(Post reformulado a partir de outro já publicado em 17 de Outubro de 2011)
Condições de navegabilidade do rio Cacine
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Aspecto geral do rio Cacine e a região sul da Guiné; a noroeste, os rios Cumbijã, Tombali e ainda o Cobade que liga os dois primeiros
O rio Cacine encontrava-se todo hidrografado e era demandado por todas as unidades navais e embarcações civis da Guiné. As LDG - Lanchas de Desembarque Grande, normalmente não passavam para montante da foz do rio Meldabom, um dos principais afluentes da margem direita do Cacine.
Ali foi instalada a marca “Lira” que, assinalando um assoreamento rochoso, representava o limite de navegação possível a montante.
Gadamael
Fica situado no rio Queruano ou rio Axe, afluente da margem esquerda do Cacine, e o seu acesso só era possível a cerca de duas horas antes do estofo da preia-mar, devendo as unidades navais sair naquele momento, para evitar ficar em seco, situação não aconselhável pela situação militar vivida na zona.
Só era praticável por LDM - Lanchas de Desembarque Médias e por embarcações civis de pequena tonelagem, normalmente estacionadas em Cacine que efectuassem transportes de viaturas, artilharia e pessoal militar ou reabastecimento das Forças de Terra a partir do cais daquela povoação.
Perto da entrada do rio Queruano, num emaranhado de confluências dos rios Cafungaqui, Diderigabi e Cacondo, um pouco a juzante, existia uma rocha no fundo que exigia precauções especiais à navegação que demandava Gadamael.
Aquele porto era de dimensões muito restritas e a sua entrada também se encontrava ameaçada por pronunciado assoreamento. Era dotado de um bom cais, onde atracavam as LDM e as embarcações civis, existindo ainda a montante daquele local, um declive natural na própria margem onde as lanchas abicavam.
Era no entanto um aterro pouco consistente ficando o lôdo a descoberto com a vazante. Todo o interior do porto junto ao cais se encontrava assoreado e, no baixa-mar, ficava em seco uma grande extensão do rio.
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Barras dos rios Cumbijã e Cacine
Cacine
Situado na margem esquerda do rio com o mesmo nome, entre as Pontas Bachao e Camassanhe, era demandado por embarcações civis com escolta e por unidades navais de todos os tipos que se encontravam naquele teatro, constituindo um terminal de cargas para as FTs estacionadas em Gadamael e de escoamento de alguns produtos para Bissau, sobretudo coconote.
Possuía uma ponte-cais que permitia a atracação de LDM ou embarcações civis, para carga e descargas, mas que fica totalmente a seco no baixa-mar.
As LDM abicavam mais a juzante da ponte-cais, a cerca de 300 jardas, num local onde a margem fazia uma pequena saliência arredondada, havendo uma estrada que, ao longo da margem, dava acesso à povoação. Para melhorar as condições de abicagem, teria sido necessário proceder à colocação de quatro cabeços em terra, convenientemente dispostos, para a amarração destas unidades navais quando abicadas.
Por outro lado, logo a juzante do local de abicagem existia uma zona de fundos mais baixos que poderia ter sido mais dragada, evitando quaisquer encalhes com pequeno abatimentos, sempre fácil de se verificarem. O tempo de permanência na abicagem, era de cerca de duas horas e meia para as LDG, devendo sair com o preia-mar, nunca ficando junto a Cacine por não ser indicado militarmente.
Eram frequentes as flagelações da margem contrária, a partir da zona conhecida como Ponta Canabém, junto à foz do rio Chaquebante, com morteiro e metralhadora pesada.
Outras unidades navais como as – LFG - Lanchas de Ficalização Grandes ou as – LFP - Lanchas de Fiscalização pequenas , utilizavam com frequência a foz do rio Imberem como fundeadouro, por considerarem o local mais seguro contra eventuais flagelações, o que faria supor a possibilidade de tentar arranjar um local de abicagem com mais segurança e maiores fundos, situação que se adivinhava simples de implementar na Ponta Camassanhe, pelo desenho da própria carta.
Essa alternativa implicava considerar um acesso àquela ponta, a partir da povoação, e que nunca chegou a existir.
Fontes:
Carta 220 da Missão Geo-Hidrográfica da Guiné, Barra dos rios Cumbijã e Cacine, 1959-1964, por cortesia do Instituto Hidrográfico; Carta da província da Guiné, Ministério do Ultramar, 1961; Arquivo de Marinha.
Carta 220 da Missão Geo-Hidrográfica da Guiné, Barra dos rios Cumbijã e Cacine, 1959-1964, por cortesia do Instituto Hidrográfico; Carta da província da Guiné, Ministério do Ultramar, 1961; Arquivo de Marinha.
mls
2 comentários:
O Cacine!
Sempre presente no meu espírito e por ironia, bem relembrado há dois dias...
Entrava eu o rio Arade (Portimão)aos comandos de um semirigido...quando dou com uma LDG atracada no cais da Marinha.
Julguei que já não existisse nenhuma e ali estava a Bacamarte, do alto de quase meio século de vida!
Lembrei-me das suas irmãs na Guiné e de alguns camaradas que nelas serviram.
Revi o meu sucessor e amigo Azevedo Soares, que já partiu.
Revi Cacine, Cameconde e o Cumbijã, revi a minha juventude e também lembrei os camaradas que com a ajuda de Deus e dos Homens, continuo a encontrar pelo menos uma vez por mês ao almoço no CMN.
Tenho voltado ao Cacine mas isso é para mais tarde.
Embora noutra responsabilidade, também lembro os conboios a bedanda deslocaçoes a Cacine e Gadamael e outros locais para abastecimento ao exercito que nao conseguia ser reabastecido oor estrada.
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