22 janeiro 2019

Reserva Naval no NTM «Creoula» em 24 Setembro 2011 - Organização AORN (Parte II)


(Post reformulado a partir de outro já publicado em 9 de Janeiro de 2012)

NTM «Creoula» e Reserva Naval (Parte II)





Passado que foi o portaló do NTM «Creoula» numa sempre tão camarada quanto calorosa recepção do Comando e Guarnição aos «veteranos Reserva Naval», familiares e convidados envolvidos, ganhou-se o permanente sentimento de um mergulho renovado no passado de cada um dos presentes que por aquelas casa terá passado algum dia.






Um pouco como quem regressou a um local familiar com que nos identificamos numa etapa de vida já não muito próxima, a apetecer desbravar de novo, dispararam-se dúvidas e questões que nos fizessem sentir actualizados. Redescobrimos a bordo, da proa à popa, o Mar e a Marinha, os ensinamentos da Escola Naval, as aulas de marinharia e postos de faina, navegação e instrumentação, e ainda muitos vocábulos perdidos nas memórias que o tempo apaga.



Num clássico modelo, o sino de bordo, fazendo parte dos «amarelos» a brunir, sempre irrepreensivelmente limpo e brilhante à custa de puxar lustro nos serviços, desperta a já habitual curiosidade pelas jocosas graçolas envolvidas no conceito.




Existem três únicas cordas a bordo dos navios, já que todas as outras, assim incorrectamente chamadas, são denominadas «cabos» ou «espias», de acordo com a arte naval. São elas, a corda do sino, a corda do relógio e “acorda que já são horas”. Uma quarta era acrescentada, à revelia da semântica naval, nas cobertas, à boca fechada, quando se cochichava que o “comandante era da corda”...



Verificada no «detalhe» a presença da guarnição, especialmente reforçada por cerca de sete dezenas de «rijos e bravos» marinheiros, pessoal em postos de faina, o «Creoula» largou da Base Naval de Lisboa no enfiamento do canal balizado, e desceu o Tejo rumo a Cascais, máquinas a vante com a força aconselhada, pano recolhido, indicativo radiotelegráfico içado e o distintivo de almirante embarcado.




O ronronar das máquinas breve se tornou parte do ruído de fundo da comitiva deixando aos presentes a apreciação do que, parecendo velho, é sempre novo. Lisboa e margem sul, vistas de dentro do rio, são sempre novidade para quem não faz esse percurso de eleição com frequência.




Num dia que tinha amanhecido cinzentão e pouco prazenteiro, mar chão, o sol decidiu contrariar a tendência, rasgando nuvens e mostrando as margens do Tejo em todo o explendor de que Lisboa disfruta. Pelo caminho vão desfilando o Terreiro do Paço, 24 de Julho e a antiga CUF, ponte 25 de Abril e Cristo-Rei, a arrojada arquitectura do edifífio da Fundação Champalimaud e a Torre de Belém.




No mesmo rumo, a passagem pelo través de estibordo de dois draga-minas germânicos, com o regulamentar cumprimento ao «Creoula» à vista do distintivo de almirante, prontamente retribuído pelo Comandante, CFR Nuno Maria d’Orey Cornélio da Silva.




Visível o perfil da serra de Sintra recortada no horizonte, a proximidade do forte da Torre, semi-rígidos com grupos de turistas que se mostravam e acenavam em passagens próximas, num evidente propósito de apreciarem de perto o elegante e sempre belo lugre.




Enquanto a navegar até ao largo da baía de Cascais, foi aproveitado o tempo para, em grupos fraccionados, serem visitados os principais compartimentos e serviços do navio com um breve descritivo histórico do «Creoulas».

Com o navio a pairar, foi dada a oportunidade aos presentes de confirmar, mais uma vez, a excelência da hospitalidade e a invulgar qualidade da taifa da Marinha, num almoço volante servido no convés com «mar pouco menos do que de patas», poupando estômagos menos predispostos a estas veleidades navais.




Palavras de agradecimento do Presidente da Direcção da AORN e do Comandante do «Creoula» e lembranças mútuas trocadas encerraram uma inesquecível jornada de camaradagem e convívio.






Depois, o regresso! Rumo invertido, o farol do Bugio próximo, o paquete «Gemini» que demanda a barra na saída do Tejo, o pessoal agora reconfortado que continua a olhar o horizonte, os comentários no reavivar de memórias em pequenos grupos, a aproximação da Base Naval de Lisboa, os rebocadores e a acostagem.




(continua)

Manuel Lema Santos
8.º CEORN




Fontes:
Texto e imagens de arquivo do autor do blogue; imagem do Creoula cedida pelo Museu de Marinha.

mls

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