(Post reformulado a partir de outros já publicados em 29 de Agosto e 7 de Novembro de 2006)
N/M «Funchal» em "Visita Presidencial" à Guiné de 2 a 7 de Fevereiro
Em cima, o N/M «Funchal» atracado na ponte-cais, com iluminação de gala e, em baixo,
fotografado a partir da LFG «Orion» sendo igualmente visível a FF »Almirante Pereira da Silva»
fotografado a partir da LFG «Orion» sendo igualmente visível a FF »Almirante Pereira da Silva»
Em 2 de Fevereiro de 1968, visível para trás, já atracado na ponte-cais em Bissau, o N/M «Funchal» que transportou o Presidente da República de então, Almirante Américo Tomás, bem como toda a sua comitiva, na viagem que efectuou a Cabo Verde e à Guiné, tendo permanecido neste último território de 2 a 7 daquele mês.
Participaram em escoltas diversas as LFG «Lira» e LFG «Orion», além de outras unidades navais que, quer na chegada a 2 de Fevereiro quer na partida a 7 do mesmo mês, acompanharam o navio presidencial entre a bóia do Caió-Bissau e vice-versa.
Durante o périplo presidencial fez igualmente parte da comitiva a fragata «Almirante Pereira da Silva», navio que escoltou o N/M «Funchal» durante toda a viagem, sob o comando do CFR Mário Esteves Brinca.
Em cima, o N/M «Funchal» atracado na ponte-cais, sempre engalanado,
e, em baixo, fotografado da LFG «Lira» quando era sobrevoado por uma esquadrilhas de helicópteros
e, em baixo, fotografado da LFG «Lira» quando era sobrevoado por uma esquadrilhas de helicópteros
Nos cinco dias que o N/M «Funchal» permaneceu em Bissau, foram levadas a cabo múltiplas realizações destinadas a comemorar a efeméride que incluiu no programa oficial, além de outros cerimónias e espectáculos, desfiles militares e exibição de grupos oriundos de várias etnias, nos arruamentos e praças da cidade.
Mais tarde, a 7 do mesmo mês e na largada do N/M «Funchal», entre Bissau e a bóia do Caió, repetir-se-ia o cenário, desta vez também com a LFG «Cassiopeia».
Alguns oficiais imediatos das LFG - Lanchas de Fiscalização Grandes, nesses dias estacionadas em Bissau e outros oficiais à margem da participação nos festejos, para lá de funções permanentemente desempenhadas por inerência do cargo, foram chamados a prestar serviços adicionais como oficial de serviço à ponte-cais de Bissau, garantindo a segurança em conjunto com uma equipa de mergulhadores-sapadores.
Em cima, o N/M «Funchal» numa interessante perspectiva obtida da LFG «Sagitário» e,
em baixo, anverso e verso da medalha comemorativa da vista presidencial
em baixo, anverso e verso da medalha comemorativa da vista presidencial
Dispunham para o efeito, além da habitual guarda à ponte-cais de uma esquadra de de fuzileiros comandada por um Sargento.
No final, pelo desempenho da missão a contento, como tantos outros militares, foram agraciados com uma medalha comemorativa profusamente distribuída.
N/M «Funchal» - Resenha Histórica
Foi construído pelo estaleiro Helsingør Skipsværft A/S, na Dinamarca, por encomenda da Empresa Insulana de Navegação, com projecto de Rogério de Oliveira. Foi o maior navio de passageiros construído na Dinamarca à data da sua entrega em Outubro de 1961, tendo sido lançado ao mar a 10 de Fevereiro de 1961. Tinha então como função a ligação marítima regular entre Lisboa e as ilhas dos Açores, da Madeira e das Canárias, efectuando mensalmente duas viagens consecutivas com o itinerário Lisboa-Funchal-Tenerife-Funchal-Lisboa seguidas de uma viagem aos Açores via Funchal.
Integrava na década de 1960 uma importante frota de navios e passageiros portugueses constituída à época por mais de vinte navios, com destaque para os navios "N/T Infante Dom Henrique","N/T Santa Maria", "N/T Vera Cruz" e "N/T Príncipe Perfeito", os quatro maiores paquetes portugueses, abatidos em 2004, 1973 e 2001, respectivamente.
Foi nele que, à época do presidente Américo Tomás, foram transportados os restos mortais de Pedro IV de Portugal para o Brasil, sob escolta militar (1972).
No início da década de 1970 tendo o tráfego aéreo superado as viagens marítimas, em 1972 decidiu-se remotorizar o navio, substituindo as turbinas a vapor de origem por dois motores Diesel, e alterando os alojamentos e espaços públicos para classe única para utilização em cruzeiros turísticos internacionais. Pouco se alterou então o seu desenho exterior, mas após 1985 foram sendo efectuadas alterações graduais nomeadamente o prolongamento do convés "Promenade", então estendido até à popa. Internamente, as suas duas turbinas a vapor foram substituídas por motores a diesel.
No ano seguinte, 1974, a Insulana fundiu-se com a Companhia Colonial de Navegação, dando origem à CTM - Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos, de Lisboa, passando o "Funchal" ser propriedade da Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos. Em 1975 encontrava-se desactivado em Lisboa, tendo sido identificado pelo empresário grego George Potamianos, que o apresentou a uma empresa sueca de navegação que o fretou e explorou por dez anos, até que a Arcalia Shipping - The Great Warwick Co. Inc, do Panamá, daquele empresário, o adquiriu, em hasta pública, da massa falida da CTM (1985).
Após aquisição pelo armador Potamianos foi registado no Panamá, em 1985, sofrendo sucessivos melhoramentos e modernizações, tendo voltado ao serviço em Dezembro de 1985.
O FUNCHAL terminou o seu último cruzeiro em Lisboa a 16 de Setembro de 2010 e foi retirado do serviço para modernização a efectuar no cais da Matinha em Lisboa, mas devido à conjuntura económica adversa, em Julho de 2011, esses trabalhos estimados em 15 milhões de Euros foram suspensos.
A entrada em vigor, a partir de 1 de outubro de 2010, de novas exigências da Convenção SOLAS 2010 para a salvaguarda da vida humana no mar obrigou a algumas alterações de natureza técnica a bordo do "Funchal", nomeadamente a substituição de materiais combustíveis. Aproveitando essa intervenção o armador decidiu proceder a uma completa actualização dos alojamentos e espaços para passageiros, por forma a torná-lo ainda mais apetecível.
Estava previsto para Julho de 2011 o regresso do navio ao mercado dos cruzeiros com duas viagens a partir de Lisboa que iriam comemorar os 50 anos da viagem inaugural em 1961.
Constituiu até essa altura o navio mais famoso da companhia Classic International Cruises, que contava ainda com os navios Princess Danae, Arion, Princess Daphne e Athena, todos a navegar sob bandeira portuguesa (registo da Madeira).
No entanto, por dificuldades económicas a Classic International Cruises de Lisboa foi encerrada em Novembro de 2012, passando o navio para a posse da principal entidade credora, o Montepio Geral. O "Funchal" permaneceu imobilizado em Lisboa desde 16 de Setembro de 2010 até Fevereiro de 2013.
Em Fevereiro de 2013, juntamente com mais 3 navios, foi adquirido por um investidor português, a "Portuscale Cruises". Depois de sofrer profundas remodelações voltou poder navegar em Agosto de 2013.
A 1 de Agosto de 2013 foi apresentado, após remodelação profunda, que incluiu uma pintura inspirada na original da Empresa Insulana.
A 22 de Agosto de 2013 o navio voltou a navegar, como propriedade da Portuscale Cruises, mas ficou retido no porto de Gotemburgo, Suécia devido a deficiências técnicas detectadas aquando de uma inspecção pelas autoridades, antes do que seria a sua viagem re-inaugural.[1] Efectuou o último cruzeiro ao serviço da PORTUSCALE CRUISES de 28 de Dezembro de 2014 a 2 de Janeiro de 2015 e encontra-se desde essa data imobilizado em Lisboa, tendo o programa de cruzeiros previsto para 2015 sido cancelado a 12 de Fevereiro de 2015.
Foi vendido em 5 de Dezembro de 2018 por £3,9 milhões, um décimo do valor gasto na renovação do navio, para ser hotel de festa flutuante entre Liverpool e as Ilhas Baleares.
Fontes:
Texto e imagens de N/M «Funchal» em http://pt.wikipedia.org/wiki/Funchal_%28paquete%29; texto e imagens do "post" de arquivo do autor do blogue com cedências parciais dos comandantes Adelino Rodrigues da Costa e Carlos Dias Souto;
Texto e imagens de N/M «Funchal» em http://pt.wikipedia.org/wiki/Funchal_%28paquete%29; texto e imagens do "post" de arquivo do autor do blogue com cedências parciais dos comandantes Adelino Rodrigues da Costa e Carlos Dias Souto;
mls
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