26 agosto 2019

10.º e 11.º CFORN na Escola Naval em 5 de Abril de 2013


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 26 de Abril de 2013)

Algumas notas finais sobre o regresso daqueles cursos à Casa-Mãe





Para um Reserva Naval como eu, suposto com direito a veterania combatente, passados que são 54 anos sobre o ingresso naquela que foi a nossa casa-mãe na Marinha, a Escola Naval reboca no meu ideário, num conceito físico de proximidade, Átrio, Portaria e Parada, Auditórios, Camaratas, Refeitório, Mestres, Colaboradores e ainda a Base Naval do Alfeite, Unidades Navais e o Mar, aquele que parece nunca se esgotar no horizonte.

É sempre gratificante regressar a um estabelecimento de ensino que marcou indelevelmente a nossa educação quando consideramos ter complementado, de forma positiva, formação académica, profissional e humana.



O Museu da Escola Naval




Em cima, grande profusão de crestas de unidades e serviços na escadaria de acesso ao piso superior e,
em baixo, modelo do draga-minas «Ribeira Grande» encimado por uma placa "Homens de Ferro em Navios de Madeira", pelo facto de aquela unidade ter o casco em madeira, pelas missões que lhe competiam.







Nas diversas salas estão em exposição diversos modelos, bandeiras, estandartes, aparelhagens e mecanismos pertencentes ao espólio do museu e, ao longo do tempo, utilizados na Escola Naval




Já por diversas vezes regressei à Escola Naval, quer como elemento do 8.º CEORN – Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval, alistado em 1965, quer na qualidade de convidado por outros cursos ou eventos. Assinar o "Livro de Honra" foi para mim um momento especial de elevação e recolhimento. Como que uma condecoração anteriormente conquistada por mérito próprio, mas então reconhecida e imposta.

A minha repetida presença ficar-se-á a dever certamente a quase duas décadas de colaboração com a AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval onde integrei duas Direcções e largos anos de diversificada colaboração, grupos de trabalho ou outros pretextos. Nestes poderei ainda incluir um convite pontual do Comando daquela instituição em conjunto com outros camaradas.

Hoje, consciente do percurso que todos nós trilhámos como oficiais da Marinha de Guerra Portuguesa, permito-me afirmar, sem reservas, que todos os cursos da Reserva Naval foram “especiais” independentemente daquela designação semântica, ou da outra que se lhe seguiu a partir do 9.º CFORN, dando origem aos denominados cursos de “formação”.

Bem mais tarde, outros “especiais” se lhe juntaram, a partir de 1976 quando, suspensos durante o ano de 1975, voltaram a realizar-se cursos, repartidos então pela Escola Naval e pela Escola de Fuzileiros.

A partir do 26.º CFORN onde foram admitidos 14 cadetes fuzileiros, a Escola Naval deixou de ter qualquer participação na admissão e formação dos cursos desta classe, cuja responsabilidade de organização passou integralmente para a Escola de Fuzileiros.

A partir do 60.º CFORN, em 1988, a Escola Naval deixou também de alojar e formar os cursos que não fossem exclusivamente da classe de Marinha e portanto, cumpriu apenas esta sequência até ao 66.º CFORN e último daquele estabelecimento de ensino, com 4 cadetes admitidos em 16 de Junho de 1991, promovidos a Aspirante a oficial em 7 de Setembro do mesmo ano e todos oriundos dos Cursos de Pilotagem da Escola Náutica.

Se o ordenamento cronológico dos cursos de formação na Escola Naval foi crescendo, como o fazia anteriormente até ao 66.º CFORN, os cursos realizados na Escola de Fuzileiros passaram a designar-se pelos 1.º CFORN FZ /2.º CFORN FZ, em cada ano escolar respectivo. Por exemplo tiveram lugar o 1.º CFORN FZ 1976/1977 e 2.º CFORN FZ 1976/1977, e assim sucessivamente, em cada ano lectivo, até 1992.

Os cursos pertencentes às classes de Construtores Navais, Médicos Navais, Farmacêuticos Navais, Especialistas e Técnicos, com a escassa duração de um mês, com algumas limitações e consequente problemática, a partir de 1988, passaram também a ser organizados pela Escola de Fuzileiros, assumindo a designação de 1.º ou 2.º CFORN TE 1988/89 e assim sucessivamente até 1992. O último destes cursos, o 2.º CFORN TE 1991/92 admitiu 43 cadetes em 27 de Abril de 1992 e foram promovidos a Aspirante a oficial em 30 de Maio daquele ano.

Àquele 1.º CFORN TE 1988/89, constituído por 60 cadetes, todos das classes de Médicos Navais, Farmacêuticos Navais e Especialistas, alistado em 2 de Maio de 1989 e promovidos a Aspirante a oficial em 3 de Junho do mesmo ano, pertenceu o Eng.º Vitor José de Almeida e Sousa Lobo que, neste dia referido, 5 de Abril de 2013, esteve presente no auditório da Escola Naval com os 10.º e 11.º CFORN.

Aquele então Asp RN TE, no ano lectivo de 1989/90, pertenceu ao corpo docente da Escola Naval, integrado nos Grupos de Cadeiras 01 – Matemática (Métodos Numéricos) e 31 – Electrónica e Comunicações (Sistemas Lógicos e Sistemas Digitais). Manteve sempre o lugar de docência que, desde essa altura, passou a exercer naquele estabelecimento de ensino.

Navegando mais ao largo nos considerandos que aqui alinhámos, lembramos que aos 1.712 oficiais da Reserva Naval formados entre 1958 e 1975, se vieram a adicionar 1.885 oficiais formados entre 1976 e 1992, repartidos entre a Escola Naval, com 41 cursos e 942 oficiais formados, e a Escola de Fuzileiros, com 37 cursos e 943 oficiais formados.

Também divididos por ambos os estabelecimentos de ensino foram promovidos nas várias classes os seguintes oficiais: Marinha (414), Construtores Navais (11), Médicos Navais (249), Farmacêuticos Navais (11), Especialistas (484), Técnicos (50) e Fuzileiros (666).



Base Naval de Lisboa - Unidades Navais




Em cima, a fragata «Bartolomeu Dias» encostada ao cais e, atracada de braço dado, a fragata «D. Francisco de Almeida» da mesma classe; em baixo perspectiva da ponte da fragata «D. Francisco de Almeida»





Em cima e em baixo, pormenores dos equipamentos de comunicações/transmissões e radares da fragata «D. Francisco de Almeida»





Em cima e em baixo a fragata «Vasco da Gama» atracada do outro lado do cais





Não se trata apenas de jogos de números, mas antes uma constatação da participação temporária de uma faixa da sociedade civil na institução Marinha que, na Escola Naval ou na Escola de Fuzileiros, partilhou com cidadãos de pleno direito a sua formação académica, militar e humana e, como contrapartida, esses mesmos cidadãos acrescentaram mais-valias à Instituição cedendo conhecimento, formação académica e também humana.

Partilha de Valores, Camaradagem e Amizade, que se traduzem em laços mantidos invulgarmente resistentes aos balanços de uma sociedade em crise. Sociedade que parece por em causa a estrutura multicentenária de assumidos marinheiros que são os portugueses e também os oficiais da Reserva Naval, talhados que foram pela Marinha, pelo Mar e por Portugal.

Afinal estive presente na Escola Naval no Encontro/Convívio dos 10.º e 11.º CFORN, como convidado, por mor deste mesmo princípio. Foi uma honra estar presente e aqui expresso o meu profundo agradecimento a todos os camaradas participantes, lembrando especialmente aqueles a quem a inexorável lei da vida arrebatou prematuramente do nosso convívio.




Fontes:
Texto e imagens do autor do blogue; Anuário da Reserva Naval 1976-1992, Manuel Lema Santos, Edição Autor/AORN, 2011; Anuário da Escola Naval, diversos


mls

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