29 março 2020

Guiné, LFP «Deneb» - P 365


Os Oficiais da Reserva Naval na LFP «Deneb» - P 365

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 4 de Fevereiro de 2011)


Construída nos estaleiros alemães Bayerische Shiffbaugesellschaft mbH, em Erlenbach/Main, foi aumentada ao efectivo dos navios da Armada em 15 de Junho de 1961, na Guiné, depois de ter sido transportada por um navio mercante para Bissau, onde chegou no dia 8 daquele mês.




Guiné, 1967 - A LFP «Deneb» a navegar no rio Cacine

Foi integrada na Esquadrilha de Lanchas da Guiné e a terceira de um conjunto de 13 unidades que constituíram a classe «Bellatrix» e com as mesmas características gerais. Ainda que algumas delas reflectissem alterações estruturais profundas entre si, resultantes da necessidade de as adaptar aos cenários de operações, foi decidida a sua classificação na mesma classe, para simplificação de tipologias diferenciadas que poderiam implicar uma reclassificação em, pelo menos, duas classes distintas.

Fez parte do planeamento inicial do Estado-Maior da Armada este tipo de unidades navais serem comandadas por um Sargento M (manobra). Mais tarde, por proposta do Comando de Defesa Marítima da Guiné, a ideia foi abandonada. Na sequência da resolução de alguns problemas de navegação surgidos pelo tipo da complexa hidrografia daquele território, foi decidido que o comando passasse a ser efectuado por um Oficial subalterno.




Guiné, 1964 - A participação na Operação "Tridente" com apoio ao desembarque de forças na «Ilha de Como». Em primeiro plano a LFP «Canopus", sendo visível o lançador de foguetes de 37 mm e, a curta distância, a LFP «Deneb» - que a acompanhava na mesma missão




No dia 23 largou do porto de Bissau e, no dia seguinte, depois de patrulhar o rio Geba regressou ao cais. Entre Junho e o final de Setembro, realizou exercícios de tiro no canal do Geba, efectuou diversas escoltas e patrulhas, escoltou o TT «Conceição Maria», comboiou o NH «Pedro Nunes» até Bissau e patrulhou também o rio Cacheu.

Em 12 de Outubro navegou com um grupo de Aspirantes a Oficial da Reserva Naval que depois deixou naquele navio hidrográfico, tendo regressado a Bissau em 16 de Outubro.

No dia 18 assumiu o comando da LFP «Deneb» o STEN RN Armando Fernandes Peres do 3.º CEORN, o primeiro oficial a exercer aquelas funções.

Tendo iniciado no rio Geba a sua vida operacional, teve mais destacada participação no sul da Guiné, ainda que com acções pontuais no rio Cacheu no decorrer dos anos de 1962 e 1963. Apoiou operações e combóios logísticos, sobretudo nos rios Tombali, Cobade, Cumbijã e Cacine, onde foi alvo de frequentes emboscadas, mantendo combates com grupos armados instalados nas margens.

De 13 de Janeiro a 22 de Março de 1964, participou na Operação «Tridente», tendo regressado por breves intervalos a Bissau para descanso da guarnição. A partir de meados de 1968 passou a integrar também o dispositivo naval no rio Cacheu – Operação «Via Láctea» - onde participou em múltiplas missões operacionais que incluiram flagelações ao inimigo da sequência de ataques e emboscadas das margens.




Armando Fernandes Peres, José Manuel Burnay e Mário Sá Couto

Durante todo o período em que esteve operacional foram comandantes da LFP «Deneb» os seguintes oficiais da Reserva Naval:

2TEN RN Armando Fernandes Peres, 3.º CEORN, 18Out61/09Abr63;
2TEN RN José Manuel Burnay, 4.º CEORN, 09Abr63/23Jun64;
2TEN RN Mário Luis Neves Sá Couto, 6.º CEORN, 23Jun64/02Jun66;
2TEN RN Emídio Guilherme Mendes de Aragão Teixeira, 8.º CEORN, 02Jun66/23Mar68;
2TEN RN Manual Maria Pereira da Silva, 10.º CFORN, 23Mar68/20Nov69;
2TEN RN José Luis Ferreira da Silva Dias, 14.º CFORN, 20Nov69/17Jul70;
2TEN RN Ilídio José Prazeres de Assunção, 15.º CFORN, 17Jul70/03Fev72;




Emídio Aragão Teixeira, Manuel Pereira da Silva, José Luis Dias e Ilídio Prazeres de Assunção

Foi-lhe atribuída a alcunha «Branca de Neve», suportada num claro trocadilho do nome quando, após uma reparação, a pintura exterior, usualmente verde acastanhado escuro, surgiu bem mais clara que a das outras lanchas.

Em 1 de Julho de 1971 subiu o plano inclinado do SAO - Serviço de Assistência Oficinal onde foi vistoriada. No relatório, considerou a Comissão de vistoria que, a extensão e dimensão das corrosões, deformações, bem como o notável enfraquecimento de todos os elementos da estrutura em geral, por implicar uma grande reparação geral, tornava anti-económica a recuperação daquela unidade naval. Assim, com cerca de 7800 horas de navegação foi proposto o desarmamento total do navio e o seu abate, o que veio a suceder em 3 de Fevereiro de 1972.

Navios da mesma classe:

«Bellatrix», «Canopus», «Deneb», «Espiga», «Fomalhaut», «Pollux», «Rigel», «Altair», «Arcturus», «Aldebaran», «Procion», «Sirius» e «Vega».




Fontes:
"Por este nome se conhecem (As alcunhas dos navios)" - Carlos Alberto da Encarnação Gomes, Edições Culturais da Marinha, 2010; "Dicionário de Navios", Adelino Rodrigues da Costa, Edições Culturais da Marinha – 2006; "Setenta e Cinco Anos no Mar", Lanchas de Fiscalização Pequenas (LFP), 16º VOL, 2005; "Anuário da Reserva Naval 1958-1975", Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, Lisboa, 1992; Texto e imagem do autor do blogue;


mls

1 comentário:

Unknown disse...

Gostava de saber alguma coisa sobre o Burnay,o Sá Couto e o Figueira que estava no próprio CDMG.Obrigado.