(Post reformulado a partir de outro já publicado em 16 de Julho de 2006)
Lancha de Fiscalização Grande - LFG «Dragão» e "Reserva Naval"
A LFG «Dragão» - P 374, foi a segunda LFG - Lancha de Fiscalização Grande, de 10 idênticas, construída nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e aumentada ao efectivo dos navios da Armada em 17 de Julho de 1963.
Construída nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e aumentada ao efectivo dos navios da Armada em 17 de Julho de 1963.
A LFG «Dragão» a navegar com encaixe fotográfico de pormenor - o sino daquela unidade naval
A LFG «Dragão» deixou Lisboa escalando o Funchal, S. Vicente de Cabo Verde e Bissau, onde atracou em 19Ago63 ficando atribuída ao Comando de Defesa Marítima da Guiné.
Em 28 de Agosto de 1963, a LFG Dragão inaugurou as missões de patrulha e fiscalização do rio Cacheu que se viria a tornar a mais extensa e intensiva zona de pressão da Marinha sobre o PAIGC, ao longo de todo o período da guerra, numa permanente tentativa de interceptar e impedir as cambanças na fronteira norte pelo IN a partir do Senegal.
Levou a cabo diversas missões de simples cruzeiro, patrulha, fiscalização, transporte de fuzileiros e de militares de outros ramos das FA, tendo participado em diversas operações naquele teatro de guerra.
Igualmente empenhada em escoltas à navegação comercial e transportes de tropas, apoio à oceanografia com colocação de bóias e reparação de marcas.
Participação da LFG «Dragão» em operações com datas, locais e outras unidades navais, fuzileiros ou forças de terra que integraram as forças participantes:
14/15Nov63 - Operação Júpiter, LFG «Dragão» com DFE 2 e DFE 8 (3 Secções), LFG «Dragão», LD 2 e LD 4, CP 111(1 Pel);
Resumo:
A Operação "Júpiter" foi a primeira operação em que interveio uma LFG - Lancha de Fiscalização Grande, neste caso como unidade de apoio.
Foi levada a cabo em 13/14 de Novembro, em Jabadá, no rio Geba e teve a participação da LFG «Dragão» que transportava uma secção do DFE 2 e dois botes daquele destacamento.
As LD 2 e LD4 transportavam 4 secções do DFE 2 e o ferry-boat Bor 3 secções do DFE 8 com 1 pelotão da Companhia de Paraquedistas 111.
Ao cair da noite do dia 13, pelas 19:30, depois de uma concentração prévia em Ganduá Porto, utilizado como fundeadouro numa manobra de diversão, as LD 2 e LD 4 que levavam a bordo 4 secções do DFE2, a quem competia o cerco da tabanca de Jabadá, efectuaram o desembarque do pessoal no ponto previsto A com o apoio radar da LFG «Dragão», tendo aquelas unidades regressado ao local de concentração pelas 23:00.
Mais tarde, a LFG «Dragão a navegar com as LD de braço dado, uma a cada bordo, lançou os 2 botes com o restante pessoal do DFE 2 , no ponto previsto B da ordem de operações, regressando para junto do Bor.
De madrugada, a LFG «Dragão», já com as esquadras e botes recolhidos e depois de previamente efectuado, para as LD, o transbordo das 3 secções do DFE 8 e do pelotão de paraquedistas abriu fogo de reconhecimento sobre a zona prevista para desembarque.
Pouco antes foi alvejado com tiros de espingarda sem consequência, tendo as forças sido desembarcadas no ponto C.
O navio fundeou frente a Jabadá ficando a seu cargo o controlo das comunicações e o envio dos comunicados para o CDMG enquanto decorreu a operação.
A meio da tarde procedeu-se ao reembarque das forças tendo as unidades sido hostilizadas novamente com tiros de espingarda e pistola ao que a LFG «Dragão» respondeu com Bofors, calando o inimigo.
Outras operações:
– Desembarque no Ilhéu de Tabacunda, 11Dez63, LFG «Dragão» comDFE 8 (3 Secções), LD 2 e LD 4, CP 111(1 Pel);
– Operação Tridente, 14Jan/25Mar64, Ilhas de Como, Caiar e Catunco, Rios Cumbijã/Cacine, LFG «Dragão» com a LFG «Argos», DD «Vouga», FF «Nuno Tristão», outros meios navais e FT;
– Operação Touro, 29/30Mai64, DFE 2, DFE 7, DFE 8 e DFE 9, Rios Cumbijã/Cacine, LFG «Dragão» com LFP «Canopus», LDM 202, LDM 302, LDM 305 e LDM 307, NTF «Bor»;
– Operação Tulipa, 06/08Jul64, DFE 7, DFE 8, DFE 9 e DFE 10, Cassumba, Rio Cacine, LFG «Dragão» com NH «Pedro Nunes», LFG «Argos», LFP «Deneb», LDM 301 e LDM 305, LDP 101 e LDP 104;
– Operação Broca, 02/06Ago64, Catio/Cufar/Bedanda, Rio Cumbijã, LFG «Dragão» com DFE 7 e DFE 9, DD «Vouga», LFP «Bellatrix» e LFP «Canopus», LDM 301, LDM 306 e LDM 307, LDP 102, 104 e 106, FTs, Paras;
– Operação Crato, 17/21Ago64, Jabadá/Gã Pedro/Jufá/S.José/Bissilão, Rio Geba, LFG «Dragão» com DFE 8 e DFE 9, DD «Vouga», LDM 203, LDM 301, LDM 304, LDM 305 e LDM 307;
– Operação Tornado, 20/22Set64, Cantanhês, Rio Cumbijã, LFG «Dragão» com DFE 7, DFE 9, DFE 10 e DFE 8(unidade de reserva), FF «Diogo Gomes», LFG «Escorpião», LFP «Canopus» e LFP «Deneb», LDM 202, LDM 203, LDM 301, LDM 302, LDM 304, LDM 305, LDM 306 e LDM 307, LDP 101, LDP 102 e LDP 104, NTF «Bor», FTs CArt 676, CCav 702, Ccav 703 e CCav704, Pel Paras;
Foi alvo de diversas flagelações e ataques tendo sido violentamente emboscada no rio Cacheu em 26 de Dezembro de 1963, com metralhadora pesada. Ainda que sem baixas na guarnição, sofreu 18 impates com perfuração e alguns danos materiais.
Mensagem para o CDMG do relato da emboscada sofrida
Em 10Out64, na companhia da LFG «Argos», largou com destino a Moçambique, tendo escalado S. Tomé, Luanda, Lobito, Capetown, Durban e Lourenço Marques, onde atracou a 23Fev65, ficando atribuída ao Comando Naval de Moçambique.
Depois de vários cruzeiros de fiscalização e patrulha na costa moçambicana, aportou a Porto Amélia em 23Jun65, ficando atribuída àquele Comando de Defesa Marítima. Regressou a Lourenço Marques em 27Out65, alternando entre docagens com reparações, patrulha da costa moçambicana quer atribuída ao Comando de Defesa Marítima de Porto Amélia quer atribuída ao Comando Naval de Moçambique.
No decorrer do ano de 1968 manteve a actividade operacional participando nas seguintes operações:
"Arinque" com DFE 9, "Bailéu" com DFE 9, "Cadernal" com DFE 1, "Dala" com DFE 1, "Estai" com DFE 1, "Fálica" com DFE 1, "Gurupés" com DFE 4, "Almadia" com DFE 9 e "Brigue" com DFE 1.
Durante o ano de 1969, manteve a actividade operacional na costa norte de Moçambique, tendo participado nas operações "Caíque" de 04/08Jan e "Dori" de 14/15Jan, regressando em Maio a Lourenço Marques, onde veio a docar para fabricos, com escala pela Beira.
Em cima, a LFG «Dragão» atracada, por bombordo, no cais em Porto Amélia, com a LFP «Antares» de braço dado e, em baixo, situação idêntica mas em posição invertida no cais.
Em Julho de 1969, iniciou o regresso à Guiné, onde permaneceu até ao final da sua vida operacional, tendo voltado a participar em inúmeras missões.
No decorrer do ano de 1970 participou nas operações "Carapau" de 02/03Ago, "Cardume" em 02Set, "Cascavel" de 05/06NOut.
De 17 a 27 Novembro de 1970 participou na operação "Mar Verde", conjuntamente com as LFG «Cassiopeia», LFG «Hidra», LFG «Orion», LDG «Montante», LDG «Bombarda», DFE 21 e ainda uma Companhia de Comandos Africanos.
Efectuou na totalidade, entre 1963 e 1975, cerca de 8.490 horas de navegação registadas.
Comandaram a LFG "Dragão" os seguintes oficiais:
Quadros Permanentes:
1TEN José Alberto Lopes Carvalheira, 19Jul63/09Out65;
1TEN Jorge Marques Freire Bandeira Duarte, 09Out65/14Fev67;
1TEN Pedro Monteiro Fiadeiro, 14Fev67/07Mar69;
1TEN António Alexandre Welti Duque Martinho, 07Mar69/02Jan71;
1TEN Francisco José Morgado Castro e Silva, 02Jan71/15Out72;
1TEN Carlos Alberto Mano Simões Lopes, 15Out72/16Jul74;
1TEN Manuel Raúl Ferreira Pires, 16Jul74/20Mar75;
Foram seus Imediatos os seguintes oficiais:
Reserva Naval:
2TEN RN Godofredo dos Santos Marques dos Reis, 5.º CEORN;
2TEN RN José Fernando Ferreira Guimarães, 7.º CEORN;
2TEN RN Fernando Rabaça Correia Cordeiro, 9.º CFORN;
2TEN RN Gaspar Miranda Teixeira, 13.º CFORN;
2TEN RN Francisco Almeida d' Oliveira Baptista, 17.º CFORN;
2TEN RN José Manuel Soares Dionísio, 19.º CFORN;
2TEN RN João Manuel da Silva Cunha, 21.º CFORN;
2TEN RN José Amaro Marques Nunes, 20.º CFORN;
Em 03Dez1975, após uma longa viagem de Cabo Verde para Angola, numa distância superior a 3.000 milhas, na companhia das LFG «Argos», LFG «Hidra», todas rebocadas pelo NA «Schultz Xavier» e ainda com as LFG «Lira» e LFG «Orion», ambas a navegar pelos próprios meios. Viagem efectuada também com as LDG «Alfange» e LDG «Ariete», o navio-rebocador já referido e a corveta «António Enes» naquele combóio que ficou conhecido como a "Incrível Armada".
Foi abatida ao efectivo dos navios da Armada em 28Mai75.
Efectuou na totalidade, entre 1963 e 1975, cerca de 8.490 horas de navegação, havendo outros períodos não registados ou menos precisos nos registos.
Fontes:
Texto redigido, compilado e adaptado pelo autor do blogue; Setenta e Cinco Anos no Mar, 15.º Volume, Comissão Cultural de Marinha, 2004; Arquivo de Marinha, Coloredo «G» e Núcleo 236A do CDMG; Anuário da Reserva Naval 1958-1975, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992; imagens de arquivo do autor, cedidas pelo Arquivo de Marinha, Revista da Armada, Museu de Marinha e outras origens diversas;
Texto redigido, compilado e adaptado pelo autor do blogue; Setenta e Cinco Anos no Mar, 15.º Volume, Comissão Cultural de Marinha, 2004; Arquivo de Marinha, Coloredo «G» e Núcleo 236A do CDMG; Anuário da Reserva Naval 1958-1975, Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992; imagens de arquivo do autor, cedidas pelo Arquivo de Marinha, Revista da Armada, Museu de Marinha e outras origens diversas;
mls
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