(Post reformulado a partir de outro já publicado em 29 de Agosto de 2011)
"In Memoriam" Coronel José Monteiro Grilo
Foi inaugurado no dia 1 de Junho de 2011, dia do concelho de Penamacor, o monumento em homenagem aos Combatentes do Ultramar, erigido na rotunda poente da Avenida da República que assim quiseram honrar os irmãos de armas e entes queridos mortos no campo de batalha, cujos nomes figuram na base do monumento em pequenas lápides de pedra com placas em latão gravadas.
Um pouco por todo o país, vai-se alargando significativamente a simbologia permanente aos Combatentes do Ultramar pela edificação de monumentos ou simples memoriais que evocam, de forma diversa mas comum no sentimento partilhado de um povo, a recusa de deixar cair no esquecimento aqueles que combateram ao serviço de Portugal na Guerra do Ultramar.
Especial e justificada relevância para os que não regressaram ao país, à família e aos seus, desde então privados ad eternum do convívio de um pai, marido, filho, irmão, noiva ou simples familiar.
Mágoa impossível de escamotear pela óbvia justificação da “morte em combate” ou “no cumprimento do dever pátrio” pela vida arrebatada precocemente, pese embora a evocação de valores, tão defensáveis nos ideais da preservação da defesa nacional como discutíveis no resultado último da morte, consequências do recurso à guerra ao serviço da incompreensão do Homem.
Penamacor era também terra de naturalidade do meu sogro. Homem de arreigados princípios e valores que da sua personalidade eram atributos, escolheu a carreira militar no Exército como vida profissional. Conheci-o já como oficial superior, no posto de Coronel, reformado.
Perfil de recorte digno e educado, culto e austero, partilhava com alegria parcos momentos familiares, mas raramente abordava a Instituição e as muitas vivências havidas nas várias frentes onde combateu.
Nas ocasiões pontuais em que comigo abordava essa temática, sempre timidamente, adivinhava-se-lhe um espírito marcado por cicatrizes e mágoas acumuladas pelo tempo que nem Família, Instituição ou País ajudaram a sarar.
Excepção para o brilho dos olhos, sorriso e o regresso às brincadeiras infantis que os netos sempre nele despertaram.
O tríptico do monumento de Penamacor, esculpido em pedra, recortando as costas marítimas dos três teatros de guerra, Angola, Moçambique e Guiné simboliza, de todo, uma vida inteira como a dele, dedicada às armas e ao dever.
Não caiu em combate mas foi caindo aos poucos.
Na Índia, corria o ano de 1961, então já como capitão, foi feito prisioneiro de guerra no Estado Português da Índia no Campo de Pondá.
Em Moçambique onde desempenhou comissões por duas vezes, primeiro 1954/1957 e mais tarde 1963/1965.
Em Angola de 1967/1968, foi ferido em combate num joelho, em emboscada da CCaç 1639 que comandava, integrada no BCaç 1901.
Finalmente na Guiné, 1970/1971, já como oficial superior, integrado no Comando do Agrupamento 2970 (futuro CAOP 2) problemas graves de saúde obrigaram à sua evacuação.
Falta-me capacidade pessoal e engenho criativo para ajuizar da resistência humana à possível sobrevivência fisica e psicológica de tão sucessivas quanto duras provações.
Caiu no último combate da vida na sequência de prolongada doença em missão última que a todos nos aguarda.
Aqui honro a memória de todos os Combatentes de Penamacor e a dele particularmente.
Foi uma honra ser seu genro, Sr. Coronel.
Um pouco por todo o país, vai-se alargando significativamente a simbologia permanente aos Combatentes do Ultramar pela edificação de monumentos ou simples memoriais que evocam, de forma diversa mas comum no sentimento partilhado de um povo, a recusa de deixar cair no esquecimento aqueles que combateram ao serviço de Portugal na Guerra do Ultramar.
Especial e justificada relevância para os que não regressaram ao país, à família e aos seus, desde então privados ad eternum do convívio de um pai, marido, filho, irmão, noiva ou simples familiar.
Mágoa impossível de escamotear pela óbvia justificação da “morte em combate” ou “no cumprimento do dever pátrio” pela vida arrebatada precocemente, pese embora a evocação de valores, tão defensáveis nos ideais da preservação da defesa nacional como discutíveis no resultado último da morte, consequências do recurso à guerra ao serviço da incompreensão do Homem.
Penamacor era também terra de naturalidade do meu sogro. Homem de arreigados princípios e valores que da sua personalidade eram atributos, escolheu a carreira militar no Exército como vida profissional. Conheci-o já como oficial superior, no posto de Coronel, reformado.
Perfil de recorte digno e educado, culto e austero, partilhava com alegria parcos momentos familiares, mas raramente abordava a Instituição e as muitas vivências havidas nas várias frentes onde combateu.
Nas ocasiões pontuais em que comigo abordava essa temática, sempre timidamente, adivinhava-se-lhe um espírito marcado por cicatrizes e mágoas acumuladas pelo tempo que nem Família, Instituição ou País ajudaram a sarar.
Excepção para o brilho dos olhos, sorriso e o regresso às brincadeiras infantis que os netos sempre nele despertaram.
O tríptico do monumento de Penamacor, esculpido em pedra, recortando as costas marítimas dos três teatros de guerra, Angola, Moçambique e Guiné simboliza, de todo, uma vida inteira como a dele, dedicada às armas e ao dever.
Não caiu em combate mas foi caindo aos poucos.
Na Índia, corria o ano de 1961, então já como capitão, foi feito prisioneiro de guerra no Estado Português da Índia no Campo de Pondá.
Em Moçambique onde desempenhou comissões por duas vezes, primeiro 1954/1957 e mais tarde 1963/1965.
Em Angola de 1967/1968, foi ferido em combate num joelho, em emboscada da CCaç 1639 que comandava, integrada no BCaç 1901.
Finalmente na Guiné, 1970/1971, já como oficial superior, integrado no Comando do Agrupamento 2970 (futuro CAOP 2) problemas graves de saúde obrigaram à sua evacuação.
Falta-me capacidade pessoal e engenho criativo para ajuizar da resistência humana à possível sobrevivência fisica e psicológica de tão sucessivas quanto duras provações.
Caiu no último combate da vida na sequência de prolongada doença em missão última que a todos nos aguarda.
Aqui honro a memória de todos os Combatentes de Penamacor e a dele particularmente.
Foi uma honra ser seu genro, Sr. Coronel.
Fonte (familiar):
O Coronel de Infantaria José Monteiro Grilo nasceu na Vila de Penamacor no dia 5 de Dezembro de 1930 e faleceu em Lisboa no dia 28 de Novembro de 2009; fotos do autor do blogue.
O Coronel de Infantaria José Monteiro Grilo nasceu na Vila de Penamacor no dia 5 de Dezembro de 1930 e faleceu em Lisboa no dia 28 de Novembro de 2009; fotos do autor do blogue.
mls
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