Reflexão ou Solilóquio de Um Reserva Naval?
(Post reformulado a partir de outro já publicado em 12 de Junho de 2009)
Tentado que fui a efectuar uma incursão Reserva Naval por Moçambique, esteve sempre presente no meu espírito a ideia da acrescida exposição a que me sujeitava, pela óbvia vulnerabilidade de nunca ter estado fisicamente naquele território.
Na mira, o objectivo simples de trazer a lume quem, onde e quando, da Reserva Naval da Marinha de Guerra Portuguesa, teria prestado serviço ou desempenhado missões naquele teatro de conflito.
Na suposição de poder fazê-lo com metodologia simplicada, rumei ao objectivo assegurando compilações sustentadas apenas por testemunhos ou relatos, documentação escrita e imagens, com suporte em fontes credíveis rectificadas por alguma pesquisa e verificação complementar, deixando aos investigadores, historiadores e sociólogos, futuras e complexas abordagens económicas, sociais e políticas.
Entendi assim proceder, essencialmente como um modesto contributo pessoal para uma memória Reserva Naval, dada a minha crescente afectividade a um contagiante misticismo Moçambique/Lago Niassa/Base Naval de Metangula, da “responsabilidade” de vários camaradas, quer dos Quadros Permanentes quer da Reserva Naval, incentivada e sedimentada pela via do convívio e camaradagem e também pela presença, ao tempo, de meus familiares próximos quer militares quer civis.
A pesquisa e recolha nem sempre se revelaram fáceis, por tão estranha quanto notável ausência de documentação, dificuldades na sua consulta, fontes de informação incompletas ou com gralhas. Acresce ainda uma panorâmica cultural de desinteresse quase generalizada pelo conhecimento desse passado recente da Reserva Naval da Marinha de Guerra - e não só - indissociavelmente conotado com a guerra levada a cabo nos três teatros de África.
Num horizonte temporal inexoravelmente limitado, associado ao desgaste de uma liça culturalmente pouco apelativa no imediatismo de resultados, assinalam-se efusivamente os incentivos frequentes de “quem sabe da poda” – felizmente são vários - encorajando quem faz ou a isso está disposto, mantendo alguma motivação suplementar gratificante, ainda que possam estar presentes a observação, a crítica construtiva e também a sugestão.
Importa contudo clarificar que a ausência mais notada é uma imcompreensível e empenhada participação do próprio universo Reserva Naval, necessária à construção das suas memórias históricas colectivas. Sem essa indispensável trave mestra, configurarão projectos truncados, com importantes omissões, incompletos e empobrecidos no tempo.
Pela minha parte, com o meu ritmo possível, a minha disponibilidade permanente e os meus parcos meios, aqui continuarei a divulgar retalhos Reserva Naval ao sabor do vento que não sopra de feição nesses mares.
Como dizia um camarada e amigo “... dias mais negros passamos quando partem camaradas que iniciaram a ultima «comissão». Também a nossa há-de chegar. Não há ninguém inapto. Estamos todos mobilizados...”
Fontes:
Foto da LFG «Sagitário» no rio Cacheu, cedência de Adelino Rodrigues da Costa;
Foto da LFG «Sagitário» no rio Cacheu, cedência de Adelino Rodrigues da Costa;
mls
Sem comentários:
Enviar um comentário