31 agosto 2019

Guiné 1967 - Da Ponte ao Convés


LFP «Bellatrix»


Nota do autor do blogue:

Esta publicação, respeita texto e data em que foi publicado na revista n.º 6 da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval de Jan/Mar 1998. Apenas se acrescentou a foto do autor do artigo que ao tempo da publicação não ilustrava o texto.

Manuel Henrique Vieira de Sousa Torres, o "Manecas" foi um Camarada do 8.º CEORN - Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval, curso de que estiveram presentes em comissões de serviço na Guiné 15 Oficiais.

Mas o "Manecas" foi muito mais do que isso. Foi também um Companheiro de sempre do bairro de Campo de Ourique, Liceu Pedro Nunes e, depois de regressarmos daquele teatro de conflito, Camarada na Direcção da AORN, onde convivemos duas décadas.

Vestiu igualmente a capa de um inexcedível organizador de convívios mensais de Oficiais presentes na Guiné no Clube Militar Naval. O destino último privou-nos do seu convívio em Agosto de 2015.

Até sempre Manecas!




Manuel Torres
Manecas da «Bellatrix»
8º CFORN - 1965



Fontes:
Ficheiro coligido da revista n.º 6 da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval de Jan/Mar 1997; fotos de arquivo do autor do blogue e Arquivo de Marinha;


mls

30 agosto 2019

Angola, anos '70 - rio Zambeze


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 8 de Agosto de 2013)


Leste de Angola, rio Zambeze - Cazombo, Chilombo e Lumbala




Uma ida ao dentista...




Fontes:
Foto de arquivo por gentil cedência da Escola de Fuzileiros


mls

23 agosto 2019

Chilombo, Leste de Angola 1974 - Rainha Nhakatolo


A visita da Rainha Nhakatolo


Nhakatolo Tchissengo, acompanhada pelo príncipe consorte Alberto Candembe, alfaiate de profissão, e por Kakengue, soba do quimbo (aldeia) do Chilombo, deslocava-se em di¬reção ao aquartelamento do Destacamento n.º 6 de Fuzileiros Especiais instalado no Chilombo, na margem do rio Zambeze, no designado saliente do Cazombo, Leste de Angola, com a altivez, a simplicidade e a segurança de uma rainha. Vinha em visita oficial, no âmbito da missão habitual de governo do seu povo.

Para organizar a visita ao Destacamento e acompanhar a Rainha, foi nomeado oficial do protocolo o STEN FZE Paiva e Pona. Era a meio da manhã, quando o calor já começava a apertar. Educada e simpaticamente terá oferecido à Rainha um chá e uns scones. Mas ela, pequenina e viva, sorrindo com um olhinho maroto, pediu: “Ténénté não pode ser antes uma cérveja?” Claro que rapidamente apareceram cervejas para toda a comitiva. De notar que este bem precioso àquela hora de sol e calor era ainda mais valioso, no nosso caso, porque dispunhamos de geladeira.




A Rainha Nhacatolo


O certo é que as relações diplomáticas entre o povo Português (aqui representado modestamente pelos fuzileiros do Chilombo) e o povo dos Luenas, na pessoa da sua Rainha, se estreitaram naquela manhã de calor africano e se fortaleceram à custa de uma boa quantidade de cervejas que, só à sua conta, a senhora bebeu. Descendia de uma velha linhagem de matriarcas – em África, o poder tribal assente numa liderança feminina e transmitido pela mesma via, por direito próprio e não por contingência sucessória, foi relativamente frequente e, por isso mesmo, diverso da norma vigente das sociedades ocidentais.

Nhakatolo era a rainha dos Luenas, povo também designado por Luvale, tribos residentes no Alto Zambeze, reino cujos contornos geográficos não coincidiam com as fronteiras oficiais do terri¬tório de Angola, estendia-se por uma vasta região que ia desde uma zona a sul do Congo (de onde provinham os seus antepas¬sados) até à zona da actual Zâmbia, para lá das margens do rio Zambeze.

Na sequência das disputas fronteiriças entre os colonizadores europeus, em finais do século XIX, a fronteira de Angola acabou por ser definida por arbitragem do rei de Itália em 1905, deixando os Luenas repartidos por Belgas, Ingleses e Portugueses, em três Colónias, hoje Estados diferentes. A força de união deste povo, mantido geograficamente disperso, mas culturalmente coeso, é o resultado de uma liderança no feminino, em que sobressai a figura da rainha Nhakatolo Ngambo (falecida em 1914 e cujo túmulo, no Lucusse, é hoje monumento nacional), da neta que lhe sucedeu, Nhakatola Kutemba (falecida em 1956) e sua filha Nhakatolo Tchissengo que nos visitou.

Nhakatola Tchissengo era uma rainha que visitava o seu povo – os Luenas – com a dedicação de uma soberana que tem o dever de acompanhar os problemas dos seus súbditos, manter a coesão no seu Reino e estabelecer parcerias com as autoridades civis ou militares que, exercendo outras formas de poder num mesmo espaço territorial, eram essenciais às boas relações, à paz e ao progresso do seu povo. A linhagem de rainhas Nhakatolo tinha por tradição prosseguir uma política de diplomacia inteligente, num equilíbrio que era um misto de aceitação interessada das autoridades dominantes e de defesa dos interesses próprios e dos valores fundamentais das suas gentes. A ligação à terra, o lugar fundamental da mulher que é quem dá de comer aos filhos, a preservação da paz e das boas relações com os poderes dominantes como elemento de protecção filial e de garantia de continuidade, tornaram esta cultura tribal diferente do que seria uma liderança masculina mais beligerante.

Talvez tenha sido esta a sua força. O respeito granjeado por estas mulheres educadas para reinar, trazer a paz e prosperidade ao seu povo ao longo dos tempos e em condições políticas inconstantes e adversas, faziam da rainha Nhakatolo que conheci, uma personalidade admirável e admirada. Tal como aconteceu com a sua mãe Nhakatolo Kutemba e a sua bisavó Nhakatolo Ngambo. Tal como hoje acontece com a neta que lhe sucedeu – a atual rainha Lurdes Tchilombo NhaKatolo, de 38 anos de idade, criada e educada pela sua avó, que tomou posse em 2004, e que é ouvida com respeito pelas autoridades oficiais.




Eduardo Ricou

Conta-se uma história que muito diz sobre a personalidade da Rainha Tchissengo, passada em finais dos anos 50 do século passado. O médico português especialista em lepra Eduardo Ricou (pai da Tereza Ricou), radicado em Angola, visitou a região habitada pelos Luenas numa campanha de vacinação.

Certo dia em que se deslocou a uma aldeia onde montou uma mesa debaixo de um frondoso embondeiro, com os seus instrumentos médicos e enfermeiros de apoio, só pode começar a tarefa depois de obtida a formal autorização da Rainha. Esta sentou-se majestosamente numa cadeira ao lado da mesa do médico, mandou içar a bandeira nacional e disse: “agora que já foi içada a bandeira portuguesa, Doutor, pode começar a consulta dos meus súbditos”.

Ou outra, em que interpelou o Governador Geral em visita ao distrito do Moxico e se queixou: “Governador, os teus elefantes causam muito prejuizo nas minhas colheitas, manda um caçador dar tiro neles”. E os ditos bichos terão sido abatidos. A este mesmo Governador terá pedido um automóvel estando disposta a pagá-lo em notas, e que, posteriormente, após obtida autorização de Lisboa, lhe terá sido mesmo oferecido.

Foi esta a “minha” rainha Nhakatolo, a que conheci em 1974, quando veio de visita a uma parte do seu povo, aquele que habitava a zona leste de Angola e que, por via disso, contactou as autoridades militares aí instaladas.

Consta que tinha visitado Portugal, durante a presidência de Craveiro Lopes, numa acção de sensibilização organizada pelo regime, com quem, interesseiramente ou não, pretendia mostrar boas relações.
Naquela época residia para lá da fronteira de Angola, território da Rodésia (actual Zâmbia) e deslocava-se entre as aldeias onde os Luenas se encontravam.

Tinha autorização especial para visitar os seus súbditos em território angolano ao abrigo de um tratado de protectorado celebrado com a Coroa Portuguesa em finais do séc. XIX e que sempre foi respeitado. Foi uma das rainhas Nhakatolo que mais marcas deixou, talvez por ter tido uma vida longa e por ter passado por períodos conturbados da história de Angola. Chefiou tribos e acompanhou várias aldeias luenas durante toda a sua juventude, exercendo uma aristocracia natural enquanto a mãe reinava – foi nomeada para assumir o sobado de duas localidades autónomas: Lupache e Luvua antes da morte da sua mãe, em 1956. Sucedeu-lhe formalmente, atravessou duas guerras – a guerra do ultramar e a guerra civil – e veio a falecer em Luanda em 22 de junho de 1992, estando sepultada em Cazombo, na província do Moxico. Em sua homenagem foi inaugurado, em 2012, um lar para a terceira idade que recebeu o nome “Rainha Nhakatolo Tchissengo”.

A minha estória da rainha Nhakatolo é um simples contributo para retratar uma rainha tradicional que era uma mulher poderosa, ciente das responsabilidades de governante da sua gente, que tinha a particularidade de ser um povo que não corresponde ao conceito linear de “Uma Pátria, uma Nação, um Território”. O território civil do quadrado do Leste de Angola, desenhado a régua e esquadro, não era a pátria dos Luenas, mas apenas um local onde uma parte deles se instalara, em resultado de um processo migratório de tribos de várias etnias, de acordos e protectorados estabelecidos ao longo de séculos com os países colonizadores e com outras tribos e etnias autóctones.




Eduardo Ricou dando consulta aos leprosos na presença da rainha Nhakatolo, em 1956

A visita à povoação e a receção à Rainha foi uma festa especial a que o nosso Comandante, 1TEN EMQ (FZE) Correia Graça e restantes oficiais assistiram, mais uma vez, num concílio que debaixo de uma grande árvore reuniu os mais velhos, os mais importantes representantes dos luenas e as autoridades existentes na zona. De pé, frente à assistência, a rainha discursou em português para o seu povo, dando bons conselhos, talvez cautelas para com o colonizador… mas acreditamos que fossem no espírito de manter o bom relacionamento, usufruindo dos bens possíveis (saúde e educação que, sendo escassas, sempre havia). Desse discurso retivemos três notas: “Os caçadores, quando encontrarem pessoas estranhas, nas suas caçadas, devem informar os fuzileiros. Os pescadores, quando também avistarem pessoas estranhas à povoação, devem informar os fuzileiros. E vós p... lembrem-se que os fuzileiros não têm aqui mãe, nem mulher, nem namorada e, por isso, devem tratá-los bem...”.

Depois, houve batuque pela noite fora… Este ritual tradicional, festa que une os Luvale (Luenas) e é um marco da preservação da sua cultura, realiza-se actualmente no dia do falecimento da rainha Chissengo.

Na era colonial, realizava-se em Chilombo ou em Lumbala, no período da guerra civil passou para a Zâmbia devido às disputas entre o MPLA e a UNITA e, actualmente, regressou ao leste de Angola, saliente do Cazombo, capital Luena.





José António Ruivo
Sócio Originário n.º 836
CMG FZE Ref.


Fontes:
Texto e fotos compilados da revista «O Desembarque» nº 24 da Associação de Fuzileiros, Junho 2016, página 35, sob o título «cultura&memória», com a devida vénia em http://www.associacaofuzileiros.pt;


mls

21 agosto 2019

Almoço de antigos Comandantes da LFP "Espiga" no Clube Militar Naval - 20130521


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 23 de Maio de 2013)


Foi no dia 21 de Maio de 2013, 3.ª feira, no Clube Militar Naval





A LFP «Espiga» foi uma das 5 LFP da classe «Bellatrix» que, durante a Guerra do Ultramar, permaneceu no teatro de Angola. O seu historial resumido já aqui foi publicado e pode ser consultado em:


Ao tempo, recebemos a seguinte comunicação do antigo Oficial da Reserva Naval, 2TEN RN José Luis Brandão, 17.º CFORN:



"...

Conforme estava combinado, na terça-feira, dia 21, realizou-se um encontro de veteranos Comandantes da LFP “Espiga”, que teve lugar no Clube Militar Naval e contou com a presença de 7 dos oficiais, todos segundos-tenentes da Reserva Naval, que comandaram aquela lancha de fiscalização entre 1961 e 1975, a saber:

2TEN RN José Manuel Carvalho Garcia e Costa, 4.º CEORN, 17Abr63 a 07Set65;
2TEN RN Carlos Manuel Lopes de Carvalho, 7.º CEORN, 07Set65 a 26Abr67;
2TEN RN Amadeu Nelson Contente Mota, 9.º CFORN, 26Abr67 a 09Mai69;
2TEN RN Júlio Domingues Pedrosa Luz de Jesus, 13.º CFORN, 09Mai69 a 01Jun71;
2TEN RN José Luís Cardoso de Meneses Brandão, 17.º CFORN, 01Jun71 a 27Mai72 e 03Jul72 a 15Mai73;
2TEN RN João José Galhardas Vermelho, 20.º CFORN, 15Mai73 a 10Nov74;
2TEN RN José Manuel Nogueira Soares, 23.º CFORN, 10Nov74 a 30Set75;

O primeiro oficial da Reserva Naval a comandar a LFP «Espiga», foi o 2TEN RN Rui Horácio Silva Pires, que serviu na Esquadrilha de Lanchas do Zaire entre 1961 e 1963 e, lamentavelmente, já não se encontra entre nós.

No final do almoço, tivemos o privilégio de contar com a presença do Almirante Isaías Gomes Teixeira, oficial dos Quadros Permanentes, à época também segundo-tenente. Recebeu a LFP «Espiga» em Luanda e comandou-a durante as duas primeiras semanas de estadia em Angola, ainda estacionada em Luanda e navegando apenas em patrulha no rio Quanza. Encontrava-se no Clube Militar Naval num almoço convívio semanal do curso pessoal, e juntou-se a nós antes do final do nosso repasto.

Além das muitas histórias e recordações evocadas durante este reencontro, maioritariamente contemplando os nossos tempos passados em Santo António do Zaire (Sazaire), fomos brindados com a excelente companhia do Almirante Gomes Teixeira que connosco partilhou também alguns episódios da sua vida de marinheiro, em particular desvendando-nos a forma como ocorreu a sua tomada de posse como Comandante da “Espiga”, tendo ficado acordado que, conforme seu pedido que será por nós atendido com o maior gosto, será convocado, como “membro de pleníssimo direito”, para se apresentar no próximo encontro que vier a juntar o grupo que hoje se reencontrou.




Do evento junto uma fotografia que, apesar das condições de fraca iluminação permite identificar, da esquerda para a direita: Almirante Gomes Teixeira; João Galhardas Vermelho; Júlio Pedrosa; Amadeu Contente Mota; José M. Garcia e Costa; Carlos Carvalho; José Luís Brandão e José M. Nogueira Soares.

José Luís Brandão
17.º CFORN
..."


Fontes:
Texto e foto do 2TEN RN José Luís Cardoso de Meneses Brandão, 17.º CFORN; foto da LFP «Espiga» arquivo do autor do blogue;



mls

19 agosto 2019

LFP «Bellatrix», bons velhos tempos


Bons velhos tempos na LFP «Bellatrix»



Nota do autor do blogue:

Esta publicação, respeita texto e data em que foi publicado na revista n.º 3 da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval de Jan/Mar 1997. Apenas se acrescentaram algumas fotos que ao tempo da publicação não ilustravam o texto.

Manuel Henrique Vieira de Sousa Torres foi um Camarada do 8.º CEORN - Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval, curso de que estiveram presentes em comissões de serviço na Guiné 15 Oficiais. Mas o "Manecas" foi muito mais do que isso. Foi também um Companheiro de sempre do bairro de Campo de Ourique, Liceu Pedro Nunes e, depois de regressarmos daquele teatro de conflito, Camarada na Direcção da AORN, onde convivemos duas décadas e também um inexcedível organizador de convívios mensais no Clube Militar Naval. O destino último privou-nos do seu convívio em Agosto de 2015.
Até sempre Manecas!





A falta de tempo ou a preguiça não permitiram que concretizasse, há mais tempo, o desejo de publicar a história que vos vou contar.

O falecimento do Almirante Bustorff Guerra, ocorrido no Natal passado, forneceu-me a motivação para não adiar por mais tempo tal desejo. É a homenagem simples mas amiga, à memória de um homem com quem tive o privilégio de conviver. Tive oportunidade de apreciar as suas extraordinárias qualidades e o seu inesquecível fino trato. A amizade entre o meu Pai e o Almirante Bustorff Guerra, trouxe-me à evidência que meu Pai sabia escolher os Amigos.

Estamos na Guiné, em Janeiro de 1967. O NH «Pedro Nunes» era comandado pelo então Capitão-Tenente Bustorff Guerra, fazendo parte da guarnição, entre outros, os Primeiros-tenentes Mário Jorge Baptista Coelho, Isaías Gomes Teixeira, José Lourenço e o Jorge Mendes.

A minha amizade com o tenente Baptista Coelho vinha de longa data, enquanto que o conhecimento com os restantes oficiais mencionados só se havia travado na Guiné, onde cheguei em Junho de 1966, nomeado para comandar a LFP «Bellatrix».




LFP «Bellatrix» navega no rio Cacine, Guiné


Aconteceu em certa altura, termos sido mandados dar apoio aos trabalhos de hidrografia que o NH «Pedro Nunes» realizava algures nas águas da Guiné.

Colocados os balões de sinalização brancos e pretos, lá fomos para o local indicado para fazermos de "estação", dele regressando ao fim da tarde para acostar ao navio. A gentileza do convite diário do Comandante Bustorff Guerra para jantar permitia-me apreciar as boas iguarias que o Rua (despenseiro) nos proporcionava.

Certa noite, ao jantar, o Comandante Bustorff falava da dificuldade sentida na observação da estação "Bellatrix", devido à bruma que pairava na zona, concluindo pela razão que assistia para antigamente se pintarem os navios hidrográficos de branco. Esta mesma conversa repetiu-se por mais uma ou duas ocasiões.

Na manhã do dia 30 de Janeiro, na altura do controlo rádio das oito horas, e quando já nos encontrávamos no "ponto estação", o telegrafista informou que havia uma série de mensagens que envolviam a LFP «Bellatrix».

Pensei que a guerra havia aquecido. Para melhor se entender a trama, reproduzem-se as oito mensagens que fazem parte de um pequeno dossier que me foi oferecido pelos amigos do Pedro Nunes e, constitui peça importante do meu álbum de recordações. Só quando a meio da tarde desse dia, a LFG «Hidra» sob o comando do 1º Tenente Eurico Marques Pinto, tomou o nosso lugar na estação e nos colocaram a bordo um garrafão de 5 litros de vinho tinto e outro com 3,5 litros de vinho branco, me dei conta da brincadeira daqueles "malandros".

Como vinha sendo hábito, perto da hora de jantar, acostei ao NH «Pedro Nunes», preparado para mais um saudável convívio, desta vez com pinturas à mistura. Foi na realidade uma noite memorável, como podem imaginar.

Regressando a Bissau no fim do meu cruzeiro, apresentei-me no "briefing" habitual do fim da tarde, constatando que a sala estava cheia de oficiais, o que me levou a pensar que se haviam desenrolado operações importantes. Acabada a minha exposição, fui interpelado pelo sub-chefe do Estado Maior, Capitão-Tenente Pedro Azevedo Coutinho, insistindo comigo se não tinha mais nada a dizer.

Sentado perto do local das exposições orais estava o Comandante Sousa Guimarães que puxando os meus calções me perguntava: "Então, não houve mais nada?". Nesta altura, o comodoro Ferrer Caeiro foi chamado ao telefone abandonando a sala do briefing, perante o ar desolado de alguns dos presentes. Percebi então que o cenário havia sido preparado para uma intervenção do comodoro Ferrer Caeiro que, por certo, seria acompanhada das habituais e amigas gargalhadas.

Mas, como é que em Bissau se havia conhecido a história? Ora era simples de adivinhar quem havia dado aos dentes, pois o então 2º Tenente Aires da Silva que com os seus fuzileiros fazia a segurança na zona onde se estavam a realizar os trabalhos de hidrografia que nos haviam envolvido, tinha regressado a Bissau antes de mim. Passados uns dias, durante uma recepção no «Pedro Nunes» os "malandros" ofereceram ao comodoro Ferrer Caeiro, cópia do dossier compremetedor e o resultado está mesmo a ver-se qual foi...



















Conjunto de mensagens trocadas entre os vários comandos...

Se a história por si só tem imensa graça, ela reflecte um saudável ambiente de camaradagem que na época se vivia na Guiné entre os oficiais da Marinha. Resta-me deixar uma palavra amiga de agradecimento aos "malandros" que permitiram que eu tivesse material para escrever este artigo.

É por estas e por outras que ainda hoje, volvidos que são trinta anos, mantenho o orgulho e a saudade de um dia ter pertencido à Armada.




Manuel Torres
Manecas da «Bellatrix»
8º CFORN - 1965


Fontes:
Texto coligido da revista n.º 3 da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval de Jan/Mar 1997; fotos de arquivo do autor do blogue e Arquivo de Marinha;


mls

16 agosto 2019

Força Naval da Marinha Chinesa, visitou Lisboa de 15 a 19 de Abril de 2013


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 16 Abril de 2013)

Fragatas «Huangshan», «Hengyang» e o navio de abastecimento «Qinghaihu», da Marinha Chinesa, estacionaram em Lisboa de 15 a 19 de Abril de 2013


Numa breve visita efectuada ao cais do Jardim do Tabaco, junto à estação de Santa Apolónia, foi possível captar algumas interessantes imagens dos navios da Marinha Chinesa, que ali estiveram estacionados de 15 a 19 de Abril de 2013.

Não só receberam as visitas com grande cordialidade e atenção como permitiram fotografar, mesmo a bordo do navio visitado, desde que no exterior.

Nos uniformes dos oficiais não é utilizado o clássico óculo de Marinha.




Navio de Reabastecimento «Qinghaihu»











Fragata «Huangshan»











Fragata “Hengyang”









Fotos do autor do blogue efectuadas aquando da visita a Lisboa da Esquadra da Marinha Chinesa de 15 a 19 de Abril de 2013;

mls

15 agosto 2019

Esquadra Naval da Marinha Chinesa visita Lisboa


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 13 Abril de 2013)

Fragatas “Huangshan”, “Hengyang” e o navio de abastecimento “Qinghaihu”, da Marinha Chinesa, visitaram Lisboa de 15 a 19 de Abril de 2013


A pedido da Liga da Multissecular Amizade Portugal-China – confirmada por telefonema para o Primeiro Secretário da embaixada da República Popular da China - se divulga a seguinte notícia:






“Instruído pelo Senhor Embaixador Huang Songfu, tenho a honra de vos informar que uma esquadra naval da Marinha Chinesa, composta pelas fragatas “Huangshan”, “Hengyang” e o navio de abastecimento “Qinghaihu”, fará uma visita amistosa a Lisboa nos próximos dias 15 a 19 de Abril.

A chegada em Lisboa está prevista para as 09:00 do dia 15,segunda-feira, no cais do Jardim do Tabaco. Depois da chegada, os navios estarão abertos para visita do público nos dias 16 a 18 de Abril, das 09:00 às 12:00, e das 14:00 às 17:30. De acordo com costumes internacionais, não será permitida porte de malas de grande tamanho, nem se pode fotografar ou filmar a bordo dos navios.



O Embaixador Huang Songfu convida todos os amigos da Liga para visitar os navios nos dias e horários indicados, para testemunhar uma outra demonstração da amizade multi-secular entre a China e Portugal.

Agradeço se puderem ajudar a divulgar esta mensagem.

Com os melhores cumprimentos,


Li Bin
Primeiro Secretário
Embaixada da República Popular da China







Após quatro meses em missões de escolta a navios civis e mercantes no Golfo de Aden, a força-tarefa da Marinha do Exército de Libertação Popular da China aportou à Grande Baía de Malta, na cidade de Valleta.

A flotilha, composta pelas fragatas tipo 054A “Huangshan” e “Hengyang” apoiadas pelo navio de reabastecimento “Qinghaihu”, está previsto que visite ainda a Argélia, Marrocos, Portugal e França antes de voltar para casa.


Fontes:
http://www.naval.com.br/blog/2013/03/28/forca-tarefa-chinesa-visita-ilha-de-malta/#axzz2QKqjGltZ, 28 de março de 2013, em Noticiário Internacional, Pirataria, Relações Internacionais, Segurança da Navegação, por Nicholle Murmel;

mls