Luis Sanches de Baêna, 2006; Fotos do Arquivo de Marinha, Revista da Armada e cedências pessoais de origens diversas;


mls

20 junho 2020

Marinha, Reserva Naval e Escola Naval - Sala «Reserva Naval»


Esta publicação respeita integralmente no texto a cerimónia levada a cabo em 25 de Maio de 2000, incluindo a data de realização.





Fontes:
Texto compilado da revista n.º 12 da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval, publicada em Dezembro de 2000 no artigo »Sala Reserva Naval»; fotos do espólio pessoal do autor do blogue com arranjo pessoal da imagem que encima este "post";


mls

18 junho 2020

O Almirante Sarmento Rodrigues e a Reserva Naval






Fontes:
Texto de autor do Eng.º Rogério Canas de Sousa Ferreira, Cadete decano da Reserva Naval do 1.º CEORN - Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval, publicado na Revista n.º 12 da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval de Dezembro de 2000;


mls

17 junho 2020

Almirante Sarmento Rodrigues


Recordando...

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 9 de Outubro de 2016)





Fonte:
Opinião DN
9 de Setembro de 2014
Miguel Félix António
Jurista/Gestor



Nos tempos conturbados que vivemos é com gosto que evoco a vida de um português de têmpera, do género de "antes quebrar que torcer", a quem o nosso país muito deve, designadamente, pelo papel central que teve, como político e militar mas também como doutrinador, na antiga África portuguesa.

Manoel Maria Sarmento Rodrigues nasceu em Freixo de Espada à Cinta em Junho de 1899 e morreu em Lisboa a 1 de Agosto de 1979, passaram agora 35 anos.

Uma das suas primeiras missões como Oficial de Marinha foi no República, acompanhando em 1922 a viagem aérea de Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

Em 1925-1926 é ajudante de campo do governador-geral do Estado Português da Índia e em 1928 secretário do ministro dos Negócios Estrangeiros.

Entre 1931 e 1935, já primeiro-tenente, em Moçambique - terra à qual ficaria indelevelmente ligado -, foi comandante dos portos de Chinde e de Quelimane. Entre 1941 e 1945, comanda o Lima, navio que teve papel central na busca e no salvamento de largas dezenas de passageiros de navios estrangeiros atacados pela marinha alemã, ao largo dos Açores, e que lhe valeu os maiores encómios dos governos inglês e norte-americano, o que muito contribuiu para densificar o seu prestígio nacional e internacional.

A 26 de Junho de 1945 é nomeado governador da Guiné, onde em 1947 realizou as comemorações do V Centenário do Descobrimento Marítimo daquele território, que tanto ajudou a desenvolver.

Regressado a Lisboa a seu pedido em 1948, desempenha funções no Estado-Maior Naval e é eleito em 1949 deputado à Assembleia Nacional pelo círculo de Moçambique.

Entre 2 de Agosto de 1950 e 7 de Julho de 1955, integrou o Governo de Portugal como ministro do Ultramar, tendo nesse âmbito adoptado uma ampla reforma da administração colonial portuguesa.

Em 1957 é promovido a comodoro (actual contra-almirante) e designado comandante da Escola Naval, funções que desempenha até 1961, tendo presidido à Comissão das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, no âmbito das quais foi edificado o Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa.

Por convite do novo ministro do Ultramar, é nomeado em 1961, já com o posto de contra-almirante (actual vice-almirante), governador-geral de Moçambique, cargo que desempenha até 1964 e do qual se demite por algumas propostas que considerava vitais para a consolidação do espaço lusíada não terem tido acolhimento no Governo.

Em Março de 1969 é um dos fundadores do Grupo de Estudos de História Marítima que esteve na génese da Academia de Marinha, de que seria o seu primeiro presidente quando da sua criação em Dezembro de 1978.

Foi autor de uma vasta obra sobre assuntos navais, de defesa e de administração colonial, nas quais mostrou que, a par da espada, era também um exímio manejador das letras.

Casado com uma sobrinha de Guerra Junqueiro, deixou um expressivo lote de descendentes, em quantidade e qualidade, como é o caso do actual presidente da Direcção Nacional da Liga Portuguesa contra o Cancro, o seu neto Francisco Cavaleiro de Ferreira.

Como escreveu Adriano Moreira, tratou-se de alguém "com uma firmeza de princípios que não dobram às conveniências", "sem a menção do qual não é possível escrever a história portuguesa, designadamente dos estados de língua portuguesa que ajudou a definir", e a quem bem se terá aplicado a célebre frase: "Mal com el-rei por amor-dos-homens, mal com os homens por amor de el-rei."




mls

16 junho 2020

21.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, Ago1972


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 14 de Setembro de 2010/26 de Março de 2018)



Listagem completa do 21.º CFORN.




Escola Naval – Juramento de Bandeira do 21.º CFORN.


Foi o segundo curso realizado no ano de 1972 que, a exemplo de anos anteriores foi assinalado pela incorporação de dois cursos de formação de oficiais da Reserva Naval.

O 21.º CFORN foi alistado em 31 de Agosto de 1972 e concluiu-se a 25 de Abril de 1973. Foram incorporados 93 cadetes assim distribuídos pelas várias classes: 23 cadetes na classe de Marinha, 4 cadetes da classe de Médicos Navais, 6 cadetes na classe de Engenheiros Maquinistas Navais, 28 cadetes na classe de Administração Naval, 31 cadetes na classe de Fuzileiros e 1 cadete na classe de Técnicos Especialistas.




A cerimónia de imposição das boinas aos novos fuzileiros

Comandava a Escola Naval o Contra-Almirante Pedro Fragoso de Matos que, em 11 de Outubro de 1972, foi substituído no cargo pelo Contra-Almirante José Augusto Barahona Fernandes.




O Contra-Almirante Pedro Fragoso de Matos, Comandante da Escola Naval e o Contra-Almirante José Augusto Barahona Fernandes que o substituiu no cargo.

Foi Director de Instrução o Capitão de Mar e Guerra Eugénio Eduardo da Silva Gameiro.




Capitão de Mar-e-Guerra Eugénio Eduardo da Silva Gameiro.

No final do período de instrução, o Prémio “Reserva Naval” foi entregue ao cadete da classe de Marinha, Alberto Manuel Carneiro Sereno. Este prémio destinava¬-se a galardoar o aluno com classificação mais elevada no conjunto da frequência escolar e da apreciação de carácter militar.




O cadete RN Alberto Manuel Carneiro Sereno, Prémio Reserva Naval

Durante o ano de 1972, para a prossecução do plano de modernização da Marinha, conjuntamente com a necessidade de reforçar os meios navais empenhados na Guerra do Ultramar, foram aumentados ao efectivo dos navios da Armada a LF «Sabre», o navio balizador «Schultz Xavier», o navio-patrulha «Zambeze» e o navio hidrográfico «Almeida Carvalho». Em 1973, vieram ainda reforçar aquele dispositivo os navios-patrulha «Limpopo» e «Save».



O navio hidrográfico «Almeida Carvalho»

No decorrer do mesmo ano de 1972, foram abatidos ao efectivo as fragatas «Álvares Cabral» e «D. Francisco de Almeida» e as LFP «Canopus», LFP «Deneb» e LFP «Algol» e, em 1973, seguiram idêntico destino a corveta «Cacheu», o draga-minas «Pico» e a fragata «Vasco da Gama».

Muitos oficiais da Reserva Naval desempenharam missões e viriam a fazê-lo nestes navios, quer nos entretanto abatidos quer nos aumentados ao efectivo, todos eles tendo representando um papel relevante na História da Reserva Naval.




Em cima: Carlos Manuel Pereira da Silva – LFP «Antares», Carlos Alberto de Magalhães Oliveira – LFP «Fomalhaut» e Carlos Eduardo Campos Valgode – LFP «Mercúrio»

Em baixo: José Carlos dos Santos Borges – «LFP “Procion» e José Manuel Miranda Themudo Barata – LFP «Bellatrix»




Houve uma normal mobilização dos elementos deste curso como Comandantes, Oficiais Imediatos de navios, Oficiais de Guarnição, integrando Companhias e Destacamentos de Fuzileiros ou Unidades e Serviços em terra. No entanto, na classe de Fuzileiros aconteceu pela primeira vez que a mobilização não foi maciça, como vinha acontecendo até então. Foram designados para prestar serviço em África, ou Continente e Ilhas, os seguintes oficiais:



Guiné (17 Oficiais):

2TEN RN António Manuel Souto Lopes da Graça, LFG «Orion»;
2TEN RN João Manuel da Silva Cunha, LFG «Dragão»;
2TEN RN José Carlos dos Santos Borges, LFP «Procion»;
2TEN RN José Manuel Miranda Temudo Barata, LFP «Bellatrix»;
2TEN RN José António Barbot Veiga de Faria, LDG «Montante»;
2TEN RN Manuel Jorge, LFG «Hidra»;
2TEN RN Manuel Tomás Fontaínhas Pimenta de Castro, Comando de Defesa Marítima da Guiné;
2TEN EMQ RN Manuel de Vilhena Veludo, Comando de Defesa Marítima da Guiné;
2TEN FZE RN Albano Matos Fernandes Pereira, DFE 5;
2TEN FZE RN Fernando Manuel Barros da Cunha, DFE 4;
2TEN FZE RN Victor Manuel Moreno Albino Calado Capela, DFE 4;
2TEN FZ RN João Manuel do Rego Botelho Parreira, CF 5;
2TEN FZ RN José Fernandes Lomba, CF 5;
2TEN FZE RN João Luís Pamplona de Bettencourt Rodrigues, DFE 12;
2TEN FZE RN Joaquim Manuel Pereira Branco de Mascarenhas, DFE 22;
2TEN FZE RN José Joaquim Caldeira Marques Monteiro de Macedo, DFE 21;
2TEN FZ RN Vasco António Reinhardt Machado Monteiro, CF 8;

Em Abril de 1972 o PAIGC volta a flagelar, desta vez a cidade de Bolama, durante cerca de dez minutos com foguetões de 122 mm.

A partir de Julho foi lançada uma grande operação na zona do Cubisseco e Pobreza com a finalidade de ali instalar uma base que viria a ser denominada como “Tabanca Nova da Armada”. A região passou a ser sistematicamente flagelada, os resultados obtidos não surtiram os efeitos desejados e o aquartelamento foi desactivado em Novembro.

Numa entrevista ao jornal do Cairo, Amílcar Cabral declara que “num futuro próximo anunciaria a criação de um novo Estado e que a luta pela libertação nacional do povo da Guiné-Bissau era amplamente apoiada pela opinião pública progressista mundial”. Afirmou também que o PAIGC fora reconhecido como representante legítimo do povo da Guiné-Bissau por muitas organizações internacionais.

Pelas 22:30 horas do dia 20 de Janeiro de 1973, Amílcar Cabral é assassinado à porta da sua residência em Conacry, num crime atribuído “convenientemente” á PIDE/DGS por uma opinião pública internacional acicatada pelos países africanos. Aristides Pereira assume funções como chefe interino do PAIGC.

No mês de Março surgem no teatro de operações da Guiné os mísseis terra-ar Strella os quais, tendo como alvo as aeronaves, surtem um tremendo efeito negativo na FAP e, consequentemente, nas operações militares.




A fragata Comandante João Belo a navegar em águas oceânicas

A 25 de Março foi abatido um Fiat G-91 no Cantanhês, pilotado pelo TEN Miguel Cardoso Pessoa que se ejectou com sucesso e, três dias depois, na região de Madina do Boé uma parelha de Fiats G-91 é atacada com arma desconhecida. Um dos pilotos, 2º Comandante da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné, TCOR Fernando Almeida Brito ao picar para tentar identificar o alvo foi atingido, ficando desfeito e morrendo o piloto. O seu asa conseguiu regressar à base.

Na primeira semana de Abril um T6 é abatido por um míssil Strella e despenhou-se causando a morte ao piloto. No dia 6 é novamente abatido um DO 27 onde o Major Mariz Martins, comandante do COP 3, efectuava um reconhecimento visual (RVIS), não havendo sobreviventes.

Em 8 de Maio é iniciada pelo PAIGC uma violenta ofensiva contra Guidage, junto à fronteira do Senegal. Em 11 de Maio grupos de combate dos DFE 1 e DFE 4 são enviados para o reforço da defesa daquele aquartelamento, sofrendo uma baixa no dia 13.

No dia 18 de Maio, comandado por João Bernardo “Nino” Vieira o inimigo desencadeia uma violenta ofensiva contra Guileje, localidade no sul da Guiné que, situada num ponto vital da rota de abastecimento do PAIGC, sem acesso por via fluvial, ficava completamente isolada.




INAB – Entrada das Instalações Navais de Bissau.

De 18 a 22 de Julho decorre o 2.º Congreso do PAIGC que fez a revisão geral dos estatutos elegendo Aristides Pereira como secretário-geral afirmando ser intenção do PAIGC proclamar a independência, constituir um governo e criar estruturas administrativas.

Em 6 de Agosto, o General Spínola regressa à Metrópole e é exonerado do seu Comando, sendo substituído a 28 do mesmo mês pelo general Bettencourt Rodrigues como Governador-Geral e Comandante-Chefe.

No mês de Outubro, mais uma vez os aliados americanos jogam a sua cartada no cenário internacional. O Senado proíbe a Administração de conceder a Portugal qualquer ajuda que permita a manutençaõp do “Regime Colonial”. Por sua vez, nesse mesmo mês, o Governo Português concede autorização aos EUA para utilizarem a Base das Lajes, nos Açores, como escala de apoio a Israel na guerra do Yom Kippur.

Em Dezembro já a confiança nos aéreos se tinha restabelecido e, conhecida a estratégia a utilizar para minimizar o efeito dos mísseis Strella, recomeçaram os voos com alguma normalidade, embora com redobrados cuidados.




Cabo Verde (5 Oficiais):

2TEN MN RN Luís André Liebermann da Costa e Silva, Pelotão n.º 1 de Fuzileiros;
2TEN RN Cândido José Dominguez dos Santos, Fragata «Comandante João Belo»;
2TEN RN José Manuel Gonçalves da Costa, Fragata «Comandante João Belo»;
2TEN FZ RN José António Caiola Lacerda de Almeida, Pelotão de Fuzileiros n.º 2;
2TEN FZ RN Leonel Alexandre Tomás Cardoso, Pelotão de Fuzileiros n.º 1;




1970 - Comando Naval de Cabo Verde - Capitania do Porto de S. Vicente



Angola (16 Oficiais):

2TEN RN Alberto Manuel Carneiro Sereno, Comando Naval de Angola;
2TEN MN RN Daniel Siragusa Leal, Comando Naval de Angola;
2TEN AN RN António José Rebelo de Andrade Cabral, Comando Naval de Angola;
2TEN AN RN Eurico Pimenta de Brito, Comando Naval de Angola;
2TEN AN RN Manuel Costa Pereira, Comando Naval de Angola;
2TEN RN Carlos Manuel Pereira da Silva, LFP «Antares»;
2TEN RN Carlos Alberto de Magalhães Oliveira, LFP «Fomalhaut»;
2TEN RN Fernando Manuel Barreiros Antunes, LFG «Pégaso»;
2TEN RN Henrique Joaquim Gomes, navio-patrulha «Cunene”;
2TEN RN Luís Manuel Abreu da Cunha e Melo, LDG «Alabarda»;
2TEN RN Manuel Eduardo da Costa e Almeida Vasques, navio-patrulha «Mandovi»;
2TEN FZE RN Jorge Manuel de Pina Paiva e Pona Franco, DFE 6;
2TEN FZE RN José António Ruivo, DFE 6;
2TEN FZ RN Mário Norberto Valente de Pinho, CF 1;
2TEN FZ RN Rui Manuel Rodrigues Simões, CF 3;
2TEN FZ RN Victor Henrique Louro de Sá, CF 3;

A República do Congo continuava a apoiar o movimento político-subversivo FNLA-GRAE com larga visibilidade exterior. Por ocasião de uma visita do presidente Mobutu foi salientada a contribuição congolesa e senegalesa para «extirpar da terra africana todas as práticas aviltantes e de sujeição do homem africano.

A Zâmbia mantinha com Portugal um tom político de fria hostilidade, acusando o nosso país de estar a impor um bloqueio ao escoamento das suas exportações através do porto da Beira. Contrariando as declarações de intenção de uma política de boa vizinhança e de não ingerência interna nos assuntos de outras nações, o governo da Kaunda apoia os movimentos subversivos do MPLA e também da UNITA.




Navio-patrulha «Cunene»

Em Dezembro de 1972 a situação internacional era caracterizada por um evidente esforço por parte dos países africanos no sentido de alcançarem um maior progresso geral, recebendo para o efeito auxílio estrangeiro tanto do bloco ocidental como do bloco comunista, o que permitia aos países mais industrializados (França, Grã-Bretanha, Estados Unidos da América, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e República Popular da China) manter intacto o peso da sua influência em África.

No campo económico os países africanos continuavam dependentes não só das exportações das suas matérias-primas para os países industrializados mas também da importação de capitais e equipamentos, essenciais para alcançarem uma relativa independência económica.

A unidade africana revelava então uma apreciável coesão, mostrando-se unânime quer em condenar Portugal, Rodésia e República da África do Sul quer em aprovar resoluções com vista a provocar o seu isolamento no contexto internacional.

Entretanto, o dispositivo operacional instalado no Leste de Angola fora reorganizado e reforçado, estando constituídos os Destacamentos das Forças de Marinha no Rio Cuíto (baseado em Vila Nova da Armada), no Rio Cuando, no Rio Zambeze e no Rio Lungué-Bungo, áreas onde desde 1965 actuavam unidades de fuzileiros.

As acções armadas inimigas no teatro de Angola tinham vindo a diminuir francamente no ano de 1972 em relação ao ano anterior, salvo ligeiro crescimento no recurso à colocação de engenhos explosivos. No enclave de Cabinda a situação encontrava-se calma sem iniciativa de acções bélicas, o mesmo se passando tanto no norte como na frente leste. Somente o Cuango revelava ligeiro aumento de actividade.




Navio-patrulha «Mandovi»

O dia 2 de Junho de 1973 ficou assinalado por um brutal incidente que ficou assinalado como um trágico marco da guerra dos Fuzileiros, em geral, e da Reserva Naval, em particular.

Uma pequena coluna de duas viaturas que se deslocara do Chilombo à Lumbala para ir buscar correio, foi violentamente emboscada num percurso onde não havia histórico de actividades hostis.

A acção causou 3 mortos e um ferido aos fuzileiros que se encontrava no Chilombo. Um dos mortos, Pertencendo ao Pelotão de Apoio da CF 1, o STEN FZ RN António Bernardino Apolónio Piteira, oficial da Reserva Naval, do 18.º CFORN, foi o único oficial da Marinha de Guerra morto em combate durante os 13 anos de guerra.

A ofensiva internacional contra Portugal e os países do sul de África, acentuava-se no final de 1973. O encerramento da 28.ª sessão da Assembleia Geral da ONU marcou pela posição anti-portuguesa, ao aceitar a alegada independência da Guiné como acto consumado e indiscutível, definindo Portugal como potência ocupante e ilegal.



Moçambique (16 Oficiais):

2TEN RN Carlos Eduardo Campos Valgode na LFP «Mercúrio»;
2TEN RN José Belmiro Rodrigues Ferreira, Comando Naval de Moçambique;
2TEN RN Mário Jorge de Oliveira Pinho, Comando Naval de Moçambique;
2TEN EMQ RN José Manuel Gouveia da Costa Neves, Comando Naval de Moçambique;
2TEN RN Manuel Joaquim Couto Alves dos Reis;
2TEN RN Mário de Sousa Dias Fernandez;
2TEN MN RN Manuel Joaquim Teodósio Amaro, CDM Portos do Lago Niassa;
2TEN AN RN Tito Ferreira de Carvalho, CDM Portos do Lago Niassa;
2TEN FZ RN Avelino Pinto da Costa, CDM Portos do Lago Niassa;
2TEN AN RN José Manuel Delgado Félix Ribeiro, CDM dos Portos do Zambeze;
2TEN FZ RN Jorge de Oliveira Cardoso Fernandes, CF 7;
2TEN FZ RN José Amaro Martins Carmona e Costa, CF 7;
2TEN FZ RN Nuno Eça de Queiroz Cabral, CF 7;
2TEN FZ RN Luís Mário Pais Paiva de Andrade, CF 11;
2TEN FZE RN Luís Alberto Pessoa da Fonseca e Castro, DFE 8;
2TEN FZE RN Manuel Kendall Nicolau de Almeida, DFE 3;

O cenário internacional sofre entretanto significativa evolução: a Inglaterra assina um acordo que concede a independência à sua antiga colónia da Rodésia, permitindo no entanto a continuação da supremacia branca no país liderado por Ian Smith, facto que foi fortemente contestado pelos “nacionalistas” negros da Rodésia e de todo o Continente africano.

No entanto, a Grã-Bretanha continua a manter uma fragata no Canal de Moçambique, apoiada por um navio auxiliar, controlando o acesso aos portos da Beira.

Enquanto isso, os países originários das antigas colónias europeias mantêm forte investida junto da opinião pública mundial contra a presença portuguesa em África e fazem aprovar na ONU em 28 de Setembro de 1972 uma moção que propõe a admissão de delegados de organizações terroristas como observadores da Comissão de Descolonização. Portugal protesta, afirmando não participar nos trabalhos da ONU onde estivessem presentes representantes daquelas organizações. Posição idêntica é tomada pela África do Sul.




A LFP «Mercúrio» atracada na Base Naval de Metangula, no Lago Niassa

Logo no início de 1973 a ONU anunciou que iria realizar em Oslo, entre 9 e 14 de Abril, uma conferência internacional sobre o colonialismo e ao apartheid, no qual no qual iriam participar ale de representantes dos órgãos pemanentes daquela organização, representantes de nove movimentos de libertação africanos. A tal anúncio foi dada enorme relevância pela imprensa mundial. Simultaneamente, grupos anti-colonialistas e contra o apartheid preparavam uma campanha com reuniões na Alemanha, Noruega, Holanda, Suiça e ainda em Londres.

No estrangeiro, continuavam a levantar-se cada vez mais vozes contra Portugal, quer por parte dos países quer mesmo por organizações não governamentais. Em Março, foi a Organização Internacional de Aeronáutica Civil que aprovou, em sessão relaizada na sua sede em Nova Iorque, uma moção que afastava Portugal das suas reuniões. A aprovação foi obtida por maioria com votos favoráveis dos países africanos e asiáticos, e os votos contrários dos EUA, Nova Zelândia e a maior parte dos países europeus. Por esta altura, a Dinamarca, Finlândia e Suécia sugeriram a colocação de uma força militar à disposição da ONU, pronta a deslocar-se para qualquer parte do mundo.

Em Moçambique fora também constituído o Comando da Defesa Marítima do Zambeze, para apoio ao dispositivo militar naval em operações na bacia do Zambeze e em especial na região de Tete.



Continente e Ilhas (35 Oficiais):

2TEN RN Armando Henriques Prazeres Machado, Escola Naval;
2TEN AN RN José Alberto Taveira Carvalho Marques, Escola Naval;
2TEN RN Rui Pedro de Sousa do Prado, Comando Naval dos Açores;
2TEN MN RN Manuel Barroso Silvério Marques, Base Naval de Lisboa;
2TEN EMQ RN José Eduardo de Jesus Marques, draga-minas «Lajes»;
2TEN EMQ RN José Maria Albuquerque Figueiredo e Castro, draga-minas «Lagoa»;
2TEN EMQ RN José Manuel de Sampaio Cruz Filipe, fragata «Pêro Escobar»;
2TEN EMQ RN Martiniano Nunes Gonçalves, Fábrica Nacional de Cordoaria;
2TEN AN RN Miguel António Santos Ferreira de Almeida, Fábrica Nacional de Cordoaria;
2TEN AN RN António Francisco Espinho Romão, Direcção Geral Serviços de Fomento Marítimo;
2TEN AN RN Armando Augusto Dias de Morais e Castro, Grupo N.º 1 de Escolas da Armada;
2TEN AN RN José Maria Pereira Brandão de Brito, Grupo N.º 1 de Escolas da Armada;
2TEN FZ RN António Manuel Henriques Martins Tavares, Grupo N.º 1 de Escolas da Armada;
2TEN AN RN Augusto Rodrigues de Castro Ribeiro, Direcção do Serviço de Pessoal – 2.ª Rep.;
2TEN AN RN Joaquim António Pinto de Matos na Direcção do Serviço de Pessoal – 2.ª Rep.;
2TEN AN RN Augusto Bento Pereira da Silva, Superintendência dos Serviços Financeiros;
2TEN AN RN Fernando José Ramos e Costa Abecassis, Superintendência dos Serviços Financeiros;
2TEN AN RN João Manuel Rodrigues Pestana Teixeira, Superintendência dos Serviços Financeiros;
2TEN AN RN Luís Miguel Portela Morais, Superintendência dos Serviços Financeiros;
2TEN AN RN Carlos Rodolfo Botelheiro Elias, DSEC;
2TEN AN RN Carlos Marcel Pereira Figueira, Direcção das Construções Navais;
2TEN AN RN Rui Afonso Galvão Mexia de Almeida Fernandes, Direcção das Construções Navais;
2TEN AN RN Joaquim Daniel Costa Neves, CA da Administração Central de Marinha;
2TEN RN Jorge Manuel Alves de Moura Calheiros, CA da Administração Central de Marinha;
2TEN AN RN José Carlos Alfaia Pinto Pereira, CA da Administração Central de Marinha;
2TEN AN RN José Melro Félix, Direcção do Serviço de Abastecimento;
2TEN AN RN Manuel Alberto Ramos Maçães, Direcção do Serviço de Abastecimento;
2TEN AN RN Manuel Antunes Pinto da Cruz, Escola de Fuzileiros;
2TEN FZ RN António Francisco Caseiro Marques, Escola de Fuzileiros;
2TEN FZ RN Mário Augusto Marreiros das Chagas, Escola de Fuzileiros;
2TEN AN RN Manuel Sousa Fernandes de Meireles,Instituto Hidrográfico;
2TEN TE RN Alberto Catarino Mateus, Instituto Hidrográfico;
2TEN AN RN Manuel Ferro da Silva Meneses, Estado-Maior da Armada;
2TEN AN RN Raúl Jorge Correia Esteves, Estado-Maior da Armada;
2TEN FZ RN José António da Silva Gomes Lima, Grupo N.º 2 de Escolas da Armada;

Não foi possível determinar o paradeiro correcto dos seguintes 4 Oficiais:

2TEN FZ RN António Tito Fontoura de Lencastre (Pelotão n.º 7 de Fuzileiros);
2TEN FZ RN Eduardo Nuno Ferreira Morgado (Pelotão n.º 13 de Fuzileiros);
2TEN FZ RN José Rocha da Silva (Pelotão n.º 12 de Fuzileiros);
2TEN FZ RN Manuel Severino Gaspar de Sousa Dias (Pelotão n.º 14 de Fuzileiros);




Navio-patrulha «Zambeze»

O 21.º CFORN, a partir de 25 de Abril de 1974, acompanhou todo o processo que se desenvolveu nos territórios ultramarinos, inclusivé porque muitos dos seus elementos eram Comandantes de Unidades Navais ou enquadravam Unidades de Fuzileiros.

Os oficiais pertencentes ao 21.º CFORN começaram a ser licenciados a partir de 11 de Outubro de 1974. Ingressaram nos Quadros Permanentes:
2TEN FZE RN Jorge Manuel de Pina Paiva e Pona Franco;
2TEN FZE RN Albano Matos Fernandes Pereira;
2TEN FZ RN Manuel Severino Gaspar de Sousa Dias;
2TEN FZ RN Mário Augusto Marreiros das Chagas;
2TEN FZE RN José António Ruivo. Este último oficial desempenhou as funções de Comandante da Escola de Fuzileiros no posto de Capitão de Mar-e-Guerra.





Fontes:
Texto do autor do blogue com a colaboração do CMG José António Ruivo do 21.º CFORN, compilado a partir do Anuário da Reserva Naval, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992; Dicionário de Navios & Efemérides, Adelino Rodrigues da Costa, 2006; Fuzileiros – Factos e Feitos na Guerra de África, 1961/1974, Luis Sanches de Baêna, 2006; Arquivo de Marinha; Revista da Armada; fotos do 21.º CFORN por cedência da revista da Armada; outras fotos de arquivo do autor do blogue com cedências de origens diversas;


mls

11 junho 2020

São Turras, Sr. Tenente, são Turras!...




Rio Cacheu ao pôr-do-sol (Abel Melo e Sousa -CFR Ref)


Havia já dois dias que as Lanchas fundeavam a meio do rio a jusante da Passagem de S. Vicente, concluído o Comboio de Farim. Aguardavam os batelões para Bissun, que chegavam e amarravam ao Tarrafo à espera da trasfega da carga para as LDM.

Dois dias sem mais preocupações que as que decorriam das tarefas diárias agendadas, as escutas do telegrafista, os banhos divertidos da marujada, a confecção das refeições e os momentos passados com as letras dirigidas às namoradas.

O dia, esse, esvaía-se com os últimos fulgores do sol a perderem-se por entre os galhos do arvoredo e as risadas do pessoal, as LDM à espera do momento para se abrigarem, furtivamente, já a coberto da noite, nos “amarradouros” conhecidos e reconhecidos da margem direita, a montante da Passagem de S. Vicente. E tudo sossegava.

À medida que a noite avançava sobravam as palmadas nos moscos – nome carinhoso com que se designavam os mosquitos – e, à medida que a noite avançava, os sussurros do sentinela e dos mais resistentes ao sono e aos sonhos, como que conversando com a gritaria da passarada noctívaga.

Nada faria crer que aquela noite iria ser diferente. O Tenente acendera atempadamente a malcheirosa espira verde “anti-mosquitagem” em cima do rádio e enchera os canudos do colchão pneumático que fazia de cama no chão da cabine de pilotagem.

Imaginava que, sendo ainda periquito, sempre era melhor respirar o ar impregnado dos cheiros oleosos do que o ar puro ao relento no tombadilho da lancha. Estava mais protegido…

Mas não era verdade, que ainda não tinha pregado olho quando, lá pelas 3 horas da madrugada, uma vozearia ensurdecedora lhe pôs no coração um sufoco e nas pernas um terramoto. Era a voz do Xixas a mais exaltada, estaria no seu turno de guarda, a gritar “são turras, são turras, trás a MG, vão já com uma rajada!!!”…

O Tenente, entretanto, perguntava a si próprio “o que é que se passa ali?”, todo num abanico. Recuperado o sangue frio concordou, ainda consigo próprio “porra!, eu sou o comandante, tenho de ir ver do que se trata”, sempre com a vozearia a crescer, a crescer por entre rajadas à espera.




LDM abicada no porto de Bissum - Rio Armada
Abastecimento e transporte de militares e populações


Fez das tripas coração e subiu ao convés com um enérgico:

– O que é que se passa aqui?

Respondeu o Xixas, já com uma G3 quase engatilhada:

– São turras, Sr Tenente, são Turras, vão já numa rajada!

– Onde é que estão os Turras?

– Ali, na canoa.

Era verdade; encostada ao tanque da água de estibordo encontrava-se uma canoa com cinco homens, pretos, tão pretos como a noite, vergados, completamente vergados ao sabor da sua sorte, dobrados pela cintura sobre as suas pernas.

O Tenente avaliou a situação, ou não avaliou, mas ocorreu-lhe, a ele sim, numa rajada, acalmar os ânimos com uma ordem:

– Ninguém dispara nada. O comandante sou eu. Tudo o que se fizer só pode ser feito com minha autorização! E não faremos nada com jeito se não nos acalmarmos todos!

Toda a gente estremeceu, porque a resposta foi um longo silêncio de poucos segundos que soprou ao Tenente “estás a tomar o pulso aos acontecimentos” e, com isto, saltou para o tanque da água. Percorreu o comprimento da canoa espiolhando o seu interior.

Apenas cinco homens ajoujados, cobertos por um fraco pano da mesma cor, preta, que talvez os abrigasse da esbatida frescura da madrugada. Nada de armas, que fosse de seus vestígios,
nada de nada, apenas medo, porventura, e silêncio. Falou aos homens ainda do tanque da água, também flutuador, acha o Tenente:

–Podem ser turras, sim, podem ser turras, mas nada o denuncia, que na canoa apenas estas cinco pobres criaturas!

– Mas... são turras, Sr Tenente, são Turras!,… insistia o Xixas

– Podem ser, sim, mas não há evidências nenhumas.




Refeição partilhada a bordo duma Lancha de Desembarque Média

Silêncio. Novamente a resposta foi o silêncio. Então o Tenente, sentado nos calcanhares, à proa da canoa, atreveu-se a perguntar:

– Alguém fala português? Silêncio, silêncio quebrado pelo Xixas:

– São Turras, Sr. Tenente, são Turras!

Uma rajada...

O Tenente subiu ao tombadilho e falou

– Podem ser turras, sim, mas do que me estou a lembrar agora, neste momento, é da minha terra, lá longe, do outro lado; e das laranjeiras e das parreiras; e de amigos…

O silêncio, o silêncio tinha tomado definitivamente conta dos acontecimentos.

O Tenente voltou a saltar para o depósito da água, cada vez mais confiante, e novamente sentado nos calcanhares, perguntou

– De onde vêm vocês?

Aconteceu, então, inesperadamente, um:

– De Bissum…




2 LDM abicadas
Abastecimento de combustível e víveres


Soltado pelo homem sentado a meio da canoa, que se desdobrou, lentamente, talvez com o pressentimento de “já me lixei, já nos lixámos” e, por uns segundos que foram uma eternidade, em silêncio, permitiu que os olhares, dele e do Tenente, se fixassem. E voltou a dobrar-se sobre si. O Tenente, como que impulsionado por uma mola, de pé, atirou:

– Ah! Afinal sempre há alguém que fala português!... E vão para onde?

– Para Bula!, respondeu, dobrado, o mesmo homem…

Com calma e uma paz imensa, juntou-se aos seus homens, junto da Oerlikon, – que todos se tinham levantado, todos sem excepção –, e voltou a falar ao pessoal:

– Eu não vos dizia?! Estes homens vão à cidade como também eu, nas segundas-feiras. Um vai renovar o BI, aquele vai tirar uma certidão de nascimento, o terceiro vai à Praça, o…

Lembrou-se de que, com Spínola, tinha havido uma inflexão na política de aproximação às populações designada, oficialmente, por “A PSICO”. Toda a gente aproveitava e reduzia, às tantas, tudo à “PSICO” – olh’á Psico!…

E voltou a saltar para o tanque da água para, num gesto inesperado para todos, – ou talvez não –, com um toque no ombro do homem a vante, ordenar:

– Sigam, amigos, vão à vossa vida…

E ficou só o silêncio, um longo silêncio, a morrer nos olhos ao ritmo lento das remadas, a canoa a cruzar o Cacheu para a curva à esquerda, lá longe, no vagar de quem espera, a todo o instante, o troar de uma rajada.
Ah! Como eu gostaria de saber o que se terão dito ao mergulharem na imensidão da noite, sós, na companhia fagueira do seu rio…


Marinheiro E*
*O Marinheiro “E”, de todos já conhecido, é o Sócio Originário n.º 1542, Oficial FZ RN que integrou os efectivos da CF 11 e que cumpriu uma comissão de serviço na Guiné nos anos 1971/1972.


Fontes:
Com a devida vénia, texto compilado a partir de artigo já publicado na Revista "O Desembarque" n.º 30 da Associação de Fuzileiros em http://www.associacaofuzileiros.pt/


mls

06 junho 2020

Guiné, 1968 - Campanha de promoção da época...


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 20 de Janeiro de 2011)

Campanha de promoção na forma de postais do SPEME
(Serviços Postais do Estado-Maior do Exército)




Juntos?... e houve vencedores?



sem comentários... a própria imagem os sugere!



Fontes:
Texto e fotos de arquivo do autor do blogue com original cedido por Carlos Fernando Carlos Dias Souto (CMG);


mls