25 julho 2019

Escola Naval - 10.º e 11.º CFORN regressaram à casa-mãe 46 anos depois em 5 de Abril de 2013

(Post reformulado a partir de outro já publicado em 21 de Abril de 2013 e referido a essa data)

Os 10.º e 11.º CFORN, Cursos de Formação de Oficiais da Reserva Naval regressam à Escola Naval 46 anos depois


A jornada incluiu as visitas ao "Simulador de Navegação" e ao "Museu da Escola Naval", tiveram continuidade numa actualizada informação sobre "O Ensino na Escola Naval", continuaram com uma conferência sobre a “Marinha como instituição pilar da afirmação de Portugal no mar” e culminaram com uma visita à fragata "D. Francisco de Almeida".






No dia 5 passado, 46 anos depois do ingresso na Marinha, em 1967, os 10.º CFORN e 11.º CFORN - Cursos de Formação de Oficiais da Reserva Naval, voltaram à Escola Naval.

De acordo com o horário do programa pré-estabelecido, pelas 10:00, na portaria da Escola Naval os elementos presentes daqueles dois cursos da Reserva Naval, foram recebidos pelo 2.º Comandante da Escola Naval, CMG Aníbal Júlio Maurício Soares Ribeiro e respectivo Corpo de Oficiais.




Espelhada no rosto de cada veterano, a sempre renovada e dificilmente contida emoção do regresso, a uma tão familiar quanto notável instituição de acolhimento e formação.

Acolhimento em tempo de obrigação cívica para com o País, no cumprimento do serviço militar obrigatório, formação académica e humana complementares mas, sobretudo, maturidade e crescimento adquiridos durante o tempo de permanência na Marinha.




Em seguida, na “Sala Reserva Naval” que referencia a memória do oficial daquela classe, STEN FZ RN António Bernardino Piteira, 18.º CFORN, morto em combate no ano de 1973, numa emboscada no Leste de Angola, estava disponível, para consulta, a documentação de cada um dos cursos o que propiciou natural curiosidade, consulta, registos fotográficos e comentários humorísticos.

Trazidas a lume rábulas da época e nomes de mestres que, ao tempo, cunharam com timbre próprio a formação dos elementos que integraram aqueles dois cursos, o passo seguinte foi a assinatura do “Livro de Honra”.




Em terra ou a navegar, em unidades navais, serviços ou nos fuzileiros, foram recordados os locais para onde, no final do curso, depois da viagem de instrução e juramento de bandeira, cada um foi destacado. Nos teatros de Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde e mesmo Macau ou Continente e Ilhas, todos desempenharam as missões de que foram incumbidos.

Seguiu-se a apresentação de cumprimentos ao Comandante da Escola Naval, Contra-Almirante Bastos Ribeiro, que reafirmou, em si próprio, a continuidade de uma permanente disposição da Marinha em receber e confraternizar com antigos oficiais da Reserva Naval da forma que melhor sabe e pode, naquela que considerou ser também “a vossa casa”. Na escadaria principal, diversas imagens selaram para memória futura a foto de família.




No simulador de navegação, a 2TEN Teresa Sofia d’ Abreu comandou as operações na ponte, com mar, ventos e tempestadas recreadas num adequado ambiente que só tecnologia avançada permite; foi possível rever um convés fugidio nos pés devido ao mau tempo, o governo com máquinas e leme reguláveis a contento de marinheiros também eles renovados, chuva e vaga dificultando a manobra e, felizmente, sem grandes riscos para a navegação de tão “temerários tripulantes”, salvaguardando a segurança de todos os instruendos e também do simulador.




Uma visita guiada ao Museu da Escola Naval conduzida pelo seu Director, CMG Augusto António Alves Salgado, propiciou um alargado e pormenorizado descritivo de múltiplas memórias históricas daquele estabelecimento de ensino de que se destacaram, entre muitas outras, a exposição da caixa de graxa do Sr. Faustino que, durante anos, não teve mãos a medir com as abrilhantadelas do calçado dos senhores Cadetes, cujo exame era feito na formatura de saída em que um mau trabalho podia custar uma saída.




Na continuação do encontro, não podia deixar de ser honrada a memória dos Camaradas já desaparecidos no combate último da vida, lembrados na Missa e Acção de Graças celebrada na Capela da Escola Naval pelo capelão CFR Joaquim da Nazaré Domingos.

Foram eles do 10.º CFORN, os 2TEN FZ RN Benjamim Lopes de Abreu, 2TEN FZ RN Manuel Augusto Lopes e 2TEN Raul Jorge Ramos Lima e, do 11.º CFORN, os 2TEN AN TE Adelino Manuel Lopes Amaro da Costa, 2TEN AN RN Daniel Germano das Neves Silva Ferraz, 2TEN FZ RN João Evaristo Carapinha, 2TEN FZ RN Júlio Vilas Boas Malhou da Costa, 2TEN TE RN Luís Alberto Camacho Lobo e 2TEN MN RN Ricardo Manuel Migães de Campos.




Os participantes foram depois conduzidos ao auditório onde o 2.º Comandante, CMG Soares Ribeiro procedeu a uma curta sessão de apresentação da Escola Naval nas vertentes instalações, comando, corpo docente, cursos e evolução do ensino, meios disponíveis, missões atribuídas, perspectivas futuras de ensino integrado e enquadramento geral no ensino superior com acreditação.




Presença marcante na sessão a do Eng.º Vitor José de Almeida e Sousa Lobo, oficial da Reserva Naval do 1.º CFORN TE 1988/89 que, admitido na classe de Especialistas, é ainda hoje docente da Escola Naval nas cadeiras do Grupo de Electrónica e Comunicações, nas áreas de Sistemas Lógicos e Digitais.




Na Messe de Oficiais foi proporcionado um almoço convívio com obrigatório realce para a excelência do serviço prestado pelo pessoal da já tradicional taifa de Marinha, momento que culminou com a alocução do camarada 2TEN FZ Fernando Prado Dias de Freitas, do 11.º CFORN que, nas palavras que proferiu, descreveu também o sentir de todos os presentes e de muitos outros que o não estavam, por impedimentos diversos:




Exmo. Senhor Almirante Comandante da Escola Naval
Exmo. Senhor Almirante Espadinha Galo
Exmos. Senhores Oficiais
Representante dos Alunos
Caros Convidados e Camaradas

Comemorar 45 anos do nosso juramento de bandeira, em 5 de Abril de 1968, é não só um acto simbólico que visa juntar camaradas de quem, pelas vicissitudes da vida, nos afastamos, mas também recordar uma fase das nossas vidas que de forma indelével nos marcaram para sempre. Mas é também motivo suficientemente forte para virmos aqui, na Escola Naval, testemunharmos junto de Vª. Exª. a nossa gratidão e reconhecimento pelo que a Marinha de Guerra fez por nós e pela forma como contribuiu para a nossa formação não só militar, mas também cívica, numa perspectiva de sensibilização e transmissão de valores morais, éticos, de disciplina e respeito pelas hierarquias.

Podemos afirmar que ao passarmos a porta verde desta Escola, em 7 de Setembro de 1967, iniciamos um novo ciclo das nossas vidas, deixando para trás anos de conforto, de protecção familiar, de estudos, de amigos de Escolas por onde passámos. A vida militar na Marinha de Guerra iria transformar-nos, tornando-nos mais conscientes, mais sensíveis, mais atentos a um mundo que desconhecíamos.

Não nos esqueçamos que estávamos em plena Guerra do Ultramar que nos iria levar às mais diversas funções e missões, quer no Continente quer em África. Estivemos em Angola, Guiné, Moçambique, Cabo Verde, Macau, Timor. Fomos Fuzileiros, comandámos lanchas, estivemos em missões em fragatas, patrulhas, lanchas de desembarque. Servimos a Pátria, cumprindo o juramento que aqui fizemos nesta Parada.

De diversas formas, com maior ou menor sacrifício, enfrentámos perigos, assumimos responsabilidades, comandámos homens em situações de combate (alguns já com 2 comissões), responsabilizámo-nos pela sua segurança, tentando preservar as suas vidas e tentando humanizar a guerra, se é que tal era possível. Foi esta vivência que fez jus ao lema da Reserva Naval que anos mais tarde seria criada - “E bem serviram sem cuidar recompensa”.

Muitos foram louvados e condecorados por feitos extraordinários em combate ou pelo desempenho competente nas diversas funções e locais por onde passaram. Ficou-nos para sempre a consciência do dever cumprido e o orgulho que ainda hoje sentimos e manifestamos de ter servido na Marinha de Guerra. Servimos a Marinha com a consciência de termos contribuído para o seu prestígio. A Marinha tem-nos dado provas do seu reconhecimento pelo que a Reserva Naval representou para si durante décadas. O poder político ainda não teve coragem de homenagear e fazer justiça a uma geração que foi sacrificada na defesa dos superiores interesses da nação, numa época difícil e conturbada em que Portugal vivia. Sentimos que estávamos a cumprir um dever. Não nos arrependemos de o ter feito e disso continuamos a ter o maior orgulho.

Não fugimos, nem viramos costas como alguns o fizeram e que, anos mais tarde, vieram a ser considerados como heróis e a ocupar diversos cargos políticos. Construímos e temos sabido preservar um património de que a história não poderá olvidar. É pena que as gerações que se seguiram não tenham tido a oportunidade de viver as nossas tão enriquecedoras experiências, ainda que diferentes, face às profundas transformações pelo que o país passou neste últimos quase 40 anos.

Que bom seria, na minha perspectiva, que todos os jovens portugueses pudessem viver uma experiência de meses ou 1 ano numa instituição militar. As juventudes partidárias tudo fizeram e conseguiram acabar com o serviço militar obrigatório porque (disseram), já não estávamos em guerra. Esqueceram um pequeno pormenor: As Forças Armadas não existem somente para fazer a guerra. É graças a ela que, pelo menos o mundo ocidental, desde o fim da 2ª guerra mundial, excepção feita com a guerra dos balcãs, tem sabido manter a paz.

Certamente sem Forças Armadas não poderíamos hoje viver em paz e cooperação, com direitos e liberdades garantidos, isto é, em DEMOCRACIA, mas também com deveres. Aqueles jovens nem se deram ao trabalho de saber o que se passava e passa na Europa onde muitos países, nomeadamente, a Noruega, não estão em guerra, nem próximo, e têm serviço militar obrigatório. Talvez que a experiência vivida numa instituição militar lhes tivesse dado valores e princípios, sacrifícios e disciplina, respeito e dever por forma a torna-los mais aptos, responsáveis, conscientes e competentes para o desempenho das mais altas funções que muitos deles hoje ocupam nos destinos de todos nós.

Sr. Almirante, Srs. Oficiais e Alunos, caros Camaradas,

Passaram pela Marinha de Guerra, no período de 1958 a 1974 (até ao final da Guerra do Ultramar) 1712 oficiais da Reserva Naval. Depois da Guerra do Ultramar, até 1992 mais 1885 oficiais da Reserva Naval serviram a Marinha (curioso é verificar que, pós guerra tenha havido mais oficiais da Reserva Naval do que no período anterior). Desconhecíamos tal situação, somente aqui queremos deixar estes dados como estatísticas, pois que, certamente, razões houve para que tal tivesse sucedido.

Aqui estamos hoje num encontro de saudade, recordando momentos marcantes das nossas vidas. À Escola Naval ficaremos sempre ligados de forme afectiva, gratos pelo contributo que deram à nossa formação, pela forma cordial, cavalheiresca, educada e respeitosa como sempre fomos tratados. Continuaremos hoje e sempre a ser oficiais da Reserva Naval, a defender e lutar para que o prestígio da Marinha de Guerra seja mantido como um baluarte de excelência na sociedade portuguesa e que sem ela, sem os meios, recursos humanos e materiais requeridos para as suas importantes missões em Portugal continental, ilhas, na imensa plataforma continental, pela qual deverá estar responsabilizada, pelas missões nos mais variados teatros de operações em defesa e manutenção da paz, sem ela e os meios requeridos, dizia, Portugal ficará mais pobre.

A Reserva Naval acabou, e é pena! O País, no contexto actual, já não tem necessidade da nossa colaboração como militares. Fica-nos o orgulho de termos um dia servido a Marinha de Guerra. Como civis, estejamos onde estivermos, seremos uma voz activa na defesa de um património militar, científico e cultural que, historicamente, jamais poderá ser esquecido.

Não podia deixar, antes de terminar, recorrendo ao lema dos Fuzileiros (“Fuzileiro uma vez, fuzileiro para sempre”), transpô-lo para nós: Oficial da Reserva Naval uma vez, oficial da Reserva Naval para sempre.

Os nossos cumprimentos e Muito Obrigado.




Na sequência destas palavras, o Contra-Almirante Bastos Ribeiro, Comandante da Escola Naval, no uso da palavra, agradeceu:

"...enaltecendo a importância da Reserva Naval para a Marinha ao longo de várias décadas com a sua capacidade, competência e a sua cidadania, servindo o seu País de forma notável. Por isso mesmo a Escola Naval se sentirá sempre honrada e orgulhosa por ali receber os antigos oficiais que, na casa-mãe, complementaram formação académica e militar...".




No auditório da Escola Naval teve lugar então uma Conferência intitulada “Marinha como instituição pilar da afirmação de Portugal no mar” pelo CFR Sérgio Miguel da Silva Pinto do Estado-Maior da Armada, seguida e participada com muito interesse por todos os presentes, com debate de várias questões suscitadas pela apresentação dos temas.




Os presentes foram depois conduzidos à Base Naval de Lisboa, a bordo da fragata «D. Francisco de Almeida» – classe «Bartolomeu Dias» – onde foram recebidos pelo Comandante daquela unidade naval, CMG José Rafael Figueiredo e pelo seu Oficial Imediato, CTEN Ricardo José da Silva Inácio e ainda os seguintes Oficiais: CTEN Fernando Gabriel Teodósio, 1TEN Vitor Monteiro Teixeira e 2TEN Catarina de Jesus Sequeira Rolo.




Em dois grupos conduzidos pelo Comandante e pelo Oficial Imediato, os antigos oficiais da Reserva Naval visitaram os diversos serviços daquela moderna unidade naval, acompanharam atentamente as explicações de locais, dispositivos e equipamentos prestados pela equipa de Oficiais que, de forma competente e profissional, responderam a todas as questões levantadas.

No final da visita, uma foto de família à popa da fragata «D. Francisco de Almeida», o regresso à Escola Naval e também a ideia de que a Marinha, com as dificuldades e limitações que o País e todos os cidadãos sentem, mantém a operacionalidade e a dignidade de uma Instituição pronta a servir Portugal.







Com a capacidade de operar em qualquer parte do mundo, o navio, originalmente concebido para missões anti-submarinas, dispõe de uma boa capacidade de sobrevivência, traduzida na sua reduzida assinatura radar e no avançado sistema de defesa aéreo integrado.

Está também preparado e treinado para levar a cabo um vasto conjunto de missões não combatentes, tais como embargo, usando equipas de abordagem (inseridas pelas embarcações do navio ou por helicóptero), anti-pirataria e combate ao narcotráfico, assistência humanitária, vigilância costeira e salvaguarda da vida humana no mar (SAR).

Relativamente a sensores, possui um radar de longo alcance, um radar 3D de médio alcance, dois radares de controlo de tiro, dois radares de navegação, um sonar activo de médio alcance e um sonar passivo de baixa frequência rebocável.

Está ainda equipado com um sistema de guerra electrónica que permite a detecção e identificação de emissões electromagnéticas e o emprego de medidas de protecção activa contra essas emissões.

O seu armamento primário consiste em dois lançadores para mísseis de longo alcance (Harpoon) para ataques a navios, uma peça de artilharia de 76 mm (Oto Melara) para o combate próximo a navios e aeronaves e para tiro contra-costa, mísseis de curto alcance (NATO Sea Sparrow) para defesa antí-aérea próxima; um sistema automático com elevado ritmo de fogo para defesa próxima anti-míssil; dois reparos duplos de tubos lança-torpedos para ataque a submarino; e duas peças de pequeno calibre para dissuasão a navios e embarcações.

Como meio orgânico, opera o helicóptero Super Lynx MK95, vocacionado para a luta anti-submarina, equipado com um sonar de profundidade variável e com torpedos MK46. O helicóptero pode ainda ser empregue em missões de busca e salvamento (SAR), transporte de passageiros e carga, inserção rápida de equipas de operações especiais em outros navios para acções de abordagem e vistoria no mar, evacuação de feridos e compilação do panorama de superfície para ataque com mísseis de longo alcance.


In: www.marinha.pt



mls

23 julho 2019

Amália Rodrigues na Base Naval de Metangula - Moçambique, 1969


Amália Rodrigues, 1969 - Base Naval de Metangula


Amália Rodrigues completaria hoje 99 anos. Nascida a 23 de julho de 1920 em Lisboa, faleceu a 6 de Outubro de 1999, igualmente em Lisboa.




Moçambique, 1969 - Amália Rodrigues acompanhada do Engenheiro Jorge Jardim recebida na Base Naval de Metangula e, em baixo, actuando para a Marinha na Base



Amália da Piedade Rebordão Rodrigues foi uma cantora portuguesa, também actriz e fadista, geralmente aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX.

Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres.




Fontes:
Fotos do autor do blogue, cedências do Arquivo de Marinha, já anteriormente publicadas em documentação sobre a Base Naval de Metangula, Lago Niassa, Moçambique;
extracto de texto de https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A1lia_Rodrigues




Manuel Lema Santos
1TEN RN, 8.º CEORN, 1965/1972
1966/1968 - LFG "Orion" Guiné, Oficial Imediato
1968/1970 - CNC/BNL, Ajudante de Ordens do Comandante Naval
1970/1972 - Estado-Maior da Armada, Oficial Adjunto

21 julho 2019

Bissau, 1966 - Pensão da Dona Berta


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 14 Dezembro de 2012)




Bissau, 1966 - A Pensão da Dona Berta e a Sé Catedral iluminadas por altura do Natal.


Falecida em Dezembro de 2012, a Dona Berta foi incontornável personalidade da memória histórica de Bissau para quem ali aportou, civil ou militar, quer como obrigatório ponto de passagem para quem demandava a cidade quer em estadia mais prolongada.

Porto de abrigo de marinheiros e/ou também para todos os que o não eram. Foram muitos os que ali marcaram encontros, simplesmente passaram ou até ficaram.

Simpatia, carinho e sempre, timidamente, um sorriso. Trai-me a memória passados tantos anos, não me trairão os registos e o sentir.

Também nas minhas memórias históricas ficou para sempre registada tão notável figura histórica de antes e depois da Guerra do Ultramar.

Que descanse em Paz!




Fontes:
Foto da Pensão da Dona Berta em Bissau do autor do blogue (1966); foto da D.ª Berta e informação, com a devida vénia, em http://pensaodbertabissau.wordpress.com/2012/12/12/d-berta/


mls

20 julho 2019

Moçambique - Missão Metangula 1999, Parte III


Parte III - Missão Metangula 1999, Maputo e o regresso a Portugal



Ricardo Migães de Campos
11.º CEORN




Fontes:
Arranjo e edição do CD do autor do blogue com texto cedido pelo 2TEN MN RN Ricardo Migães de Campos, publicado na Revista n.º 12 da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval de Outubro 1999




Manuel Lema Santos
1TEN RN, 8.º CEORN, 1965/1972
1966/1968 - LFG "Orion" Guiné, Oficial Imediato
1968/1970 - CNC/BNL, Ajudante de Ordens do Comandante Naval
1970/1972 - Estado-Maior da Armada, Oficial Adjunto

19 julho 2019

Moçambique - Missão Metangula 1999, Parte II


Parte II - Missão Metangula 1999, Regresso à Base Naval no Lago Niassa



Ricardo Migães de Campos
11.º CEORN




Fontes:
Arranjo e edição do CD do autor do blogue com texto cedido pelo 2TEN MN RN Ricardo Migães de Campos, publicado na Revista n.º 11 da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval de Outubro 1999




Manuel Lema Santos
1TEN RN, 8.º CEORN, 1965/1972
1966/1968 - LFG "Orion" Guiné, Oficial Imediato
1968/1970 - CNC/BNL, Ajudante de Ordens do Comandante Naval
1970/1972 - Estado-Maior da Armada, Oficial Adjunto

17 julho 2019

Moçambique - Missão Metangula 1999, Parte I


Parte I - Missão Metangula 1999, Organização e Início da Viagem



Ricardo Migães de Campos
11.º CEORN




Fontes:
Arranjo e edição do CD do autor do blogue com texto cedido pelo 2TEN MN RN Ricardo Migães de Campos, publicado na Revista n.º 10 da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval de Outubro 1999




Manuel Lema Santos
1TEN RN, 8.º CEORN, 1965/1972
1966/1968 - LFG "Orion" Guiné, Oficial Imediato
1968/1970 - CNC/BNL, Ajudante de Ordens do Comandante Naval
1970/1972 - Estado-Maior da Armada, Oficial Adjunto

15 julho 2019

Navio-Hospital "Gil Eannes"


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 3 Novembro de 2012)

Fundação Gil Eannes vs navio-hospital «Gil Eannes»







O «Gil Eannes» foi um navio-hospital português. Actualmente ancorado no porto de pesca em Viana do Castelo, tem a função de espaço museológico e Pousada da Juventude.

Histórico

No século XX existiram duas embarcações de bandeira portuguesa com a designação de Gil Eannes e a função de navio-hospital, ambas tendo prestado apoio às actividades de pesca do bacalhau, nas águas da Terra Nova, no Grande Banco e na Gronelândia.

A sua função justificava-se uma vez que as embarcações pesqueiras portuguesas se encontravam rotineiramente isoladas naquelas águas, por vários meses.

O primeiro navio a receber este nome foi o «Lahneck», um navio do Império Alemão apreendido na sequência da entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial (1916), então transformado em cruzador auxiliar da Marinha Portuguesa.

Posteriormente, no ano de 1927, zarpou pela primeira vez para a Terra Nova, após ter sido adaptado para navio hospital em estaleiros nos Países Baixos.



Em 1955 foi substituído por uma nova unidade hospitalar com o mesmo nome, construída de raiz nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Ao longo da sua existência, serviu ainda como navio-capitania, navio-correio, navio-rebocador e quebra-gelos, assegurando o abastecimento de mantimentos, redes, material de pesca, combustível, água e isco aos barcos de pesca do bacalhau.

Após 1963 passou a efectuar viagens de comércio como navio frigorífico e de passageiros entre as campanhas de pesca, tendo realizado a sua última viagem à Terra Nova em 1973, ano em que também fez uma viagem diplomática ao Brasil com o recém-nomeado embaixador de Portugal em Brasília de então, José Hermano Saraiva, que assumira o cargo no ano anterior.

Após esta última viagem deixou as suas funções, ficando acostado no porto de Lisboa até ser vendido como sucata, para abate, em 1977.





Perante a perspectiva deste fim inglório para aquela navio-hospital e a escassos dias do seu desmantelamanto, graças a um apelo feito por José Hermano Saraiva num dos seus programas, a comunidade vianense mobilizou-se para o resgatar, concebendo um projecto para ficar como exposição permanente no porto de mar de Viana do Castelo, num tributo ao passado marítimo da cidade, tornando-se numa das suas atracções turísticas.

Desse modo, em 1998, foi reabilitado nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, com o apoio de várias instituições, empresas e cidadãos, passando a ser gerido pela "Fundação Gil Eannes", criada para esse fim.





Na visita ao navio destacam-se os espaços da ponte de comando, da cozinha, da padaria, da casa das máquinas, do consultório médico, da sala de tratamentos, do gabinete de radiologia, além de diversos camarotes e salas de exposições temporárias.

Conta ainda com uma Sala de Reuniões - a antiga Sala de Jantar dos Oficiais - , loja de recordações, bar-esplanada e uma Pousada da Juventude com 60 leitos, localizada nas antigas enfermarias e camarotes.

Notas do autor:

• Não foi possível encontrar nenhum documento histórico onde Gil Eanes, o nome do navegador português, figurasse com duplo "n" na sintaxe.
• Em variada documentação foi sempre encontrada dupla forma de escrita para o nome do navio, ainda que o nome real de costado tivesse sido «Gil Eannes».



• No descritivo do Museu de Marinha, afirma-se que ali se encontra uma miniatura do navio-hospital, o sino e um modelo da capela existente a bordo,e ainda se acrescenta que "...A bordo seguia, também, um oficial da Marinha de Guerra, como agente da autoridade marítima, arbitrando eventuais conflitos e assegurando o normal desempenho da faina..."




Fontes:
Texto a partir de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Navio-Hospital_Gil_Eannes; http://www.museu.marinha.pt/; fotos de: http://jmgs.fotosblogue.com/; restantes fotos de arquivo do autor cedidas por Dr. Carlos Silva, Furriel Miliciano, CCaç 2548;


mls

13 julho 2019

Prof. Dr. Ricardo Manuel Migães de Campos, 11.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval


Escola Naval, 1967


"In Memoriam"
1942 -2009




2TEN MN RN Ricardo Manuel Migães de Campos


O Prof. Dr. Ricardo Manuel Migães de Campos, a 17 de Maio de 2009 caiu no combate último da vida.

Curriculum de Ricardo Manuel Migães de Campos
(clicar para ver o texto completo)

Gostaria que as linhas que então rabisquei e agora republico não mascarassem o que me ia no espírito, acabrunhado e entristecido pela perda.

Competente profissional de saúde, médico-cirurgião, foi também um Camarada Reserva Naval e Amigo de mão cheia que sempre recusou aceitar para si próprio a doença ou diminuição física.

Nas preocupações pessoais dava primazia aos que o rodeavam e de quem cuidava num grande abraço fraterno, onde cabia sempre mais solidariedade para com o Paciente, o Camarada ou simplesmente o Amigo.




Ricardo Manuel Migães de Campos

Doença que, também ela, lenta mas progressivamente o foi minando de forma implacável, numa luta desigual em que força de vontade e determinação nunca permitiram ser vergado na adversidade.

Com sábia e permanente capacidade humana e social, determinadamente mantidas, congregava no seu círculo pessoal e familiar saudáveis hábitos de confraternização e convívio de forma destacada, personalizando nos pormenores cada convívio em que se envolvia ou nos eventos em que empenhadamente participava.

Moçambique, Niassa e Metangula foram outros tantos nomes, pretexto para a difusão, no tempo, do espírito Reserva Naval e Marinha, passado à prática social em cada convívio, quer no Clube Militar Naval quer em Azeitão na sua residência pessoal.




Em baixo, à esquerda - Num aniversário do 11.º CFORN, o curso da Reserva Naval a que pertenceu

Quem não tem na memória o omnipresente "Livro de Registo de Presenças" com as obrigatórias assinaturas de cada Camarada ou Amigo, onde o Ricardo marcava sempre presença como anfitrião?

Quem não recorda o seu empenhamento e participação pessoais na “Missão Metangula 1999 – Relato de Uma Viagem” evento que, de 11 a 20 de Maio de 1999 o Ricardo organizou no âmbito de eventos da AORN – Associação de Oficiais da Reserva Naval, já oportunamente divulgado e relatado, num projecto de Memória Reserva Naval, dignificante para a Associação, mas também para a Marinha de Guerra que tanto prestigiou?

Mais de uma dezena de anos após o desaparecimento de tão ilustre personagem do nosso convívio, este esquálido "In Memoriam" nada mais pretende do que lembrar um dos oficiais da Reserva Naval que bem serviram sem cuidar recompensa, num percurso de vida bem representativo do espírito de amizade e camaradagem, sempre em vida manifestados pela sua marcada personalidade.

Nas duas décadas que com ele tive a honra de conviver e colaborar, difícil será para mim conseguir dissociar, na memória, o antigo oficial da Reserva Naval, então Médico Naval, do Camarada, Amigo ou Clínico que nele reencontrei sempre.




Com um grupo alargado de camaradas e amigos em Azeitão

Naquele alargado percurso temporal poderia exemplificar, sem grande esforço, casos diversos pessoais e profissionais da envolvência que dos amigos fez em cada encontro havido, quase como um culto pessoal permanentemente manifestado, podendo ir do sábio conselho até ao empenhado apoio médico.

Sem nunca ter pisado terra de Metangula ou mesmo Moçambique, faço questão de aqui deixar a minha expressão de sentida Homenagem e Saudade ao Ricardo Campos pelo transbordante e alargado abraço com que fui acolhido no grupo, por sua iniciativa e sem reservas.

Grupo onde e com quem tanto aprendi, sem nunca ter estado próximo do Lago Niassa.

Não me é fácil redigir sobre este tema, mas bem pior seria relegar para o esquecimento memórias que se me tornaram bem caras. Apesar de algumas dificuldades que justificadamente sinto, pela ausência de conhecimento alargado, está fora do meu horizonte furtar-me a transmitir conhecimento adquirido, quanto mais não seja porque lhe devo isso também.

Ficou mais pobre o universo Familiar do Ricardo, mas também o dos Amigos, o dos Camaradas da Reserva Naval, o da Associação e, certamente, o da própria Marinha.

Que a esteira do rumo Reserva Naval que tomaste e da Memória que deixaste, Ricardo, sirva de modelo de inspiração aos Camaradas que ficaram, com a acrescida responsabilidade de te seguirem e complementarem no exemplo que legaste.




Base Naval de Metangula - Lago Niassa

Continuaremos um dia a relatar a extraordinária História da Marinha no Lago Niassa, da "Base Naval de Metangula", do "Cancioneiro do Niassa", da "Radio Metangula", da "Esquadrilha de Lanchas" dos "Asas da Reserva Naval", das "Operações com Fuzileiros e Exército", sem esquecer o "Monte Tchifuli".

Vamos ter muito tempo!

Manuel Lema Santos
8.º CEORN






Imagem da capa do CD produzido em Agosto de 2008


"In Memoriam"

Rosa Gallego Fraxenet Gonçalves da Cunha
1926-2008
Publicada por Charly Blog em 2.4.08 0 comentários
Quarta-feira, 2 de Abril de 2008


Um Anjo subiu ao Céu

"...
Pessoas há que, por muito negra que seja a situação, conseguem sempre ver o lado humorado das coisas: são como anjos da alegria, felizes na sua missão de nos dar ânimo, nem que seja fazendo uso da imaginação e da fantasia.

Minha Mãe era uma dessas pessoas. Confrontada com um cenário que poderia ser paradisíaco se não fosse de guerra, meteu as mãos à obra para "animar as hostes" e através da sua veia artística, deixou a sua marca na vida dos que defendiam as cores de Portugal (esse era o seu único móbil: cumprir o dever, defendendo a Pátria), na guerra de guerrilha contra a Frelimo, no norte de Moçambique, nas margens do Lago Niassa, em 1968.

Quem por lá passou desde esse ano até 1974, conhece por certo este poster...."




O seguinte texto foi publicado por baixo desta reprodução, na Revista da Armada nº 377 de Julho de 2004:

"Este belo cartaz elucida perfeitamente o engenho e a disposição dos muitos que, durante a guerra do Ultramar, serviram ou acompanharam a Marinha no Lago Niassa, em Moçambique.

Apesar das muitas amarguras decorrentes dos sacrifícios exigidos pelo isolamento das longas comissões e pela condição da guerra, também o bem humorado ambiente da família naval em Metangula, aqui e deste modo evidenciado, contribuía para a elevação do moral do pessoal, sempre apoiado na nossa tradicional amizade e camaradagem, requisitos indispensáveis para suportar dias tão difíceis.

Estas ironias e outras evasivas do género foram certamente importantes. Tudo servia para ajudar a minorar as inúmeras privações a que os marinheiros eram sujeitos, mas que, como militares, dedicadamente cumpriam o seu dever.

Em 1968, a Sra. Dona Rosa (Sra. Dona Rosita como ficou nas nossas memórias) esteve em Metangula em visita a seu marido, o saudoso Comandante Chuquere Gonçalves da Cunha e, para contribuir para o bom humor com que, nessa longínqua Base Naval, na margem do Lago Niassa, se procurava superar as dificuldades do dia a dia, pintou, e lá deixou, o quadro que ficou bem conhecido por todos os que por lá passaram.

Esse quadro que constitui uma espécie de ex-libris informal de Metangula, Comando da Defesa Marítima dos Portos do Lago Niassa, foi trazido para Portugal, quando da independência de Moçambique, pelo Dr João Malheiro, então 2TEN FZ RN, que o apresentou, com grande satisfação de todos os presentes, por ocasião de um almoço de “Gente de Metangula” em 25/5/2003.

Mais de 35 anos passados foi com o maior gosto que, em 22 de Março de 2004, o Dr. Migães de Campos (2TEN RN MN) e o Contra-Almirante Joaquim Espadinha Galo foram, com saudade, oferecer à Sra. Dona Rosita, uma reprodução reduzida desse quadro que, durante anos, acompanhou quem esteve em Metangula.

Que Deus dê paz à sua alma."


Notas do autor do blogue:

O cartaz alusivo a Metangula, acima publicado e já profusamente difundido, é da autoria da Exma Sra. Dª Rosa Gallego Fraxenet Gonçalves da Cunha. Foi pintado quando, em 1968, esteve em Metangula de férias com seu marido que ali estava a desempenhar as funções de Chefe do Estado-Maior do Comando de Defesa Marítima dos Portos do Lago Niassa.




Comandante Adriano da Cunha Chuquere (CMG)

O Comandante Adriano Gonçalves da Cunha Chuquere, marido da Sra. Dona Rosita, como ficou conhecida em Metangula, foi mais tarde Chefe do Serviço de Publicações do Estado-Maior da Armada. De 1970 a 1972 desempenhei funções no Estado-Maior da Armada, como seu oficial adjunto.


Fontes:
Pesquisa e compilação de textos do autor com a colaboração e cedência de elementos do Prof. Ricardo Migães de Campos e Contra-Almirante Joaquim Espadinha Galo; fotos de arquivo do autor; CD editado e produzido pelo autor do blogue em Agosto de 2008




Manuel Lema Santos
1TEN RN, 8.º CEORN, 1965/1972
1966/1968 - LFG "Orion" Guiné, Oficial Imediato
1968/1970 - CNC/BNL, Ajudante de Ordens do Comandante Naval
1970/1972 - Estado-Maior da Armada, Oficial Adjunto

11 julho 2019

Anuário da Reserva Naval 1976-1992

(Post reformulado a partir de outros já publicados em 14 de Setembro de 2012)

"Anuário da Reserva Naval 1976/1992 - "Apresentação e Introdução





Dedicatória:

"A todos os Oficiais da Reserva Naval que, ao longo de mais de três décadas ao serviço da Marinha de Guerra Portuguesa, honraram e dignificaram a Pátria e a Instituição"


Prefácio:

Contra-Almirante José Luis Ferreira Leiria Pinto.

..."Introdução e Evolução dos Cursos

É decorrido mais de meio século sobre o nascimento da Reserva Naval da Marinha de Guerra, em 1958, formando 1.712 oficiais daquela classe, distribuída por 25 cursos até ao ano de 1975, com tão activa como significativa participação nos conflitos em África.

Ainda que “O Anuário da Reserva Naval, 1958–1975”, da autoria dos Comandantes Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, tenha assumido justamente a figura de bíblia da Reserva Naval, justificava-se um maior empenhamento individual e colectivo, incluindo o da Instituição, na preservação da memória histórica daquele período.

Não tem sido assim e pecam por escassas ou limitadas as abordagens pessoais e institucionais a um período histórico que parece desejar-se ignorado. Aquela primeira geração de oficiais da Reserva Naval, tornados homens pelo tão imprevisto quanto obrigatório chamamento à participação numa Guerra do Ultramar em que desempenharam um complexo e diversificado tipo de funções, mostrou estar à altura das missões de que foi incumbida, ao serviço do País em que nasceram, cresceram e acreditaram.

Com o final da Guerra do Ultramar e o reconhecimento da independência dos novos Estados, a retirada dos territórios de Moçambique, Angola, S. Tomé e Príncipe, Guiné e Cabo Verde, condicionou fortemente a retracção do dispositivo naval, obrigando a Marinha ao redimensionamento imposto por novo espaço geográfico, com redefinição das suas vocações próprias e atribuição de prioridades operacionais específicas.

Os CFORN – Cursos de Formação de Oficiais da Reserva Naval, interrompidos durante o ano de 1975 em que não teve lugar qualquer incorporação, foram retomados em 1976. Até ao final do primeiro trimestre de 1992 completaram a formação mais 1.885 oficiais de várias classes, o que expressa um significativo aumento do número de admissões relativamente ao anterior período de 1958 a 1974, para um idêntico número de 16 anos decorridos.

Contrariamente ao que seria de esperar, e para suprir necessidades de formação, a Marinha continuou a recorrer ao exterior, em crescendo, sobretudo em áreas de marcada especialidade, socorrendo-se de diversas Universidades. Assim, durante aquele espaço temporal, foram realizados 78 CFORN, repartidos pelas Escola Naval e Escola de Fuzileiros, correspondendo aos 1.885 oficiais da Reserva Naval acima referidos.

Considerada a separação por classes, foram admitidos 414 cadetes da classe de Marinha, 11 cadetes da classe de Engenheiros Construtores Navais, 249 cadetes da classe de Médicos Navais, 11 cadetes da classe de Farmacêuticos Navais, 484 cadetes da classe de Especialistas, 50 cadetes da classe de Técnicos e 666 cadetes da classe de Fuzileiros.

O final do primeiro trimestre de 1992, tido como o final da Reserva Naval - que o não terá sido ainda efectivamente - representou um marco decorrente da aplicação definitiva da nova Lei do Serviço Militar 30/87 com as alterações subsequentes que a tornaram aplicável a partir de final de 1991.

As novas classificações de RV – Regime de Voluntariado e RC – Regime de Contrato, mais não foram que “máscaras” de uma antiga Reserva Naval modernizada e adaptada às circunstâncias exigidas.

Parece justo questionar o esquecimento a que está votado o período em que decorreu esta extensa e rica parcela da História da Marinha da segunda metade do século passado, considerando como limite oficial de existência da Reserva Naval o ano de 1992. Reserva Naval que integra, além da memória histórica dos 3.597 oficiais RN, também as das guarnições de inúmeras Unidades Navais e Serviços que com eles privaram e conviveram.

Este modesto contributo pretende lembrar todos os Oficiais da Reserva Naval que, ao longo de mais de três décadas, dignificaram e honraram a Marinha de Guerra Portuguesa.

Manuel Lema Santos


Notas:

– O critério utilizado para o ordenamento dos cadetes em cada curso foi o estabelecido pela Ordem da Armada, 1ª Série, onde constam por antiguidade.
– Os números de identificação informática (NII) e datas de nascimento foram obtidos, parcialmente, da Lista da Armada.
– Em 1978, a Lista da Armada deixou de registar as Unidades e/ou Serviços para onde eram destacados os oficiais, tendo sido encontradas bastantes lacunas e imprecisões.
– A partir de 1990, deixou também de figurar a classe da Reserva Naval.
– Do 1.º CFORN FZ 1988/89 não foi possível obter a maioria dos NII nem as datas de nascimento dos cadetes.
– A partir do 1.º CFORN FZ 1990/91, os NII foram obtidos através de registos cedidos pela Escola de Fuzileiros ou pela Escola Naval, não sendo possível, contudo, obter os das respectivas datas de nascimento.

In "Anuário da Reserva Naval 1976-1992"




Ficha Técnica:

• Autor: Manuel Lema Santos
• Edição: AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval
• Propriedade: Manuel Lema Santos/AORN
• Local/Ano de Publicação: Lisboa, 2011
• Tiragem: 1.000 exs
• Depósito Legal: 323356/11
• ISBN 978-989-20-2321-2
• Preço: 10,00 € (acrescido de portes de correio se for o meio de entrega)

Índice

• Prefácio
• Introdução e Evolução dos Cursos
• Evolução dos Cursos 1976-1992
• Síntese Legislativa
• Listagem dos CFORN
– Relação dos CFORN 1976-1992, Escola Naval
– Relação dos CFORN 1976-1992, Escola de Fuzileiros
– Os 1885 Oficiais da Reserva Naval 1976-1992
• Informações Adicionais
– Comandantes da Escola Naval
– Comandantes da Escola de Fuzileiros
– Directores de Instrução dos CFORN
– Prémios Reserva Naval
– Dispositivo Naval 1976-1992
• Bibliografia


Contactos para:



AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval
Fábrica Nacional da Cordoaria - Rua da Junqueira, 1300 – 342 LISBOA
Telef: 21 3626840 – Horário das 15:00 às 20:00

Secretariado:
Mª Antonieta Fonseca
Telefone: 21 3626840, horário das 15:00 às 20:00
Fax: 21 3626839
maria.antonieta@reservanaval.pt
aorn95@reservanaval.pt



mls

01 julho 2019

O Anuário da Reserva Naval 1958-1975


(Post reformulado a partir de outros já publicados em 7 de Setembro de 2012)

"O Anuário da Reserva Naval 1958-1975" - Comandantes Adelino Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado"





Inicia-se com uma dedicatória à Marinha de Guerra Portuguesa. Um "Prefácio" pelo Almirante A. C. Fuzeta da Ponte, ao tempo Chefe do Estado-Maior da Armada, e uma pequena "Introdução", sucedem-se ao interessante texto:

..."A ABRIR


Desde 1958 que a Marinha Portuguesa tem regularmente admitido nas suas fileiras indivíduos que, frequentando ou tendo frequentado cursos superiores tecnicamente adequados aos serviços e especialidades da Armada, nela vieram a prestar serviço como Oficiais da Reserva Naval.

Essa regularidade apenas teve o ano de 1975 como excepção.

Esse ano separa, assim, dois períodos distintos no que respeita às condições de incorporação e à natureza da prestação de serviço dos Oficiais da Reserva Naval.

Até 1975, as missões da Marinha estendiam-se por um vasto espaço geográfico e o País confrontava-se com uma situação de guerra nos seus territórios ultramarinos da Guiné, Angola e Moçambique e de especial vigilância em Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe. Por isso, para além da habitual presença em Macau e Timor, a Marinha mantinha uma activa participação nas operações militares, designadamente nas suas componentes operacionais e logísticas, já que os referidos territórios tinham uma importante e extensa fronteira marítima.

A carência de Oficiais aumentara substancialmente e foi na Reserva Naval que a Marinha encontrou a solução que melhor se adequou às suas necessidades específicas em pessoal qualificado.

Os Oficiais da Reserva Naval ombrearam então com os do Quadro Permanente no desempenho de cargos e missões da mais alta responsabilidade militar, na maioria das vezes em situações desconfortáveis, complexas e de elevado risco.

Daí resultou um intenso convívio, um são companheirismo entre homens de formação muito diversa e um mútuo enriquecimento cultural, técnico-profissional e até político, que tantas vezes perdurou no tempo e que, no plano dos princípios, continua a inspirar referências e, inclusive, a ocupar um destacado lugar no imaginário de muitos Oficiais da Armada.

A partir de 1976, os Cursos de Formação de Oficiais da Reserva Naval foram naturalmente adaptados às novas necessidades e missões da Marinha. A situação do País e os contextos geopolítico e geoestratégico de actuação da Armada tinham-se alterado radicalmente. A Reserva Naval, num quadro militar-naval bem diverso daquele que vigorara até 1974, adquiriu características diferentes, tendo sido orientada para a satisfação de outras necessidades e para o cumprimento de outras tarefas.

Foram, portanto, dois períodos distintos aqueles que caracterizaram a Reserva Naval, desde a sua criação até a actualidade, de resto naturalmente coincidentes com dois períodos, igualmente distintos, da nossa história contemporânea.

Este Anuário da Reserva Naval foi coligido com base na experiência e na vivência pessoal dos seus autores, Oficiais do Quadros Permanentes, incidindo apenas sobre o primeiro dos referidos períodos, isto é, aquele que decorreu entre 1958 e 1975.

Este período corresponde ao da realização de 25 Cursos de Formação de Oficiais da Reserva Naval, levados a efeito na Escola Naval e completados noutras Escolas e Unidades da Armada, durante os quais foram preparados 1.712 Oficiais que serviram a Marinha numa conturbada fase da nossa vida colectiva.

Muitos desse Oficiais comandaram Navios da República Portuguesa nas águas do Atlântico e do Índico, navegaram no remoto Lago Niassa e na complexa teia fluvial que são os rios da Guiné, venceram as correntes do rio Zaire e suportaram as tormentosas monções do Canal de Moçambique, não tendo estado ausentes de importantes operações navais levadas a efeito noutras áreas.

Muitos, também, palmilharam grandes extensões das chanas, bolanhas e matas africanas com os seus Destacamentos e Companhias de Fuzileiros, actuando nas mais adversas condições e suportando constantes flagelações e terríveis emboscadas conduzidas por experientes e bem armados guerrilheiros.

No Mar ou em Terra, frequentemente afastados dos seus interesse mais directos e até isolados em longas comissões, os Oficiais da Reserva Naval integraram-se na melhor e mais viva das nossas tradições navais, dominado dificuldades, contingências e mesmo adversidades, nos teatros de guerra africanos.

Mas nem só a vertente operacional, designadamente nos cenários ultramarinos, ocupou e distinguiu estes Oficiais. A sua elevada preparação técnica e académica traduziu-se num enriquecimento global da Marinha, com especial destaque para as áreas do ensino, da investigação e da gestão, onde o seu contributo em termos de conhecimento e inovação foi relevante e justamente reconhecido.

A passagem dos Oficiais da Reserva Naval pela Marinha constituiu um significativo acréscimo técnico, cultural e humano para a instituição naval e para os seus membros, mas seguramente que constituiu também uma acrescentada valorização daqueles que, embora transitoriamente, vestiram a farda do botão de âncora.

Este "Anuário da Reserva Naval" pretende reavivar na memória de cada um dos 1.712 Oficiais que nele constam, a sua aventura marinheira e, evocar no seio da própria Marinha, a enriquecedora experiência do privilegiado convívio que com eles houve em tantos mares, rios, navios, quartéis, gabinetes e escolas.

Aos quantos, sempre muitos, que já não podem ler este modesto trabalho, prestamos a nossa sincera homenagem, relembrando particularmente um companheiro e amigo: Adelino Amaro da Costa, 2.º Tenente RN e antigo Ministro da Defesa Nacional.

Os Autores..."


In "Anuário da Reserva Naval 1958-1975"




Ficha Técnica:

• Autor/Edição: A. B. Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado
• Local/Ano de Publicação: Lisboa, 1992
• Tiragem: 2.000 exs
• Depósito Legal: 53275/92
• ISBN 972-759-0-8
• Preço (à época): 10,00 € (acrescido de portes de correio caso fosse o meio de entrega)

Índice

Parte I - A Reserva Naval
• Criação e Evolução Regulamentar
• Breve Análise dos CFORN
• Depoimentos
• 1958-1975

Parte II - Os 1.712 Oficiais da reserva Naval

Parte III - Informações Adicionais
• Síntese da principal legislação relativa à Reserva Naval
• Directiva para o funcionamento dos cursos de formação de oficiais da reserva naval de 1966 e para a prestação de serviço dos reservistas que frequentarem esses cursos
• Comandantes da Escola Naval entre 1958 e 1975
• Directores dos CFORN (de acordo com o art.º 6 da Portaria n.º 16.714 de 27.5.58
• Directores dos CFORN (de acordo com a Portaria n.º 64/73 de 1.2.73)
• Curriculum escolar-padrão dos CFORN
• O prémio "Reserva Naval"
• Navios da Armada Portuguesa em 31 de Dezembro de 1973
• Oficiais RN que ingressaram no QP dos Oficiais da Armada
• Oficiais RN licenciados por invalidez resultante de acções em campanha
• Oficiais RN falecidos durante a sua prestação de serviço
• Siglas e abreviaturas utilizadas




mls