24 dezembro 2019

Natal Guiné, 1966 e 1967 - Um Reserva Naval na Lancha de Fiscalização Grande «Orion»


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 29 de Dezembro de 2008)

Um Reserva Naval na LFG «Orion» no Natal de 1966 e 1967


Seria sensato afirmar que, para todas as guarnições das diversas unidades navais estacionadas na Guiné, era considerada uma normal situação serem confrontadas com a passagem das festividades de Natal e Fim de Ano, sem que lhes fosse permitido arredar pé daquele teatro de guerra.

Haveria alguns casos esporádicos de licenças , mas sempre concedidas por motivos especiais e eram excepção à regra. Seria correcto assim entendê-lo num conceito necessariamente fechado de hierarquia militar de que a “guerra era igual para todos”.

Também assim foi com a LFG «Orion» que, tendo passado o Natal de 1966 atracada em Bissau, em idêntico período de 1967, entre os dias 23 e 26 de Dezembro, navegava no rio Cacheu, patrulhando e fiscalizando.

Os dois finais de ano foram ambos “comemorados” com a LFG estacionada na ponte-cais em Bissau.




Natal de 1966 - A equipa de Oficiais e Sargentos da LFG «Orion», da esquerda para a direita:
1Sarg ACM Augusto Lenine Abreu (Artifice CM), 2Sarg H José Augusto Piteira (Enfermeiro), 1TEN Luis Joel Pascoal (Comandante), STEN RN Manuel Lema Santos (Imediato), 2Sarg M Alfredo Viegas Galvão (Mestre) e 1Sarg A António Vieira (Fiel)


Bissau era, e foi ao tempo, o único local melhorado de selecção possivel para a comemoração daquela quadra festiva melhorada, comparativamente a eventuais missões operacionais nos rios Cacheu, Cacine, Cumbijã ou em qualquer outro local, mas alguém tinha que ser nomeado para zonas onde as rotinas previstas, quer em escalas habituais quer em estados de prontidão, o impunham.

Tocava a todos!

À época, pairava o conceito de tempo de tréguas ou relativo apaziguamento de acções de flagelação por parte do inimigo no decorrer daquele período, provavelmente correspondendo a alguma redução sensível da nossa actividade operacional, pese embora o registo de diversos ataques sofridos.




Natal de 1966 - Momento de convívio na coberta da LFG «Orion», da esquerda para a direita:
2Sarg M Alfredo Viegas Galvão, Mar A Magalhães, STEN RN Manuel Lema Santos, 2Gr A António Figueira e Mar L Brás (cantineiro)


Nada era certo e, para os que ficavam, certa era a tentativa para esquecerem as dificuldades e os riscos, lembrando familiares, partilhando amizade e convívio com outras unidades, a navegar, no cais ou em terra, telefonando, enviando aerogramas, brindando repetidamente, não regateando um cumprimento ou o abraço.

No meu espírito, ainda hoje, perdura a memória da enorme disponibilidade pessoal e competência profissional de uma guarnição que nunca deixou de manifestar grande apoio ao seu oficial imediato, para lá de grande dedicação e transbordante amizade sempre por mim sentida.




Desta vez já em 1967, da esquerda para a direita:
2Sarg A António Vieira, Mar A Magalhães, 2TEN RN Manuel Lema Santos (Imediato),
Mar M Águas, Cabo F Xavier e 2Gr A António Figueira


Foram inexcedíveis como profissionais e marinheiros, mas também como homens ou como amigos.

Num ideário náutico por mim concebido, continuam todos a fazer parte de uma guarnição da LFG «Orion» com que repetiria a longa jornada sem hesitações.

Para mim foi uma honra ser oficial imediato de tal guarnição e a linha definida de rumo que ainda hoje mantenho, foi também ajudada a traçar com os ensinamentos e experiência que, como oficial e como homem, colhi no desempenho daquelas funções.

Aqui fica o meu testemunho lembrando-os a todos, especialmente os que já não podem partilhar o nosso convívio.


Nota:
O 2 Gr A António Figueira, semanas depois, em 13 de Janeiro de 1968, acabaria por ser ferido em combate no rio Cacheu, Tancroal (cedido em serviço à LFG «Lira») e, apesar de ferido, manteve-se disparar sobre o inimigo.




Fontes:
Texto redigido, compilado e adaptado pelo autor do blogue; Imagens de arquivo do espólio pessoal do autor, então oficial Imediato da LFG «Orion»;


mls

12 dezembro 2019

Moçambique, anos '60 - Marinha no Lago Niassa


Lago Niassa - Base Naval de Metangula

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 9 de Agosto de 2010)


Interessante trabalho de reportagem na evocação da memória histórica de Moçambique, Lago Niassa e a Base Naval de Metangula (Augusto Cardoso).




Um notável esforço da Marinha nos idos anos '60 que, de Capitania em tempo de paz, passou rapidamente a Comando de Defesa Marítima (1963) em tempo de conflito armado.

Filme iniciado com uma foto efectuada por ocasião da romagem de saudade, levada a cabo em 1999 ao Lago Niassa-Metangula, numa iniciativa do 2TEN MN RN Prof. Dr. Ricardo Migães de Campos que ali tinha efectuado uma comissão de serviço em 1969


Locução de Júlio Isidro



Fontes:
Cópia de filme gentilmente cedida pela Escola de Fuzileiros, a partir de película rodada, ao tempo, com a colaboração da Marinha; texto do autor do blogue com imagem cedida pelo Prof. Dr. Ricardo Migães de Campos, 2TEN MN RN 11.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval




Manuel Lema Santos
1TEN RN, 8.º CEORN, 1965/1972
1966/1968 - LFG "Orion" Guiné, Oficial Imediato
1968/1970 - CNC/BNL, Ajudante de Ordens do Comandante Naval
1970/1972 - Estado-Maior da Armada, Oficial Adjunto

05 dezembro 2019

Juramento de Bandeira do 12.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, 28Set1968


Escola Naval, Alfeite - Juramento de Bandeira do 12.º CFORN

(RTP Arquivos)


A cerimónia do Juramento de Bandeira é presidida pelo Almirante Manuel Pereira Crespo, Ministro da Marinha, acompanhado pelo Comodoro Lino Paulino Pereira, então Director e 1.º Comandante da Escola Naval.

Depois de cumprimentar as entidades presentes, passa revista à guarda de honra, o CFR Rodrigues Cancela profere a alocução aos novos oficiais da Reserva Naval.

O Almirante Manuel Pereira Crespo entrega o Prémio Reserva Naval ao Cadete Luís Manuel Caldeira Pinho. Segue-se o protocolar Juramento de Bandeira e o desfile que encerra a ceromónia.



Fontes:Foto de arquivo do autor do blogue; texto e filme partilhados a partir de «RTP Arquivos» em https://arquivos.rtp.pt/conteudos/juramento-de-bandeira-no-alfeite/

mls

20 novembro 2019

Cerimónia militar na Guiné, Bissau - 26 Novembro 1966


Cerimónia militar na Guiné, Bissau - 26 Novembro 1966

(RTP Arquivos)


Numerosos populares e militares na passagem dos contingentes que iniciam, à época, mais uma missão militar naquele teatro de guerra.

Tribuna de honra montada na Avenida de Portugal frente à Sé Catedral, sendo visíveis personalidades diversas. Entre outras o General Arnaldo Schultz, Governador da Província, o Comandante de Defesa Marítima da Guiné e outros militares do Exército, Marinha e Força Aérea.

O Governador da Província passa revista à guarda de honra, prestada pelo DFE 3 - Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 3, formado frente à Estação Central dos CTT.

Desfile de diversas Unidades dos três ramos das Forças Armadas, encabeçadas pela CF 9 - Companhia de Fuzileiros n.º 9, seguida de várias Unidades do Exército e Força Aérea com desfile de diversos tipos de aeronaves e viaturas.



Fontes:Foto de arquivo do autor do blogue; texto e filme partilhados a partir de «RTP Arquivos» em https://arquivos.rtp.pt/conteudos/cerimonia-militar-em-bissau/

mls

14 novembro 2019

Bissau, 19680608 - Visita do Brigadeiro António de Spínola ao Comando da Defesa Marítima da Guiné


Visita do Brigadeiro António de Spínola, Governador Geral da Guiné e Comandante-Chefe das Forças Armadas ao CDMG

(RTP Arquivos)


António de Spínola, à chegada, cumprimenta e faz continência aos Oficiais que o aguardam, passa revista à guarda de honra e discursa. Formatura de militares na parada com a Bandeira hasteada. Seguidamente, António de Spínola cumprimenta militares durante a visita à Sala de Oficiais e visita o recinto.



Fontes:Foto de arquivo do autor do blogue; texto e filme partilhados a partir de «RTP Arquivos» em https://arquivos.rtp.pt/conteudos/visita-de-antonio-de-spinola-ao-comando-da-defesa-maritima//

mls

11 novembro 2019

Reserva Naval, 14.º CFORN - A Pátria Honrai...


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 23 de Novembro de 2016)


António Bento Martins Ferraz pertenceu ao 14.º CFORN-Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, tendo ingressado na Escola Naval em 30 de Janeiro de 1969. Promovido a Aspirante a Oficial em 25 de Setembro do mesmo ano, embarcou para Moçambique integrado no DFE 11 - Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 11.



Fontes:
Revista da Armada n.º 20, Maio de 1973


mls

09 novembro 2019

Alfeite, 27 Setembro 1974 - Juramento de Bandeira do 24.º CFORN


Base Naval de Lisboa - "24.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval"

(RTP Arquivos)


A cerimónia do Juramento de Bandeira é presidida pelo Vice-Almirante Pinheiro de Azevedo, membro da junta de Salvação Nacional e Chefe do Estado-Maior da Armada que passa revista à formatura.

A alocação aos novos Oficiais é efectuada pelo 1TEN Adelino Rodrigues da Costa com entrega do Prémio Reserva Naval ao Cadete Pereira da Silva



Fontes:Foto de arquivo do autor do blogue; texto e filme partilhados a partir de «RTP Arquivos» em https://arquivos.rtp.pt/conteudos/juramento-da-bandeira-no-quartel-do-alfeite/

mls



01 novembro 2019

Curso “Luis de Camões” dos QP e Cadetes da Reserva Naval

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 30 de Março de 2014)

Escola Naval - Curso Luis de Camões num percurso com os 3.º, 4.º, 5.º e 6.º CEORN - Cursos Especiais de Oficiais da Reserva Naval





"...

No já longínquo dia 1 de Outubro de 2010, os antigos cadetes do curso “Luís de Camões” celebraram os 50 anos desde a sua entrada na Escola Naval. Aquele dia começou com a habitual apresentação de cumprimentos ao Comandante da Escola Naval, o Contra-Almirante Seabra de Melo, que os recebeu na Sala da Reserva Naval onde assinaram o livro de honra de forma a eternizarem este momento, seguindo-se uma apresentação sobre a Escola Naval.

Durante a formatura do Batalhão Escolar o Comandante Almada Contreiras, chefe de curso à entrada, proferiu uma alocução aos cadetes. Depois, do desfile e da fotografia de curso, os presentes tiverem a oportunidade de consultar a documentação do curso na Sala Macau, seguindo-se o almoço na camarinha do comandante. Da parte da tarde foi descerrada a placa evocativa deste momento e realizou-se uma breve visita à Escola Naval, despertando boas recordações.

A visita terminou com uma lição comemorativa, pelo comandante Saturnino Monteiro.

...”





Do Livro do Curso “Luis de Camões” se transcreve de seguida, com a devida vénia, um excerto do texto que refere os cursos da Reserva Naval que ali decorriam simultaneamente:

“...

Durante a permanência do “LC” na Escola Naval foi-nos dado conviver durante alguns meses com os cadetes que ali também frequentavam a sua formação para Oficiais da Reserva Naval, todos estudantes ou licenciados do ensino superior e com quem foi muitas vezes grato partilhar vivências e conhecimentos.

O 3.º CEORN alistou-se a 10 de Outubro de 1960, quando nós éramos “mancebos”. Tinha como nº 1 da classe de Marinha o Alberto Neves Cordeiro e integrava 36 cadetes (também das classe EMQ, AN e Saúde).

Nesse ano, o Prémio “Reserva Naval”, destinado ao mais classificado no conjunto da média de frequência escolar e da classificação de carácter militar, foi para o médico João Borges de Oliveira. Após a promoção a aspirantes, foram destacados para os navios e serviços em terra e, pela primeira vez, alguns foram nomeados para comissão no Ultramar (Angola e Guiné), incluindo alguns com funções de comandantes das LFP - Lanchas de Fiscalização Pequenas, então recentemente adquiridas.

O 4.º CEORN foi alistado a 6 de Outubro de 1961, com 44 cadetes, incluindo já os primeiros da classe dos Fuzileiros Navais. O nº 1 era o António Almeida Pinto e o distinguido com o Prémio “Reserva Naval” foi o engenheiro de máquinas Luís Mendes de Almeida.

O 5º CEORN iniciou-se a 4 de Outubro de 1962 e teve a novidade de um cadete da classe dos Engenheiros Construtores Navais, desta vez sem Médicos, num total de 46.

Tinha como nº 1 o Abel Machado de Oliveira e o premiado pela mais alta classificação obtida foi o engenheiro de máquinas Adalberto Mesquita.

Finalmente, o 6 CEORN teve o seu alistamento mais cedo, a 26 de Julho de 1963, com 66 cadetes e formando 2 pelotões, por nós comandados. O seu nº 1 era Agostinho Caro Quintiliano e o prémio para o cadete mais bem classificado foi para o cadete AN RN Rui Pena.
...”




Livro do Curso “Luís de Camões” – Escola Naval, 1960-1964

Responsabilidade editorial:
Almada Contreiras, Mota e Silva, Brito Afonso, Alfredo Baptista, Machado dos Santos, Ferreira de Sequeira, Brito Subtil, Moreira Freire
Não se usou o novo acordo ortográfico.
Lisboa, 2012
Depósito Legal: 345505/12


Fontes:
Livro de Curso "Luís de Camões" por cedência pessoal do Vice-Almirante Luis Manuel Mota e Silva, a título de empréstimo; aqui fica expresso o meu agradecimento pessoal




mls

28 outubro 2019

Guiné - Cinco Combóios no rio Cacheu, O "Boca de Sapo" caiu à água (I)


Guiné - Cinco Combóios no rio Cacheu, O "Boca de Sapo" caiu à água(I)



Fontes:
Texto e fotos já publicados na Revista "O Desembarque" n.º 27 da Associação de Fuzileiros, Junho 2017, autoria de Mar E, Sócio Originário n.º 1542, AFZ, Oficial RN da CFZ 11, Guiné 1971/1972;


mls

27 outubro 2019

Guiné, Bissau - Viagem Presidencial no NM «Funchal» de 2 a 7 de Fevereiro de 1968


Muitos de nós, militares da Marinha, Exército ou FAP, estivemos presentes. Integrado como oficial imediato na guarnição da LFG «Orion», casualmente atracada, ainda me "tocou" ser nomeado, num dos dias e em sobreposição, para oficial de serviço à ponte-cais com uma esquadra de fuzileiros.



Texto do autor do blogue; filme partilhados a partir de:
«RTP Arquivos» em https://arquivos.rtp.pt/conteudos/visita-do-chefe-de-estado-a-guine-2/


mls

23 outubro 2019

Guiné, Anos '60 - Imagens que despertam memórias (VII)


Guiné, anos '60 - Fragata «Nuno Tristão» F332









A fragata «Nuno Tristão» (1949-1971)foi aumentada ao efectivo dos navios da Armada em 15 de Maio de 1949 e abatida ao efectivo em 8 de Abril de 1971.

Pertencendo à classe «Diogo Gomes» efectuou diversas comissões de serviço e ambas efectuaram uma viagem a Moçambique em 22 de Agosto de 1959 de onde regressaram em 22 de Dezembro daquele ano.




Guiné, rio Cacheu 1963
Em cima, a FF «Nuno Tristão» fundeada no rio Cacheu no porto de Bigene e, em baixo, em Canja








1964 - A «Geba» atracada à FF «Nuno Tristão» aguarda o momento de seguir para
S. João - Bolama com a CCaç 414


Entre Fevereiro e Agosto de 1961 esteve presente em Angola onde se tinha instalado a perturbação pública. Após o regresso a que se seguiram prolongados fabricos regressou a águas, então de soberania portuguesa, em toda a costa ocidental de África. Destaca-se especialmente a participação na Operação "Tridente".















Entre Dezembro de 1964 e Abril de 1966 permaneceu na Guiné. Após regressar voltou novamente a Cabo Verde, S. Tomé, Guiné e Angola regressando ao Continente em Abril de 1969. Após algumas curtas comissões em Madeira e Açores, passou ao estado de desarmamento em Janeiro de 1970.


Fontes:
Fotos do arquivo pessoal do autor do blogue, por especial cortesia e cedência do Arquivo de Marinha; texto da FF «Nuno Tristão» coligido a partir de "Dicionário de Navios e Relação de Efemérides", Adelino Rodrigues da Costa, 2006;


mls

19 outubro 2019

1969, Guiné - DFE 12, Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 12 regressa a Lisboa na fragata «Nuno Tristão»


È visível a fragata «Nuno Tristão» e o Capitão de Mar-e-Guerra Almeida Brandão, em representação do Ministério da Marinha e do Chefe de Estado-Maior da Armada que sobe a bordo do navio, cumprimenta a tripulação e profere alocução na presença dos oficiais e militares.

Além de outros militares Fuzileiros do DFE 12 são visíveis o Comandante do Destacamento, então 1TEN Fernando Gomes Pedrosa, o Imediato 2TEN Pedro Serradas Duarte eo 3.º Oficial 2TEN RN Alberto Rebordão de Brito



Fontes:Foto de arquivo do autor do blogue; texto e filme partilhados a partir de «RTP Arquivos» em https://arquivos.rtp.pt/conteudos/chegada-de-fuzileiros-a-lisboa/

mls

22 setembro 2019

Bissau, Anos '60 - Imagens que despertam memórias (VI)


Guiné, anos '60 - Fainas inesquecíveis no Cais do Pijiguiti










Fontes:
Fotos do arquivo pessoal do autor do blogue, por especial cortesia e cedência do 1TEN AN Ref. Raul Sousa Machado;


mls

01 julho 2019

O Anuário da Reserva Naval 1958-1975


(Post reformulado a partir de outros já publicados em 7 de Setembro de 2012)

"O Anuário da Reserva Naval 1958-1975" - Comandantes Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado"





Inicia-se com uma dedicatória à Marinha de Guerra Portuguesa. Um "Prefácio" pelo Almirante A. C. Fuzeta da Ponte, ao tempo Chefe do Estado-Maior da Armada, e uma pequena "Introdução", sucedem-se ao interessante texto:

..."A ABRIR


Desde 1958 que a Marinha Portuguesa tem regularmente admitido nas suas fileiras indivíduos que, frequentando ou tendo frequentado cursos superiores tecnicamente adequados aos serviços e especialidades da Armada, nela vieram a prestar serviço como Oficiais da Reserva Naval.

Essa regularidade apenas teve o ano de 1975 como excepção.

Esse ano separa, assim, dois períodos distintos no que respeita às condições de incorporação e à natureza da prestação de serviço dos Oficiais da Reserva Naval.

Até 1975, as missões da Marinha estendiam-se por um vasto espaço geográfico e o País confrontava-se com uma situação de guerra nos seus territórios ultramarinos da Guiné, Angola e Moçambique e de especial vigilância em Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe. Por isso, para além da habitual presença em Macau e Timor, a Marinha mantinha uma activa participação nas operações militares, designadamente nas suas componentes operacionais e logísticas, já que os referidos territórios tinham uma importante e extensa fronteira marítima.

A carência de Oficiais aumentara substancialmente e foi na Reserva Naval que a Marinha encontrou a solução que melhor se adequou às suas necessidades específicas em pessoal qualificado.

Os Oficiais da Reserva Naval ombrearam então com os do Quadro Permanente no desempenho de cargos e missões da mais alta responsabilidade militar, na maioria das vezes em situações desconfortáveis, complexas e de elevado risco.

Daí resultou um intenso convívio, um são companheirismo entre homens de formação muito diversa e um mútuo enriquecimento cultural, técnico-profissional e até político, que tantas vezes perdurou no tempo e que, no plano dos princípios, continua a inspirar referências e, inclusive, a ocupar um destacado lugar no imaginário de muitos Oficiais da Armada.

A partir de 1976, os Cursos de Formação de Oficiais da Reserva Naval foram naturalmente adaptados às novas necessidades e missões da Marinha. A situação do País e os contextos geopolítico e geoestratégico de actuação da Armada tinham-se alterado radicalmente. A Reserva Naval, num quadro militar-naval bem diverso daquele que vigorara até 1974, adquiriu características diferentes, tendo sido orientada para a satisfação de outras necessidades e para o cumprimento de outras tarefas.

Foram, portanto, dois períodos distintos aqueles que caracterizaram a Reserva Naval, desde a sua criação até a actualidade, de resto naturalmente coincidentes com dois períodos, igualmente distintos, da nossa história contemporânea.

Este Anuário da Reserva Naval foi coligido com base na experiência e na vivência pessoal dos seus autores, Oficiais do Quadros Permanentes, incidindo apenas sobre o primeiro dos referidos períodos, isto é, aquele que decorreu entre 1958 e 1975.

Este período corresponde ao da realização de 25 Cursos de Formação de Oficiais da Reserva Naval, levados a efeito na Escola Naval e completados noutras Escolas e Unidades da Armada, durante os quais foram preparados 1.712 Oficiais que serviram a Marinha numa conturbada fase da nossa vida colectiva.

Muitos desse Oficiais comandaram Navios da República Portuguesa nas águas do Atlântico e do Índico, navegaram no remoto Lago Niassa e na complexa teia fluvial que são os rios da Guiné, venceram as correntes do rio Zaire e suportaram as tormentosas monções do Canal de Moçambique, não tendo estado ausentes de importantes operações navais levadas a efeito noutras áreas.

Muitos, também, palmilharam grandes extensões das chanas, bolanhas e matas africanas com os seus Destacamentos e Companhias de Fuzileiros, actuando nas mais adversas condições e suportando constantes flagelações e terríveis emboscadas conduzidas por experientes e bem armados guerrilheiros.

No Mar ou em Terra, frequentemente afastados dos seus interesse mais directos e até isolados em longas comissões, os Oficiais da Reserva Naval integraram-se na melhor e mais viva das nossas tradições navais, dominado dificuldades, contingências e mesmo adversidades, nos teatros de guerra africanos.

Mas nem só a vertente operacional, designadamente nos cenários ultramarinos, ocupou e distinguiu estes Oficiais. A sua elevada preparação técnica e académica traduziu-se num enriquecimento global da Marinha, com especial destaque para as áreas do ensino, da investigação e da gestão, onde o seu contributo em termos de conhecimento e inovação foi relevante e justamente reconhecido.

A passagem dos Oficiais da Reserva Naval pela Marinha constituiu um significativo acréscimo técnico, cultural e humano para a instituição naval e para os seus membros, mas seguramente que constituiu também uma acrescentada valorização daqueles que, embora transitoriamente, vestiram a farda do botão de âncora.

Este "Anuário da Reserva Naval" pretende reavivar na memória de cada um dos 1.712 Oficiais que nele constam, a sua aventura marinheira e, evocar no seio da própria Marinha, a enriquecedora experiência do privilegiado convívio que com eles houve em tantos mares, rios, navios, quartéis, gabinetes e escolas.

Aos quantos, sempre muitos, que já não podem ler este modesto trabalho, prestamos a nossa sincera homenagem, relembrando particularmente um companheiro e amigo: Adelino Amaro da Costa, 2.º Tenente RN e antigo Ministro da Defesa Nacional.

Os Autores..."


In "Anuário da Reserva Naval 1958-1975"




Ficha Técnica:

• Autor/Edição: A. B. Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado
• Local/Ano de Publicação: Lisboa, 1992
• Tiragem: 2.000 exs
• Depósito Legal: 53275/92
• ISBN 972-759-0-8
• Preço (à época): 10,00 € (acrescido de portes de correio caso fosse o meio de entrega)

Índice

Parte I - A Reserva Naval
• Criação e Evolução Regulamentar
• Breve Análise dos CFORN
• Depoimentos
• 1958-1975

Parte II - Os 1.712 Oficiais da reserva Naval

Parte III - Informações Adicionais
• Síntese da principal legislação relativa à Reserva Naval
• Directiva para o funcionamento dos cursos de formação de oficiais da reserva naval de 1966 e para a prestação de serviço dos reservistas que frequentarem esses cursos
• Comandantes da Escola Naval entre 1958 e 1975
• Directores dos CFORN (de acordo com o art.º 6 da Portaria n.º 16.714 de 27.5.58
• Directores dos CFORN (de acordo com a Portaria n.º 64/73 de 1.2.73)
• Curriculum escolar-padrão dos CFORN
• O prémio "Reserva Naval"
• Navios da Armada Portuguesa em 31 de Dezembro de 1973
• Oficiais RN que ingressaram no QP dos Oficiais da Armada
• Oficiais RN licenciados por invalidez resultante de acções em campanha
• Oficiais RN falecidos durante a sua prestação de serviço
• Siglas e abreviaturas utilizadas




mls

13 junho 2019

Guiné, 1968 - Piche


Belo exemplo de partilha em Piche, vila do nordeste da Guiné, em zona de etnia fula e influência islâmica

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 11 de Maio de 2012)




...Andámos alguns quilómetros para Norte, passámos por uma palhota onde se encontrava uma mulher a dar de mamar a uma cabra, tirei-lhe uma fotografia, e continuámos na esperança de encontrarmos uma tabanca com galinhas...”

João Alves Martins, Alf Mil ArtBAC1, 1967/69 (Bissum, Piche, Bedanda e Guileje)







Fontes:
Arranjo de texto e foto do autor do blogue a partir de elementos gentilmente cedidos por João Alves Martins, Alferes Miliciano Art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69


mls

11 junho 2019

10 de Junho 2019 - XXVI Encontro Nacional de Combatentes em Belém




Convite/Conferência/Programa




Decorreu em Belém o «XXVI Encontro Nacional de Combatentes» de acordo com o convite e programa previamente dados a conhecer e distribuídos.

A cerimónia foi presidida pelo Vice-Almirante João Manuel Lopes Pires Neves e iniciou-se na Igreja dos Jerónimos continuando junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar.

Presentes centenas de antigos combatentes, familiares e amigos que entenderam acompanhar de perto o desenrolar dos acontecimentos.



Vice-Almirante João Manuel Lopes Pires Neves, Presidente da Comissão Executiva

Alocução do Presidente da Comissão Executiva
(clicar para ver o texto completo)

Após uma alocução de abertura pelo Presidente da Comissão Executiva, foi lida a mensagem de Sua Excelência o Presidente da República seguida de um discurso proferido pelo Professor Doutor Bernardo Pires de Lima.

Depois da cerimónia inter-religiosa católica e muçulmana, tiveram lugar a Homenagem aos Mortos e a deposição de flores.

A Banda da GNR tocou o Hino Nacional, interpretação acompanhada por um grupo coral de meninos e meninas da Casa Pia, seguido da salva protocolar de 21 tiros pelo NRP «Figueira da Foz», de acordo com a OSN, no momento fundeado frente à Torre de Belém.



NRP «Viana do Castelo» frente à torre de Belém

A culminar a cerimónia, depois da passagem de aeronave da Força Aérea Portuguesa, o desfile pelas lápides do Memorial com salto de Pára-quedistas do Exército, seguido do almoço-convívio nos terrenos fronteiros ao Monumento.




Mensagem de Sua Excelência o Presidente da República
(clicar para ver o texto completo)



Discurso do Professor Doutor Bernardo Pires de Lima
(clicar para ver o texto completo)

Fontes:
Fotos do arquivo pessoal do autor do blogue com cedências de textos e foto pelo Presidente da Comissão Executiva, Vice-Almirante João Manuel Lopes Pires Neves;


mls

23 maio 2019

Bissau, Anos '70 - Imagens que despertam memórias (V)


Guiné, anos '70 - "Rancho da Porca" e retalhos fotográficos de locais inesquecíveis




Guiné, anos '70 - O famoso «Rancho da Porca», na gíria naval, usada a bordo (também em terra pelos marinheiros), era uma refeição feita fora do âmbito regular dos refeitórios e messes, nos navios ou nas unidades da marinha em terra, de forma simplificada.
A refeição do rancho da porca tinha geralmente uma componente de convívio muito superior às refeições regulares nos refeitórios. Neste caso era vulgarmente praticado nas unidades navais em missões fora da Base Naval em Bissau.






Guiné, Agosto 1969 - Embarque em S. Domingos para Vila Cacheu (CCaç 1801) que depois continuaria numa LDG para Bissau em final de comissão e,
em baixo, outras abicagens e fainas de embarque desembarque nos lodaçais habituais









Guiné, anos'70 - Mais abicagens com faina logística de embarque e desembarque de combustível, géneros e equipamento de uma LDM - Lancha de Desembarque Média e, em baixo, da LDG «Montante», a LDG 104







Guiné, anos '70 - Em cima e, em baixo, transporte de populações entre margens







Farim, 1973 - Em cima, a jangada que efectuava o transporte de populações e bens entre Farim,
na margem norte do rio Cacheu e a margem sul,
permitindo a ligação com a estrada que conduzia a Mansabá > Mansôa > Nhacra > Bissau.
Em baixo, batelões comerciais acumulam-se no cais do Pijiguiti em Bissau, aguardando oportunidade






Fontes:
Texto e fotos do arquivo pessoal do autor do blogue, com amável cedência de fotos de CFR Abel Ivo de Melo e Sousa, 2TEN FZ RN Manuel Gomes Ferreira e Alf. Médico Alberto Lema Santos;


mls

20 maio 2019

Bissau, Anos '70 - Imagens que despertam memórias (IV)


Guiné, anos '70 - Retalhos fotográficos




Guiné, 1971 - Os batelões "Tejo" e "Correia II" acostados em pausa de combóio naval.
Confusão, molhada e tempo de lazer do pessoal que integra o combóio








Farim, 1973 - Porta de Armas do aquartelamento e batelões comerciais acostados na baixa-mar.
Visível, em primeiro plano, a LDG «Alfange» abicada








Guiné, 1973 - Em cima a BA12, Base Aérea de Bissalanca e, em baixo,
um helicóptero Alouette III em vôo sobre a região de Ganturé








Guiné/Cafine, 1973 - Em cima um abrigo subterrâneo para a população e, em baixo, uma "estranha sala de leitura" com duas metralhadoras de fita por perto








Guiné/Bissum, 1973 - Em cima, visualizar um belo pôr-de-sol a partir de uma LDM que integra um combóio naval com a metralhadora Oerlikon apontada para nenhures, em descanso e,
em baixo, imagem aérea da Guiné de tarrafo e mais tarrafo...






Fontes:
Texto e fotos do arquivo pessoal do autor do blogue, com amável cedência de fotos de CFR Abel Ivo de Melo e Sousa, 2TEN FZ RN Manuel Gomes Ferreira e Alf. Médico Alberto Lema Santos;


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