Escola Naval, 1967
"In Memoriam"
1942 -2009
1942 -2009
2TEN MN RN Ricardo Manuel Migães de Campos
O Prof. Dr. Ricardo Manuel Migães de Campos, a 17 de Maio de 2009 caiu no combate último da vida.
Gostaria que as linhas que então rabisquei e agora republico não mascarassem o que me ia no espírito, acabrunhado e entristecido pela perda.
Competente profissional de saúde, médico-cirurgião, foi também um Camarada Reserva Naval e Amigo de mão cheia que sempre recusou aceitar para si próprio a doença ou diminuição física.
Nas preocupações pessoais dava primazia aos que o rodeavam e de quem cuidava num grande abraço fraterno, onde cabia sempre mais solidariedade para com o Paciente, o Camarada ou simplesmente o Amigo.
Ricardo Manuel Migães de Campos
Doença que, também ela, lenta mas progressivamente o foi minando de forma implacável, numa luta desigual em que força de vontade e determinação nunca permitiram ser vergado na adversidade.
Com sábia e permanente capacidade humana e social, determinadamente mantidas, congregava no seu círculo pessoal e familiar saudáveis hábitos de confraternização e convívio de forma destacada, personalizando nos pormenores cada convívio em que se envolvia ou nos eventos em que empenhadamente participava.
Moçambique, Niassa e Metangula foram outros tantos nomes, pretexto para a difusão, no tempo, do espírito Reserva Naval e Marinha, passado à prática social em cada convívio, quer no Clube Militar Naval quer em Azeitão na sua residência pessoal.
Em baixo, à esquerda - Num aniversário do 11.º CFORN, o curso da Reserva Naval a que pertenceu
Quem não tem na memória o omnipresente "Livro de Registo de Presenças" com as obrigatórias assinaturas de cada Camarada ou Amigo, onde o Ricardo marcava sempre presença como anfitrião?
Quem não recorda o seu empenhamento e participação pessoais na “Missão Metangula 1999 – Relato de Uma Viagem” evento que, de 11 a 20 de Maio de 1999 o Ricardo organizou no âmbito de eventos da AORN – Associação de Oficiais da Reserva Naval, já oportunamente divulgado e relatado, num projecto de Memória Reserva Naval, dignificante para a Associação, mas também para a Marinha de Guerra que tanto prestigiou?
Mais de uma dezena de anos após o desaparecimento de tão ilustre personagem do nosso convívio, este esquálido "In Memoriam" nada mais pretende do que lembrar um dos oficiais da Reserva Naval que bem serviram sem cuidar recompensa, num percurso de vida bem representativo do espírito de amizade e camaradagem, sempre em vida manifestados pela sua marcada personalidade.
Nas duas décadas que com ele tive a honra de conviver e colaborar, difícil será para mim conseguir dissociar, na memória, o antigo oficial da Reserva Naval, então Médico Naval, do Camarada, Amigo ou Clínico que nele reencontrei sempre.
Com um grupo alargado de camaradas e amigos em Azeitão
Naquele alargado percurso temporal poderia exemplificar, sem grande esforço, casos diversos pessoais e profissionais da envolvência que dos amigos fez em cada encontro havido, quase como um culto pessoal permanentemente manifestado, podendo ir do sábio conselho até ao empenhado apoio médico.
Sem nunca ter pisado terra de Metangula ou mesmo Moçambique, faço questão de aqui deixar a minha expressão de sentida Homenagem e Saudade ao Ricardo Campos pelo transbordante e alargado abraço com que fui acolhido no grupo, por sua iniciativa e sem reservas.
Grupo onde e com quem tanto aprendi, sem nunca ter estado próximo do Lago Niassa.
Não me é fácil redigir sobre este tema, mas bem pior seria relegar para o esquecimento memórias que se me tornaram bem caras. Apesar de algumas dificuldades que justificadamente sinto, pela ausência de conhecimento alargado, está fora do meu horizonte furtar-me a transmitir conhecimento adquirido, quanto mais não seja porque lhe devo isso também.
Ficou mais pobre o universo Familiar do Ricardo, mas também o dos Amigos, o dos Camaradas da Reserva Naval, o da Associação e, certamente, o da própria Marinha.
Que a esteira do rumo Reserva Naval que tomaste e da Memória que deixaste, Ricardo, sirva de modelo de inspiração aos Camaradas que ficaram, com a acrescida responsabilidade de te seguirem e complementarem no exemplo que legaste.
Base Naval de Metangula - Lago Niassa
Continuaremos um dia a relatar a extraordinária História da Marinha no Lago Niassa, da "Base Naval de Metangula", do "Cancioneiro do Niassa", da "Radio Metangula", da "Esquadrilha de Lanchas" dos "Asas da Reserva Naval", das "Operações com Fuzileiros e Exército", sem esquecer o "Monte Tchifuli".
Vamos ter muito tempo!
Manuel Lema Santos
8.º CEORN
8.º CEORN
Imagem da capa do CD produzido em Agosto de 2008
"In Memoriam"
Rosa Gallego Fraxenet Gonçalves da Cunha
1926-2008
Publicada por Charly Blog em 2.4.08 0 comentários
Quarta-feira, 2 de Abril de 2008
Um Anjo subiu ao Céu
"...
Pessoas há que, por muito negra que seja a situação, conseguem sempre ver o lado humorado das coisas: são como anjos da alegria, felizes na sua missão de nos dar ânimo, nem que seja fazendo uso da imaginação e da fantasia.
Minha Mãe era uma dessas pessoas. Confrontada com um cenário que poderia ser paradisíaco se não fosse de guerra, meteu as mãos à obra para "animar as hostes" e através da sua veia artística, deixou a sua marca na vida dos que defendiam as cores de Portugal (esse era o seu único móbil: cumprir o dever, defendendo a Pátria), na guerra de guerrilha contra a Frelimo, no norte de Moçambique, nas margens do Lago Niassa, em 1968.
Quem por lá passou desde esse ano até 1974, conhece por certo este poster...."
O seguinte texto foi publicado por baixo desta reprodução, na Revista da Armada nº 377 de Julho de 2004:
"Este belo cartaz elucida perfeitamente o engenho e a disposição dos muitos que, durante a guerra do Ultramar, serviram ou acompanharam a Marinha no Lago Niassa, em Moçambique.
Apesar das muitas amarguras decorrentes dos sacrifícios exigidos pelo isolamento das longas comissões e pela condição da guerra, também o bem humorado ambiente da família naval em Metangula, aqui e deste modo evidenciado, contribuía para a elevação do moral do pessoal, sempre apoiado na nossa tradicional amizade e camaradagem, requisitos indispensáveis para suportar dias tão difíceis.
Estas ironias e outras evasivas do género foram certamente importantes. Tudo servia para ajudar a minorar as inúmeras privações a que os marinheiros eram sujeitos, mas que, como militares, dedicadamente cumpriam o seu dever.
Em 1968, a Sra. Dona Rosa (Sra. Dona Rosita como ficou nas nossas memórias) esteve em Metangula em visita a seu marido, o saudoso Comandante Chuquere Gonçalves da Cunha e, para contribuir para o bom humor com que, nessa longínqua Base Naval, na margem do Lago Niassa, se procurava superar as dificuldades do dia a dia, pintou, e lá deixou, o quadro que ficou bem conhecido por todos os que por lá passaram.
Esse quadro que constitui uma espécie de ex-libris informal de Metangula, Comando da Defesa Marítima dos Portos do Lago Niassa, foi trazido para Portugal, quando da independência de Moçambique, pelo Dr João Malheiro, então 2TEN FZ RN, que o apresentou, com grande satisfação de todos os presentes, por ocasião de um almoço de “Gente de Metangula” em 25/5/2003.
Mais de 35 anos passados foi com o maior gosto que, em 22 de Março de 2004, o Dr. Migães de Campos (2TEN RN MN) e o Contra-Almirante Joaquim Espadinha Galo foram, com saudade, oferecer à Sra. Dona Rosita, uma reprodução reduzida desse quadro que, durante anos, acompanhou quem esteve em Metangula.
Que Deus dê paz à sua alma."
Notas do autor do blogue:
O cartaz alusivo a Metangula, acima publicado e já profusamente difundido, é da autoria da Exma Sra. Dª Rosa Gallego Fraxenet Gonçalves da Cunha. Foi pintado quando, em 1968, esteve em Metangula de férias com seu marido que ali estava a desempenhar as funções de Chefe do Estado-Maior do Comando de Defesa Marítima dos Portos do Lago Niassa.
O Comandante Adriano Gonçalves da Cunha Chuquere, marido da Sra. Dona Rosita, como ficou conhecida em Metangula, foi mais tarde Chefe do Serviço de Publicações do Estado-Maior da Armada. De 1970 a 1972 desempenhei funções no Estado-Maior da Armada, como seu oficial adjunto.
O cartaz alusivo a Metangula, acima publicado e já profusamente difundido, é da autoria da Exma Sra. Dª Rosa Gallego Fraxenet Gonçalves da Cunha. Foi pintado quando, em 1968, esteve em Metangula de férias com seu marido que ali estava a desempenhar as funções de Chefe do Estado-Maior do Comando de Defesa Marítima dos Portos do Lago Niassa.
Comandante Adriano da Cunha Chuquere (CMG)
O Comandante Adriano Gonçalves da Cunha Chuquere, marido da Sra. Dona Rosita, como ficou conhecida em Metangula, foi mais tarde Chefe do Serviço de Publicações do Estado-Maior da Armada. De 1970 a 1972 desempenhei funções no Estado-Maior da Armada, como seu oficial adjunto.
Fontes:
Pesquisa e compilação de textos do autor com a colaboração e cedência de elementos do Prof. Ricardo Migães de Campos e Contra-Almirante Joaquim Espadinha Galo; fotos de arquivo do autor; CD editado e produzido pelo autor do blogue em Agosto de 2008
Pesquisa e compilação de textos do autor com a colaboração e cedência de elementos do Prof. Ricardo Migães de Campos e Contra-Almirante Joaquim Espadinha Galo; fotos de arquivo do autor; CD editado e produzido pelo autor do blogue em Agosto de 2008
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